História What If... - Fase III - Capítulo 13 - Papo Cruzado...

Fase III - Capítulo 13 - Papo Cruzado...

    Meus olhos se arregalaram e eu fiquei sem chão. É claro! Como eu era burra! As palavras de April vieram novamente à mim “Quer dizer… ele não me via dessa forma, e nem eu o via assim… na verdade ele não vê garota nenhuma dessa forma.” Claro que ele não me via como uma mulher. Claro que ele não me desejava. “Ele não vê nenhuma garota dessa forma”. O eco se repetiu em minha mente. Jacob é gay!

    Mas eu sou muito azarada mesmo. O cara por quem eu sou louca gosta da mesma fruta que eu. É pior do que ele me ver como uma criança, ele me vê como concorrência.

- Nessie, vamos? - De repente Bart estava na minha frente e eu nem tinha visto.

    Acompanhei Jake e Maxxie deixarem o estacionamento e então olhei para Bart.

- O que foi? Você está estranha. Parece que acabou de ver um macaco voando ou coisa do tipo.

- Não é nada. Vamos. - Respondi sem querer falar a verdade.

    O que eu podia dizer pra ele? “Nada não. Só acabei de perceber que o cara por quem eu sou apaixonada a séculos, que não é você obviamente, é gay!” Isso ia ser realmente muito legal da minha parte. O melhor era manter isso pra mim. Aliás, será que o pessoal lá de casa sabia? Não que eu fosse perguntar pra eles. Se eles não soubessem Jake poderia ficar com raiva de mim.

- Nessie, vamos? - Bart perguntou outra vez.

- Desculpa. - Falei indo com ele para o carro.

    Normalmente a gente ia para a casa do Freddie e ficava numa casinha à parte da casa. Era a sede do clube dos meninos desde quando eram pequenos e as coisas pareciam não ter mudado com o tempo. Mas dessa vez eu falei que estava passando mal e pedi que ele me deixasse na minha casa.

    No caminho fui pensando em minha briga com Jake. Ela não importava agora. Eu tinha que falar com ele. Se ele estivesse guardando isso para si e sofrendo em silêncio eu não sabia o que faria. Além do mais eu precisava confirmar. Queria que ele achasse graça e dissesse que era mentira. Mas para isso eu deveria dar o primeiro passo.

    Assim que Bart me deixou em casa liguei para ele e pedi para ele me encontrar no bosque onde tinham caçado logo quando ele chegou.

A partir daqui vamos dividir os pontos de vista. Quando o texto estiver em Negrito é o ponto de vista de Jacob e em Itálico ponto de vista da Nessie.

    Quando ela me ligou eu assustei. Não esperava que ela me procurasse depois do que havia acontecido ontem. Como eu tinha acabado de chegar em casa peguei minhas chaves e voltei para a garagem. Ia de moto mesmo. Não sabia se ela era de Damon ou de Gabrielli, mas eu estava me aproveitando de toda aquela potência.

    No caminho fui pensando no que Nessie poderia querer falar comigo e no porquê de ter que ser fora da cidade. Assim que cheguei ao local vi que tinha recebido uma mensagem da April que dizia que ela tinha ligado pra Nessie e conversado com ela. Um frio percorreu minha espinha. Será que ela tinha contado tudo pra Nessie?

    Não tive tempo para ligar e perguntar, pois Nessie estava chegando. Tinha acabado de descer de um uber e vinha em minha direção. Acho que nunca fiquei tão tenso na minha vida quanto fiquei durante os poucos segundos que decorreram durante a aproximação dela.

    Eu estava tão nervosa. E se fosse tudo verdade? E se Jacob realmente fosse gay? Eu precisava que ele negasse. Mas eu nem sabia se teria coragem de colocar em palavras minhas suspeitas. Enquanto caminhava até ele à beira da floresta fiquei tentada a simplesmente falar que queria que as coisas voltassem ao normal e deixar de lado essa coisa toda. No entanto eu sabia que não seria capaz de deixar isso de lado. Eu o amava e precisava saber se tinha pelo menos alguma chance.

- Oi. - Falei sem jeito.

