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História West Coast - Quer jogar?


Escrita por: D_Leao e tamycsol

Notas do Autor


Voltamos! Uma semaninha!

Billie Eilish - Bad Guy.
Beyoncé - Haunted.
Childish Gambino - Redbone.
Link Park - One Step Closer.
Linkin Park - Crawling.

Capítulo 30 - Quer jogar?


Fanfic / Fanfiction West Coast - Quer jogar?

"A principal e mais grave punição para quem cometeu uma culpa está em sentir-se culpado"
(Sêneca)

 

— Olá, meu querido primo! Que bom te ver! — Nick exclamou irônico.

Ben não conseguiu disfarçar o desgosto. Depois de anos, Nicholas Winter continuava com a mesma cara enjoada e olhar cínico de sempre. Mesmo com o aviso da mãe dele de que estava vindo, Ben esperava realmente que ele não viesse, porque era a pessoa que mais lhe incomodava no mundo.

— Nicholas... — começou entredentes.

— Rey! — Nick entrou, ignorando o remendo de cumprimento de Ben.

Rey, ainda inclinada sobre as costas do sofá, permaneceu imóvel. Não sabia como devia agir. Logo Nick se aproximou dela e seu olhar era o mesmo. O mesmo olhar que tinha quando passou uma semana com ele em casa. Ela não queria lembrar disso, tampouco do incidente na praia, mas era inevitável.

Ela se endireitou, mantendo a mão apoiada sobre o encosto do sofá, contudo, o encarava sem dizer uma palavra, ou ao menos se mexer. Ela realmente não esperava revê-lo depois de tanto tempo. Quando sua tia lhe avisou que ele estava vindo, ela apenas desejou que Finn estivesse ali e tentou não pensar muito mais a respeito, porém, vê-lo em carne e osso na sua frente era muito diferente.

— Isso é jeito de receber seu primo? — Ele avançou na direção dela e a abraçou.

Rey não chegou nem a aproximar os braços do primo. Se ela pudesse, ela gostaria de sumir.

— Veja quem chegou tia Ágatha! — Ben gritou ainda próximo à porta, em um tom nada animado e um tanto quanto duro.

Ágatha levantou-se da mesa e correu em direção ao filho, abraçou-o e beijou-o, e o levou para a sala de jantar. Rey suspirou aliviada e agradeceu a Ben com um aceno de cabeça. O rapaz aceitou o agradecimento, mas, mesmo contra a vontade de Rey, ele tinha de agir. Ficar ali parado, vendo aquele idiota agarrando a mulher que ele ama? Ele tinha que fazer algo.

A primeira opção era socar sua cara, mas isso não agradaria sua mãe, então... Ao menos o primo estava preso nas mãos saudosas da mãe por uns instantes.

Rey reconheceu em Ben um olhar que só via em situações em quem Kylo Ren estava prestes a sujar seu sabre de luz de sangue. Isso a preocupou. Seria difícil controlá-lo caso Nick resolvesse abrir a boca.

— Ben, me escuta, olha para mim. — Ela se aproximou dele e segurou o seu braço. Ele olhou para ela e, imediatamente suas feições suavizaram um pouco. — Você vai me prometer que não vai cair nas provocações dele.

— Você viu o jeito que ele te olhou? — Ele reclamou apontando para a cozinha com o polegar. — Eu não vou suportar ver ele flertando com você, Rey, não vou!

— Ben, eu sei me defender! — redarguiu.

Ben suspirou fundo antes de assentir. Sem dúvida ela saberia. Rey era uma fortaleza, talvez ele devesse parar de tentar protegê-la o tempo todo. Na verdade, era ela que, na maioria das vezes, acabava protegendo-o. Exatamente como agora. Não fosse a intervenção de Rey, o aniversário da mãe já teria sido arruinado.

Rey lançou um olhar amoroso para ele a fim de acalmá-lo, por hora, ela esqueceria a birrinha deles de mais cedo. Ben beijou a ponta dos seus dedos e sussurrou que a amava, ela sorriu e assentiu com a cabeça, por fim, caminharam em direção a cozinha, onde todos já estavam sentados.

— Bem, agora que todos estão aqui, podemos comer? — Han reclamou para a esposa.

Rey e Ben sentaram um ao lado do outro. A ordem de pessoas sentadas era a seguinte: Leia na ponta, Han ao seu lado, Ben, Rey e Louise, Lando na outra ponta, depois Chewbacca, Nick e Ágatha ao lado de Leia e na frente de Han.

—Você está mais linda do que nunca, Rey. Não pensei que fosse possível! — Nick falou para que todos ouvissem.

Rey tentou simular um sorriso, mas estava embaraçada com essa exposição em pleno jantar. Ben revirou os olhos e ela segurou sua mão embaixo da mesa, pedindo calma.

— Ah! Ele não é um amor? — Leia exclamou entre um gole e outro de vinho.

Rey desviou o olhar, Nick não dava trégua. Aquele seria um longo jantar. Ela precisava usar toda a sua paciência dos tempos de catadora de lixo em Jakku esperando pelos pais para aguentar até o final.

Todos já estavam se servindo e Rey focou em fazer o mesmo. Sorriu para Lando quando ele encheu a taça dela após encher a sua, e começou a comer devagar. Distraiu-se entre as conversas, principalmente a de Lando e Chewbacca, que estavam sentados próximos.

Sentado à sua frente, Chewbacca comia e bebia, enquanto conversava com Lando sobre futebol. Ela o encarou então, vendo sua figura grande. Ele era o único homem que ela conhecia que era mais alto do que Ben. Seus cabelos, de um castanho claro ensebado, batiam abaixo dos ombros, sua barba era tão comprida quanto. Ele lembrava bastante um lenhador.

Mesmo com as óbvias diferenças com o Chewbacca do passado, ela conseguia claramente ver as semelhanças existentes. Como o olhar, que era o mesmo. De repente, uma sensação gostosa de nostalgia preencheu seu coração. Já há algumas semanas que não o via, e não teve tempo de cumprimentá-lo quando chegou.

Ben percebeu que Rey olhava diferente para o tio e, pela primeira vez desde que eles tiveram aquele pequeno desentendimento de mais cedo, ele sentiu seu coração aquecido.

