História We'll be the stars - (Jasper Hale) - Reunião.

Acordei com uma luz forte tampando minha visão. Por um momento pensei que era um sonho e fiquei aliviada por tudo aqui ser apenas um sonho e aparentemente Bella está bem.

Mas as vozes conhecidas chamando meu nome desesperadamente, alguém colocando algo no meu braço e aquele cheiro de hospital.

Hospital? Isso não é um sonho. Tenho que ver se Bella está bem.

Com um toque, me despertei assustando a enfermeira que estava ao meu lado colocando soro no meu braço.

- Cadê Bella? Cadê minha irmã? - Perguntei confusa, ainda não sabia o que estava acontecendo, se estava tudo bem.

- Eu vou procurá-la, já volto, tudo bem?

- Ok. - A enfermeira saiu do quarto me deixando sozinha, olhei para o relógio e vi que marcava quase 5 horas da tarde. Não fazia ideia de quanto tempo havia ficado desacordada.

Um doutor entrou no quarto. Sua pele era pálida e seus olhos eram cor de ouro. Deduzi que era o Dr. Cullen e tive confirmação quando vi seu nome no crachá.

- Boa tarde, senhorita Lynch! - Falou enquanto olhava alguns papéis. - Como está se sentindo?

- Estou bem, minha cabeça está doendo um pouco. E a minha irmã?

- Ela está bem, está do lado de fora com seus pais esperando para poder te ver.

- Posso ver ela? - Pedi quase suplicando.

- Claro! - Sorriu. - Vou só assinar alguns papéis e posso te liberar para ir para casa, está se sentindo bem mesmo?

- Sim. - Falei pela segunda vez.

Doutor Cullen saiu do quarto e minutos depois Bella, Michael e Hannah entraram. Bella veio me abraçar e em seguida os dois também.

- Bella, você está bem?

- Sim. - Ela pausou por um momento. - Foi só um susto, Edward me tirou do caminho. - Falou me olhando esperando eu confirmar se eu também tinha visto isso.

- É, fico feliz que você esteja bem. - Estava segurando sua mão.

Passamos um tempo conversando e liberaram nós duas para ir para a casa. Enquanto Michael e Hannah estavam assinando os papéis finais, Bella me convidou para ir ao banheiro.

Quando Bella entrou no banheiro observei Edward no corredor. Sem pensar duas vezes, fui falar com ele porque queria tentar entender o que aconteceu ali.

- Precisamos conversar. - Disse chegando perto dele. - O quê aconteceu lá? Você estava do outro lado do estacionamento.

Edward olhou para trás, olhei também e percebi que Bella estava vindo em nossa direção.

- Por favor.

- Confie em mim, eu te explicarei quando puder. - Concordei e Bella chegou do nosso lado.

- Harley, Edward. - Cumprimentou - Como você chegou do meu lado? - Bella perguntava olhando para ele.

- Bella, eu estava em pé ao seu lado! - Falou rindo como se fosse óbvio.

- Não, você estava em pé perto do seu carro, do outro lado. - Os dois olharam para mim esperando minha versão.

- Eu não me lembro, não prestei atenção, desculpa. - Queria ser sincera com Bella, mas também queria confiar em Edward.

- Não pode simplesmente agradecer? - Falou com um tom de voz que me assustou lembrando da noite em que estava conversando com nossa mãe no hospital.

- Obrigada! - Bella disse sendo genuína.

- Não vai esquecer isso, não é? - Bella apenas o encarou - Espero que goste de ser desapontada. - Se virou e foi embora.

- Será que ele tem transtorno de bipolaridade? - disse estando confusa, Edward conseguia ir da água pro vinho em poucos minutos.

- Provavelmente... - Olhei para trás vendo Michael chegar perto de nós e então paramos o assunto.

- Vamos embora. É melhor vocês descansarem. - Concordamos e fomos em direção a Hannah para ir para casa.

P.o.v. Edward Cullen.

Durante todo o caminho, o silêncio pesado permaneceu. Estacionei na grande garagem ao lado da casa. O Mercedes de Carlisle estava lá, ao lado do Jeep de Emmett e do M3 de Rose. Fiquei feliz por Carlisle já estar em casa, aquele silêncio podia acabar em uma explosão, e eu queria que ele estivesse por perto quando isso acontecesse.

