História Welcome, To Real Hell. - Angel's back

Com a flecha celestial nas mãos, era assim que Jungkook se encontrava novamente. Os olhos lacrimejaram até transbordarem por suas bochechas cheias e pálidas. Realmente queria viver daquele jeito? Amando o demônio e tendo o peso de nunca voltar para casa se quiser o manter vivo.

Nunca pensou que se veria nesse tipo de situação,  mas ali estava. Esperando Jimin voltar do inferno, pronto para pedir milhões de desculpas enquanto se entregava de peito aberto para o moreno, sendo ingênuo por achar que Jimin não entendia o motivo por trás daqueles pedidos baixos.

Suspirou cansado, era mais um dia onde não arranjava coragem para cumprir sua missão ali. Levantou, escondendo o objeto dourado e afiado no mesmo lugar que estava à dias a fio e torcendo para sua cabeça confusa finalmente decidir se ficar com Jimin seria o que iria querer para si. Nem sequer sabia se o sentimento do outro era o mesmo que nutria de forma fácil. Talvez Jimin soubesse, e queresse apenas ter mais um do clã rendido por seus encantos. Essa possibilidade fazia o aperto no peito se transformar presente no mais novo, que quase chorou com esse pensamento.  Mas memórias boas o iluminaram, ao lado do demônio que ninguém conhecia de verdade. O sorriso voltou de imediato e o peito ficou mais tranquilo, não demorou para estar indo para a cama onde já tanto haviam feito amor.

Queria limpar novamente sua mente e para isso não havia nada melhor do que o sonífero especial de Yuri. Nem acreditava que algo realmente conseguia o fazer adormecer de forma tão calma e tranquila, era como um milagre e no fundo, era um alívio dos grandes para o moreno de olhos amendoados.

Tomou menos gotas do que realmente queria, apenas o suficiente para poucas horas de sono como a mais velha havia o instruído.  Não havia palavras para agradecer por aquele presente, Yuri realmente havia melhorado o comportamento consigo dia a dia e isso contribua com o fato que a mesma estava cada vez mais distante de forma íntima do Park, esse que não parecia reclamar, para a felicidade de Jungkook.

Já deitado reveu em sua mente algumas cantigas que sua mãe costumava cantar quando era criança,  e por um momento sentiu saudades de casa. Mas essa saudade era rápida,  em minutos estaria mergulhado em um mundo de sonhos aos quais nada era tão preocupante assim. Era o que queria fazer, mas os par de olhos que estavam em si continham tanto ódio e ciúmes que era quase impossível de acreditar que vinha de um ser tão puro.

Tinha tanta raiva por ver o que o Jeon pensava em fazer que não se conteu a vir pessoalmente eliminá-lo. Jimin havia sido um idiota consigo desde milhares de anos, e continuava sendo mantendo Yuri ali. Mas no fundo ele nunca havia se importado tanto com a ex loira, Jungkook que o preocupava. E o mais engraçado era que a culpa do Jeon estar naquela cama era completamente sua.

Lembrar dos momentos em que o próprio ficava deitado ali com o moreno não estava ajudando a manter sua calma, contudo, lembrou que tudo o que menos precisava era daquele sentimento de paz que um dia já havia sido tão completo em si. Não era mais tão puro, porque era o exato de como Jimin sempre dizia, até mesmo os anjos tem direito de terem seus sonhos sombrios, pena que o Park havia levado aquilo para lados extremos.

E foi quando o último "Eu te amo" do Park ecoou em sua cabeça que o loiro não aguentou mais, de uma hora para a outra suas mãos já estavam em torno do pescoço do mais novo, apertando o vampiro que agora mirava o desconhecido assustado. Era claro que o outro tinha o dobro de sua força,  era um anjo no final, não tinha chances de se livrar daquelas mãos.

- Achou que iria "por um fim" no rei do inferno? - As mãos frias o apertaram com mais força,  fazendo cada pelo seu se arrepiar com a possibilidade de seu pescoço romper com a pressão apresentada ali.

Com toda certeza o Jeon estava em pânico,  sabia que não havia ninguém na casa aquela hora e o fato do desconhecido saber suas intenções o fazia se perguntar se Jimin também sabia. Será que era um dos demônios do mais velho?  Não,  com certeza não era. Mesmo sentindo a vida por fio o Jeon ainda conseguiu olhar os traços belos e delicados de seu inimigo. Certo que todos demônios eram de uma beleza imensurável, mas um anjo não tinha uma energia negativa como a de Jimin, e seus fios loiros somados de olhos tão azuis quanto o céu apenas confirmou o que queria saber.