Rey parecia estar se dando conta pela primeira vez, desde que suas memórias voltaram, que aquele tio que ajudou a criá-los, também havia sido um grande amigo, um companheiro tão leal, quase uma figura paterna, no seu passado. Poucos eram tão dignos de confiança numa época tão difícil.

— Rey, algum problema? — Chewie indagou, fazendo com ela saísse de seu transe. Ele havia reparado que ela o fitava fixamente e Rey se deu conta de que não tinha disfarçado em nada que o observava.

— Não, tio! — Apressou-se a responder. — Tudo certo! É que fazia tempo que eu não te via. — Ela sorriu amorosa.

— Verdade, né? Foi mal querida! — Esticou sua mão grande sobre a mesa e a de Rey a encontrou no meio do caminho, e se apertaram.

— Esses meninos parecem que andam com a cabeça no mundo da lua, Chewie! — Han disse antes de mastigar um pedaço generoso de carne. — Ben, não pense que esqueci que tomou minhas cervejas — ele falou apontando o garfo em direção ao filho. —Tenho certeza que essa carne desceria melhor com uma cerveja do que com esse vinho que sua mãe tanto adora.

Leia olhou para o marido sinalizando com os olhos o quanto reprovava seu comportamento à mesa.

— Não peguei sua maldita cerveja, Han! — Ben respondeu impaciente.

— Então quem foi?!

— Talvez você tenha tomado e não se lembra ou...

— A Rey tomou — Nick falou de repente ganhou os olhares de todos.

— Meu filho, imagina! Sua prima não faria isso. — Ágatha interviu.

— Será? Bom, pelo que eu me lembro, ela gostava de cerveja.

Ben fuzilou Nick com os olhos. Mas que porra é essa agora? Quem esse idiota pensa que é pra entregar as travessuras da adolescência de sua irmã assim. Pelo visto ele não conseguia ficar calado e não ter a atenção dos outros, e se meteu na conversa alheia, exatamente como ele se lembrava que o desgraçado era.

Rey mordeu os lábios, o nervosismo começou a tomar conta dela. Tinha medo que ele falasse mais coisas. Nick parecia estar disposto a jogar no ventilador certas situações que deveriam ser esquecidas.

— Uma vez nós apostamos quem bebia mais. — Ele parou e olhou em volta. — Não entendo o espanto, só porque ela é mulher? Vai dizer que vocês também não faziam isso quando eram jovens...

— Nick, tenho certeza que eles não estão interessados nessas histórias — Rey falou a fim de encerrar o assunto.

Ben franziu o cenho indignado com aquela conversa. E aparentemente, ele e Rey não eram os únicos incomodados com aquilo. Bastava ver a forma como Han e Chewbacca olhavam para ele.

— Sim, Nick, Rey tem razão! Ninguém aqui está interessado nas suas histórias mirabolantes. — Ben interviu.

— Calma, Bennyzinho! Vai dizer que não sabia das apostas que eu fazia com ela?

— Vocês dois, parem agora! — Leia perdeu a paciência. — Esse é meu aniversário e não vou tolerar discussões idiotas! Agora calem a boca e comam essa droga de comida!

Ágatha olhou para o filho e o repreendeu. Nick revirou os olhos e deu pouca importância a sua mãe, mandando-a parar que ele já tinha entendido. Aquilo irritou Ben muito, porque estava claro para quem quisesse ver que ele não respeitava sua mãe. Mas Ben resolveu não se importar com isso, Ágatha merecia o filho que tinha. Ela é quem mais passa a mão na sua cabeça.

De repente, só se ouvia o som dos pratos. Todos estavam comendo e bebendo apenas, ninguém começou uma nova pauta para prosseguir com as conversas triviais que deveriam estar acontecendo à mesa de um jantar.

— Aposta? — Ben inclinou-se levemente para Rey e sussurrou no ouvido dela, Rey aproveitando a trégua.

— Depois — ela respondeu sem olhar pra ele.

O silêncio continuou até que todos terminassem de comer. Foi de certa forma estranho e pesado, nem parecia um aniversário. Ben foi o primeiro a se levantar.

Aproximou-se da mãe, a beijou na testa, dizendo que ia para o quarto. A desculpa da enxaqueca não era de todo falsa dessa vez.

— Antes de subir, leve esse lixo para fora, por favor - ordenou Leia, chateada em ver o filho se trancar no quarto em um aniversário seu mais uma vez. Ben passou por de trás da cadeira de Nick, que esticou o pé bem na hora. Ben tropeçou levemente e fuzilou o primo com os olhos.

— Ops! Foi sem querer — ele disse com um sorrisinho irritante.

Instintivamente, Ben levou a mão direita à cintura. Um objeto que costumava ficar pendurado ali estava fazendo falta.

Se ele ainda tivesse um sabre de luz, Nick estaria morto agora.

Rey levantou-se em seguida, a fim de fazer o mesmo, mas Leia a repreendeu.

— Faça companhia para o seu primo!

As pessoas já estavam começando a levantar também e ir para a sala de estar. E Rey desejou com todas as suas forças desaparecer naquele instante apenas para escapar de ficar fazendo companhia para o Nick, que nem era seu primo de verdade. Nessas horas ela invejava Ben.

— Mãe, por favor, não me peça isso! — ela confidenciou baixinho como se fosse um segredo.

— Rey, eu sei que o Nick tem a língua maior do que a boca, mas ele é filho da Ágatha! Já não basta ele não se dar bem com o seu irmão, agora com você também? Por favor faça isso por mim, sim?

Rey respirou fundo antes de concordar. Ela não tinha escolha mesmo. O jeito seria aturá-lo o máximo de tempo que conseguisse e então finalmente escapar para seu quarto como Ben tinha feito.

— Está certo, mãe, mas só uns minutos. Eu já volto.

Leia sorriu amável para ela e seguiu para a sala de estar com o resto do pessoal.

Rey caminhou em direção à dispensa que ficava ao lado da cozinha. No meio daquelas caixas de coisas esquecidas, tinha esperança de achar algo que pudesse distrair o primo, mantendo distância suficiente para evitar que ele se jogasse em cima dela – esperava realmente esse tipo de coisa dele.

