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História Welcome to the West - Interativa - Era uma vez no Oeste


Escrita por: TBond

Notas do Autor


Olá vaqueiros!
Desculpem a demora, mas eu estava finalizando meu TCC. Espero que gostem deste capítulo inicial.
Aos poucos vou revelando um pouco mais de cada personagem. No decorrer do enredo todos terão seu espaço!
Espero que apreciem.
Boa leitura!

Capítulo 3 - Era uma vez no Oeste


Fanfic / Fanfiction Welcome to the West - Interativa - Era uma vez no Oeste

Billy fumava seu cigarro deitado na cama. Observava a pintura desbotada no teto e os papéis de parede do quarto do Saloon.

― Quando você vai me levar para conhecer o seu quarto? – Mary questionava o homem com certa expectativa em seu tom de voz.

A bela prostituta esperava que o prefeito pudesse lhe dar um pouco de luxo e quem sabe tirar ela daquela vida ingrata de servir seu próprio corpo àqueles que lhe pagavam por isso.

O prefeito dá uma última tragada longa no cigarro antes de jogar o que restava pela janela.

― Não seja tão apressadinha e curiosa, minha cara! - ele sorri sem mostrar os dentes e logo se levanta.

Aquele era um sinal de que, mais uma vez, Mary acabou dizendo algo que não deveria ser dito. A garota era esperta, mas sua ânsia por uma vida melhor às vezes lhe fazia meter os pés pelas mãos.

Ao terminar de se trocar, Billy deixa em cima da cômoda do quarto uma quantia razoável em dinheiro. Mary valia cada centavo, já que ela era sua prostituta favorita. Na verdade, ultimamente ela era a única com quem ele se deitava. Talvez isso tenha feito a garota pensar que o prefeito sentisse algo a mais por ela. Ingenuidade? Talvez!

― Aproveite mais um pouco da minha companhia, prefeito! Prometo não cobrar uma taxa extra por isso. - ela se aproxima dele, ainda nua, e acaricia seu rosto.

Aquela era uma tentativa de fisgá-lo. Uma tentativa de não ter que se deitar com um bêbado fedido ainda naquela noite.

― Adoraria, Mary. Mas ainda preciso tratar dos detalhes do enterro do padre. Alguém precisa rezar por aquela pobre alma e eu não sou bom em sermões religiosos.

O prefeito Harrys beija a mão de Mary e sai do quarto sem qualquer cerimônia.

Ela era agradável, boa de cama, mas não fazia o tipo de mulher por quem Billy assumiria um relacionamento e nem se apaixonaria.

Assim que ele a deixa sozinha no quarto, ela coloca seu robe e começa a contar o lucro daquele encontro.

  ― Nada mal! Da próxima vez eu posso tentar algo diferente para ganhar um pouco mais. - A mulher dizia a si mesma enquanto contava o dinheiro.

Mary tranca seu quarto e guarda o dinheiro em uma meia velha que ficava escondida em uma das gavetas de sua cômoda.

Deitou-se aliviada por não ser necessário atender outro cliente, pelo menos não naquela noite.

 

[...]

 

Distante dali, no meio do deserto, uma mulher corria como se sua vida dependesse disso, e na verdade dependia. Ela não poderia voltar. Aquela era sua última oportunidade de escapar com vida.

A próxima lua cheia seria na noite seguinte, mas a águia fora liberta de seu cativeiro a tempo.

Shada corria pelo deserto, a mestiça estava exausta mas nada a faria parar. Não bastasse ter sido apedrejada em sua tribo, não perderia sua liberdade e nem a sua vida ficando naquele lugar.

Acabou tropeçando em algo no chão. Rastejou até que se colocasse novamente de pé e ao olhar para trás notou ter tropeçado em um animal morto. Parecia um filhote de coiote, provavelmente foi picado por uma cobra ou se perdeu de sua mãe e acabou morrendo de fome.

A mulher só tinha consigo uma pequena faca rústica que usou para cortar as cordas que lhe mantinham amarrada.

Aquilo seria suficiente para colocar um fim as suas angústias. Despiu-se da túnica que usava por cima das vestes e com a faca abriu o ventre do animal, utilizando o sangue já coagulado dele para sujar sua túnica.

