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História Wendigo - Algo Inesperado - Parte dois


Escrita por: Androxus

Capítulo 4 - Algo Inesperado - Parte dois


- Abby... cadê você... - Zahr andava pela gélida floresta desesperado e preocupado.

De repente, Zahr viu uma grande silhueta familiar em meio a nevasca. Aproximando, confirmou o que era: um wendigo mas este, com chifres de cervo, o mesmo que atacara Abby. Ao chegar mais perto ele se virou.

- Zahr? - Ele disse surpreso. Sua voz era pesada e amedrontadora até mesmo para Zahr. - Que surpresa... miserável. - Ele riu ao terminar.

- Por que você... atacou Abby? Você sabia... que era filha... de Faith... - Zahr disse irritado.

- Era? Oh, me desculpe. Eu não sabia, se eu soubesse eu tinha devorado ela no mesmo instante que encontrei ela. - Ele riu novamente, agora debochando de Zahr.

- Por que você... é assim? Faith fez... tudo que possível... para te ajudar...

- Por que eu sou assim? Faith fez tudo pra me ajudar? Não me faça rir! - Começou a ficar irritado - Faith nunca quis me ajudar mesmo depois de eu ter salvado a vida dela, ela queria me selar, não queria que eu continuasse a desenvolver meus poderes. Ela me enoja.

- Ela viu maldade... em você... isso te machucaria... e ela não queria isso... Regik... tente repensar isso... - Zahr falava calmamente, já sabia a resposta dele.

- Repensar? - Ele começou a aumentar o tom de voz - Eu só fiz aquilo pois você insistiu, você é quem armou tudo isso pra mim, sempre esteve do lado dos humanos e por isso você me enoja.

Regik levantou suas patas e as direcionou para Zahr utilizando suas garras para abrir seu tronco em sangue. - Eu vou fazer com que você e seus humanos paguem.

 

 

Abby acordara em uma espécie de cama rústica de madeira, as paredes eram feitas de pedras muito bem construídas. Sentiu uma grande dor em seu braço que antes estava machucado e quando olhou estava cicatrizado mas uma espécie de tubo entrava em seu braço que era provinda de recipiente ao lado da cama com uma espécie de líquido dentro. Percebeu então que estava vestida com uma roupa bem fina de cor acinzentada, aquele tecido era tão confortável, nunca sentira nada assim. Quer dizer, ela nunca viu nada daquela sala antes, nem mesmo aquela temperatura era comum.

Então, alguém entrou na sala. Era uma mulher com uma espécie de terno todo negro, calças e sapatos de mesma coloração, sua pele era parda com algumas sardas em seu rosto e cabelo negro ondulado. Ela ao entrar na sala se separou com Abby tentando retirar o tubo de seu braço e surpreendeu-se e ao mesmo tempo sorriu aliviadamente.

- Você acordou finalmente. Abby não é? - Ela se aproximou da cama e se sentou em uma cadeira ao lado dela.

- Q-quem é você? Cadê o Zahr? - Ela disse sem mais nem menos.

- Se acalme - Ela riu da pressa de Abby. - Zahr está bem, nós deixamos ele dormindo pra se acomodar melhor e meu nome é Salus. Fique tranquila, estou aqui pra cuidar de você.

- Foi você que fez... i-isso no meu braço? - Ela olhou de novo. - Tá doendo…

- Foi sim mas você não pode tirar, isso é pra matar os bichinhos que o wendigo colocou em você, não se preocupa, não vai te fazer mal. - Ela sorriu.

- Bichinhos? Como assim? - Ela se virou para Salus novamente.

- É que no wendigo, vivem diversos bichinhos bem pequenininhos que te fazem mal se vão pro seu sangue. Entendeu?

- Como insetos?

- É, só que bem menor. A gente não consegue ver mas eles tão lá.

- Ahh, entendi... Por quanto tempo eu vou ter que ficar aqui? Meu pai deve estar preocupado... - Ela ficou meio cabisbaixa.

- Eu também não sei, tenho que ver isso com meu Senhor.

- Quem é esse "Senhor"?

- É uma pessoa muito poderosa e bondosa, ele me criou junto das minhas irmãs.

- Ele é seu pai?

- Praticamente sim.

- Então por que não o chama de pai? - Ela disse toda inocente.

Salus riu sem graça - É meio complicado. - Virou sua face para esconder sua expressão.

