História Welcome to the Apocalypse - Jeon Jungkook - VI - I'm feel so...

APESAR DA NOITE um pouco conturbada, eu consegui dormir melhor do que imaginava, mesmo que não tivesse sido tantas horas de sono, meu corpo agradeceu pelo pouco tempo que eu fiquei deitada. Mas mesmo assim, eu estava cansada. Acordei mais cedo do que o restante do grupo, e fiz uma breve checagem nas redondezas antes de voltar para a delegacia e começar a separar os alimentos para o café da manhã. Não tínhamos muita comida, e eu com certeza não iria me arriscar lá fora enquanto aquele nevoeiro ainda estivesse presente.

Virei os biscoitos em uma vasilha, os pães e outras coisas que tínhamos pegado em outra; e deixei algumas poucas garrafinhas de suco espalhadas pela mesa. Estavam pela metade, já que eram as mesmas de ontem; mas eu acho que durariam até o almoço se fizéssemos um pequeno esforço. Não era a mesa mais cheia que eu já tinha visto na vida; mas definitivamente era a mais atrativa, principalmente por conta da nossa atual situação. Era como se qualquer prato de comida enchesse o estômago apenas por se olhar.

O grupo acordou pouco tempo depois, e eu lhes assegurei que estava tudo bem e que só tínhamos que esperar o nevoeiro passar para podermos buscar um novo carro e sairmos para mais algumas horas de viagem. O café da manhã foi até bem divertido, todos conversando enquanto comiam; relembrando acontecimentos de anos atrás, de como nós éramos realmente atentados. Obviamente, Taehyung não perdeu a oportunidade e deu em cima de uma das irmãs, mas quando Jennie apareceu e Jisoo recusou educadamente a cantada barata, ele pareceu voltar a se comportar; abrindo um sorriso para ela e dando tapinhas em sua perna para minha amiga ficar com ele.

Eu gargalhei, e ela também. Me lembro que eles ficavam antes disso acontecer, mas não era nada sério; ambos ficavam com outras pessoas enquanto o lance deles existia. Taehyung tentou tornar algo sério, e era engraçado ver ele tentando insistir na Kim enquanto ela fingia não querer, para entrar no joguinho de sedução dele; principalmente porque quando ela o recusava ou ignorava, ele fazia um biquinho extremamente adorável e engraçado.

Evitei Jungkook durante o café da manhã, mas ele também não pareceu muito disposto a me irritar hoje; e nós ficamos apenas em conversas e memórias até o período do almoço; quando o nevoeiro finalmente foi embora. Nos organizamos em dois grupos diferentes, cada um com um objetivo importante para podermos voltar a viagem. Eu, Taehyung, Jungkook e Jennie ficamos responsáveis por voltar no supermercado para podermos pegar comida o suficiente para dois dias — porque eu tinha sido imbecil o suficiente para me esquecer de que íamos precisar de alimento para viagem —; enquanto o restante do grupo ficou responsável por encontrar um carro no meio da rua que fosse possível fazer uma ligação para podermos usá-lo.

Voltamos para a delegacia com quatro mochilas transbordando de tanta comida, e eu agradeci aos céus por termos o suficiente para sobrevivermos durante alguns dias bem tranquilamente. Mas, além disso; eu encontrei escondida em algum canto da delegacia um kit de emergência extremamente útil, e também agradeci rapidamente o paranóico que tinha deixado aquilo escondido no meio de papéis e multas. Itens para fazer fogo, defesa pessoal, higiene pessoal e o básico para machucados; definitivamente poderia ser muito útil futuramente.

Dividimos o peso dos itens em dois carros, com exceção das roupas, que continuaram cada um com as suas; e depois que Dylan deu um jeito de fazer o carro ligar nós deixamos tudo pronto para podermos sair. Quanto mais tempo perdermos aqui, menos tempo iremos ficar na estrada, e assim vamos demorar cada vez mais para chegar no abrigo de Washington.