- Oi. - Ele respondeu.

    Ficamos em silêncio. Não sabia o que falar e ela tinha marcado esse encontro.

- Jake… - Ela começou mas parou.

- Sim?

    Ela não me olhava nos olhos e aquilo estava me incomodando.

Eu não tinha coragem de olhar pra ele. Então falei antes que perdesse a coragem.

- Eu sei do seu segredo. É verdade?

Ela sabia. Meu Deus ela sabia. E ela estava tão enojada que nem conseguia me olhar para falar. As palavras dela tinham um tom de acusação que cortou meu coração.

- É verdade Jacob? - Ela voltou a me perguntar.

Dessa vez ela me olhava e eu podia ver em seus olhos que ela me pedia para negar. Mas eu jamais poderia fazer isso. Jamais negaria que a amava.

Vi nos olhos dele que ele estava magoado com minha pergunta. Vi ele tomar uma postura defensiva antes de responder.

- Me desculpe Renesmee, mas é verdade.

    Eu quis chorar. Meu mundo tinha acabado. Ele jamais me amaria como eu o amava. Senti minhas pernas falharem e me afastei um pouco dele para me apoiar numa árvore.

Minha resposta fez com que ela se afastasse de mim e cada passo que Nessie deu para longe de mim doeu. Mas não pude evitar de falar:

- Me desculpe Nessie, mas não é uma coisa que eu consiga controlar. É mais forte do que eu.

Então ela me olhou e falou:

- Eu quem tenho que pedir desculpa por reagir desse jeito. Sei que essas coisas não estão no controle de quem sente. E você não tem culpa nenhuma nisso. Mas eu tenho que dizer que foi um choque. Eu nunca havia imaginado algo assim…

Minha voz morreu aos poucos. Por mais que eu estivesse mal não queria que ele achasse que não gostava dele por ele ser gay. Mas estava difícil pra caramba não cair no chão e chorar. Tentei mudar o foco para parar de pensar apenas em mim e nele.

Então ela fez uma pergunta que me deixou confuso.

- Seu pai e o pessoal da alcateia sabe?

- Eu contei pra eles assim que descobriu. - Respondi sem entender onde ela queria chegar.

- E como eles reagiram?

    As perguntas ficavam cada vez mais estranhas, mas respondi da mesma forma.

- Eles reagiram normalmente. Não gostaram muito no começo, mas não havia nada que eles pudessem fazer a não ser aceitar. Quem não gostou muito foi o seu pai, obviamente.

    Como assim meu pai não gostou? Será que… Ai meu Deus! Jacob era apaixonado pelo meu pai! Era por isso que meu pai nunca gostou que ele ficasse tanto lá em casa. Será que minha mãe sabe? Jake continuou a falar e tudo foi se confirmando.

- Mas eu entendo o lado dele. Aquilo seria complicado pra qualquer um na situação dele. E ele não foi o único que teve problemas com isso.

- Sério? - O que isso queria dizer?

- Com certeza. Damon foi o primeiro a descobrir e todos os outros que se seguiram…

    Meu Deus, Jacob era do tipo que se apaixonava fácil. Não posso culpar ele. Viver no meio de tanto homem bonito e tudo comprometido devia ser barra.

    Eu parei de falar porque acreditei que ela já havia entendido toda a situação.

- Olha Jake, eu entendo sua situação e espero que você seja feliz. Mas isso tudo é muito novo pra mim e eu preciso de um tempo para me acostumar com a ideia.

    Aquilo foi a facada final no meu coração.

- Eu entendo o seu lado também. E vou te dar o tempo que precisar. Mas eu jamais serei feliz de verdade com isso.

    Acho que eu o ofendi. Não é como se eu odiasse homoxesuais, o problema era que eu o amava. Será que ele não tinha percebido isso? Eu ia perguntar isso pra ele, mas ele me fez uma pergunta que me fez esquecer minha linha de pensamentos.

- Será que você pode manter isso entre nós?

- Como assim?

- Não quero que todo mundo saiba que você já sabe.

    Mesmo sem entender o porquê da pergunta acabei concordando em não contar nada. Até porque não queria que todo mundo soubesse que eu sabia que o cara que eu amava era gay. Caramba eu me perdi aqui.