- Salus... onde a gente tá? É muito quente aqui.

- Ah, desculpe, esqueci de te falar. Nós estamos no lugar mais próspero de toda Kelps, o reino de Nazel. - Virou-se para Abby novamente com um sorriso no rosto e seus olhos brilhantes.

- Nazel? Isso é muito longe da minha vila? - Ela se preocupou.

- Onde é sua vila?

- É em Vornnia, papai me disse algo como "extrumo nerte". - Ela na verdade nem se lembra do que o pai disse, só chutou a coisa mais parecida que veio à mente.

- Espera, o que?! - Aumentou o tom de voz surpresa. - Você mora em Manpybd?! Aquela cabeça oca... - Ela pronunciou a última frase com raiva.

Abby riu, não sabia o por que mas se sentia confortável ali.

 

 

Zahr acordara de seu pesadelo mas dessa vez em um local escuro, sem qualquer luz, era gelada. A sala foi iluminada por algo que se abriu em frente de Zahr, uma silhueta aparecera e claramente não era humana mas também não era um wendigo.

- Desculpa pelo pesadelo, eu não conheço a mente de um wendigo então saiu tudo bagunçado, era pra ser um sonho amável. Foi mal. - Era uma voz feminina, suave e tranquila, parecia envergonhada.

- O que? - Zahr se levantou confuso.

- Aé, você não deve estar enxergando nada, né? - Parece que aquilo estalou seus dedos e as luzes da sala se acenderam.

Quando o quarto iluminou-se, Zahr viu como era aquilo que falava com ele. Tinha as mesmas vestimentas que Salus mas dessa vez usava uma máscara negra com alguns símbolos desenhados que cobria sua boca, bochechas e queixo, da parte esquerda de sua testa, saltava um chifre que seguia para o topo de sua cabeça fazendo uma espécie de "curva". De suas costas, uma espécie de asa que se mantinha só, era feita de penas brancas e não era tão grande.

- O Senhor me mandou para cuidar de você e levar até minha irmã. - Parecia entediada, seu olhar era cansado parecia que faltava algo.

- Q-quem... é você? - Zahr perguntou aproximando-se dela.

- Ah é, foi mal, esqueci de falar isso. Meu nome é Ralean qual é o seu?

- Me chamo Z-zahr... onde e-está Abby?

- Ah, ela tá se recuperando da ferida mas eu não posso te levar lá ainda, tenho que te levar pra minha irmã, Acht.

- Tudo bem... mas e-eu quero vê-la... depois...

- Vamo lá. - Ela saiu da sala e começou a andar por um corredor que grande e longo com diversas portas à direita e diversas janelas que iluminavam o local à esquerda, Zahr a seguiu.

Depois de alguns minutos andando, chegaram até um grande portão, Ralean o abriu e esperou Zahr entrar primeiro e foi o que ele fez.

Ao entrar no local, viu algo muito limpo e branco, com diversas bancadas com vários recipientes, que pareciam ser feitos de vidro, estavam sobre elas com diversos materiais dentro. Havia alguém de costas para eles, tinha forma humanóide e pelo visto, cabelos brancos e bagunçados.

- Tem visita. - Ralean disse batendo na porta.

Aquela figura se assustou e derrubou alguns recipientes como resultado.

- Não chega assim do nada, Ralean! Você sabe que eu me assusto fác... - Ela interrompeu sua fala ao se virar e ver Zahr na sala. Ela ficou boquiaberta.

Vendo melhor agora, ela vestia uma espécie de jaleco e era bem pequena em relação os outros ali presentes, tinha pele pálida e era heterocromática, tendo um de seus olhos azul pálido e outro amarelo.

- O-o-o q-que?! - Ela gritou surpresa e gaguejando. - P-por q-que tem um w-wendigo aqui?!

- O Senhor leu suas anotações e viu que você queria estudar um wendigo, aí ele mandou Wahid atrás dele. Mas esse aqui é diferente também, ele consegue falar. - Ralean falou sem emoção alguma.

- P-p-pera, pera, pera. D-deixa eu processar isso. - Ela começou a tremer e se apoiou em uma das bancadas. - Você tá me dizendo que ele sabe falar?

- Sim, ué. Fala aí Zahr.

- Ele tem nome ainda? Isso é mais uma da suas pegadinhas não é?

