História Welcome To The Sh*t Of My F*cking Life - Capítulo 19 - Rockstar

— Bem vinda a Família Capitol! — Scarllet disse, com um sorriso de um milhão de dólares. Era claramente mais alta que eu. Abracei os dois com um sorriso enorme nos lábios — Agora Ashley, fiquei curiosa para te ouvir tocar. Pode nos dar a honra? 

— Com certeza! — disse pegando o violão indicado por Michael — Vou tocar uma composição minha, ok?

— Melhor ainda — Michael sorriu e comecei a tocar uma das que havia escrito, deixando ambos com os olhinhos brilhando e sorriso nos lábios quando terminei. 

— Gostaram? — perguntei sorrindo assim que terminei.

— Garota, acredite em mim … seu nome vai atingir o mundo! — Scarllet disse com um sorriso e enorme e guardei a frase em meu coração. Era tudo o que eu queria! 

— Mal posso esperar por isso! — respondi com um sorriso ansioso. Só de pensar em tudo o que senti no palco no sábado, meu corpo inteiro se arrepiava.

— Nós temos muitas coisas para ajustar ainda! Por isso acredito que precisaremos de mais algumas reuniões para alinharmos tudo e de fato começarmos a colocar a mão na massa — Ela disse e segui toda a sua fala atenta a cada palavra — Suas composições são registradas? 

— Sim, todas elas. Não são muitas, porém tomei o cuidado de registrar todas — confirmei.

— Ótimo, isso nos poupa um tempo até começarmos a gravar — foi a vez de Michael falar — Como eu havia dito, tenho algumas composições que sei que se encaixam muito bem com sua voz. Já reunimos uma banda para lhe auxiliar na gravação e no processo de composição, caso lhe agrade.

— Claro, é sempre bem vindo! — de pronto confirmei. 

— A emergência dessa reunião não foi por acaso, queremos aproveitar a repercussão da sua apresentação para lançar o primeiro single. Espero que você não seja dorminhoca, pois quero marcar uma reunião para amanhã às 8 da manhã. Quanto mais rápido corrermos melhor! — explicou Scarllet com a face séria. 

— Em seguida vamos para o estúdio para fazermos um ensaio com a banda, para ver como vocês se desenvolvem juntos e para identificarmos melhor sua identidade musical. Para isso, acabando aqui vamos ao estúdio gravar sua a voz e o violão guia das suas composições para apresentar aos músicos. Vou te apresentar a eles e entregar também algumas das composições pré construídas para você conhecê-las e também opinar sobre. 

— Perfeito! — concordei atenta, tentando esconder o sorriso que tentava tomar meus lábios. Tudo aquilo era surreal demais e eu estava a ponto de me beliscar para ter certeza de que era real! 

— Preciso que você atualize suas redes sociais também. Mude sua ocupação profissional nos seus perfis para Cantora, reposte os vídeos desse sábado, abuse nas fotos com todos os seus amigos músicos. A sua imagem atrelada a imagem deles é ótima, queremos ganhar visibilidade e esse é um ótimo caminho! — Scarllet foi ditando meus deveres e fui tomando notas mentais para não esquecer. 

— Tudo bem se eu postar uma foto daqui também? — perguntei, já doida para explanar para todos essa oportunidade gigantesca. 

— Fique a vontade! — disse Scarllet — O restante te passo amanhã. 

— Ok! Vamos então? — me chamou Michael se levantando da mesa. Me despedi de Scarllet, anotando seus Contatos e lhe passando os meus, seguindo-o em seguida. Fomos conversando sobre minhas influências musicais e o que eu esperava criar com ele. Não achei que no estúdio fôssemos demorar tanto! Já passava de meia noite quando terminamos e se eu dissesse que não estava cansada estaria mentindo. Minhas mãos estavam doendo de tanto tocar violão, já que Michael foi pedindo covers de várias músicas diferentes para ver minha versão de cada uma delas. Como ele havia dito, gravei as guias das minha autorias para os músicos ouvirem, recebendo como troca a guia das músicas do Michael. Estava ansiosa e nervosa para os próximos dias, me fazendo lembrar que eu precisava ligar para meus pais. Disquei o número assim que entrei no carro, conectando o celular aos alto-falantes por bluetooth, para não precisar ficar segurando o celular. 

— Oi querida! Como você está na Califórnia? — ouvi a voz doce da minha mãe e foi inevitável não sorrir.