Jogou para longe a roupa suja de sangue, na tentativa de despistar seus perseguidores.

Levantou-se e olhou para o céu. Usaria as estrelas para guiarem seu caminho. A mestiça sabia que a oeste dali existia uma antiga mina abandonada e era para lá que ela iria buscar abrigo.

Agradeceu aos deuses e ao espírito da águia por gostar de se aventurar por aqueles territórios quando criança. Agora, aquelas lembranças e conhecimento lhe salvariam a vida.

Durante a noite o deserto não era um lugar fácil de atravessar, mas seria pior durante o dia com o sol escaldante.

Shada sabia que as minas seriam o abrigo perfeito. Pelo menos por enquanto.

 

[...]

 

O prefeito Harrys descia as escadas do Saloon satisfeito e com um largo sorriso no rosto.

― Pelo jeito a farra foi boa, senhor prefeito!

Mathias, o homem que Lily deixou responsável pelo bar em sua ausência, comenta enquanto enxugava um copo atrás do balcão.

Billy apenas assente com a cabeça e, erguendo seu chapéu, despede-se e segue até sua residência. Para o prefeito de WildWest, o dia ainda não havia acabado.

Mathias observa o homem sair, não era segredo que o rapaz não simpatizava muito com o prefeito. Encostado no balcão, Arthus observava.

O caseiro da fazenda do falecido Bennet sentia uma certa inveja do prefeito. Afinal, Billy era um homem rico, poderoso, dono de grande parte daquelas terras e poderia ter a mulher que desejasse em sua cama.

― Agora finalmente posso fechar o Saloon! - o barista comenta.

Mathias não via a hora de voltar para casa a tempo de encontrar sua filha ainda acordada. A garotinha sempre ficava esperando o pai chegar do trabalho. Ele sempre lhe contava uma história antes de dormir, e Aimée adorava.

― Vou avisar a senhorita bonitona que o barista dela expulsa os clientes só para ir mais cedo pra casa.

Arthus brinca com o amigo.

― O único aqui que pode chamar a minha patroa de bonitona sou eu. A senhorita Lily fica furiosa, mas é esta a intenção.

Os dois homens riem do comentário. Mathias tinha o dom de ser naturalmente engraçado. Todos em WildWest gostavam de sua companhia, exceto alguns apostadores menos afortunados que perdiam algumas moedas para o rapaz nas apostas.

Ele apaga as velas que iluminavam o Saloon e com a ajuda de Arthus tranca as portas do bar.

― Boa noite, Van Field! Até amanhã. – Arthus se despede e segue até seu cavalo amarrado próximo a porta do bar.

O caseiro monta em seu alazão e segue para a fazenda Bennet. Com a morte de seu patrão, toda a administração das terras ficou sob sua responsabilidade, assim, amanhã ele teria um dia repleto de afazeres.

Assim que Mathias chega em sua casa, que por sinal não era tão longe do Saloon, Aimée corre para abraça-lo.

― Papai! A senhora Kayla disse que agora que queimaram a igreja, Deus não está mais protegendo essa cidade. É verdade?

A garotinha se mostrava curiosa. Kayla era a vizinha que cuidava de Aimée enquanto Mathias trabalhava no bar. Era uma senhora muito religiosa e repleta de crendices.

― Eu já disse para você não acreditar no que aquela mulher diz!

Ele pega a garota no colo.

A antipatia de Mathias com a vizinha começou quando ela ameaçou matar Loba, sua galinha de estimação, para fazer uma caldo caipira com coxa e asa de frango. No entanto, ela cuidava de Aimée e o rapaz tinha que suportá-la.

― Escute mocinha, você não deveria estar na cama?

Ele levava a filha para o quarto dela e Loba, a galinha, vinha correndo da cozinha acompanhando os passos cautelosos do homem.

― Quando a senhora Kayla foi embora, pensou que eu estivesse dormindo! Faz pouco tempo isso, papai. Mas eu estava bem acordada, só esperando o senhor chegar.

Por mais que Aimée não fosse filha biológica do rapaz, o vínculo que ambos possuíam era muito forte. A pequena garotinha preenchia a vida e o coração de Mathias de uma forma única.

― Vou lhe contar uma história.