Ao abrir a porta, sentiu as mãos fortes de Ben a puxando para um canto. Ela só não gritou porque percebeu logo que era ele. Pelo visto, ele não tinha ido para o quarto após levar o lixo para fora...

— Está louco! Estão todos aqui!

Ele respondeu pressionando seus lábios contra os dela, ignorando completamente os avisos de perigo em seu cérebro. Rey tentou afastá-lo, mas desistiu quando a língua dele invadiu sua boca. Então, ela preferiu empurrá-lo para dentro da lavanderia, pelo menos era mais afastado da sala de jantar. Após algum tempo, Rey quebrou o beijo.

— Ben, isso não é seguro. Temos que...

— Que ir pro quarto? — ele brincou, com um sorriso sacana nos lábios.

— Ben!

— Foi você quem começou! — Ele a olhava nos olhos com um olhar intenso e cheio de luxúria, então a beijou novamente. — Você está pedindo por isso desde antes do jantar. Isso sem falar dessa maldita saia! Puta merda, Rey! Precisava disso?

Ela sentiu a mão dele apalpando sua bunda, logo em seguida dando um tapa forte. Ela gostou tanto disso que se viu desejando por mais. Contudo, ainda um fio de consciência restava e ela estava lutando com todas as forças para que ele não arrebentasse. Porque se isso acontecesse, não duvidava nem por um segundo que eles transariam ali mesmo em cima da máquina de lavar.

—Ben... não me provoca! — retorquiu Rey com um gemido.

— Gosta disso, não é? — Ele tornou a dar uma palmada na bunda dela.

Ela gemeu e tomou sua boca, começando a beijá-lo com furor. Seus braços serpentearam o pescoço dele e o puxava para ela cada vez mais, como se não já estivessem próximos o suficiente.

Ben a colocou em cima da máquina de lavar e levantou sua saia, seus dedos provocando os lábios de sua boceta que já estava encharcada. Rey suspirou forte, apertando os lábios quando percebeu que ia gemer mais alto.

— Benny, por favor!

— Por favor o que, linda?

— Me toca, merda!

— Essa boquinha está tão suja, querida, posso sujá-la com a minha porra?

— Foda-se, Ben!

Ele enfiou dois dedos de uma vez só na boceta dela, fodendo-a, mas não ficou nisso muito tempo. Ele estava desesperado para levantar ainda mais aquela saia que estava atrapalhando-o de se enfiar no meio das pernas dela. Rey o empurrou para descer da máquina e desabotoar a saia, enquanto Ben abria o zíper da sua calça.

Os dois estavam ofegantes na lavanderia apertada, a luz apagada tornava o clima propício para uma foda rápida.

— Rey! — eles ouviram o grito vindo de fora. Os dois arregalaram os olhos paralisados.

— Merda! É o papai! — Rey sussurrou desesperada e imediatamente começou a arrumar sua roupa e o cabelo.

A voz de Han ecoou mais forte. — Rey, você está aí?

— Ele está na dispensa! — Ben falou, fechando o zíper.

— Fica aqui! — ela mandou e então saiu ao encontro do pai.

Encontrou Han parado junto à porta da dispensa, com um olhar desconfiado.

— Pai? — Ela estava fazendo o máximo para disfarçar qualquer coisa, mas sentia suas bochechas queimando.

— Escutei uns barulhos, por isso te chamei.

— Eu estava... Estava procurando uma... Cerveja! Sim, é isso.

— E encontrou?

Ela apenas balançou a cabeça negando.

— Eu ainda vou descobrir o que aconteceu com as minhas. — Ele suspirou e continuou. — Bom, vou ver se ganho alguma coisa nesse carteado. — Deu uns passos se afastando. — Ah! Seu primo está na sala esperando você.

— Sim, já estou indo.

Rey suspirou aliviada quando viu o pai voltar pra cozinha, mas o alivio passou assim que ouviu a porta da lavanderia abrindo-se e viu Ben furioso saindo de lá.

— Que porra é essa de Nick está te esperando na sala? — ele inquiriu.

— Mamãe pediu para eu fazer companhia para ele, Ben. Só alguns minutos — ela explicou, tocando seu peito e braços para acalmá-lo.

—Vou com você.

— Você já foi para o quarto, lembra? — Rey disse.

— Porra! Não confio nesse imbecil!

— Mas confia em mim? — Ela olhou para ele daquele jeito que só ela sabia. O olhar que o fazia baixar a guarda.

Ele suspirou e relaxou os ombros. — Claro que eu confio em você! Mas ele vai ficar dando em cima de você e...

— E eu vou rejeitá-lo, como sempre — ela garantiu.

— Certo...

— Então suba, que eu...

— Mas e aquela história de aposta?

— Ele só queria te tirar do sério. — Ela segurou seu rosto, obrigando-o a olhar pra ela. — Pelo jeito conseguiu, não é? — Ele respondeu com uma careta e ganhou um beijo rápido. — Agora suba logo, antes que alguém te veja aqui.

Ela pegou o que queria na dispensa e voltou para sala.

Encontrou todos numa mesa de um lado da sala, jogando poker. As duplas eram Han e Lando, Leia e Ágatha, Chewie e Louise.

Nicolas estava sentado sozinho no sofá entorno da mesinha de centro e de frente para a televisão. Ele parecia muito à vontade, ficando meio deitado, com as pernas em cima da mesinha. “Folgado”, Rey pensou.

— Pensei que não viria mais. — Nick sorriu antes de se afastar para que ele sentasse ao seu lado. Ela apenas sorriu, se mantendo em pé. — Então, o que vamos fazer?

Ela em pé ficava com o quadril na altura da cabeça dele, e seu olhar fixou-se nas coxas de Rey, tão destacadas por aquela saia curta. Ela se encolheu encabulada.

— Bom, eu pensei que já que está todo mundo jogando cartas — Nick começou — e seu irmão emo voltou pra caverna, nós podíamos dar uma volta. Aqui por perto mesmo, tenho tantas coisas pra te falar e...

Ela estendeu as mãos segurando a caixa que havia trazido da dispensa.

— O que é isso?

