História What if...? - Unbreakable heart

“They try to take your pride, try to take your soul

They try to take all the control

They’ll look you in the eyes, fill you full of lies

Belive me, they’re gonna try”

[ Kung Lao ]

— Espero que sua namorada valha a raiva de Lorde Raiden, Liu. — falei divertido, na tentativa de quebrar o clima tenso que existia ali.

Liu continuou calado, assim como em boa parte da nossa viagem até aqui. Ele estava bem estranho ultimamente, sempre nervoso e alerta demais.

Não me interprete errado, eu entendo o porquê de ele estar sempre alerta com tudo a sua volta e o porquê de qualquer toque repentino representar um sinal de perigo para si; sou o melhor amigo dele, afinal. Mas ele estava demais nesses últimos tempos.

Aquilo me agoniava. Eu queria saber o que estava acontecendo com meu amigo para ajudá-lo.

— Liu? Por que você ‘tá me ignorando, cara? — perguntei estalando os dedos perto de seus olhos, na tentativa de chamar sua atenção.

— Foi mal, eu estava viajando nos meus pensamentos. — se desculpou com um sorriso.

— Que tipo de pensamentos? Pode falar comigo, estou à disposição.

— É que... — bagunçou um pouco seus cabelos com uma mão e deu uma risada, estalando a língua em seguida. — Eu tinha um comentário quanto a Jade, aquela garota que a gente viu ainda agora. Preferi deixar pra lá, mas já que você ‘tá insistindo pra eu falar... — sorriu de lado. — Caralho, hein? Você nem ao menos sabe esconder que ‘tá afim. Eu percebi, Lao, nem vem esconder, eu sou o olho que tudo vê.

Mentira, Liu.

Bem, podia não ser uma completa mentira, comentários assim vindo dele eram normais e ele enchendo meu saco tinha virado rotina. Mas eu sabia que Liu tinha o hábito de estalar a língua antes de falar quando estava nervoso e tinha que mentir ou achar um jeito de mudar de assunto rápido. Aquilo só aumentou minha preocupação, mas eu deixei de lado no momento e entrei na brincadeira dele.

— Vai se foder. — dei uma risada.

— Você também, meu caro. — riu também e me mostrou o dedo do meio da maneira mais chique que eu já tinha visto.

Não me pergunte como, nem eu entendi.

— Até pra dar o dedo do meio tem que ser chique? — perguntei em um tom de sarcasmo.

— É claro. Que tipo de criatura das trevas eu seria se não soubesse xingar alguém com classe?

— Eu te odeio, seu puto.

Mentira, ‘bro, te amo na mais pura brotheragem.

— Sentimento mútuo, meu caro motherfucker.

Rimos um pouco até o som de passos vindo em nossa direção chegar em nossos ouvidos. Olhei para os lados, e de um lado vi um cara todo preto e do outro o que parecia ser uma parente do Goro.

Realmente, o Liu não tava mentindo quando ele disse “parente do Goro”.

— Parece que invadimos uma propriedade privada, senhor Liu. — falei em um tom divertido, ficando em pose de combate e de costas ao meu amigo.

— Sabe o que eu digo quanto à isso, senhor Lao? — ficou em pose de combate também. — Foda-se!

— E a classe, senhor Liu?

— Foi pra merda!

Dei uma risada e Liu avançou para cima da parente do Goro, deixando o outro cara pra mim. Enquanto eu lutava contra o Sombra (eu não sabia o nome dele, então usei esse “apelido” mesmo) via de canto meu amigo descer a porrada na parente do Goro, sem nem um pouco de piedade. Essas manias de “kill kill” que o Liu andava tendo me assustavam um pouco, mas ele está fazendo um bom trabalho varrendo as ameaças que vêm pelo caminho.

— INÚTIL! IGUAL AO PAI! — gritou Liu rindo, enquanto arrancava um dos braços da parente do Goro e a espancava com o mesmo.

Psicopata, sanguinário e amedrontador era pouco pra descrever ele no momento.

Quando ficou satisfeito e parou de espancar a shokan, Liu começou a me ajudar jogando bolas de fogo à distância. Depois de algum tempo, Sombra caiu no chão inconsciente.