Mathias ajeita a menina na cama e começa a contar-lhe uma história qualquer sobre cowboys e índios. Ela adora histórias de aventura.

Apesar de ser conhecido como um apostador da cidade, o rapaz também era um ótimo contador de histórias.

Não demorou até a pequena pegar no sono.

 

[...]

 

Billy caminhava até sua casa localizada no fim da cidade. Como prefeito, ele tinha que se manter o mais próximo dos acontecimentos locais, e não isolado em uma de suas fazendas.

O que ele não percebia era o par de olhos atentos que perseguiam o seu rastro. Aquele era Roger Monroe. O homem que antes de chegar em WildWest em busca de vingança, fazia parte de um bando de pistoleiros que trabalhavam para os Harrys.

Obstinado em conseguir provas contra o prefeito ou simplesmente acertar uma bala no meio de sua testa, Roger esgueirava-se entre as sombras para não perder seu alvo de vista.

Matá-lo não seria o suficiente. O infeliz, ainda seria enterrado com honras e, provavelmente, ergueriam uma estátua em sua homenagem. O sofrimento que os Harrys lhe causaram criaram profundas cicatrizes em seu íntimo e isso não seria apagado com sua morte. Mas, Roger era paciente e calculista o suficiente para degustar sua vingança em um prato frio.    

O homem de barba por fazer, cabelos loiros e olhos claros estava indo bem, se não fosse por um descuido. Acabou esbarrando em um barril vazio, derrubando-o no chão. Com o barulho, Billy olha para trás e observa o vulto de Roger.

― Apareça, desgraçado!

O prefeito saca sua pistola e atira no chão. Errou de propósito. Aquele foi apenas um tiro de aviso.

Roger retira um cantil do seu bolso e sai das sombras, revelando seu rosto.

― Que horas são, companheiro? – pergunta com a voz embargada.

Roger fingia estar alcoolizado. De forma teatral, começou a caminhar e a falar feito um bêbado.

Percebendo que o homem era inofensivo, Billy guarda sua pistola.

― Por isso esta cidade se tornou uma bagunça. Vá pra casa, seu forasteiro bêbado!

Billy grita para o homem em um tom nada cortês. Por outro lado, Roger sentia-se aliviado por conseguir convencê-lo com sua atuação.

Para surpresa dos dois, aproximava-se deles montado em um cavalo negro o patrulheiro e atual ajudante do Xerife, Tobias Pine.

― Algum problema, prefeito?

Ao que parecia, o homem tinha acabado de chegar de uma patrulha na região.

― Esse bêbado infeliz está importunando os habitantes da cidade, no caso eu! Leve ele para passar a noite na prisão. Quem sabe isso sirva para curar a ressaca dele?

Billy era rude, parecia já estar sem paciência para aturar bêbados no fim da noite. Já tinha problemas demais para solucionar.

T-Pine, como o patrulheiro era mais conhecido, ergue uma sobrancelha mostrando-se visivelmente contrariado. Mas não iria retrucar ou retirar a autoridade do prefeito.

O homem passa a mão na barba e acaba descendo do cavalo para escoltar o sujeito até a prisão da cidade.

O rapaz era conhecido por suas conquistas amorosas, era bonito e isso lhe facilitava, piadista, também era uma companhia agradável, principalmente quando se almejava alguma diversão. Uma de suas características mais marcantes era a facilidade de dialogar e ser diplomático.

Diante da postura de Billy, não havia o que discutir. Pegou Roger pela gola da camisa e foi o empurrando até a prisão.

O falso bêbado caminhava e olhava para trás, vendo seu alvo sumir do alcance de suas vistas. “Estava tão perto! Mas da próxima vez você não me escapa, Harrys.” – Roger pensava enquanto caminhava para o cárcere.

Em seu íntimo, Monroe sabia que o prefeito escondia todos os seus podres, mas um dia ele iria descobrir do que se tratava. E quando esse dia finalmente chegar, sua vingança estará concluída.

 

[...]

 

O sol raiava no horizonte. A pequena diligência vinha repleta de bagagens pela estrada.

A mulher de cabelos negros olhava pela janela. A paisagem dali não era tão diferente do México. O solo meio árido, o ar com pouca umidade, o sol escaldante e os perigos daquela terra eram os mesmo com os quais estava acostumada em sua terra natal.