— Batalha naval! — ela respondeu animada.

— Sério? — Ele fez uma careta decepcionado. — É! Eu quero ver se você continua bom. — Nick se jogou para trás no sofá sem esconder sua frustração. — Ah! Não gostou? Talvez eu não esteja sendo uma boa companhia, melhor eu ir embora. — Ela deu meia volta e uns passos.

— Não! Rey! Tudo bem, vamos jogar...

 

***

Encerrado em seu quarto, Ben andava de um lado para o outro, impaciente. Não ia conseguir relaxar enquanto o imbecil do primo não fosse embora e deixasse Rey em paz. Se ele pudesse, desceria imediatamente e a tiraria de lá à força, trar-lhe-ia para o quarto, para sua cama, e a amaria até que seus corpos estivessem totalmente exaustos.

Nick era um abusado! Ben não confiava nele nem um pouco.

O toque do celular só piorou seu estado de nervos. Dizia a mensagem:

“Não esqueça da reunião segunda, tenho uma grande missão para você”

— Maldição! Porra! Porra!

Ben começou a chutar a cama descontroladamente. Jogou todos os travesseiros no chão, o lençol foi arremessado contra o guarda roupa. Xingava e amaldiçoada o bastardo do primo.

Mais uma vibração no celular e ele estava pronto para despedaçá-lo, mas lembrou que não há muito tempo atrás havia feito o mesmo com o anterior, e não valia a pena quebrar outro. Isso não mudaria o fato de ele estar completamente fodido. Sua vida estava desmoronando e aquela maldita mensagem não era nada comparado ao desgosto de imaginar Rey com Nick.

Estava com ciúmes, claro, enlouquecendo de ciúmes. Embora confiasse nela, ele não mentira quanto a isso. Mas sua racionalidade se esvaía só de imaginar aquele cara olhando para ela. O problema não era Rey, ela consegue se defender muito bem sozinha e ele sabe disso. O problema é o maldito do Winter em cima dela como um lobo carniceiro, pronto para atacar na primeira oportunidade que tiver.

Estava cansado de ficar ali tremendo de raiva, imaginando o que sua amada está sendo obrigada a suportar com aquele patife aproveitador apenas para manter a cordialidade. Ele não ficaria ali nem mais um minuto.

Por isso ele desligou o celular e o deixou em cima da cama. Desceu devagar as escadas, o medo tomando conta de si. E se Nick estiver tocando nela?

— Merda! Pare com isso, Ben! — ordenou para si mesmo. Quando chegou na metade da escada viu o primo rir enquanto colocava algo em um tabuleiro. O que? Batalha naval? Eles estavam jogando? Só isso?

Ben se sentiu um idiota e decidiu voltar para o quarto, mas já era tarde. Nick o viu e tratou de fazer com que todos notassem que ele estava ali.

— Decidiu descer das montanhas, Iéti! — ele gritou.

— Ben! — Ela sorriu ao vê-lo. — Nick e eu estamos...

— Relembrando os velhos tempos. — Nick a cortou, tratando de criar uma situação tensa.

Ben esboçou um sorriso sarcástico enquanto se aproximava dos dois.

— Ganhou dele quantas vezes? — Ben perguntou, sentando-se no chão ao lado da irmã.

Nick não escondeu o descontentamento de ver que Ben não tinha a intenção de sair de perto da irmã. Pelo contrário, parecia uma águia de asas abertas a cercando. E nem que ele não respondeu sua provocação como gostaria.

— Ben, quem sabe você aqui me passe um pouco de sorte. Já perdi três vezes... — Eles sorriram. Nick odiava ver a cumplicidade entre os dois. Desde sempre.

— Eu já disse, baby, sou o melhor. — Sorriu para Rey, que virou o rosto.

Ben apertou as mãos e travou a mandíbula, tentando com todas as suas forças se controlar. Então ele não estava tão errado, mesmo com Rey jogando inocentemente, o desgraçado estava cantando ela. E se não tinha escrúpulos de fazer isso na sua frente, imagine antes dele chegar. Estava foda aguentar aquele idiota chamando Rey de baby. Sua Rey...

Ele queria poder socar a cara dele até aquele maldito sorriso desaparecer mas, lentamente, sentiu a mão de Rey pousar sobre a sua. Ela lhe pedia calma, aliás, como vinha pedindo a noite toda. Ben suspirou, não iria partir para a violência física, mas nada o impedia de provocar também.

— Batalha naval é fácil, Nicholas. Aposto como, no poker, você perderia até as calças.

Nick sorriu falsamente.

— Ha-ha-há, ah Solo, você é até divertido, sabia? Eu jamais ousaria desafiar qualquer um daqueles viciados. — Apontou para o grupo no outro lado da sala. — Principalmente o Lando. Ele é o rei da trapaça! Mãe! — Ele gritou. — Tome cuidado! Nesta mesa estão os mais perigosos jogadores de Seattle! Não quero perder nossa casa.

— Atenha-se a sua batalha naval, garoto insolente. — Han resmungou antes de virar mais uma taça de vinho.

— Concordo com o Nick, afinal, com você e Lando aqui... Isso sem falar no grandão. — Ágatha cutucou Chewie. — Ele não fica muito feliz quando perde.

— Não vou cair nessa, Winter! — Lando reclamou. — Quando foi que você, ou seu filho intrometido, me viram trapacear?

Nesse momento as risadas vindas da sala reverberam por toda a casa.

— Desculpa tio, mas é que essa foi demais. — Rey disse em meio a risadas.

— Ben, está aí? — Leia perguntou enquanto se concentrava em sua nova jogada.

— Tô sim, mãe! — ele gritou de volta. — Fazendo companhia para meu querido primo! Tanto tempo que não o via!

Nick fez uma careta zombando do que Ben disse.

Mais algumas partidas, com a ajuda de Ben, Rey conseguiu vencer algumas, mas finalmente o tédio começou a tomar conta do três jovens. Ben queria muito voltar para seu quarto, mas não sem Rey. Não a deixaria mais sozinha com aquele cara. A ideia do jogo foi boa, mas sabe lá quantas outras ideias ela teria que ter. Precisava tirá-la dali. Mas Nick parecia decidido a não deixar que ela fosse embora.