— Incrível! Eu havia esquecido o quanto amo esse lugar — disse animada e ouvi a risada calorosa dela.

— Pelo visto você vai acabar ficando mais tempo por aí — ela disse rindo e eu nervosa como resposta. Minha mãe sempre foi uma pessoa sensitiva e suas frases que pareciam sentir que as coisas estavam pra acontecer sempre arrepiavam meu corpo.

— Meu velho está por aí? — perguntei tentando fugir do seu lado sensitivo.

— Mal ligou e já quer saber dele? Cruzes! — ela comentou e eu gargalhei — Ele está ao meu lado, por que? Não vai me dizer que está grávida! 

— Cruzes digo eu! Tá amarrado mulher, tá ficando velha e doida!? — respondi de imediato.

— Velho é o seu cu, Ashley Charlotte Perry Mitchell! — brigou minha mãe e eu fiz uma careta. Odiava quando ela falava todo o meu nome ridículo. Ashley Charlotte, sério? 

— Coloca no viva voz, mãe — pedi revirando os olhos. Fiz silêncio até ela me responder um “pronto” — Oi pai! Está me ouvindo?

— Sim, o que houve? Teve problemas na Califórnia? — perguntou ele, com sua voz séria.

— Vocês só esperam o pior de mim? É isso mesmo? Uma acha que eu estou grávida, o outro acha que tive problemas … Não posso nem ligar para contar uma notícia boa? — reclamei, realmente irritada com a recepção dos dois.

— E desde quando gravidez é uma notícia ruim? Eu Estou doida pra ser avó e estou sentindo que isso está próximo.

— É uma notícia horrorosa. Filhos não são nunca significado de coisas boas — respondi. Não, filhos nunca estiveram nos meus planos e nem estarão. Sempre disse que se por algum acaso na vida eu engravidasse seria por puro descuido e desejo divino, pois por mim isso nunca aconteceria — Não sei como se nenhuma das duas duas filhas tem chance disso acontecer, mas enfim! 

— Filhos sempre são significado de coisas boas! Veja você e sua irmã — Amelia, minha mãe disse claramente afetada.

— Ah claro! Eu sou tanto um significado de coisas boas que vocês logo já esperam o pior — disse irritada — ENFIM! Eu não liguei pra brigar, eu realmente tenho uma notícia boa! 

— Diga — disse meu pai reprimindo o riso e já conseguia imaginar a cara fechada da minha mãe pra ele.

— Esse final de semana eu fiz uma participação de última hora num show do Slash — disse já mudando meu humor para algo mais animado. 

— Eu vi! Você saiu na televisão, sabia? — meu pai disse admirado e sorri ainda mais.

— Sério!?

— Seríssimo! Um canal estava cobrindo o festival e você foi o assunto mais comentado do festival. A propósito, você foi incrível. Parabéns, querida! — disse minha mãe e eu sorri afetada. Não imaginava as proporções que tudo estava levando. 

— Então … esse show já me rendeu algumas mudanças interessantes! — introduzi o assunto  e meu pai respondeu um “hmm” — Eu acabei de sair de uma reunião com um dos maiores produtores musicais do mundo do rock e uma empresária! 

— Como assim? — meu pai perguntou após um silêncio — O que isso tem haver com o show?

— Eles estavam lá e assistiram tudo. Descobriram quem eu era e entraram em contato comigo. Tivemos uma reunião hoje e ambos querem me lançar no mundo musical … fechamos um contrato hoje mesmo! — expliquei animada e recebi mais silêncio como resposta — Mãe? Pai? 

— Isso quee dizer que …? — perguntou minha mãe.

— Que agora eu sou a mais nova cantora vinculada à Capitol Records — dei um gritinho e minh mãe gritou do outro lado da linha. Ri com sua reação.

— Uau! — meu pai disse e novamente ficou em silêncio.

— Quando eu comentei que você iria ficar mais tempo por aí não imaginei que seria por isso — minha mãe comentou rindo, ligeiramente nervosa. 

— Nem eu — meu pai disse rindo, mais nervoso ainda — Agora você não tem previsão para voltar, certo?

— Certo! As coisas vão começar a correr, já que estamos com o tempo apertado— expliquei resumidamente— Eu sei que seus planos para mim na empresa eram outros pai, mas vocês sabem que esse sempre foi meu sonho incubado!

— Eu sempre soube que você não ficaria na empresa, querida. Não se sinta mal, seu dom é entreter as pessoas, não administrá-las — meu pai comentou rindo — Estou surpreso, mas muito orgulhoso! De verdade. Você sempre foi melhor num estúdio que num escritório! 

