Fase II: Capítulo 2 - Apresentações e sumiços
- Damon o matou. - Disse entre dentes.
Todos na sala olharam para ele. Alguns assustados, outros surpresos, mas Bella o olhou decepcionada. Edward segurou um sorriso. Isso vai ser divertido. Pensou o leitor de mentes.
- Em minha defesa ele me atacou primeiro. - Disse Damon erguendo os braços como quem se isenta da culpa.
- Mentira! Ele foi me defender de você que me atacou por ter “roubado” seu poder. Gerard morreu me defendendo. - Disse a ruiva indignada e com a voz embargada como se estivesse chorando.
- Damon, você fez isso? - Perguntou Bella decepcionada.
- A por favor Bella, não me venha com essa. O cara me atacou. Você queria que eu fizesse o quê? Esperasse ele ter êxito? - Argumentou o italiano.
- Ele te atacou porque você estava ME atacando. - Contrapôs Gabrielli indignada.
- Eu não ia fazer nada contra você de verdade. Eu jamais te machucaria intencionalmente. - Ele soltou sem pensar.
E por pouco ele não soltou mais coisas. Mas Edward viu o que ele quase tinha soltado e se surpreendeu. Definitivamente esses dois precisam de uma conversa séria. Pensou o ruivo.
Vendo o que quase tinha feito Damon decidiu que já tinha ficado perto de Gabrielli por tempo demais.
- Pra mim essa conversa já deu o que tinha que dar. Estou dando o fora daqui. Se divirtam com a ladra ruiva. Deem um abraço em grupo e ela poderá roubar a todos ao mesmo tempo. - Falou dando as costas e saindo da propriedade dos Cullen.
Ele se foi antes que qualquer um pudesse dizer alguma coisa, deixando uma Gabrielli atordoada para trás. O que ele quis dizer com “jamais te machucaria intencionalmente”? Ele havia feito aquilo exatamente para a machucar. Aquilo era provavelmente ele a tentando manipular mais uma vez. Pensava a ruiva, mas ela no fundo sabia que ele estava falando a verdade.
Os outros vampiros na sala ficaram sem saber o que fazer ou dizer. Gabrielli e Damon obviamente tiveram um passado muito conturbado e precisavam resolver aquilo.
Para Bella era óbvio que ele estava escondendo alguma coisa. Então ela se lembrou que ele uma vez havia contado sobre ter seu coração partido no dia 1º de Abril. Ela tinha imaginado que tivesse sido Elena, mas depois do que tinha acabado de presenciar era óbvio que a Ambrósio era a mulher que abandonou Damon e o feriu tanto. Mas tinha coisa faltando naquela história e pelo olhar do pai de sua filha Edward sabia exatamente o que era.
De repente Edward ficou rígido. No andar de cima Nessie estava impaciente e queria descer. Jacob não falava, mas estava cada vez mais tentado a não deixar a garotinha sem a resposta que ela tanto queria e exigia usando seu poder. O ruivo soube que precisava introduzir logo a filha na conversa.
- Eu peço desculpas pelo comportamento de Damon. - Edward começou. - Ele às vezes passa dos limites.
- Eu o conheço a tempo o suficiente para saber disso... - Ela não havia sido formalmente apresentada a todos.
Edward aproveitou a deixa.
- Edward. Meu nome é Edward Cullen e esses são Carlisle, Esme, Rosalie, Emmett, Alice, Jasper e minha mulher Bella. E aproveitando que estou apresentando minha família gostaria de apresentar para vocês minha filha com Bella.
Aquilo chamou a atenção dos três recém-chegados.
- Filha?! Como? - Perguntou Charlotte aturdida.
- Ouçam tudo o que Edward tem a disser antes de reagir. - Pediu Jasper aos amigos de longa data.
- Por favor. - Acrescentou Alice do lado do marido.
- Claro. - Disse Peter que confiava no julgamento de Jasper a cima de muita coisa.
- Primeiro gostaria que vocês prestassem atenção um minuto nos sons vindos do andar de cima. - Pediu Edward.
Os três assim fizeram e puderam ouvir o coração de Nessie e Jacob.
- O que é isso? - Questionou Peter confuso. - Tem um humano aqui? E o que essa outra palpitação?
- É uma espécie de ave? - Completou Charlotte igualmente confusa.
- Não, mas lembrem-se do que estão ouvindo e do cheiro que estão sentindo.
Gabrielli permaneceu calada. Ela tinha uma ideia do que poderia ser. Já tinha viajado o mundo por tempo suficiente para especular sobre a verdade. Edward notou que ela sabia e ficou mais tranquilo. Mas Peter e Charlotte ainda eram um problema.