Peguei minha pistola e coloquei apoiada na saia, fazendo o mesmo com a adaga também, usando a capinha de proteção para a lâmina não acabar me machucando; e depois ajeitei a saia preta, o cropped também escuro e as botas que iam até meus joelhos para então colocar a jaqueta vermelha que Jungkook tinha encontrado. Eu o odiava, mas tinha que admitir que aquele imbecil conhecia meu estilo de roupa como ninguém; e aquela jaqueta era totalmente perfeita.

— Jaqueta nova? Fez compras quando foi buscar algo para os garotos? — Jen perguntou, me vendo vestir a peça enquanto ela jogava a bolsinha para dentro do carro.

Respirei fundo, já me preparando.

— Jungkook achou.

— Jungkook achou? — Se virou para mim, sorrindo de maneira maldosa. — E você aceitou, é claro que aceitou… porque lá no fundo você sabe que ainda sente algo por ele. Eu sempre soube!

Jennie era minha melhor amiga, éramos definitivamente inseparáveis; e a primeira reação dela quando descobriu o que Jungkook tinha feito fora, obviamente, criar ódio da existência dele. No entanto, com o passar do tempo e com a insistência dele em me ter de volta, de conseguir me reconquistar mesmo dizendo não ter ideia do que tinha feito; Jen começou a achar que ele realmente não tinha feito nada. Ela usava alguns argumentos até viáveis, e eu tinha que admitir já ter pensado nessa possibilidade algumas vezes; mas nós dois já tínhamos ido tão longe, e ele já tinha me magoado tanto mesmo depois do nosso término, que eu não queria acreditar que tudo aquilo tinha sido um engano.

Sei que ela vai estar comigo enquanto nós vivermos, e não a julgo por pensar desta forma, de maneira alguma; mas confesso que ouvir Jennie reforçar a ideia de que talvez eu tenha sido enganada por outra pessoa fazia minha cabeça pesar com a culpa. Por isso eu resolvo ignorar, é mais fácil.

— Urgh, Jen. Cale a boca. — Resmunguei, apontando para o carro em seguida. — Vamos. Entre.

— Gostou do presente, princesa? — Me virei, já apertando os dedos na porta por conta da raiva. Eu só queria continuar a viagem, sem mais irritações.

— Adorei a jaqueta. Odeio você. Vamos logo, Jen. — Respondi, quase de maneira grossa; mas Jungkook não pareceu nenhum um pouco afetado, levando em conta que se aproximou ainda mais e apoiou ambos os antebraços na porta que eu segurava.

Respirei forte.

— Quanto tempo será que você consegue resistir, hun?! — Lhe lancei um olhar irritado, tentando fazer Jungkook parar; mas seu sorriso apenas aumentou. — Pode admitir meu amor, eu não vou te julgar. Diz que sentiu minha falta durante todo esse tempo que eu te recompenso com um beijo. Hun?! Faço toda essa saudade sumir em um segundo.

— Tenta. Eu faço esse seu sorrisinho irritante sumir em menos de um segundo.

Jungkook não parou de sorrir.

— Adoro seu lado agressivo. — Me avaliou de cima a baixo, sorrindo ladino. — Principalmente quando você está por cima de mim, me olhando daquele jeitinho safado…

Menos de um segundo depois, eu tinha largado a porta do carro para poder avançar em sua direção; as mãos preparadas para poderem acertar seu corpo com força e os olhos transbordando de raiva por conta da provocação irritante. No entanto, antes que eu pudesse esgoelar Jungkook e arranhar todo o seu rosto, Jennie envolveu minha cintura com força e me puxou para perto do seu próprio corpo, me impedindo de cometer um crime no meio da rua mesmo.

— Eu ainda vou te estrangular, seu imbecil! — Gritei, irritada; antes da Kim me empurrar para dentro do carro com força e colocar Hobi no meu colo.

Jennie bateu a porta do carro com força e resmungou algo para o Jeon antes de dar a volta no carro para poder entrar, no lado do motorista. Ergui o olhar para o Jungkook, furiosa; e lhe mostrei meu dedo do meio ao mesmo tempo que fazia uma careta para ele. O loiro sorriu, malicioso, e me lançou um sorriso safado acompanhado de uma piscadinha irritante.