- O que é... pegadinha? - Zahr perguntou

- Aí meu Senhor... - Sua pele ficou tão pálida quanto a neve e caiu no chão desmaiada.

- Ela... está bem? - Zahr perguntou se aproximando.

- Você se acostuma. Fica aí, quando ela acordar ela sabe o que fazer, depois disso você pode ir ver a Abby. - Ralean saiu da sala e deixou os dois.

Zahr ficou observando a sala, sem saber o que fazer na situação, apenas esperando que algo acontecesse.

 

 

- Então a gente tá muito longe da minha casa? - Abby disse preocupada.

- Sim, desculpa Abby mas a gente está tão longe que aqui não neva. - Salus preparava algo em uma mesa do quarto.

- Como assim não neva? Eu pensei que todos os lugares nevasse. - Abby tenta ver o que Salus estava fazendo mas sem sucesso.

- É que dependendo do lugar do mundo que você vive o clima muda, aí quanto mais pro centro mais quente é. Entendeu? - Salus terminou e pegou uma bandeja, colocou em cima dela e levou para Abby. Era algum tipo de fruta avermelhada, alguns legumes e carne.

- Sim, você é muito inteligente Salus me lembra uma menina da minha vila, Shizuka, ela é muito inteligente!

- Obrigada Abby mas se você me acha inteligente, é que não viu minha irmã, Acht. - Ela entregou a bandeja para Abby. - Toma, pode comer.

- Isso é comida? - Ela olhou confusa.

- Sim, não se preocupe, é muito bom.

- Tá bom então... - Abby começa a comer com as mãos e Salus fica meio confusa, havia um talher ali mas Abby ignorou totalmente. Seus olhos pareciam brilhar, ela amou aquela refeição, não é atoa, faz quase um dia que ela não se alimenta.

- Como é que está? - Salus sorri vendo a reação dela.

- Está ótimo! - Ela fala toda animada com a boca cheia.

- Fico feliz em ouvir isso.

Abby terminou de comer rapidamente e ficou satisfeita. Logo após isso, aquele líquido acabara.

- Parece que acabou, já não precisa ficar com esse tubo. - Salus se levantou e foi até Abby. - Isso vai doer um pouquinho mas não muito, se prepare.

- Tá bom... - Abby estava com um pouco de medo.

Salus pegou uma lâmina e cortou o tubo e logo o arrancou, fazendo com que um pouco de sangue saia mas não muito e a dor também não foi muita. Pegou um pequeno pano e colocou sobre o machucado para absorver o sangue.

- Parabéns Abby, normalmente as crianças têm medo disso e sempre choram, você é muito forte! - Ela disse sorrindo.

- Isso não dói nada comparado ao meu machucado! - Ela disse segurando o choro.

Salus riu vendo a cara de Abby.

- Você é uma garota muito forte com certeza.

- O-obrigada... - Continuou segurando o choro.

- Abby, você pode esperar aqui? Eu preciso ir a um lugar, depois eu volto, tudo bem? - Salus se dirigia a porta.

- Tá bom!

Salus saiu do quarto e Abby se levantou da cama e começou a explorar o quarto, não tinha nada em especial, só era totalmente diferente do que ela tinha visto. Depois de terminar, decidiu checar o que tinha fora do quarto e então saiu e viu um grande corredor praticamente igual ao que Zahr passara antes e começou a andar pelo corredor. Depois de alguns minutos entediada, chegou até uma grande porta no fim do corredor e ao entrar reencontrara Zahr finalmente. Abby sorriu, mesmo que Zahr não tinha percebido ela ali e então foi até sua cauda e começou a escalar suas costas rindo.

- H-hm? Tem algo... nas minhas costas... - Zahr tentava pegar o que estava nas suas costas com suas mãos mas sem sucesso.

Abby ria se divertindo e ao chegar ao seus ombros, usou suas mãos para tampar seus olhos.

- Adivinha quem é! - Disse sorrindo.

- A-abby? É... você? - Disse se movendo de um lado para o outro

- Acertou! - Ela se sentou em seu ombro. - Sentiu minha falta? - Olhou para seus olhos.

- Me preocupei... muito com você... - Zahr pegou Abby em seus braços e a levantou. - Você está... bem? Como... está seu braço?

- Você se preocupou comigo? Mentiroso! - Ela riu de novo. - Estou bem, uma mulher chamada Salus me curou. - Ela mostra o ferimento todo cicatrizado.