Fomos direto para a sala de jantar.

A sala, é claro, nunca era usada para seu devido propósito. Mas era mobiliada com uma longa mesa cercada de cadeiras.

Éramos muito exigentes em manter tudo conforme a encenação mandava. Carlisle gostava de usar o cômodo como sala de pesquisas. Em um grupo com personalidades tão fortes e distintas, às vezes era necessário discutir as coisas de forma calma e educada.

Eu tinha a sensação de que aquilo não ajudaria nesse caso.

Carlisle se sentou no seu lugar de sempre, na cabeceira direita da mesa. Esme estava ao lado dele, segurando sua mão.

A mesma não tirava os olhos de mim, sua intensidade dourada repleta de preocupação. Fique. Foi seu único pensamento. Ela não tinha ideia do que estava prestes a começar, só estava preocupada comigo. Desejei poder sorrir para a mulher que era uma verdadeira mãe para mim, mas não tinha como confortá-la naquele momento.

Eu me sentei do outro lado de Carlisle. Ele tinha uma noção melhor do que ia acontecer. Seus lábios se estreitaram em uma linha fina e a testa estava franzida. A expressão parecia velha demais para seu rosto jovial.

Enquanto se sentavam, percebi que todos iam escolhendo seu lado. Rosalie se sentou bem em frente a Carlisle, na outra ponta da mesa. Ela me encarou com raiva, sem desviar os olhos.

Emmett se sentou ao lado de Rosalie, com sarcasmo no rosto e nos pensamentos.

Jasper hesitou, depois se encostou na parede atrás de Carlisle e eu. Estava decidido, gostava de Harley e não iria fazer nada para magoá-la. Mas não queria magoar seus irmãos.

Alice foi a última a entrar, e seus olhos estavam focados em algo distante: no futuro, ainda indistinto demais para ser útil. Aparentemente sem pensar no que fazia, sentou-se ao lado de Esme, e esfregou a testa como se estivesse com dor de cabeça.

Jasper se remexeu, com ar inquieto, e considerou se juntar a nós na mesa, mas se manteve em seu lugar.

Respirei fundo. Eu tinha começado tudo aquilo e tinha que falar primeiro.

- Sinto muito... - Falei olhando primeiro para Rose, depois para Carlisle, e por fim para Emmett. - Não era minha intenção colocar vocês em risco. Foi algo impensado, e assumo total responsabilidade pelas minhas ações precipitadas. - Rosalie me encarou irritada.

- Como assim, "assumo total responsabilidade"? Você vai resolver a situação?

- Não como você está pensando. - Respondi, tentando manter a voz calma. - Já estava planejando partir antes de tudo isso acontecer. Vou embora agora... - Se eu acreditar que as garotas ficarão seguras, pensei olhando para Jasper que concordou com um aceno. - Se eu acreditar que ninguém vai tocar nelas, a situação vai ser resolvida.

- Não! - Murmurou Esme. - Não, Edward. - Eu segurei sua mão. - São só alguns anos.

- Mas Esme tem razão. - Disse Emmett. - Você não pode ir embora agora. Isso seria o oposto de ajudar. Temos que saber o que as pessoas estão pensando, agora mais do que nunca.

- Alice vai perceber qualquer coisa importante. - Discordei. Carlisle balançou a cabeça.

- Acho que Emmett tem razão, Edward. É mais provável que as garotas falem alguma coisa caso você desapareça. Ou todos nós vamos embora, ou ninguém vai.

- Elas não vão dizer nada. - Insisti. Rose estava prestes a explodir, e eu queria esclarecer aquilo antes de tudo.

- Você não sabe como a mente de Bella funciona. - Lembrou Carlisle.

Alice me olhou com uma expressão cansada.

- Não consigo ver o que aconteceria se nós simplesmente ignorássemos isso. - Ela encarou Rose. Não, ela não conseguia ver aquele futuro, não com Rosalie sendo tão resistente à ideia de ignorar o incidente.