— Esse desgraçado, filho de uma mãe maravilhosa; eu vou quebrar a cara dele quando…

— Pelo amor de Deus! Transem logo vocês dois! — Lalisa reclamou, se jogando no banco e soltando um bufar alto.

Eu me virei para ela, com tanto ódio que meus olhos pareciam não esconder o que eu estava sentindo naquele momento. A garota soltou um riso soprado e irônico, parecendo debochar do mesmo estado de fúria. Acho que se fosse possível, eu estaria transbordando de um sentimento nada agradável.

— Como é, que é?!

— Isso mesmo que você ouviu! Vocês dois têm uma tensão sexual que deixa os outros excitados; então, por favor, descontem tudo isso na cama e resolvam as diferenças depois.

Respirei fundo, buscando por paciência internamente. Jennie arrancou o carro, decidindo não se meter no assunto, enquanto as duas irmãs nos olhavam confusas, como se tentassem entender o que estava acontecendo ali naquele momento.

— Você sabe o que ele fez! — Acusei, apontando o dedo em sua direção. — Não tem perdão!

— E você conhecia a psicopata que ele tinha como melhor amiga. Nunca passou nenhuma outra alternativa pela sua cabeça, não? — Rebateu, me fazendo apertar as pálpebras de raiva.

— Já chega vocês duas! Vocês estão assustando as garotas! — Jen afirmou, também raivosa; mas seus olhos estavam focados na estrada. — S/n, você tem que admitir que é estranho tudo o que aconteceu, principalmente por conta de quem estava envolvido e o desespero de Jungkook em entender tudo. Lisa, o relacionamento era dos dois; se a S/n quer ser burra e acreditar no que aconteceu sabendo que a Ji-eun estava no meio, o problema é unicamente dela! Cacete, vocês são melhores amigas há anos, não deixem essa confusão estragar tudo isso!

Eu relaxei no banco, tendo ciência de que ela tinha razão; e respirei fundo algumas vezes antes de me voltar para a minha amiga. Tenho problemas com a raiva, se eu não conseguir respirar fundo e me controlar; uma simples discussão pode se transformar em algo catastrófico em questão de segundos. Não quero perder uma amiga por conta de um problema que eu posso evitar se tentar.

— Me desculpe. — Murmurei, me voltando para ela.

— Me desculpe também. Ver vocês brigando assim me machuca também, sei o quanto você sente a falta dele; e eu acredito mesmo que aquela lá teve algo a ver com isso. — Buscou minha mão, apertando suavemente e sorrindo quando eu fiz o mesmo. — Só quero te ver feliz daquele jeito de novo. Mesmo que você tente negar, eu consigo ver em seus olhos o quanto dói.

Suspirei, mordendo o lábio inferior para poder conter as lágrimas.

— Eu o quero de volta, mas eu não posso, Lisa. Não tem perdão.

Ela suspirou também.

— Eu imagino como você se sente, não é nada justo te julgar por isso. Vai ficar tudo bem, hun?!

[...]

— Você tem certeza de que está bem? — Jisoo perguntou, ao meu lado, já que era ela que estava dirigindo agora; e desviou o olhar para mim por meio segundo antes de voltar a se concentrar na estrada novamente.

Assenti com a cabeça, ignorando a mentira descarada que eu estava contando. Não era a primeira noite que eu dormia pouco; por conta do fardo de ser a líder do nosso pequeno grupo, eu me sentia diretamente responsável pela sobrevivência de todas elas, e por conta disso eu perdia horas de sono direto. Não me recordo da última vez que eu consegui ter mais de cinco horas de sono.

Meu corpo resistiu por muito tempo, e agradecia pelas horas de sono que eu tinha — mesmo que fossem poucas —; mas eu já estava judiando do meu sistema imunológico e do meu cérebro de um modo geral. Sem um descanso adequado, eu iria desmaiar nas próximas horas; eu tenho certeza disso.

Sei que já estou chegando no meu limite por conta da tonteira forte, da dor de cabeça insuportável, da vista nublada e dos apagões breves que eu tenho. Não aguento mais, mas elas não podem nem suspeitar disso porque a preocupação vai vir inteiramente pra cima de mim; e nosso foco atual é a segurança de todos.