— Bom trabalho. — falou rápido, dando uns tapinhas nas minhas costas. — Vamos logo, Kitana deve estar no Coliseu.

— Como tem tanta certeza? — perguntei, vendo ele se afastar aos poucos e pronto para segui-lo.

Ele se virou para mim com uma expressão séria, algo um pouco incomum vindo dele, e disse:

— Confia em mim, ‘bro, eu sei o que eu ‘tô fazendo.

[...]

[ Liu Kang ]

Calma, Liu.

Você não vai deixar ele morrer.

Você vai salvar seu melhor amigo, calma.

Se você conseguiu salvar o Sub-Zero, por que não conseguiria salvar o Lao?

É só você se acalmar, se concentrar, e matar o desgraçado do Shao Kahn.

Estávamos no Coliseu, vendo o Ermac (como ele ainda ‘tava vivo? Eu tinha feito churrasquinho dele com meu lança-chamas) dar uma surra no Johnny, quebrando até a perna dele. Eu tinha uma certa habilidade em colocar ossos no lugar (e em quebrá-los também), mas eu nunca tinha feito isso em ninguém além de mim mesmo, então ajudá-lo com aquela perna não era muito bem uma opção.

Vi o lugar onde Kitana estava acorrentada e fui tentar me esconder perto dali. Raiden disse algo quanto Smoke e Johnny terem sido derrotados, e que Sonya e Jax não estavam mais por ali, mas, como sempre, eu respondi a mesma coisa.

— Foda-se, eu não sou aquele que deve vencer mesmo.

Segui meu plano e me escondi perto do lugar onde Kitana estava presa. Raiden falou com Kung Lao e disse para ele lutar, tudo acontecendo como na linha do tempo normal. Shao Kahn ordenou que Quan-Chi e um carinha com roupas roxas lutassem contra Lao, aquela era minha deixa, tinha de começar a calcular o meu tempo a partir dali.

— Por que você insiste em tentar me ajudar? — perguntou Kitana enquanto eu tentava soltá-la.

Merda, Liu, se controle, não mostre suas emoções agora.

— Não posso falar no momento, foi mal. — correção: eu não poderei falar nunca. O que diriam se eu dissesse que eu viajei no tempo? Me chamariam do louco ou algo do tipo, com toda certeza. — Mas não são razões ruins, juro de mindinho. — ri um pouco na última parte. — Afasta um pouco o punho, vou tentar derreter a corrente.

Kitana fez o que eu pedi, me dando permissão para tentar derreter aquela corrente. Comecei a derretê-la, demorando um pouco por causa do material do qual as correntes eram feitas, mas ela logo derreteu por completo, livrando um dos braços da princesa.

O meu tempo começou a ficar escasso, já que Kintaro havia entrado na arena e já estava lutando contra Lao. E havia algo dentro de mim, um instinto que eu não sei pra que caralhos serve, gritando para eu fazer alguma coisa que eu não sabia o que era.

Mentira, eu sabia sim, apenas queria acreditar que eu não tinha a mínima ideia do que era.

Maldito instinto. Vai a merda com essa sua necessidade estranha de contato.

Eu não gosto tanto assim de contato físico (mesmo que as vezes não pareça), principalmente de toques repentinos, e tenho motivos pra isso. Meu corpo entra em estado de alerta por qualquer toque desconhecido e/ou inesperado, fazendo com que algumas pessoas até me chamassem de mal-educado por me esquivar dos toques em meu ombro ou dos “abraços” repentinos. Mas, mesmo assim, parte de mim parecia implorar pra sentir o toque de Kitana em minha pele.

Caralho, onde minha mente foi parar?

Consegui derreter a outra corrente com tempo de sobra, Kung Lao tinha acabado de executar Kintaro e estava se vangloriando. Vi o maldito do Shao Kahn começar a se aproximar pelas costas do meu amigo, e no mesmo momento senti o ódio e as más lembranças tomarem conta de mim.

Eu não vou deixar que meus amigos morram de novo, não vou deixar...