Não fosse seu desejo em tomar posse do que lhe pertencia por direito, Mérope não teria vindo parar em WildWest.

Consigo, além da fibra e da sua inquestionável coragem, a mulher trazia o desejo de se estabilizar de uma vez por todas.

A diligência adentrou a fazenda Bennet. O cocheiro ajudou a mulher a descer da pequena carruagem. Enquanto ele ia descarregando a bagagem dela, Arthus se aproximou. O rapaz estava dando comida aos animais e foi grande sua surpresa quando viu a diligência chegar.

― Bom dia! Posso ajudar? – Ele retira o chapéus que usava e limpa a mão na calça para cumprimentar a mulher.

Ela o olha dos pés à cabeça e ignora o cumprimento dele.

― Pode começar levando minhas malas para dentro! – Ela diz de uma forma nada cortês, chegando até ser rude.

Arthus fica confuso. Ele não conhecia aquela mulher e talvez poderia estar havendo um engano.

― Desculpe, mas esta é a Fazenda do falecido senhor Bennet e eu sou o caseiro.

O homem tenta explicar mas é interrompido por Mérope.

― Eu sei disso! Mas o senhor precisa ser atualizado de algumas informações: Esta é a minha fazenda, já que sou filha do velho Bennet e você, é o meu caseiro!

Arthus arregala os olhos com aquela informação. Havia sido pego com as calças curtas, ainda mais porque nunca soube que seu antigo patrão havia tido uma filha. E, agora, esta mulher desconhecida chega para tomar posse de sua herança.

Mérope levanta a barra da sua saia e vai subindo a pequena escadaria que dava acesso à casa grande da fazenda.

― Ande logo com isso! Se quiser continuar com seu emprego...

Ela dá as costas para Arthus e continua andando, deixando um caseiro confuso para trás.

 

[...]

 

O investigador James Holtzmann observava a paisagem pela janela do vagão. O trem era rápido, mesmo assim, era possível apreciar as belas paisagens rochosas do Oeste.

A mente do homem estava dispersa. Seus pensamentos eram traiçoeiros e lhe traziam lembranças dolorosas.

Ele pega um pequeno cantil de dentro do paletó. Só o whisky era capaz de inibir aquilo que tanto lhe machucava.

Toma um gole da bebida e aprecia quando ela passa pela sua garganta de forma ardente.

Após a morte da sua amada esposa, o detetive Holtz viu sua carreira impecável decair pouco a pouco. A tristeza invadiu sua vida de uma forma tão forte e incontrolável que, em poucos meses, o vício do álcool estava lhe tirando todo o prestígio que James demorou anos para construir.

No entanto, o homem tinha consciência que aquilo estava lhe arrastando para um buraco sombrio e solitário.

Guardou o cantil no bolso do paletó e voltou sua atenção para a janela. Aquela era a chance que tinha para recuperar sua dignidade e seu status “quo”.

Assim que o trem chega na última estação, Holtz pega sua pasta e sua mala, desembarcando em seguida.

Sua jornada ainda não havia chegado ao fim, já que teria que enfrentar mais alguns quilômetros em uma diligência até WildWest.

Holtz foi contratado por um fazendeiro poderoso da região para investigar o prefeito da cidade chamada WildWest. O homem se incomodava com o fato de Harrys estar ampliando suas terras, o que fazia dele uma ameaça constante e extremamente perigosa.      

― Esta é a diligência que vai até WildWest?

O detetive perguntava ao cocheiro.

― O senhor tem certeza que deseja visitar aquele inferno? - o cocheiro questiona.

Não era segredo para ninguém que aquela região era a mais perigosa do Oeste, ainda mais sendo fronteira com o México.

― Eu não tenho escolha. - Holtz comenta e entra na carruagem.

― Será um longo caminho até lá! – o homem avisa.

O homem mal sabia que Holtz já vivenciava o próprio inferno e este lhe seguiria onde quer que fosse.

 

[...]

 

O xerife James Alexander Wright saía do barbeiro, o homem possuía certos hábitos e costumes inadiáveis. Todos os dias, pontualmente, vai ao barbeiro aparar seu bigode e fazer a barba.