Edward via que Alice sabia que tudo daria certo e ficou um tanto surpreso com os pensamentos de Gabrielli. Ela disse a ele que se os amigos não entendessem ela usaria os poderes que tinha copiado de Damon e os faria esquecer ou aceitar. O que ele preferisse. Ela queria ajudar e estava mais curiosa em saber quem era a pessoa que estava junto de Nessie.
- Tenham em mente de que o que estão preste a conhecer é uma coisa nova. Que não é muito conhecida em nosso mundo. São poucos os vampiros que tiveram contato com o que Renesmee é. E menos ainda tem conhecimento sobre Jacob também. - Acrescentou Edward.
- Do que você está falando Edward? - Questionou Charlotte.
- Por favor deixem de lado as ideias preconcebidas.
- Edward, por favor pare de enrolar. - Pediu Gabrielli.
- Ok então. Jacob, por favor pode trazer a Renesmee.
Uma movimentação foi ouvida enquanto Jacob levava Nessie no colo para o andar de baixo.
Quando foi possível ver os dois descendo as escadas houveram duas reações. Peter e Charlotte se assustaram e recuaram para o canto mais distante da sala e ele se colocou na frente da mulher de forma protetora. Gabrielli ficou momentaneamente deslumbrada com a beleza de Jacob, mas ao sentir seu cheiro aquilo passou. O que ele seria? Questionou a ruiva mentalmente. Vendo a reação dos nômades Gabrielli se levantou e falou.
- Peter, Charlotte. Está tudo bem. A criança é meio humana e meio vampira. Eu já vi coisa parecida na Amazônia a algumas décadas atrás. Ela cresce mais rápido que o normal. Não é uma criança imortal. Pelo menos não do jeito que vocês conhecem.
- Mas...
- Acreditem, ela é inofensiva. Agora eu já não posso dizer o mesmo sobre o rapaz. O que você é jovem?
Todos na sala, exceto Edward, ficaram surpresos pelo que foi dito pela ruiva.
- Eu sou um lobisomem. - Respondeu Jacob, obviamente.
Se os nômades já estavam temerosos antes, agora que aquilo tinha piorado. E dessa vez até Gabrielli se assustou. Já havia esbarrado com um lobisomem séculos atrás. Não tinha sido uma boa experiência. Ela levantou o braço direito e uma bola de fogo se formou na palma de sua mão.
Todos entraram em estado de alerta e Nessie num segundo estava nos braços de Bella atrás de Edward e Jacob com todos os outros Cullen na frente deles.
- Ambrósio, apague a bola de fogo. Jacob não é esse tipo de lobisomem. E ele é nosso amigo. - Disse Carlisle firme.
- Vocês só podem estar brincando. Primeiro o Squartatore, depois uma hibrida e agora um lobisomem? Estão pedindo demais para qualquer pessoa. - Disse a ruiva diminuindo a intensidade do fogo.
Edward deu a volta e se aproximou.
- Sei o que você passou com o outro lobisomem, mas Jacob é diferente. Tecnicamente ele não é esse tipo de lobisomem. O termo certo seria transmorfo. O fato de se transformar em um lobo é puramente acaso.
Um de seus poderes adquiridos “ilegalmente” era o de distinguir a verdade da mentira. Infelizmente ela tinha adquirido depois de seu último encontro com Damon. Ela soube que ele falava a verdade e então abaixou a mão extinguindo o fogo no caminho.
- Me desculpem por isso. Eu estive a beira da morte duas vezes por causa de um lobisomem. Lembranças ruins. - Disse ela fazendo careta.
- Você acredita neles? - Perguntou Peter ainda no canto da sala posicionado de forma protetora à Charlotte.
Em um movimento mais rápido do que qualquer vampiro naquela sala Gabrielli estava diante do casal nômade.
- Vocês não precisam ter medo de Renesmee ou de Jacob. Não há nada de errado aqui. Aceitem as explicações dos Cullen sem questionamentos. - Disse ela para os dois usando os poderes que havia copiado de Damon.
O casal sorriu e olhou para os Cullen.
- Então, como vocês têm passado? - Perguntou Charlotte indo se sentar e sendo seguida por Peter.
Os Cullen lançaram um olhar reprovador para a ruiva que pouco se importou com aquilo, não era a primeira, ou segunda, nem sequer a terceira vez que ela fazia isso com o casal.
- Você não devia fazer esse tipo de coisa frequentemente com eles. Não está certo. - Edward a repreendeu.
- Você prefere ter que lidar com eles surtando até entenderem? Assim é mais rápido e mais eficaz. - Explicou-se dando de ombros.
Bella riu por dentro. A ruiva era perfeita para o Salvatore. Damon também não dava a mínima para essas coisas. Contanto que conseguisse o que queria...
- Do que vocês estão falando? - Perguntou Charlotte confusa.