- Achou que ele só tem os demônios a seu favor?- O outro continuou, a raiva clara em seu rosto. E uma voz tão rouca e grave que só o assustava mais. -Ele é o rei do inferno, mas sempre estará sobre proteção de um anjo, a minha proteção!

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E mais uma parede havia sido quebrada com força,  a casa já estava quase toda que ao chão e tudo isso pela raiva que Kim Taehyung tentava matar. O corpo de Jungkook quase não tinha mais forças para aguentar e tinha certeza que se aquilo não acabasse logo, ele mesmo torceria seu pescoço, afinal, não se lembrava de ter sentido tanta dor na vida antes. Nem sequer suas feridas se cicatrizavam mais e isso o deixava em um estado perturbado.

Já o Kim, nem um arranhão tinha. Mas seu rosto continuava vermelho, mostrando o quanto ainda sentia raiva.  E ele estava certo em ter todo aquele mal sentimento pelo vampiro, o próprio Jungkook o dava razão nisso. Já havia entendido que Taehyung tinha sido o primeiro amor de Jimin, e já havia conseguido confirmar que aquele de fato era Taehyung. Lembrava da cara que o Park fazia sempre que o nome era citado e lembrava de uma noite em especial que havia o deixado completamente confuso.  Apenas um " Taehyung precisa de ajuda" foi o suficiente para fazer o moreno sumir por dias e voltar com um humor tão diferente que nunca mais havia esquecido esse nome. Yuri havia apenas o contado o quanto eram amigos quando ainda eram anjos, e como aquela amizade havia virado outra coisa. Apena não sabia como haviam acabado com aquilo, mas tinha a teoria que havia sido com a queda dos anjos, junto a Jimin.

- Cansei. - De uma hora para a outra, seu corpo havia sido arremessado contra o estofado ainda inteiro do sofá, enquanto via o loiro se sentar a sua frente no outro.  Os olhos pregados em si, mas agora, uma calma inexplicável no olhar. - Agora vamos bater um papo Jungkook. Espero que tenha aprendido a não brincar com a confiança do Jimin, ele pode ser muito pior do que eu quando com raiva. 

Sorriu, os lábios se retraindo de forma doce. Olhando assim Jungkook não podia imaginar que anjos podiam se psicopatas também.

- Devia ter me respondido Jeon. - Suspirou mexendo os dedos uns nos outros. - Eu queria ser mais legal com você.  Não quero mais.

Em um milésimo de segundo o anjo já tinha o corpo cansado e ferido do vampiro nas mãos. 

Jungkook não entendia porque sua regeneração não estava funcionando. Achava que podia se retribuir ao mesmo fato que as marcas que Jimin fazia em seu corpo demoravam mais para sumir. Eles eram seres feitos por Deus, quanto poder teriam?

A parede da cozinha quebrou quando o corpo do vampiro se chocou nela, o fazendo cair no jardim e nem ver quando havia sido jogado para dentro novamente. Realmente não havia mais o que fazer, ficaria ali sendo a bolinha de pingue-pong de um anjo completamente descontrolado. Jimin tinha vezes que demorava dias para voltar para casa e Yuri com toda certeza não era párea para alguém daquele tamanho e força, tinha idéia disso.

- TAEHYUNG! - A voz grossa ecoou pela sala, chamando a atenção do chamado que apenas olhou para o moreno a sua frente com um pouco de desdém estampado.

- Oi Minie, voltou cedo.- Levantou levemente o corpo segurado. - Estava me divertindo com o Jungkookie, ele é bem útil para reformas.

Até aí não havia surpresa nem para o demônio e tão pouco para a bruxa na escada, que olhava tudo com sua típica cara de quem estava adorando, embora estivesse um pouco preocupada com a situação do vampiro. Ele parecia tão machucado que começou a concentrar suas forças para a hora de tentar o curar.

Foram necessários muitos suspiros fundos para o moreno conseguir olhar para o anjo a sua frente.

- Voltei, e ainda bem que voltei, porque você não tem controle. - Se aproximou, vendo o vampiro sorrir minimamente ao ouvir sua voz. Até naquela situação Jungkook conseguia o acalmar. -Hey, eu tô aqui. - Seus olhos migraram até a face do loiro novamente, enquanto esse permanecia quieto. - Me dá ele, Tae.