Ele retira o pó do seu chapéu preto e o coloca na cabeça.

James era um homem culto, educado em Londres para ser um perfeito cavaleiro, no entanto, sempre possuiu verdadeira paixão por aventuras, o que acabou lhe trazendo para o Oeste.

  Frio, calado, orgulhoso e até meio ranzinza, o Xerife é um homem respeitado na cidade, e o fato de não possuir pista alguma dos assassinos e malfeitores que aterrorizam o lugar o deixam extremamente zangado.

Caminhando até a delegacia local, cumprimentava aqueles que cruzavam seu caminho.

― Bom dia, Xerife! - a senhorita Lily Stuart o cumprimenta.

― Bom dia. Seu pai está melhor?

Mesmo possuindo um temperamento difícil às vezes, o homem era atencioso com os habitantes de WildWest.

Lily coloca a mão na testa para fazer sombra em seu rosto.

― Está! Por sorte os remédios têm melhorado as dores e aos poucos a febre está cedendo.

― Estimo melhoras a ele. Tenha um bom dia, senhorita. - ele levanta o chapéu rapidamente e observa a loira caminhar até o Saloon.

James apreciava o fato da moça zelar pelo pai e cuidar dos negócios com mãos de ferro.

Ao chegar na delegacia, encontra T-Pine tirando um cochilo com os pés apoiados na sua mesa.

― Tire essas botas imundas da minha mesa, Tobias! – ele empurra os pés do rapaz que acaba se assustando e acordando com a bronca.

― Desculpe, senhor! - T-Pine se coloca de pé e esfrega os olhos.

O xerife se senta e começa a limpar sua espingarda. Tamanho o zelo e apego que ele possuía com aquela arma, acabou apelidando de “cuspideira”.

Roger que também estava dormindo na cela, acabou acordando com a voz grave do homem.

― Quando vou poder sair daqui? - Roger questiona.

Agora, ele já podia parar de fingir estar bêbado. Em sua lista imaginária, adicionaria outro bom motivo para acabar com Billy Harrys, já que por culpa dele acabou passando a noite na prisão.

― O que esse rapaz faz aqui? - James pergunta a Tobias.

― É só um bêbado que estava importunando o prefeito. - o rapaz dá de ombros, já que outros haviam sido presos por muito menos.

O xerife continua lustrando sua arma em silêncio. Roger revira os olhos e bufa furioso. Pelo visto, ficaria por mais algumas horas preso naquele lugar. Suas costas já estavam doendo por ter que dormir naquele chão duro e frio, e sua barriga já roncava de fome.

― O senhor não vai no enterro do padre? - Tobias acende um cigarro e fica observando o movimento da rua. Algumas mulheres vestidas de preto já estavam indo para o cemitério.

James era um homem cheio de crenças e não gostava de ir a enterros.

― Dá azar! E do jeito que as coisas andam ruins por aqui, não vou arriscar a piorar tudo de vez. Que o santo padre me perdoe! – o xerife faz o sinal da cruz em respeito ao defunto.

Entre as mulheres de preto que iam ao enterro do pároco, uma em especial chamou a atenção de T-Pine. Ela parecia ser nova na cidade. Era a mulher mais linda que o patrulheiro havia visto em todos os seus anos de vida.

Uma bela mulher de cabelos negros e olhos claros cavalgava pela rua e parava em frente ao hotel.

Ela entra no hotel e pede um quarto.

― Victoria Kane. Seja bem vinda a WildWest. A senhorita pretende ficar por quanto tempo? - o recepcionista do hotel questiona.

― Só o suficiente.

A mulher pega a chave e segue para o quarto com as poucas bagagens que trouxe.

Não era um quarto luxuoso, mas também não era tão ruim. Olhou pela janela e avistou o banco da cidade.

Um sorriso malicioso se formou nos lábios da mulher. Era aquilo que ela estava procurando.

Após uma vida repleta de abusos e sofrimento, lembranças as quais ela prefere se esquecer, Victoria havia se tornado uma ladra.

E agora, ela estava em WildWest, pronta para seu próximo assalto.

Da janela do quarto, ela também podia ver o Saloon da cidade. Algumas prostitutas estavam na porta do estabelecimento chamando alguns clientes.