O celular de Nick vibrava insistentemente em seu bolso. Ele olhou, digitou rapidamente e o guardou. Em seguida levantou se espreguiçando e afrouxou a gravata olhando para Rey.

— Sabe de uma coisa? Cansei de ganhar. Vamos fazer algo mais divertido? — ele propôs.

Rey bufou diante da atitude do primo. Teria que pensar em outra coisa.

— Benny! — Nick chamou. E achou graça da cara de ódio com que Ben lhe encarou quando o chamou pelo apelido que só permitia que Rey usasse. — Me dê o controle! — Ben alcançou o objeto no rack e jogou em Nick com força, que por pouco não o derruba.

— Obrigado? — Nick reclamou. — Essa coisa acessa o YouTube? — Referia-se à televisão.

— Claro! — Ben e Rey falaram juntos.

– Vamos ver então... — Ele mexia nos botões do controle apontando para a tv. — Achei! Conhecem essa música? Quer dizer, não você Benny, ela não é suficientemente emo para o seu gosto. — Nick caçoou antes de alimentar o volume. É Redbone do Childish Gambino!

Ele começou a se mover junto com a batida da música enquanto olhava para Rey. Para seu decote mais precisamente. Ela ainda estava sentada no chão. Ben percebeu e levantou para em seguida ajudar Rey a levantar também. Sentaram juntos no sofá.

— Nick, vai dar um show para gente, é isso mesmo?

Rey não conseguia dizer nada, apenas tentava desviar os olhos do homem afrouxando a camisa em sua frente. Ele não sentia vergonha? Porque ela sim.

— Na verdade, Solo, se quiser ir embora eu agradeço, meu show não é pra você.

Rey franziu a testa, claramente desconfortável com a declaração. Não achou que o primo teria coragem de ser tão direto. Estava quase mudando de ideia quanto a deixar Ben dar um soco nele.

— Você não tem um pingo de vergonha na cara, não é, Nick? — Ben acusou.

Nick começou a gargalhar, bastante debochado, sem parar de dançar.

— Quantas vezes você fez isso para alguma mulher? Nunca, não é? E sabe por que? Porque nenhuma mulher de verdade ia querer um esquisitão como você, Solo! Você é muito antiquado...

— Você não sabe nada sobre mim, seu idiota!

— Uh! Parece que alguém está finalmente tirando a máscara de bom moço! Só mais um pouquinho e eu mostro para todo mundo quem você é de verdade.

— Foda-se, seu...

Antes que Ben levantasse, Rey segurou na sua mão e balançou a cabeça. Ben respirou forte e cerrou os punhos para se acalmar, com certo esforço contudo. Ele olhava apenas para ela, e Nick notou não só a intervenção de Rey, atrapalhando seus planos de tirar Ben do sério, como também a força como eles dois continuavam se encarando e pareciam estar conversando, assim, apenas pelos olhos. Ele odiou isso, odiou com todas as suas forças.

Mas ele precisava ser mais incisivo. Não estava nem aí com mais nada, só queria levar a melhor sobre Ben Solo pelo menos uma vez.

Quando a música chegou nos acordes da guitarra, Nick aproveitou para abrir a camisa e se posicionar na frente de Rey. Ela já estava pronta para fugir dali, mas antes que pudesse reagir, ele se meteu no meio das pernas dela, e disse, sussurrando: — Não tenha medo, eu também sinto isso.

Nesse momento, Rey sentiu um nó na garganta, um aperto no peito. Essa frase. Que merda! Porque ele tinha que falar aquilo? E pior, Ben havia dito o mesmo para ela na época em que eles eram inimigos. Se ele soubesse... Não, ele não pode saber.

— Lembra dessa frase, Rey? Aquela tarde foi inesquecível.

Rey tentou empurrar Nick com as duas mãos. mas, droga! Seu condicionamento não era o mesmo.

— Para com isso! — ela gritou.

No mesmo instante, todo o controle de Ben se esvaiu. Ele mandou todo o resto de autocontrole e paciência que estava se agarrando com todas as forças para não perder para o inferno e empurrou Nick com toda a força que possuía.

— Já chega dessa palhaçada, porra!

Nick caiu de mal jeito batendo seu braço na quina da mesinha. Mas nem a dor o fazia parar de rir descontroladamente. Ele rolou no chão e levantou com dificuldade.

— Você é mesmo um idiota, Ben Solo!

— Que porra está acontecendo aqui? — Os três viraram para encarar uma Léia furiosa.

— Não está vendo, tia? — Nick esticou o braço para mostrá-lo a Léia. — Seu filhinho me agrediu!

— Ben estava me defendendo, mãe — Rey interviu imediatamente. — Nick passou dos limites.

— Deixa, Rey. — Foi a vez de Ben falar. — Esse idiota sempre consegue inverter as coisas e...

— Ben e Rey subam agora! Sumam da minha frente antes que eu perca a paciência. — Léia ordenou. — E você, Nick, vai ficar conosco.

Em outras circunstâncias, Ben e Rey teriam odiado a forma como Leia os mandou subir, como se eles fossem criancinhas, mas naquele momento, tudo que eles queriam era realmente deixar a sala o mais rápido possível. Os dois irmãos, fingindo aborrecimento, começaram a caminhar juntos em direção à escada, quando ouviram a campainha tocando.

— Ué, não convidei mais ninguém. — Leia falou.

— Deve ser a Bárbara. — Nick respondeu.

— Bárbara?

— Minha namorada, tia — Ele pegou a mão de Leia e a beijou. — Eu a chamei. Não tem problema, né?

— De forma alguma! Acho ótimo! Assim você não fica sem companhia. — Ela se virou para os filhos. — O que estão fazendo aí? Eu não mandei subirem?

Ben ficou ainda mais revoltado quando escutou da boca do próprio Nick que ele tem uma namorada. Há um minuto ele estava descaradamente tentando seduzir Rey, mesmo tendo um compromisso com alguém. Isso o enfurecia, principalmente porque se fosse ele que tivesse esse tipo de comportamento, as pessoas o condenariam sem pensar duas vezes.