Rosalie espalmou a mão na mesa com um estrondo.

- Não podemos dar a um humano a chance de opinar. - Sua voz com raiva evidente. - Carlisle, não é possível que você não veja isso. Mesmo se todos decidirmos desaparecer, não é seguro deixar histórias para trás. Vivemos de forma tão diferente dos outros... - Pausou alguns segundos formulando seus argumentos. - Você sabe que existem aqueles que adorariam ter uma desculpa para nos acusar. Temos que tomar cuidado redobrado!

- Já demos origem a boatos antes. - Lembrei a ela.

- Apenas boatos e suspeitas, Edward. Não houve testemunhas e provas!

- "Provas". - Falei respirando fundo mesmo sem precisar.

- Rose... - Começou Carlisle.

- Deixe-me terminar, Carlisle. Não precisa ser nenhuma grande produção. A garota bateu a cabeça hoje. Então talvez esse ferimento acabe sendo mais grave do que parecia. - Disse Rosalie, dando de ombros. - Todo mortal vai dormir com a possibilidade de nunca mais acordar. Os outros esperariam que nós resolvêssemos isso. Você sabe que sou capaz de me controlar. Eu não deixaria provas.

- Sim, Rosalie, todos nós sabemos como você é uma assassina extremamente competente - Jasper retrucou.

Ela rosnou para ele, momentaneamente sem palavras. Quisera eu que isso durasse.

- Jasper, por favor. - Pediu Carlisle. Depois ele se virou para Rosalie. - Rosalie, eu fingi que não vi o que aconteceu em Rochester porque senti que você merecia sua justiça. O que os homens que você matou fizeram com você foi monstruoso. Essa situação não é igual àquela. As meninas Lynch são completamente inocentes.

- Não é nada pessoal, Carlisle. - Disse Rosalie por entre os dentes cerrados. - É para nos proteger.

Houve um breve momento de silêncio enquanto Carlisle pensava em sua resposta. Quando ele assentiu, o olhar de Rosalie se iluminou. Ela não deveria ter sido tão ingênua. Mesmo que eu não pudesse ler os pensamentos de Carlisle, conseguiria prever suas próximas palavras. Ele nunca cedia nessa questão.

- Eu sei que você tem boas intenções, Rosalie, mas eu gostaria muito que valesse a pena proteger nossa família. Um ou outro, acidente ou descontrole é uma infeliz parte de quem somos. - Era típico dele se incluir nesse plural, embora ele mesmo nunca tivesse cometido um erro como aquele. - Assassinar uma ou duas garotas inocentes a sangue-frio é bem diferente. Acredito que o risco que elas trazem para nós, não importa se vai comentar ou não sobre suas suspeitas, não chega aos pés de um risco muito maior. Se abrirmos exceções para nos protegermos, arriscamos algo muito mais importante: a essência do que somos.

Controlei minha expressão com todo o cuidado. Não seria bom tom sorrir. Nem aplaudir, como gostaria de fazer. Rosalie fez uma careta.

- Só estou sendo responsável.

- Está sendo cruel - corrigiu Carlisle, gentilmente. - Todas as vidas são preciosas. - Rosalie deu um suspiro profundo e fechou a cara. Emmett lhe deu um tapinha no ombro.

- Vai ficar tudo bem, Rose. - Murmurou ele, tentando animá-la.

- A questão é se devemos partir. - Continuou Carlisle.

- Não! - Rosalie falou. - A gente acabou de se ajeitar aqui. Não quero começar o segundo ano da escola de novo!

- Você pode manter sua idade atual, é claro. - Respondeu Carlisle.

- E ter que me mudar de novo ainda mais rápido? - Retrucou ela. Carlisle deu de ombros. - Eu gosto daqui. Faz tão pouco sol que a gente quase consegue ser normal.

- Bom, certamente não precisamos decidir agora. Podemos esperar e ver se a mudança será necessária. Edward parece certo do silêncio das meninas.

Eu estava preocupado com Rose. Dava para ver que ela obedeceria à decisão de Carlisle, embora estivesse furiosa comigo. Tinham mudado de assunto e começado a discutir detalhes desimportantes.