    Ofereci carona pra ela, mas Nessie preferiu voltar de uber. Disse que precisava pensar. Não me opus. Queria me transformar em lobo e correr pela floresta. E foi isso que fiz assim que ela entrou no carro.

    No caminho de volta pra casa eu não me aguentei. Chorei desesperadamente. O motorista ficou sem jeito, mas eu pouco me importava com o desconforto dele. Tive a impressão de ouvir um uivo triste ao longe, mas não tinha certeza.

    Quando cheguei em casa corri para meu quarto e me enterrei debaixo do edredom. Felizmente meus pais não estavam em casa, pois tinham aula no período da tarde hoje. Escutei meu celular tocar, mas o ignorei. Tudo o que eu queria fazer era chorar debaixo das cobertas. Em algum momento acabei dormindo.

    Corri e dei tantas voltas naquela pequena floresta que logo havia formado uma trilha na terra. O exercício e os uivos de dor eram escapes ridículos diante da dor que sentia. Sem ela ao meu lado eu era um vazio.

    Não sei por quanto tempo fiquei naquilo. Mas eventualmente eu tive que parar. Me alimentei em forma de lobo e me deitei para dormir ali na floresta mesmo. Ficar como lobo era mais fácil, menos emocional. Foi isso que fiz.

POV Zenday…

    Eram 8 horas da madrugada de um sábado quando meu celular tocou. Eu não precisava olhar o aparelho para saber quem era a criatura que estava me ligando. Só havia uma pessoa que adorava me acordar cedo aos sábados. Maxxie. Peguei o celular e deslizei, ainda de olhos fechados, o círculo verde. Coloquei o celular perto da orelha e falei:

- Hum…

- Meu Deus ‘Zie’ você tem que aprender a acordar cedo.

- Não.

- Você sabe que odeio quando você fica monossilábica.

- E?

- Deixa de ser chata. Eu sei que você já acordou. Agora levanta esse bumbum lindo da cama a vem abrir a porta pra mim.

- Não.

- Anda logo. Você sabe que vai ter que fazer isso mais cedo ou mais tarde.

- Mais tarde então. - Disse desligando o telefone.

    Eu sabia que isso ia irritar ele, mas ele começou. Então ouvi um grito lá de fora. Filho de uma boa mãe - não podia xingar a mãe dele porque ela era um amor de pessoa - Ele sabia que se minha mãe acordasse por causa disso ela ia me matar. Ninguém mexia com o sono da Dona Amélia. Ninguém.

    Pulei da cama e liguei para o imbecil do meu melhor amigo.

- Cala a boca ‘Bi’ quer que minha mãe me mate?

- Não. Eu quero que você abra a porta pra mim.

- Já estou descendo idiota. - Falei enquanto descia as escadas.

- A culpa é sua. Você ousou desligar na minha cara.

- A culpa é sua porque sabe que eu odeio ser acordada antes das 10 no sábado. - Respondi enquanto abria a porta.

- Eu sei, mas temos pouco tempo para o que vamos fazer. - Ele respondeu me olhando, mas ainda por telefone.

- E o que vamos fazer hoje? - Perguntei encerrando a ligação.

- O mesmo de sempre. Dominar o mundo! - Ele respondeu rindo enquanto desligava o celular.

    Não aguentei e ri da referência idiota ao desenho Pink e Cerebro que ele tinha feito.

- Tudo bem Cerebro. Mas não dava pra ser mais tarde?

- Não dava não. Na verdade não vamos dominar o mundo todo, só o da moda mesmo. huhuhuhu.

- A não…

- Nem vem. Eu te deixei livro por duas semanas inteiras. Você tinha me prometido que ia deixar eu mudar seu visual. Você me deu um vale Makeouver de bon voyage! - Disse ele puxando o cartão feito em cartolina barata que eu tinha dado pra ele dois dias antes dele viajar.

- Ok ok. Mas nada muito perua. Nem muito rosa! - Avisei pra ele enquanto era empurrada escada a cima.

    Onde eu havia me metido?