História We'll be the stars - (Jasper Hale) - Vida.

"Lady, running down to the riptide

I wanna be your left hand man

And I got a lump in my throat

"Senhorita, descendo correnteza abaixo

Eu quero ser alguém com quem você possa contar

E eu tenho um nó na garganta porque

________________________♡________________________

Eu conseguia ver todas as cores do arco-íris na luz branca, e, na pontinha do espectro, eu podia ver uma oitava cor que eu não conseguia identificar.

Atrás da luz, eu conseguia distinguir cada textura no teto de madeira escuro acima. Na frente dele, eu podia ver as partículas de poeira no ar, os lados que a luz tocava, e os lados escuros, distinta e separadamente. Eles giravam como pequenos planetas, se movendo ao redor uns dos outros numa dança celestial.

Eu tentei respirar fundo para me acostumar com aquela sensação, mas no mesmo instante senti um fluxo estranho nos meus pulmões. Eu não precisava do ar, mas gostava dele. O cheiro do ar fez minha garganta ficar seca, um pouco do veneno se queimou.

A televisão lá embaixo foi colocada no mudo, e eu ouvi alguém sair rapidamente de seu cômodo, subindo passos desajeitado no local.

Eu não tinha me dado conta de que alguém estava segurando minha mão até que a pessoa apertou-a levemente. Esse não era o toque que eu esperava. A pele era perfeitamente suave, mas tinha a temperatura errada. Não era fria.

A sensação de estar perto de algum desconhecido me chocou e me assustou. Meus músculos se contraíram e se arquearam, se contorcendo para longe do desconhecido. Eu corri tão rápido que as coisas no quarto ao meu redor passaram a ser apenas borrões.

Quarto. Eu conhecia esse quarto.

Então, quando eu me encontrei defensivamente encurvada perto da parede, cerca de um sexto de segundo depois, eu já tinha entendido o que tinha me assustado, e me dei conta que minha reação foi exagerada.

- Harley... - Jasper se inclinou poucos graus para mim, as mãos dele estavam erguidas em minha direção, sua expressão ansiosa.

O rosto de Jasper tomou conta de toda minha visão periférica. Seu rosto era ainda mais belo do que eu havia visto.

Quantas vezes eu olhei para Jasper e fiquei maravilhada com sua beleza? Quantas horas, dias, semanas da minha vida foram gastas sonhando com o quê eu havia imaginado ser a perfeição?

Eu pensei que conhecia o rosto dele melhor do que o meu próprio. Eu pensei que essa era a única coisa física e garantida no mundo: a perfeição do rosto de Jasper.

Eu devia estar cega.

Pela primeira vez, sem as leves sombras e fraquezas que limitavam meus olhos humanos, eu vi o rosto dele. Eu fiquei sem ar e lutei com o meu vocabulário, incapaz de encontras as palavras corretas. Eu precisava encontrar palavras melhores.

Desci minha visão para seus braços a mostra, e algo que eu mal conseguia perceber antes, agora estava visível para mim: as marcas de mordidas em seu braço. Mas isso não diminuía nem em 1% sua beleza.

- Harley... amor...? - Ele voltou a me chamar mais uma vez, uma onda de calma passou por mim, me fazendo lentamente sair da minha posição de defesa.

- Jazz...

- Eu lamento. Eu sei que é desorientador, mas você está bem. Está tudo bem. - Ele deu um pequeno passo para frente.

- Espera. - Eu pedi numa velocidade anormal, num súplico olhar.

Eu conhecia o estrago que vampiros recém-nascidos podiam fazer, eu mesma havia visto recentemente um exército. E se eu o atacasse? E se eu machucasse alguém?

- Você está com medo, e tudo bem, não vai acontecer nada ruim. - Ele deu mais alguns passos, agora encostando a mão no meu rosto, parando-a na minha bochecha.

Levantei uma das minhas mãos, desejando poder encostar também em seu rosto. Mas acabei parando por um momento no meio do caminho, mas logo voltando a continuar a trilha primeiro até seu cabelo, e logo após, descendo para seu rosto, e pousando em sua bochecha.

Sua pele não era mais fria como eu estava acostumada. Não havia mais aquela diferença de temperatura gritante entre nós. Parte de mim considerava sua pele quente agora.