Jasper estava em uma mistura de sentimentos. Eu compreendia. Antes de conhecer Elizabeth e depois Harley, ele vivia em uma zona de combate, um teatro de operações constante. Ele sabia quais eram as consequências de ignorar regras, tinha visto os sangrentos resultados com os próprios olhos.

Dizia muito o fato de ele não ter tentado acalmar Rosalie com seus outros poderes, nem tentado atiçá-la. Preferia se manter alheio à discussão, acima daquele debate pensando nas consequências que iriam acabar caindo para as meninas se algo acabasse sendo vazado.

- Jasper. - Chamei. Ele me encarou, o rosto inexpressivo. - Elas não vão pagar pelo meu erro. Eu não vou permitir. - Falei.

- Então elas vão se beneficiar com isso? Era para ela ter morrido hoje, Edward. Eu só estaria corrigindo o erro. - Rosalie se intrometeu na conversa novamente.

Eu repeti, enfatizando cada palavra:

- Eu não vou permitir.

Ela ergueu as sobrancelhas.

Jasper não estava esperando aquilo, não tinha imaginado que eu agiria para impedi-la.

Jasper balançou a cabeça.

- E eu não vou deixar nossa família correr qualquer perigo, por menor que seja, mas também não vou deixar encostar nela. - Falou lembrando de Harley.

- Não estou discordando disso, Jasper. Eu também gosto dela. ​

- Jazz. - Disse Alice, nos interrompendo.

- Não precisa dizer que você consegue se cuidar sozinha, Alice. Eu sei disso. Mas não muda...

- Não era isso que eu ia dizer... - Retrucou Alice. - Eu só iria falar uma coisa.

Eu vi o que ela tinha em mente, e meu queixo caiu com um arfar audível. Fiquei encarando-a, chocado, dando-me conta de que todos estavam me olhando com certa desconfiança.

- Eu sei que você nos ama. Obrigada. Mas vai ficar tudo bem em relação às garotas. Em primeiro lugar, Edward está falando muito sério, e não quero que vocês briguem. Em segundo, elas são minhas amigas. Ou pelo menos irão ser.

Estava claro como água em sua mente: Alice sorrindo, com o braço pálido e gélido em volta dos ombros cálidos e frágeis de Bella. E Harley estava sorrindo também, com o braço em volta da cintura de Alice.

A visão era concreta, só o momento era incerto.

Não consegui virar o rosto para ver sua expressão. Não conseguia me afastar da imagem na visão de Alice para ouvir os pensamentos de qualquer um.

Eu ainda estava preso nos pensamentos de Alice. Vi o futuro brilhar enquanto os planos de Rose iam por água abaixo diante daquela confissão inesperada.

- Ah... - Ela suspirou. A indecisão de Rosalie tinha mostrado um novo futuro. - Viu? Bella e Harley não dirão nada. Não precisamos nos preocupar.

O jeito como ela disse o nome das garotas... como se já fossem confidentes.

- A-Alice. - Gaguejei. - O que... isso...?

- Eu falei que tinha uma mudança a caminho. Não sei, Edward. - Disse olhando para mim e Jasper.

Mas ela trincou os dentes, e deu para perceber que tinha mais informações. Estava tentando não pensar naquilo. De repente ela estava se concentrando em Jasper com toda a força, embora ele estivesse atordoado demais com a fala de Alice sobre Harley para tomar qualquer outra decisão.

Ela fazia isso às vezes, quando tentava esconder algo de mim. Pensava em alguma outra pessoa e nas decisões que elas iriam tomar.

- O quê, Alice? O que você está escondendo? - Ouvi Emmett resmungar. Ele sempre ficava frustrado quando eu e Alice tínhamos esse tipo de conversa.

Ela balançou a cabeça, sem me deixar entrar em sua mente.

- É sobre as garotas? - Exigi saber. - É sobre Bella?

Ela cerrou os dentes, se concentrando, mas, quando falei o nome de Bella, Alice perdeu o foco. Seu deslize só durou um milésimo de segundo, mas foi o suficiente.

- NÃO! - gritei. Ouvi minha cadeira bater no chão, e foi só então que percebi que estava de pé.