Lembrou-se de quando ela se submetia àquilo, o que a faz desviar os olhos e começar a desfazer sua bagagem.

 

[...]

 

John chegava na cidade logo cedo, compraria alguns suprimentos para a fazenda. Segundo o velho Francis, ele agora teria que cozinhar para dois e a despensa não estava devidamente abastecida para isso.

Berta, uma bela donzela com cabelos dourados e ondulados, estava com um vestido preto pois iria acompanhar o cortejo do falecido padre. Não que ela fosse uma mulher religiosa, mas para manter as aparências ela fazia qualquer coisa.

Ela era a filha de um rico fazendeiro da cidade, uma verdadeira madame, sempre estava impecável e costumava desfilar pelas ruas atraindo os olhares de todos. O que poucos sabiam era sobre sua real forma de ser.

Por trás daquela pose de boa moça, existia uma menina mimada e com uma personalidade duvidosa, que estava disposta a tudo apenas para conseguir realizar seus desejos.

No entanto, naquela manhã, algo lhe chamou a atenção. Um cavaleiro chegando na mercearia montado em seu cavalo. Um homem rústico, diferente dos aristocratas que estava acostumada a conviver. Ele era forte e era fisicamente atraente.

Não demorou para a mente de Berta se imaginar com ele das diversas formas possíveis. Além disso, ela enxergava naquele homem uma espécie de “passe livre” para fora daquela cidade.

A garota sai de seu transe quando a mãe a puxa pelo braço para seguir o cortejo.

― Quem é aquele? - Berta aponta discretamente para o homem que chamou sua atenção.

A mãe da garota olha e de cara reconhece o homem.

― Não sabia que John Marshall estava de volta à cidade. Ele é apenas um caçador de recompensas. - a mãe explica para a garota que seguia curiosa enquanto olhava para trás para avistar John.

 

[...]

 

Na entrada do Saloon, próximo ao cocho de água dos cavalos, dois forasteiros amarravam seus cavalos.

Ambos acabam se esbarrando por um acaso. O homem loiro ergue a sobrancelha e leva rapidamente a mão para o coldre onde guardava sua pistola. O rapaz de cabelos castanhos faz o mesmo.

Eles ficam se encarando por alguns segundos.

Estavam analisando os movimentos do oponente minuciosamente.

― Vai atirar em mim? -  Matthew pergunta de forma fria, o rapaz não parecia muito preocupado com a resposta do loiro.

― Se eu não atirar, você atira! Melhor não correr o risco, certo? - Manson retruca.

Os dois eram pistoleiros experientes.

Percebendo o clima tenso que se formava na frente ao Saloon, Rodney Valazquez se aproxima dos homens, tentando apartar a provável briga.

― Que tal entrarmos e tomarmos uma cerveja gelada? – Rowdy como era chamado pelos comparsas mexicanos, era calmo e equilibrado.

Os dois homens encaram o rapaz com certo desprezo.

― Nenhum de nós pediu sua opinião! – Manson é direto.

Por outro lado, Matthew ajeita o chapéu na cabeça e abandona a postura antes adotada, dando de ombros e virando as costas. Ele tinha muito trabalho a fazer precisava encontrar algumas pessoas e antigos empregados de uma fazenda da região.

O homem estava na cidade para investigar o sumiço de algumas cabeças de gado. Deixaria brigas e desentendimentos para outra ocasião.

Manson, no entanto, era um pouco orgulhoso e não gostou da intromissão de Rowdy.

― Viu só! Agora um copo de cerveja cairia bem. - o rapaz mexicano tenta uma aproximação amigável com Manson.

O loiro não estava muito aberto para diálogos. Na verdade, se irritou com o mexicano. Não pensou duas vezes antes de desferir um soco bem no nariz do rapaz.

― Espero que a cerveja te ajude com isso também. – Manson dá uma cusparada no chão e segue para o lado oposto que Matthew havia ido.

Lily e suas garçonetes haviam presenciado o ocorrido do Saloon.

Michelle, a mais observadora e perspicaz, havia se interessado pela forma de ser de Manson. Ele tinha acabado de chegar na cidade e o faro apurado da garota já sabia que ele seria uma boa fonte de informação e por sorte, pagaria bem pelo que a garota tinha a contar.