— Se o senhor fosse um pouquinho mais meigo eu choraria, mas acho que fui ligeiramente ofendida — respondi rindo, aliviada pela reação dele. Meu pai sempre se preocupou em preparar alguém da família para ocupar seu lugar um dia e o fato de eu e minha irmã nunca nos interessarmos a isso causou muitas brigas entre nós, por mais que ele nunca tenha nos forçado a isso. Talvez manipulado um pouco, o que é de se esperar de um gestor de pessoas nato como ele. 

— Se te conforta, seu primo Andrew tem desempenhado bem o seu papel — ele comentou após uma gargalhada. Andrew é meu primo dois anos mais novo, que também atuava na empresa. Diferente de mim ele sempre se interessou para a área administrativa.

— Nem um mês direito longe de casa e já me substituiu? — brinquei rindo.

— Eu sabia que te mandar pra Califórnia ia te fazer querer ficar aí! Só achei que seria por homem — minha mãe comentou gargalhando e eu fiquei boquiaberta. 

— Oi?! — perguntei com a voz duas oitavas acima.

— Querida, você é movida a pau — meu pai comentou rindo e eu fiz uma careta.

— Não é nada legal ouvir essa frase do meu pai — fiz uma careta e ambos gargalharam.

— Estamos orgulhosos de você filha! E torcendo para que tudo ocorra bem e você faça muito sucesso! —- disse minha mãe e sorri feliz ao ouvi-la dizer aquilo.

— Se precisar de patrocinadores eu tenho alguns conhecidos me devendo favores — meu pai disse e eu gargalhei.

— É ótimo ter um pai poderoso, sabia?! —- respondi rindo — Obrigada! É muito bom saber que tenho o apoio dos dois! 

— Sempre, minha doce Ashley! Sempre! — meu pai disse.

— Nós te amamos, filha! — minha mãe completou e logo após desligamos. Sentia que um fardo havia sido tirado das minhas costas … era muito bom saber que eu tinha o apoio deles.

A volta para casa foi relativamente rápida, me garantindo estar colocando o carro na garagem antes das 2 da manhã. A essa hora meu cabelo estava num coque embolado, a camisa e o blazer já haviam sido retirados e eu estava descalça, um belo retrato do cansaço. Tudo o que queria era um banho, um copo de whiskey e a minha cama! Peguei minha bolsa, as roupas retiradas e o sapato e entrei na casa apagada. Provavelmente as duas já deveriam estar dormindo, devido ao horário, somente achei estranho não ter recebido nenhuma mensagem. Deixei as coisas sobre um banco na sala e fui para a cozinha, em busca do meu copo de whiskey. No caminho notei que a luz da cozinha estava ligada, então provavelmente uma das duas ainda estava lá.

— Cheguei! — anunciei feliz entrando na cozinha e dei de cara com um Matt de cueca segurando uma garrafa de vinho e duas taças.

— Ash! — ele disse feliz e me abraçou, o que me deixou incrivelmente sem graça e confusa. O que ele estava fazendo lá?! — E aí, como foi lá? 

— Foi tudo … bem — respondi ainda estranhando o evento, enquanto ele ainda me abraçava forte — Matt eu preciso respirar! 

— Ah, perdão! — ele disse e me soltou — O que ele falou? Você demorou bastante, sua irmã ficou bem curiosa. 

— Ah, falamos muitas coisas! Mas num resumo, fechei um contrato com a Capitol! — joguei os braços para cima, tentando deixar de olhar o enorme volume entre as pernas dele. 

— Uau! Parabéns! — ele me abraçou novamente e eu ri da animação dele. 

— Matt! Tudo bem aí? — ouvi a voz de Jessica de longe, gritando provavelmente do seu quarto.

— É … tenho que ir! Sua irmã está me esperando. Parabéns! Precisamos comemorar! — ele comentou e saiu andando com a garrafa e as taças. Agora tudo fazia sentido! Os dois juntos era algo que não imaginava que poderia ter um repeteco, ainda mais num espaço de tempo tão curto! Não fazia sentido algum na minha cabeça, mas como não era minha vida … não era eu quem deveria conjecturar nada!

Servi meu whiskey, coloquei minhas pedrinhas de gelo de água de coco e subi as escadas a caminho do meu quarto. Após um banho rápido, apaguei na minha cama, sem sonhos.