Subia as escadas olhando para trás, encarando o primo. Seu olhar de satisfação por ter conseguido tirar Rey de perto dele fazia o sangue de Nick ferver. Agora ele podia ficar com sua namorada, pois os dois estavam saindo e poderiam finalmente suspirar em paz.

Enquanto arrumava a gravata e a camisa, Nick aproveitou que Rey também havia olhado pra trás para jogar-lhe um beijo. Desgraçado sem vergonha! Sem nem saber o que estava fazendo, Ben desceu as escadas e alcançou Nick já bem perto da porta.

— Quem te deu o direito de fazer isso? — Ben inquiriu.

—Que ciúme é esse, Benny! — Nick provocou. — Tenho muito mais direito que você, depois de tudo o que houve.

— Nick, não me provoque! Não houve nada entre vocês! E pare de me chamar de Benny, não te dei essa intimidade!

— Ah não? —Nick cruzou os braços na frente do corpo. — Por que não pergunta para sua irmãzinha, Ben? Pelo visto, ela guarda alguns segredinhos se você!

Ben permaneceu imóvel, digerindo aquela afirmação, dando a oportunidade para Nick finalmente atender a porta. Mas ele não escaparia por muito tempo.

— Porra, Bárbara!, que demora! Você falou cinco minutos. — Nick falou enquanto a puxava para dentro, sem muita delicadeza.

Entrou uma mulher jovem, baixinha, branca e loira, de cabelos na altura no ombros e olhos verdes. Ela engoliu em seco, um tanto quanto envergonhada com a atitude de Nick e olhando para a família.

Ben arregalou os olhos ao ver aquela figura loira na sua frente. Ele a reconheceu imediatamente. Uma gotícula de suor escorreu por sua têmpora e Ben desejou não estar ali, não estar naquela sala, ou que pelo menos ela não o reconhecesse.

Já fazia um tempo, não é? Eles tinham se beijado naquele bar, quando ele foi se encontrar com a Phasma, pouco depois que ele saiu de casa para não ficar sozinho com Rey. Não significou nada para Ben. Eles haviam se encontrado novamente depois, na feira da universidade, e ela chegou beijando-o como se tivessem muita intimidade. Causou uma crise terrível de ciúmes em Rey, que eles logo conseguiram contornar.

Porém, havia um detalhe, um pequeno e quase insignificante detalhe que agora colocava tudo em risco. Mas ela não poderia se lembrar, certo? Do dia em que se beijaram no bar, ele havia pronunciado o nome de Rey? Lembra-se de que ela chegou a pensar que “Rey” era um homem e que ele era gay, contudo, isso não pareceu fazer diferença para ela, tão atirada para cima dele.

Mas Bárbara lembrou-se, do contrário não teria ficado muda. Nick estava lhe apresentando para a mãe e a família Solo e ela não conseguia responder nada. Ela ficou igualmente estática ao ver Ben.

Nick franziu o cenho e estranhou o comportamento dela. vendo que ela não lhe respondia.

— O que foi? Eu sei que ele é feio, mas não precisa ter medo — disse depois que viu quem ela estava encarando como se estivesse vendo um fantasma. — É só o idiota do meu primo. Você não precisa apertar a mão dele!

Nick conduziu Bárbara para o meio da sala, enquanto os outros voltavam para a mesa onde jogavam. Ela foi, mas porque não tinha reação de mais nada. Ben olhava atordoado para os dois, e depois virou a cabeça para trocar um olhar com Rey, que parecia estar em choque parada no penúltimo degrau da escada. Eles deviam estar tendo pensamentos semelhantes, pelo visto.

— Que porra deu em você? — Nick reclamou segurando a namorada pelo braço.

— Nada Nick, nada. — Ela olhou para Ben e desviou o olhar no instante seguinte, talvez fosse melhor fingir que...

— Essa é Rey! — Nick a apresentou animado. — Minha prima, irmã daquele idiota ali.

Bárbara sorriu para ela.

Rey sorriu de volta. Sorriu de verdade, se sentiu aliviada que agora Nick não poderia mais se jogar em cima dela.

Mas, de repente, o sorriso de Bárbara se esvaiu.

— Rey? — ela se virou para Ben, com os olhos arregalados. — Sua irmã se chama Rey?

Ben ficou pálido! Ainda mais do que já estava. Merda! Ela havia lembrado.

— O que é isso? Vai me dizer que já o conhecia? — Nick aproximou seu rosto do dela e sussurrou: — Mas você é muito puta mesmo, né! Onde você o encontrou?

— Eu... Eu, preciso ir. Desculpa Nick!

Antes que ele pudesse protestar, Bárbara correu para a porta passando como um furacão por Ben.

— Espera!

Nick saiu correndo atrás dela.

Rey, por sua vez, correu até Ben e o puxando pelo braço para o canto da escada, para poderem falar baixo. — Ben, é aquela garota que te beijou! Ela vai falar! Você tem que fazer alguma coisa!

Ela tinha razão. Ben tinha que fazer alguma coisa antes que ela abrisse o bico para o namorado.

— Porra! — ele esbravejou correndo atrás dos dois.

Enquanto isso, Nick alcançou Bárbara antes que ela chegasse à rua, segurou-a pelo braço com força e a fez parar. — Você vai me contar agora o que está acontecendo! — ralhou entredentes. Seu rosto formando uma feição irritada.

— Solta ela, Nick! — Ben gritou.

— Você não se meta! — bradou Nick de volta. — Anda, fala! — Nick se virou novamente para a namorada.

Mirava a jovem de um jeito assustador. Ela odiava aquele olhar, e sabia que não tinha escolha senão fazer o que ele mandava, do contrário, ela sofreria as consequências.

— Nick, nós estávamos separados... — ela começou, mas não precisou terminar. Ele entendeu tudo.

— Porra, Bárbara! — ele berrou, apertando ainda mais o braço dela antes de um soltar de arrufo e passar as mãos pelos cabelos. — De todos os homens na terra, você tinha que transar justo com esse imbecil do Solo?!

— Não! — gritou Bárbara, começando a chorar. — Foi só um beijo! Nada mais que isso!

— Você sempre se metendo no meu caminho, seu desgraçado! — vociferou para Ben e apontou o dedo na cara dele. — Sempre roubando tudo que é meu!