- Fico feliz... em ouvir isso... - Zahr coloca Abby no chão.

Acht finalmente acordou e ao ver aquela cena ficara pálida novamente, ela não conseguia acreditar naquilo, pensava que era uma alucinação.

- A-agora tem um wendigo falando com uma criança humana. - Acht riu nervosa - Eu tenho que parar com esses experimentos logo.

- De onde você surgiu moça? - Abby se virou para ela um pouco assustada, não viu que ela estava ali.

- Eu estou aqui a um tempo e espera, vocês são reais? - Falou meio confusa

Abby colocou as mãos no corpo se tocando. - Eu acho que sim, eu consigo me tocar. E você, é real? - Disse toda inocente.

- Sim, eu sou real. Espera, se vocês são reais... quer dizer que isso não são alucinações...

- É, por quê?

- Por que tem um wendigo na minha sala...

- É difícil de acreditar no começo, não é? O nome dele é Zahr e o meu é Abby, qual é o seu?

- Meu nome é Acht... - Disse com a voz trêmula, finalmente aceitara que aquilo era real.

- Não precisa ficar com medo Acht! Zahr é bonzinho, ele me salvou duas vezes em um único dia, ele é muito legal! - Abby disse olhando para os olhos de Acht e sorrindo.

- Vai Acht, você consegue, você estudou imacuers, você consegue estudar um wendigo. - Falou sozinha tentando criar coragem.

- Zahr, pode vir até perto da mesa? Vou começar a te estudar.

Zahr fez o que Acht pediu.

- Acht, não machuca o Zahr, por favor. - Abby puxava o jaleco dela.

- Fica tranquila, eu não vou. - Ela se abaixou e colocou as mãos nos ombros de Abby. - Eu nunca faria isso na minha vida. - "Se eu fizesse isso ele poderia me devorar", pensou.

- Quando você terminar de estudar ele, pode me dar uma cópia? Tem uma mulher da minha vila que sempre quis estudar um wendigo vivo mas nunca pode.

- Claro, eu vou te dar uma cópia se eu puder. - Ela se levantou. - Então, vamos começar.

Alguns minutos se passaram, Acht usava diversas ferramentas e aparelhos para analisar o corpo de Zahr e anotava tudo. Não demorou muito para que terminasse.

- Eu tenho que ir notificar meu Senhor que eu terminei o estudo, eu já volto tudo bem? - Acht ia em direção a porta.

- Tá bom! - Abby disse enquanto brincava com alguns recipientes vazios.

Ela saiu da sala e alguns momentos de silêncio encheram a sala até que algo quebrou esse silêncio. Era um tremor de terra, os recipientes que estavam sobre as bancadas tremiam e logo caem no chão quebrando-se e derramando diversos líquidos. Abby assustou-se igualmente a Zahr que correu e pegou Abby em seus ombros para protegê-la de qualquer coisa. Havia uma janela ali, Zahr foi até lá para ver o que acontecia do lado de fora.

Ao olhar para o lado de fora, viu sua morte vindo, havia uma gigantesca onda que cobria a luz do sol vindo em direção a eles e a cidade abaixo deles. Zahr desesperou-se, correu para fora do quarto procurando uma maneira de sair dali.

- Zahr, o que está acontecendo? Por que tá tudo tremendo? - Disse Abby choramingando.

- Eu... não sei…

Depois de alguns instantes correndo pelo corredor, avistou alguém, era Wahid que corria pelo corredor.

- Wahid! - Gritou Zahr.

- Ah, finalmente te achei! - Ela gritou aliviada e foi até os dois. - E ainda está com a menina, ufa, vai ser mais fácil.

- O que... está acontecendo? - Ele perguntou.

- Os deuses estão nos castigando, é difícil de explicar. - Ela disse meio envergonhada.

- Como assim os deuses estão nos castigando? - Abby perguntou.

- Isso não importa agora, eu preciso mandar vocês de volta pra casa de vocês. - Ela levantou sua mão prestes a estalar seus dedos.

- Espera... - Zahr tentou impedi-la mas era tarde demais, seus dedos estalaram no momento que terminou de falar.

Quando acordaram se viram em meio da floresta que já estavam acostumados, Abby vestia seus antigas roupas mas dessa vez, costuradas e limpas. Estava frio mas o sol brilhava. Zahr colocou Abby no chão que correndo para verificar onde estavam, viu no horizonte sua vila. 



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