Todos na sala se entreolharam e resolveram deixar aquilo passar. Errada ou não Gabrielli havia prestado um favor a eles e economizado tempo. Não que eles se preocupassem com o tempo…
Jasper se sentou ao lado dos antigos amigos e puxou papo para colocarem os assuntos em dia.
Gabrielli se aproximou, relutante, de Renesmee. Sempre muito vigiada por todos. Mas não houve qualquer problema vindo dali. De fato, em pouco tempo as duas já haviam se tornado amigas. A ruiva tinha jeito com crianças e a garotinha encantava qualquer um que a conhece-se.
Bella e Edward queriam conversar mais com a Ambrósio sobre Damon e seu passado, mas sabiam que aquela não era a hora certa. E de qualquer maneira eles não poderiam, já que o celular de Bella tocou. Era Rodrigo. As coisas tinham mudado na casa dos recém-casados.
POV Amanda…
Tudo estava escuro enquanto eu queimava viva e amarrada em algum lugar desconhecido. Aquilo era 1 bilhão de vezes pior do que havia imaginado. Por que diabos eu estou fazendo isso? Não vale a pena. Nada poderia valer tanta dor. E eu nem podia gritar! Sabia que gritar não faria diferença, tinham me avisado sobre isso. Mas eu QUERIA gritar. Queria implorar para que me matassem e acabassem logo com aquela dor. Parte de mim sabia que eu não deveria gritar. Que tudo aquilo valia sim a pena. Mas eu estava queimando viva, amordaçada e presa em minha “inconsciência” e não poderia me importar com mais nada além daquele fato.
O tempo era um mistério para mim. Não fazia ideia de quanto tempo eu estava ali sendo corroída pelo fogo. Mas as coisas estavam mudando. Eu percebi que havia mais espaço em minha mente. Esse espaço extra me fez ser capaz de ver além da dor que eu sentia. Pude lembrar a razão para aquilo. Roh. Ele era tudo o que importava. Ele devia estar sofrendo ali do meu lado. Por mais que eu não gostasse de estar “amordaçada” tinha que admitir que era uma boa coisa que ele não tivesse ouvido minha reclamação e minha falta de fé. Mas eu ainda queria gritar. Aquilo ainda era demais para mim. Não queria deixar o Roh preocupado, mas naquela hora não conseguia pensar em mais nada, apenas no fogo e na enorme vontade que eu tinha de sumir, desaparecer. De não sentir mais dor e nem infligir mais dor a meu marido. Só esperava que a morfina me mantivesse calada por todo o tempo. Não seria capaz de permanecer muda uma vez que o efeito passasse.
Mas não foi o que aconteceu. Algum tempo depois pude sentir uma pressão do lado de meu corpo e pude ouvir, também, a voz de meu marido no lugar onde deveria ficar minha orelha. Se é que eu já não tinha virado carvão a aquela altura.
- Tudo vai ficar bem. Eu te amo. A dor vai passar. Eu te amo. Você vai ficar bem. Eu te amo. Volte pra mim. Não me odeie. Eu te amo. - Era o que Roh falava constantemente para mim.
Meu coração em chamas se apertou com aquilo. Por favor não passe efeito de morfina. Pedi a ninguém em específico.
- O que é isso? - Questionou Roh do meu lado.
Não fazia ideia do que ele estava falando, mas felizmente ele continuou a falar:
- Bella, por favor chame Carlisle aqui. - percebi que ele devia estar falando no telefone. - Ela está desaparecendo! - Ele disse em completo desespero.
Desaparecendo? Como assim?
- Foi isso mesmo que eu falei. Não sei o que está acontecendo. Ela aparece e desaparece toda hora. É como um pisca pisca! Por favor se apressem. - Pediu ele ao meu lado.
O que estava acontecendo comigo? Eu queria perguntar, mas ainda não conseguia encontrar meus lábios e fazê-los se movimentar.
- Amanda meu amor não suma. Não vá embora. - Pediu meu marido acariciando meus cabelos.
Agora tudo que eu queria era acordar. Voltei a fazer minha prece, porem dessa vez pedia o contrário do que havia pedido antes. E fui atendida quase de imediato. Juntamente com o fim do efeito da morfina a intensidade do fogo aumentou e um grito de dor escapou por meus lábios. Era ali que eles estavam…
Abri os olhos relutante e fui cegada pela luz, mas aquilo não me incomodou. O que poderia ser pior do que ser queimada tão intensamente como eu estava sendo e, aparentemente, desaparecendo? Talvez desaparecer não fosse assim uma ideia tão ruim assim. Contanto que a queimação acabasse.
Meu cérebro que estava cada vez mais lúcido e ativo percebeu que Roh se levantou da cama assustado. Olhei pra ele e sem querer acabei falando em meio aos gritos:
- Faz isso parar. Pelo amor de Deus. Apaga esse fogo. Eu estou queimando viva aqui. Me salve Roh.
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