— Não acredite nela, Ji. Para esse carro, vamos entrar em qualquer casa pra ela descansar um pouco. — Jen afirmou, se esticando para poder alcançar minha testa com sua mão. Um suspiro de alívio escapou dos seus lábios ao perceber que eu não estava quente o suficiente para ser febre.

— Eu estou bem…

— Não é por nada não, S/n; mas a Jennie está certa. Você está tão pálida que parece um fantasma. Acho melhor pararmos por algumas horas; assim você se recupera.

O cachorrinho no meu colo soltou um choramingo antes de pular no meu peito, quase como se tentasse me abraçar; eu abri a boca para retrucar, mas não tive forças. Jisoo parou o carro no mesmo segundo, o olhar sério sobre mim. E de repente eu me senti tão sufocada ali dentro que abri a porta no mesmo segundo, além de tropeçar para o lado de fora com Hobi em meus braços, tentando me apoiar em qualquer lugar e respirar fundo para afastar o revirar forte que meu estômago estava dando.

Não vi quando elas desceram do carro, e muito menos quando os meninos notaram que nós tínhamos parado e resolveram dar meia-volta para ver o que tinha acontecido. Sei que poucos minutos depois, eu senti o cachorrinho ser tirado do meu braço e quando eu me inclinei para frente, não suportando mais aquela ânsia de vômito; pude sentir uma mão embolando meu cabelo e segurando tudo enquanto outra dava suporte para a minha testa.

Suor frio escorreu pela minha e pelo meu rosto, as roupas começando a pregar na minha pele; aquela sensação angustiante de sufoco enquanto o estômago revira e a comida continua presa no mesmo lugar. Me apoiei no braço masculino, já tendo ciência de quem era; e quando a mistura de comida subiu pela minha garganta eu não consegui mais segurar. 

— Ela está assim a quanto tempo? — Pude ouvir Dylan perguntando, e uma resposta breve de Jen; dizendo que eu estava visualmente mal há mais de uma hora.

— Princesa, olha aqui pra mim. — Me ajudou a ficar de pé, e foi com dificuldade e relutância que eu fiquei ereta novamente para poder encarar seus olhos.

Jungkook me lançou um olhar preocupado, até mesmo um pouco triste; e limpou o suor frio do meu rosto com o moletom, além do canto provavelmente sujo da minha boca. Em seguida, sua mão encontrou minha testa, meu pescoço e minhas bochechas, provavelmente para checar minha temperatura.

— Febre você não tem. O que mais sente?

Franzi o cenho por ele estar agindo daquele jeito, era realmente estranho. Não que Jungkook não fosse carinhoso na época em que , estávamos juntos, pelo contrário; ele era o mais grudento de nós, mas depois do que tinha acontecido, ver ele assim chegava a me irritar. Era como se fosse fingimento. Afinal, se ele tinha feito a burrada de me trocar, por que estava fingindo se preocupar agora?

— Sinto raiva de ver você assim. — O afastei, mantendo minha postura enquanto Jeon me encarava confuso, estranhando minha reação. — Sério mesmo Jungkook; qual a droga do seu objetivo?! Me ter de volta?! Por que você não tenta recuperar a chata da sua namoradinha?! Você sempre teve ela no topo da sua lista mesmo.

— Do que caralhos você está falando? O que isso tem a ver com o que está acontecendo agora?! Deixe-me ver sua temperatura de novo, você deve estar alucinando de tanta febre. — Ele se aproximou, pronto para me tocar; mas eu o barrei com uma mão.

— É pra você parar de fingir que ainda se importa comigo, se é que você chegou mesmo a se importar algum dia! — Dei um passo para trás, mas quase caí de tão tonta e fraca. Jungkook veio, e eu não consegui me afastar quando ele me segurou para eu não cair. — Eu não quero ficar contigo! Ji-eun desistiu de você e agora você vem pra cima de mim, hun?! Me tratando como a droga da segunda opção… de novo?!

Ele ficou sério de repente.

— Você nunca foi a minha segunda opção. Eu sempre amei você; e você sabe disso.