— Você é que sempre fez isso seu invejoso — rebateu Ben.

Nick olhou para Rey, que a essa altura já estava do lado de fora, olhando para eles.

— E ela? — perguntou à Bárbara. — Por que ficou nervosa quando a viu, hein Bárbara? Ficou com ela também?

— Eu... Eu... — Ben olhou para Bárbara na esperança de que ela entendesse sua súplica. — Eu não a conhecia pessoalmente! Ben apenas falou nela, foi só isso!

— Está mentindo para mim, sua puta! — Agarrou os dois braços dela e a sacudiu violentamente. — Você sempre mente pra mim!

Bárbara se debatia para se soltar dele, chorando muito e gritando para que ele parasse. Ben não aguentou ver aquilo, se ele estava agredindo essa moça dessa maneira na frente deles, não queria nem imaginar o que ele fazia quando não tinha ninguém olhando. Foi então que ele partiu para cima.

— Solta ela!

Ben empurrou Nick, que caiu no gramado. Ele se levantou rapidamente e avançou contra Ben com o punho em riste e os dois começaram a brigar. Ben desviou dos primeiros dois socos, mas não escapou de um na barriga, devolveu com um murro no maxilar.

Nick tentou agarrar Ben pela cintura, na intenção de derrubá-lo, porém, Ben travou as pernas e, sendo o outro menor e mais fraco, não conseguiu realizar seu intento. Acabou por ser derrubado por Ben.

Eles se atracaram no chão, trocando socos e pontapés. Nick lutava com todo o seu ódio, chamando Ben de todos os nomes possíveis e despejando todo os sentimentos negativos que nutria por Solo com violência. Ele parecia fora de si, como uma fera que finalmente conseguiu escapar da jaula. Coisa que não surpreendeu Ben, que de igual modo batia nele ensandecido, mas internamente satisfeito em ver Nick deixando sua máscara de cara legal e bonzinho cair e mostrando a víbora peçonhenta que na verdade era.

Nick conseguiu se desvencilhar, rolou pelo lado e ficou de pé. Os dois avançaram um contra o outro de novo, ignorando os apelos gritados por Bárbara e Rey. Elas até tentavam apartar a briga, mas os dois pareciam possuídos. Elas mal conseguiam se aproximar, tal eles se agrediam.

Ben acertou um soco em Nick que o deixou zonzo. Ele cambaleou para trás e não teve tempo de reagir ao segundo murro na cara e outro na boca do estômago que o deixou sem ar.

Ben estava com o supercílio cortado, com um hematoma se formando no peito, mas sua maior satisfação foi ver Nickolas Winter cuspindo uma mistura de sangue e saliva. Teria visto um dente também? Seu lábio inferior estava rachado e sangrando, um corte profundo no supercílio e um dos olhos já começando a ficar roxo. Ben tinha levando alguns também, mas o filho da puta estava pior do que ele.

Nick ainda avançou mais uma vez contra Solo, mas ele desviou facilmente da sua investida e socou a cara e o troco de Nick, que caiu no chão, gemendo de dor, ao passo que Ben balançava a mão cujas juntas estavam doloridas. Rey foi correndo até ele, o puxando, perguntando se ele estava bem e ralhando pelo que ele fez.

Ainda que defender Bárbara tenha sido o gatilho da briga, Rey sabia que não foi por isso que eles brigaram.

Bárbara correu e agarrou Nick, tentando ajudá-lo de alguma maneira. Ele tinha apanhado feio e ela se condoía de pena dele. Mas Nick bateu na mão dela, recusando a ajuda. Ele limpou o sangue que escorria da boca e falou baixinho para ela, com um olhar dardejante.

— Se você não me falar a verdade agora pode esquecer que eu existo! Sem volta dessa vez! A escolha é sua.

Era um ultimato. Ela entendeu isso.

Bárbara ponderou por alguns segundos. Aquilo, o que aconteceu quando ela e Ben se beijaram, era muito para ela guardar. E agora ela se dava conta de que envolvia algo muito maior que ela estava tentando entender como havia se metido. Ela e Nick tinham seus problemas, mas eles estavam há tanto tempo juntos... Além do mais, ele ficou com ciúme de Ben Solo, isso era bom, certo? Mostrou que se importava com ela, que a amava a ponto de sentir ciúmes. Não conseguiria e não via razões para não esconder nada mais dele.

— Ele sussurrou o nome dela enquanto me beijava — ela falou com a cabeça baixa, com um pouco de vergonha de admitir mais uma vez o beijo.

Pálido, Nick olhou para Rey, depois para Ben e, de repente, tudo passou a fazer sentido! Como ele nunca reparou isso antes? “Estúpido, estúpido! Como você pôde ser tão cego?!” — ele pensava, imaginando todos os nós de dúvidas se desfazendo em sua mente e finalmente enxergando a verdade.

— Mas é claro! Como eu não pensei nisso antes? — Nick disparou, olhando fixamente para o casal. Ele se levantou com dificuldade, finalmente aceitando a ajuda de Bárbara. — Eu sabia que tinha algo muito estranho nessa relação de vocês dois!

Rey engoliu em seco.

— Sua namorada está confusa, Nick. Você está deixando a coitada nervosa com essa pressão toda! — ela tentou intervir.

— Só me pergunto, priminha, como seu irmão nojento reagiria se soubesse o que fizemos aquela tarde no sofá da sala.

— O que?! — ela exclamou.

— Do que ele está falando, Rey? — Ben perguntou.

Bárbara apenas observava a confusão que havia criado. Tremia e começava novamente a chorar. Maldita hora que concordou em ir para aquele jantar. Ela deveria saber que era uma péssima ideia.

— Aquela tarde em que você propositalmente a deixou sozinha. E agora eu sei o porquê. — Nick andava dum lado para o outro. — Você tinha medo de assumir o que realmente sentia por ela, não é? — Ele se virou para Rey. — E eu achando que você estava chateada porque tinha terminado com aquele jogador. Mas não! O motivo era ele!

Nick cuspiu no chão, demonstrando nojo, mas acabou outra vez saindo uma mistura de saliva e sangue. Ele deu uns passos em direção à Ben.