Voltei minha mão para seu cabelo, acariciando uma de suas mechas e a maciez que elas se espalhavam nas pontas dos meus dedos. Essa sensação se assemelhou a tocar em seda.

Desci minha mão novamente para seu rosto, passando pelo seu pescoço, e no fim parando-a em seu braço. Analisei as marcas com cuidado, e logo, voltei para seu pescoço. E então a soltei, dando mais um passo para trás, ficando com as costas grudadas na parede.

- Harley? - Ele tentou se aproximar, mas o impedi.

- Eu não quero te machucar...

Jasper deu outro passo na minha direção, ficando perto de mim novamente. Ele pegou minhas duas mãos, levando-as até seu rosto e fechando os olhos transmitindo uma calmaria que se espalhava pelo quarto, a sensação era tão maravilhosa que me lembrava uma brisa gelada num dia quente de verão.

- Está vendo? Você não vai me machucar, e nem ninguém... - Ele falava as palavras enquanto virava o rosto para a porta do quarto.

A porta se abriu lentamente, e por um instante, ninguém entrou. Os cheiros ainda eram um pouco distintos para mim. E apesar de eu conhecê-los, agora estavam muito mais fortes e característicos. Mas não era algo ruim, era algo de cada um.

O cheiro amadeirado de Jasper me era muito mais atraente agora que eu podia senti-lo profundamente. Me perguntei como não havia percebido isso com mais atenção antes.

Em passos lentos testando como as coisas estavam, Edward entrou no quarto com os olhos fixos em mim. Mas ele não estava só, logo atrás, Bella segurava em sua mão enquanto tentava espiar pelos lados o quê estava acontecendo.

Essas emoções eram tão mais fortes do que as que eu estava acostumada, que ficou difícil me concentrar em apenas uma linha de pensamento apesar do espaço extra em minha cabeça.

Em um oitavo de segundo, peguei na mão de Jasper enquanto me firmava atrás dele. Estava ao ponto de implorar para ele para me levar embora daqui. Eu queria ver Bella, queria poder abraçá-la e dar graças a Deus por ela estar bem. Mas e se eu acabasse a machucando?

- Ei, está tudo bem, estou com você, lembra disso, tudo bem? - Jasper passou sua mão pela minha cintura, não me fazendo mais ficar escondida.

- Como você se sente, Harley? - Edward perguntou.

- É estranho... Eu me sinto muito eu mesma... Não esperava isso.

- Você está bastante controlada, mais do que qualquer um de nós esteve na transformação. - Jasper olhou para mim e depois para Edward. Parando o olhar nele.

Como resposta a alguma conversa mental deles, Edward suspirou profundamente e deu um passo para o lado, deixando Bella visível. Ela soltou sua mão da dele, e deu dois passos na minha direção, mas logo parou quando coloquei minha mão livre no meu pescoço.

- Harley... - A voz baixa de Bella me parecia muito mais alta agora com meus ouvidos atentos a cada timbre em seu tom de voz.

Uma parte separada do meu cérebro continuava me mantendo consciente da queimação na minha garganta, quase como um reflexo. Da mesma forma que meu cérebro antigo me lembrava de respirar e piscar.

E então, de repente, a dor seca era tudo em que eu conseguia pensar, e quanto mais eu pensava nela, mais doía. A pele do meu pescoço estava estranha embaixo dos meus dedos. Tão suave que de alguma forma era macia, apesar de também ser dura como pedra.

- Talvez seja melhor esperar um pouco. - Edward pegou na mão de Bella, levando-a para perto dele novamente. Agradeci mentalmente. - Lynch. - Ele me chamou me fazendo olhar pra ele. - É bom saber que você está bem. - Sorriu enquanto saía do quarto.

Apesar de não precisar de nenhum oxigênio, minha respiração acelerou, ficou rápida como havia estado quando eu estava queimando. Esse era um tipo diferente de fogo.

- Posso te mostrar uma coisa? - Jasper me virou para ele, fazendo-nos ficar cara a cara novamente.

- O quê? - Perguntei curiosa.

- Vem. - Ele me conduziu para um canto do quarto, onde o espelho ficava.