Homens como ele, sempre passavam pela cidade atrás de alguém ou de algo que valesse muito dinheiro.

Trabalhar de garçonete e barista no Saloon tinha seus benefícios, ela sempre tinha notícias fresquinhas para vender ao seu bel prazer. Afinal, informação é poder!

Eveline, a doce mulher que acabara de chegar na cidade, não dá muita importância para o que acabara de acontecer ali.

Os homens do Oeste viviam brigando por motivos fúteis. Uma encarada torta já era motivo para duelos.

No momento, ela tinha outras preocupações, como a comida que estava no fogo.

― Voltem ao trabalho, eu cuido disso! – Lily ordena às garotas que rapidamente voltam aos seus afazeres.

A loira sai do Saloon e encontra Rowdy levantando do chão lentamente com as mãos no nariz que estava sangrando.

― Você está bem? – Ela pergunta.

Ele assente com a cabeça.

― É o preço que se paga por um ato de heroísmo. Aqueles dois podiam iniciar um tiroteio aqui no meio da cidade.

Rowdy comentava com um sorriso naturalmente encantador no rosto.

― Sim! Mas foi estupidez.

Lily era sincera e direta, não costumava fazer rodeios nem mesmo quando expunha sua opinião.

― Venha! Vou limpar seu ferimento. - Ela abre a porta do Saloon para o rapaz entrar.

Ele ergue a sobrancelha e meio sem jeito acaba seguindo Lily para dentro do estabelecimento.

 

[...]

 

Terminado o enterro do padre, Billy precisava passar no banco para sacar o dinheiro para a compra de algumas terras que ele estava negociando com famílias determinadas a deixar WildWest.

Arnold, o banqueiro estava ocupado e por isso sua filha estava colaborando com o trabalho no banco atendendo os clientes.

Anna é dona de uma mente brilhante com um raciocínio invejável, principalmente para as questões lógico-matemáticas. Ela adora ser colocada diante de desafios, por isso passa tanto tempo no banco com seu pai, ajudando com os cálculos.

Por ser tão lógica e racional, as pessoas costumam ter a impressão que ela não gosta de se relacionar com os outros, mas ao contrário do que aparenta, no fundo, ela é uma garota sensível.

― Senhor Harrys! - ela cumprimenta o homem de forma cortês, como sempre fazia.

― Eu já lhe pedi para me chamar de Billy. - o prefeito era estranhamente amável, no entanto, naquele pedido havia um certo tom de desafio imposto por sua voz.

― E eu já lhe disse para não insistir, Senhor Harrys. - Anna tinha o costume de sempre dar a palavra final e isso o deixava intrigado.

O tom entre eles não era comum. Existia algo nas entrelinhas, uma provocação disfarçada, uma ironia controlada e o olhar entre eles costumava dizer mais do que suas palavras eram capazes de transmitir.    

 

[...]

 

Após comprar os itens da lista de Francis, John retornou para a fazenda.

Ele queria apenas se ocupar com os afazeres de sua propriedade. Qualquer outro problema que estava assolando a cidade não era de sua conta.

Chegando próximo de suas terras, notou um pequeno foco de incêndio nas plantações.

Galopou até a casa e no caminho avistou um rastro de sangue.

Desceu do cavalo e rapidamente sacou sua arma.

Ao se aproximar mais, notou o corpo de Francis caído próximo à entrada da casa.

― Francis!!!

John foi capaz de notar alguns cartuchos de balas espalhados pelo chão.

Francis havia levado um tiro e estava desacordado.

Marshall podia ouvir o respirar lento do velho amigo e, de repente, ouviu o quebrar de um utensílio de barro atrás de si.

Apontou a arma para uma mulher negra que estava saindo da casa.

Ela parecia estar carregando uma jarra de água mas esta tinha se quebrado quando se chocou com o chão.

― Quem é você? - ele pergunta em um tom ameaçador.

― Nahimana.


Notas Finais


CONTINUA...

Espero ter deixado um ar de suspense e mistério com este final!
O que acharam?

Aviso: Pela correria da semana, nem tive tempo de responder aos comentários do Jornal, mas pretendo responder a todos! Farei isso o mais breve possível.

Até a próxima aventura.


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