— Mas deixa eu te contar um segredinho: ela sequer lembrou do seu nome enquanto se contorcia embaixo de mim.

— O que? Nick, não! Isso é mentira! Não foi assim — Rey gritou.

— Apostamos quem conseguia beber mais. Vai me dizer que não lembra, chuchu? — Nick tocou o queixo de Rey, que empurrou sua mão com força. — Não achei que você estava tão bêbada.

— Não! Não foi assim! — Rey repetia em meio às lagrimas — Ben, não foi assim! Você tem que acreditar em mim!

Ela nunca sentiu tanto nojo na vida dela como daquele homem nesse momento. Nem quando Miles a assediou e disse coisas nojentas para ela na festa do iate, Rey ficou tão enojada.

— O que você fez com ela? — Ben segurou Nick pelo colarinho.

— Ben?! — Rey exclamou, chorosa.

— Dei apoio a ela, dei carinho a ela — disse com um sorriso sangrento no rosto.

— Cala a boca, seu idiota! — Rey gritou.

— Enquanto você covardemente se escondia — ele continuou. — Ah, Benny! Quando ela me beijou foi maravilhoso! Foi a melhor transa que eu já tive!

Ben socou a cara de Nick com toda sua força, o derrubando no chão praticamente desacordado.

— Ben!

— Nick! — gritou Bárbara, correndo até ele.

Sem mais opções, Rey correu até a cozinha para pedir ajuda. Ela chorava muito e mal conseguiu dizer as palavras, mas quando todos saíram, Nick já havia se levantado e revidado.

Chewie, Lando e Han correram para apartar os dois. Leia e Ágatha gritavam, tentando em vão fazer os filhos pararem. Louise ficou ao lado de Rey, as duas nervosas.

— Parem com isso! Querem que a polícia baixe aqui! — gritou Han.

Haviam finalmente separado os dois. Chewie e Lando seguravam Ben com toda a força, porque ele ainda queria brigar.

Nick foi levado por Ágatha e Bárbara.

Ben estava completamente atordoado, com a cabeça fervendo com aquela revelação, que apostava como teria matado o desgraçado se não tivesse sido tirado de perto dele. Rey se aproximou dele, mas ele a afastou. Ela o encarou chocada, com lágrimas abundantes no rosto e raiva. Muita raiva.

— Ok, parou! Eu juro que não vou mais bater nele. — Nick prometeu levantando os braços em sinal de rendição.

— Ora, seu...

Ele ignorou o perigo e aproximou-se de Ben, então falou apenas para ele ouvir:

— Eu não vou contar nada para eles, mas não pense que isso é por você, seu incestuoso nojento. — Nick olhou para Rey antes de continuar. — Essa relação está condenada. Só lamento por ela, porque, quando isso vier à tona vai atingi-la também. Adeus Solos! — Nick disse antes de enxugar as lágrimas que teimaram em cair. Não conseguia disfarçar a decepção.

Bárbara apenas olhou para os irmãos com remorso enquanto servia de apoio para que Nick entrasse no carro.

— Do que ele estava falando, Ben?

Ben olhou atordoado para a mãe. Porra! Será que ela ouviu?

— Nick está completamente fora de si, mãe! — respondeu. — Eu realmente não sei do que ele estava falando.

Sem falar mais nada, Ben aproveitou que estavam todos mudos e sem reação pela briga que presenciaram, e correu para casa.

Leia tentou falar com Ágatha, tentando se desculpar pelo que houve de alguma forma, mas não adiantou.

— Não Leia, por favor, agora não só quero minhas coisas — ela disse, esquivando-se da amiga e com uma feição totalmente decepcionada no rosto. Ela imediatamente se afastou de Leia, que nunca esteve tão envergonhada em sua vida, e Louise, vendo a situação, se prontificou em ir buscar as coisas de Ágatha.

Ágatha avisou que iria esperá-la no carro e saiu. Chewie e Lando também se despediram. Infelizmente não tinha mais clima para jogos, risadas ou comemoração. Louise tentou ainda tranquilizar a amiga, dizendo que Ágatha logo entenderia que a culpa não foi apenas de Ben e as duas voltariam a se falar. Leia assentiu tristemente, mas estava visivelmente abatida.

— O episódio da praia foi muito pior e ela estava aqui, não é? Agora descanse amiga.

Leia assentiu novamente, Han se aproximou e tentou passar alguma tranquilidade para a mulher.

— Esses dois sempre agiram assim... — ele disse com cuidando, acariciando o braço dela para lhe dar algum conforto. — Não é a primeira vez. Daqui a pouco tudo se resolve, eu prometo.

Leia respirou fundo e olhou para o marido. Não respondeu, apenas seguiu para dentro de casa amparada por ele. Rey continuou lá fora por um tempo tentando absorver toda a loucura que tinha sido aquela noite, enquanto observava o carro de Nick desaparecer na rua. Sentia o corpo todo doer, seus olhos ardiam. Aquela noite tinha sido um pesadelo.

Ela entrou, e foi correndo bater na porta de Ben. Estava trancada. Ele nunca trancava a porta!

— Ben? Se estiver me ouvindo — ela falava para a porta —, só quero que saiba que as coisas não aconteceram como ele disse. Espero que amanhã você esteja disposto a me ouvir... Eu te amo tanto... — Rey começou a soluçar. — Me perdoa!

Ben estava destroçado, encostado no outro lado da porta. Seus olhos estavam vermelhos e inchados, consequência não só da briga, mas também da decepção. Depositara toda sua confiança em Rey. Agora, toda aquela confiança havia sido... bem, como poderia esquecer aquilo? Como ela podia ter escondido aquilo? O que aconteceu com toda cumplicidade, com aquela ligação que tinham, que vinha da alma, de outras vidas? Algo tão forte que nem o fato de serem irmãos os afastou?

Porra! Estava tudo ruindo! Agora aquele maldito sabia. Ben se jogou contra o colchão e esperou o calmante que tomou fazer efeito.


Notas Finais


A pobre da Leia não consegue tem um aniversário em paz...
Então amores! Nos contem o que acharam. Voltamos logo! Bjus


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