Demorei alguns segundos para me acostumar com o que eu via. Jasper ficou atrás de mim enquanto colocava suas mãos na minha cintura. Tentando ter certeza que eu não iria surtar.

Minha primeira reação foi admiração pelo que eu via no espelho. A pessoa que eu via era indiscutivelmente linda. Ela era graciosa até mesmo estando parada, e seu rosto impecável era pálido como a lua, a pele brilhando sutilmente, luminosa como pérola.

Minha segunda reação foi estranheza.

Todo o tempo eu estudei e reagi, seu rosto era perfeitamente composto, a face de uma deusa, mostrando absolutamente nada do turbilhão dentro de mim.

De repente, não era mais a admiração que eu sentia me vendo no espelho, por um instante se tornou medo quando vi meus próprios olhos. A janela para a alma, vermelha.

Apesar de eu ter esperado vê-los, os olhos ainda mandaram um tremor de terror por mim. Levei uma das minhas mãos até meu rosto, como se tivesse testando se aquilo era real ou apenas algum sonho.

- Eles vão escurecer em alguns meses... - Jasper disse numa voz suave, confortadora. - Sangue de animal dilui a cor mais rapidamente do que a dieta de sangue humano. No início eles vão ficar cor de âmbar, depois dourados.

Sangue. A palavra fez minha garganta se contrair novamente, mandando mais e mais veneno para ela.

- Meses? - Minha voz ficou mais alta agora, estressada.

Jasper deu um passo à frente, alarmado pela intensidade da minha ansiedade repentina. Ele conhecia vampiros jovens bem demais. Essa emoção era algum presságio de um mal comportamento meu?

- Eu estou bem, só não esperava que fosse demorar meses. - A palavra voltou para mim junto ao pânico. Minha família. - Aí meu Deus o que eu vou falar para Michael? Quanto tempo eu estou aqui? E como eu vou voltar a falar com ele se ninguém confia em mim nem mesmo para chegar 1 metro perto? - Eu comecei a andar de um lado para o outro, minhas mãos indo até o topo da minha cabeça. - E aliás Seth está bem? Os vampiros tinham atacado ele tamb...

- Harley. - Jasper pegou meu rosto com as suas mãos, me fazendo encará-lo. - Está tudo bem, todo mundo está bem, e eu prometo que irei responder cada uma de suas perguntas.

Fechei meus olhos enquanto respirava fundo. Eu não precisava mais fazer isso, mas era um costume que me fazia acalmar, e isso estava acima dos meus pulmões doendo. O pânico já não estava mais em meu corpo, aos poucos conseguia me acalmar. Abri meus olhos encarando-o novamente. A testa de Jasper enrugou, destacando as duas cicatrizes sobre seu olhos esquerdo.

- O que foi? - Perguntei como se tivesse perdido algo importante.

- Como está fazendo isso?

- Fazendo o quê?

- Controlando suas emoções, meu amor. - Jasper respondeu. - Eu nunca vi um recém nascido fazer isso, sabe, parar alguma emoção no meio dela. Você estava em pânico e logo após conseguiu se acalmar. Eu estava preparado para ajudar, mas você não precisou.

- Isso é errado? - Eu perguntei. Meu corpo congelou automaticamente enquanto eu esperava a sentença.

- Não. - Ele alisava meu braço com a mão direita, logo pressionando os lábios à minha bochecha. - Está pronta?

- Okay. Vamos caçar! - Eu concordei com um tremor dos meus nervos e a antecipação fazendo meu estômago embrulhar. - A janela?

Eu nunca tive medo de altura, mas sendo capaz de ver todos os detalhes tão claramente fez o prospecto ser menos apelador. Os ângulos das pedras baixo eram mais afiados que eu jamais teria imaginado.

- É mais prático, mas podemos ir pela porta também. - Jasper sorriu.

- Acho que eu quero tentar... - Olhei novamente para a distância até o primeiro andar. - Eu não vou morrer se cair toda errada aqui, não é?

Ouvi do andar de baixo a risada estrondosa de Emmett.

- Pode segurar minha mão se quiser. - Jasper a ofereceu para mim e eu aceitei.

- Vou aceitar, Major. - Sorri para ele enquanto ele me ajudava a descer.