- Por que não estou surpresa?- Foi a vez da morena se manifestar. - Eu sabia que o anjinho pecador iria dar as caras para oferecer suas calorosas boas vindas ao kook.

- Sem provocações Yuri, sabe que ele te odeia o suficiente para querer te dar outra boas vindas, e eu sinceramente estou sem cabeça para isso. - Ditou, colocando uma das mãos sobre a tempôra na esperança vaga que a dor ali se afastasse.

O loiro brincou com o corpo em suas mãos,  assustando um pouco a garota nas escadas, menos a jimin que já conhecia tão bem os joguinhos do anjo quando esse se estressava.

- Isso é por causa do conjunto de louças?- Apontou para a prataria, deixando o sorriso dançar em seus lábios espetacularmente tentadores, ainda mais para Jimin. - Dessa vez elas estão intactas. - Seu sorriso se fechou ao voltar a encarar o vampiro, tamanho o rancor que ainda sentia por aquele ser.

- Existem coisas melhores que louças. Tipo bundas. - Novamente a bruxa provocou, sorrindo vencedora quando viu o rosto distorcido em sua direção. - Mas no caso do Jungkook, carinho.

Que Kim Taehyung era extremamente fácil de adquirir ódio de pessoas ao redor de Jimin, isso todos sabiam. Mas esse sentimento crescia em dimensões quase que impossíveis se tratando de Yuri. Não eram apenas as provocações que o deixavam assim, Taehyung sempre havia culpado Yuri por ser a responsável por deixar Jimin sendo o verdadeiro demônio que Deus queria e agradecia quando via partes do anjo que esse já havia sido aflorarem no moreno. Era difícil de admitir mas a parte boa dele era movida por amor, antes o seu, e agora o do Jeon.

- Você sabe o que ele ia fazer, não sabe?- Ignorou a morena e apenas tornou a encarar o demônio.

Era claro que o Park sabia, e apesar de estar bravo sabia porque Taehyung o havia o feito, não podia estar tão chateado da forma que esteja.

- Sei, desde sempre. - Chamou ainda mais o olhar do anjo para si. Jimin sabia e ainda sim o estava defendendo? - Por que acha que Yuri não foi com a cara dele ? E eu realmente esperava te ver em outra ocasião, não dando outras de suas "boas ações". Me dá!

Era claro que iria, Park Jimin sempre brigava consigo por pessoas quaisquer. Yuri era uma prova, e agora Jeongguk era outra. Era incrível como tudo havia mudado ali.

Não conseguiu conter o revirar de olhos e a vontade de socar Jimin até que seu rosto perfeito e  sexy estivesse em pedacinhos, o que não era exatamente possível.

- Eles não são amiguinhos?Olhando bem você só se cerca de quem quer destruir sua vida. - Queria mesmo estar gritando, mas invés disso resolveu apenas controlar a voz. - Isso não seria necessário se esse idiota, não fosse tão idiota. Quer ele?- O escárnio saia a cada palavra, e Jimin sabia o quão perigoso seu anjo podia ser quando ficava daquele jeito. Não para si, mas para si mesmo. Os céus não deviam nem desconfiar que ele estava ali agora, e se Taehyung subitamente aparecesse soltando fogo pelos olhos seria um problema. - Então pega!

Não houve tempo para nada, o mais novo já estava sendo atirado contra o outro lado da sala, e se Jimin não o pegasse iria se chocar contra outra das paredes. Ele já estava tão machucado, que qualquer outro ferimento podia ter dores imensas. Ser espancado por um anjo nunca era algo exatamente fácil, mesmo se você fosse um ser sobrenatural, acredite que ainda iria ter sérios problemas, e provavelmente morte no final de tudo.

Rapidamente os braços do moreno envolveram o corpo alheio, tomando toco cuidado para não o machucar ainda mais. O próximo passo foi apenas tentar acalmar o vampiro, que agora já parecia estar tomando consciência de volta, o que acalmava consideravelmente o mais velho ali. Beijos por todo o rosto foram distribuídos no Jeon, o que não durou muito pela pressa de Yuri.

Logo Jungkook estava nas mãos de Yuri em um dos quartos, sendo cuidado. Enquanto isso os dois filhos de Deus se encaravam ainda na sala, tão calados que era raro de se ver. Talvez estivessem apenas matando a saudade que o rosto de cada um vazia na vida do outro. Dessa vez haviam se passado anos demais,  e não era novidade que sempre que se encontravam precisavam de paciência um com o outro.

