JungKook
Aperto os olhos quando sinto a claridade incidindo neles.
Agora é verão em Seoul, e eu estou de volta a Coreia, desembarcando do avião rumo a minha casa. O calor aqui é escaldante.
Sinto como se já fizessem anos que eu não piso aqui, mas na verdade foram apenas três meses. Três incríveis meses vivenciando experiências completamente diferentes, em lugares bonitos e ao mesmo tempo tristes.
Fico meio nostálgico quando lembro das coisas que passei lá, mas estou ansioso para chegar em casa e olhar as mais de cinco mil fotos divididas em várias câmeras e cartões de memória.
Vou até o estacionamento do aeroporto para pegar meu carro, que ficava em uma vaga de aluguel durante o período em que eu estava fora.
O porta malas fica um tanto cheio com todas as coisas que eu trouxe, e o preço que paguei pelo excesso de bagagem no avião acabou sendo um pouco caro, mas não tem problema.
O que importa é que estou totalmente realizado, embora esteja morrendo de cansaço.
- - - -
Adentro meu apartamento relativamente pequeno, sentindo o cheiro do ar parado, pelo tempo que as janelas devem ter ficado fechadas.
Tenho uma vizinha idosa bastante simpática que entra aqui de vez em quando pra molhar as plantas e guardar minha correspondência. É quase como uma avó, muito fofa.
A primeira coisa que faço é abrir todas as janelas, e então levo as malas para o quarto, empilhando todas em um canto.
Preciso tomar um banho mais do que tudo, e é o que eu faço.
Assim que abro a mala, avisto alguns embrulhos de presente. São de Jimin.
Preciso ligar para ele assim que puder. Pensei nele em tantos momentos...
Acabo por ir tomar banho logo, com a água gelada me fazendo arrepiar e prender o fôlego. Passo a mão pela minha mais nova tatuagem nas costelas.
Ele teria um surto se soubesse. Ele sempre tem um surto dferente pra tudo.
Saio do banho com a toalha enrolada na cintura, e rumo até a cozinha. Ótimo. Tem um gigante estoque de nada para comer.
Preciso urgentemente ir ao mercado ou vou acabar morrendo de fome.
Embora a vontade de dormir seja muito maior do que a de comer, já são quase cinco horas, e se eu não for agora, vou acabar enrolando e não vou ir nunca mais.
Coloco uma roupas qualquer e pego o carro novamente para ir até o supermercado, fazendo as compras na velocidade da luz.
Não suporto essa ideia de fazer compras. Acho que na verdade é um grande desperdício de tempo, e podemos fazer coisas bem mais úteis e interessantes do que passear entre as prateleiras sem nenhum objetivo.
Estaciono novamente no condomínio, e assim que desembarco do elevador em frente a minha porta, dou de cara com a Sra. Hyo, a vizinha que tem a minha chave reserva.
- JungKook você está de volta! - ela esboça um sorriso meigo. - Meu deus, como você está bonito!
- Oi Sra. Hyo... - falo um tanto constrangido, com as bochechas vermelhas. - Obrigado, eu acho...
- Estou com uma das suas plantas na minha casa. Ela estava morrendo ali, então a levei tomar sol na minha varanda.
- Ah, fico muito agradecido por isso! - sorrio para ela.
- Como foi a sua viagem? - pergunta curiosa.
Gosto de conversar com ela. Minha família mora longe, e ela faz meio que um papel de tia.
- Ótima. Foi mesmo muito incrível. Trouxe umas coisas para a Senhora.
- Pra mim? - seu sorriso se alarga. - É muito gentil da sua parte! Ninguém nunca se preocupa assim com essa velha maluca e com os seus gatos.
Por algum motivo, nunca via sua família ali, o que me levou a deduzir que ela é sempre sozinha.
Isso me deixa triste, e não há nada que eu possa fazer além de oferecer a minha companhia, embora eu muito pouco fique em casa.
- Vou guardar essas coisas e já volto para te mostrar. - Digo enquanto giro a chave na porta.
- Tudo bem. Vou esperar.
Ambos nos fechamos em nossas casas, e eu coloco tudo o que comprei em seus devidos lugares.
Me sinto extremamente cansado, após as longas horas de voo e as escalas em outras cidades.
Deito no sofá mesmo, pensando em dormir um pouco, mas acabo divagando numa sequência infinita de sonhos.
- - - -
Acordo muito tempo depois, com a noite escura e o vento entrando pelas janelas, balançando as cortinas.
Coço os dois olhos e encaro o teto por um tempo. Tiro o celular da tomada, e percebo que já eram mais de meia noite.
Tive um sonho estranho, mas que me deixou muito feliz.
Jimin estava nele, e estávamos andando juntos pelas ruas de Bangladesh.
Acho que as paisagens da Índia ainda não saíram da minha cabeça. E quanto a Jimin... ele nunca sai.
Mando uma mensagem, mesmo sendo tarde. Ele deve estar dormindo a essa altura, junto a Nam Il, pois os dois trabalham bastante.
Penso que ele nem iria responder, mas suas mensagens chegam em poucos segundos, o que me deixa bastante surpreso.
Jimin: oi Kook-ah!
Jimin: Nem acredito que finalmente está de volta! Estou morrendo de saudades também.
Jimin: se tivesse me dito antes, poderíamos ter saído hoje. Estou sozinho. Nam Il está de plantão, pra variar....
Jimin: mas podemos sair essa semana sim! Ligo pra você amanhã, ok?
Jimin: durma bem e descanse. Você deve estar muito cansado. Vou esperar com ansiedade.
Ler aquilo é quase como vê-lo falando pessoalmente. Seu modo de digitar demonstra seu ânimo real.
A última vez em que nos vimos foi no dia anterior a minha viagem, e ele parecia bastante triste. Lembro que ele estava bastante estranho, mas eu estava em uma correria muito maluca, então passamos só uma hora juntos, e eu prometi que conversaríamos melhor quando eu voltasse.
E aqui estou eu agora.
Preciso separar algumas fotos para mostrar a ele, e já sei até quais vão ser. As minhas favoritas. E tenho algumas que vão deixá-lo bastante surpreso.
Gostaria tanto que ele tivesse ido comigo... seria a cara dele visitar um local como aquele.
Mas como nossas vidas nunca nos permitem, eu trouxe um pedaço da Índia para ele.
Vai ser um dia divertido, e estou animado para que chegue logo. Tem tantas coisas que quero contar a ele...
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