Proibi meu coração de reagir àquilo; eu tinha visto, eu tinha presenciado e ainda tive que lidar com as mentiras de Jungkook depois do que aconteceu. Ele estava mentindo, queria alguém para estar ao seu lado nessa situação horrível e eu era a opção mais viável.

— Nunca fui sua segunda opção. Engraçado, não acha?! Todas as vezes que a perfeita da sua melhor amiga fazia alguma coisa comigo; em qual história você acreditava? — Seu olhar vacilou, eu vi culpa ali.

— Eu te pedi perdão por isso. Você disse que tinha me perdoado. — Seus olhos se encheram d' água, eu me obriguei a não ceder diante da cena. — A gente pode discutir isso depois? Você está doente, precisa descansar.

— É claro que eu perdoei, porque eu era uma idiota por você naquela época! E Deus, eu era tão, tão imatura! Tão burra! — Olhei para o seu rosto. — Ela fez um draminha, uma carinha totalmente falsa de choro e mostrou uma edição idiota… aí o que você fez? Acreditou nela. Ficou uma semana me odiando sendo que eu não tinha feito nada; ao contrário de você. Você não acreditou quando eu jurei para você que era falso; só acreditou quando Taehyung esfregou a droga da foto original na sua cara.

Eu tive que ter uma pausa para respirar fundo, ainda estava tonta e o mal estar era o suficiente para me derrubar; mas agora que eu finalmente tive a oportunidade de jogar tudo na cara dele, eu não podia perder a chance.

— Eu nunca fui a sua primeira opção Jungkook. Nunca. Você sempre teve Ji-eun no topo de sua lista, tratando ela como uma rainha. E nossa, como eu era idiota! Eu confiava tão cegamente em você, mas todo mundo me avisava das vezes que você ficava o dia todo com ela! E no final, adivinha quem se fodeu nessa história? — Ergui minha cabeça, agora para poder olhar diretamente nos meus olhos. — Menos de um mês depois do nosso término, você apareceu namorando com quem? Com alianças e tudo?

Soltei uma risada fraca, incrédula do quão estúpida eu tinha sido durante tanto tempo.

— Foi ela quem comprou as alianças.

— Mas vocês estavam namorando, não é?! Qual era o nome da nossa relação mesmo?

— Nós estávamos planejando morar juntos! Já tínhamos olhado apartamentos que fossem em conta; decorações de quarto. Droga, nós compramos aquela merda de kit de panelas que você queria! — Tentou argumentar. — Era com você que eu queria essas coisas. Sempre foi com você, princesa.

— Só que você jogou tudo no lixo. Mas não é como se você desejasse isso de verdade, de qualquer forma. Você só queria alguém pra preencher o vazio até que enfim você e ela notassem que se amavam o tempo inteiro. — Me afastei dele, piscando algumas vezes para não chorar. — E bem, você conseguiu exatamente o que você desejava. Agora, inferno! Só me deixe em paz.

Eu me afastei do grupo, irritada e com os olhos ardendo por conta da vontade de chorar. Droga, mesmo depois de tanto tempo esse desgraçado mexe comigo como ninguém mais mexe. Conversar com Jungkook me deixa mal, porque me lembra dos momentos em que namorávamos; até mesmo das nossas brigas, quando ele me beijava no meio da discussão e pedia para nós pararmos de brigar, porque era a última coisa que ele queria.

Pude escutar passos atrás de mim, e pelo som não ser tão forte eu já tinha ciência de que não era o Jeon, então não me importei. Me sentei do capô de um carro deixado ali, olhando a paisagem à nossa frente, de ruas e prédios destruídos, enquanto respirava fundo para tentar afastar aquele maldito mal estar. Só desviei o olhar ao perceber a movimentação ao meu lado. Taehyung.

Ele ficou calado por alguns segundos, até parecer finalmente criar coragem.

— O que ele fez?

— Mentiu para mim. Da pior maneira possível.

Seu olhar seguiu até o meu, curioso e preocupado.

— De que maneira?

Uma lágrima escorreu pela minha bochecha, enquanto eu voltava a me concentrar na paisagem caótica.

— Jungkook não apenas me trocou, Taehyung. Ele me traiu com a Ji-eun.