- Agora pode me dizer como você viu que ele queria me matar e não viu que eu já sabia disso? - Jimin foi o primeiro a quebrar o silêncio.

- Não interessa, "seu vampirinho" está vivo não é isso que importa?- Sempre tão difícil.

Os lábios se mexiam freneticamente, mostrando a Jimin exatamente o que ele queria saber. Ele não conseguia disfarçar o ciúme nem quando queria.

Para o demônio aquilo era como seu playground, adorava ver Taehyung daquele jeito. Ele ficava tão lindo.

- É, meu vampirinho está vivo e provavelmente vai ficar bem. - Tornou a se aproximar, agora guiando suas mãos para o queixo e rosto alheio, acariciando da forma doce que geralmente fazia. - Mas o meu anjinho anda bem irritado. Isso seria ciúmes Taetae?

O anjo vacilou. Queria brigar e queria muito mostrar que Jimin não podia continuar a brincar consigo daquele jeito por saber o quanto era mole para o mais velho. Era tão injusto, mas ficava feliz, pois não era muito diferente quando era ao contrário. Park Jimin era um verdadeiro Buda da paciência quando o assunto era o loiro com olhinhos azuis e sorriso quadrado brilhante. O fato era que a ponta do nariz de Jimin roçava na bochecha já rosada do Kim, e isso fazia o anjo quase desistir da discussão e pular para parte que apenas ficava abraçado ao moreno.

- "Seu anjinho?" - Conseguiu questionar, abrindo e fechando as aspas com seus dedos. - Sai hyun, isso é sério! - Deu um leve empurrão no mais velho, esperando fielmente que esse não tentasse se aproximar de novo, para o bem de sua marra. - Sabemos que aquilo não pode te matar , mas faria um grande estrago!

E como esperado para alguém como o Park, apenas ignorou.

- As coisas estão melhores para você lá? - Quis saber, a preocupação por saber como os outros anjos podiam ver o loiro.

- Lá é o paraíso querido Lúcifer. As coisas estão maravilhosas, lá não tem tristeza nem dor.- Murmurou descontente. A dor que aquela pergunta causava tentando se esconder em seu peito, e procurando a calma para isso nos olhos agora tão escuros. - Você não está mais lá. Nunca estará melhor.

Culpa era um sentimento horrível. Jimin entendia bem, era exatamente isso que sentia por lembrar que havia deixado Taehyung para trás no céu.  Havia feito aquilo pelo bem do anjo, mas esse sempre o fazia repensar se o melhor não seria finalmente concordar com o mais novo e o transformar.

- Você sabe que eu tive que vir. - Arrancou um suspiro de Taehyung. - E sabe que eu queria você comigo,  mas o inferno não é lugar para um anjo. E se você se machucar aqui por minha causa...

- Jimin anjos são soldados de Deus. Machucados são normais, e eu posso me curar facilmente.

- E demônios são meus soldados. Não vou repetir o tanto de coisas que você adora no paraíso para abrir mão dele por mim.

- Está se ouvindo idiota?! - Murmurou incrédulo,  querendo bastante socar o rosto bonito a sua frente. -  Você abriu mão do paraíso e de todos os benefícios que tinha lá em cima para que todo mundo pensasse que você tinha sido a erva ruim! Eu respeitei o seu esforço, mas não quero mais.

- Você continua sendo um anjo. - Disse cansado, querendo por um fim naquela conversa que já durava a anos. - Está mais protegido ao lado de outros anjos do que no meio de uma legião de demônios.  

- Você não me quer como  demônio. - Concluiu o anjo. O bico emburrado estampado em seus lábios grossos. - Não vai ir ver ele?

O Park voltou a suspirar. Realmente não queria ver Jungkook machucado de novo e saber que Taehyung tinha culpa. Eram os seres que mais sabiam como o amolecer, e ficar do lado de apenas um era difícil. Mas Jungkook precisa mais de si agora. Yuri era boa, mas queria estar ao lado de seu moreno vampiro. Ah, como sentia bem ao se imaginar perto do outro. 

- Não vai embora! - Ditou, já subindo as escadas de forma rápida,  esperando apenas a confirmação do anjo para sumir dali.

- Tenho três dias livres pra você.