Depois disso, só me lembro de ver Shao Kahn caído no chão, e Kung Lao atrás de mim, vivo.

— Moleque! Como ousa?! — vociferou Shao Kahn, se levantando do chão.

Do nada, minha cabeça começou a latejar e os meus pulsos começaram a queimar. Por que eu estava sentindo meus pulsos queimarem? Eu controlo fogo, ser ameaçado por ele é quase impossível. Levantei meus pulsos na altura de meus olhos e vi o que pareciam ser tatuagens de chamas em ambos, com um forte brilho laranja emanando das “tatuagens”.

Mas o que diabos...?

“Finalmente você despertou, maninho, estava na hora.”

Você...

“Sentiu minha falta?” a voz riu “Bem, não importa, agora não é hora de colocarmos o papo em dia. Você precisa mostrar para todos aqui o assassino que você sempre foi.”

Abaixei meus punhos e olhei fixamente para Shao Khan, enquanto percebia que minha visão começou a ficar avermelhada.

Preciso eliminá-lo de uma vez.

“Honre o ‘sanguinário’ que está em seu nome, Liu.”

[...]

[ Narrador ]

Liu sentia sua cabeça latejar, enquanto aquela voz falava algo que não conseguia entender e sua visão ficava completamente avermelhada. Todos olhavam para ele, surpresos pelo fato de um reles garoto ter conseguido derrubar o seu querido imperador com apenas um simples chute.

Liu piscou algumas vezes, tentando se acostumar com sua nova visão. Nesse momento, seus olhos mudaram de cor, a cor negra de sua íris se dirigiu para sua esclera, deixando a mostra sua “verdadeira” íris cor de rubi, que muitos exoterranos e edenianos temiam com todas as forças. Abriu e fechou a boca algumas vezes para ir se acostumando também com sua nova dentição: seus caninos estavam praticamente parecidos com os de um animal, e estavam prontos para dilacerar qualquer tipo de carne.

Era quase uma verdadeira besta.

O campeão avançou para cima de Shao Kahn e o segurou pelo pescoço, o jogando para o outro lado da arena com uma facilidade assustadora. Todos os olhares se direcionaram à ele novamente, todos impressionados pela força aparentemente monstruosa daquele guerreiro. Faziam tantos milênios que não haviam visto alguém com tamanha força bruta e habilidade.

Tirando aquela raça que havia sido dizimada há quase trinta anos atrás.

O imperador se levantou novamente e foi em direção ao garoto. Liu gritou, não de um jeito humano, mas sim de um jeito que apenas uma besta gritaria, um rugido, e avançou também. Ambos trocaram alguns socos e chutes, até o campeão arrancar uma das costelas do imperador, que começou a urrar de dor, dando brecha para que o garoto começasse a apunhalá-lo sem dó.

— MORRA! MORRA! MORRA! — gritava o campeão a cada apunhalada que dava, até mesmo sua voz havia mudado para um tom mais bestial. — MORRE LOGO, PORRA!

Shao Kahn pegou sua própria costela e fez um corte no olho esquerdo de Liu, o jogando para longe em seguida. O campeão se levantou rapidamente e colocou uma de suas mãos em seu olho recém-cortado, vendo que tinha sangue na palma de sua mão e entrando em pânico. Abriu seu olho cortado e percebeu que estava enxergando normalmente com ele, estava normal, só tinha uma cicatriz a mais em seu corpo.

Liu rugiu novamente e fez seus punhos pegarem fogo. Shao Kahn avançou novamente para cima dele, levando três bolas de fogo certeiras em seu corpo. Liu fez o imperador ficar de joelhos em sua frente e arrancou o coração do mesmo, jogando-o no chão e esmagando-o em seguida.

— Queime no fogo do Inferno, Imperador.

O campeão colocou um de seus pés no pescoço de Shao Kahn e colocou suas duas mãos de cada lado do capacete que o imperador usava, começando a puxar a cabeça de Shao Khan dessa maneira até conseguir decapitá-lo.

Dessa vez, aquele maldito imperador não iria voltar.

Exibiu a cabeça de Shao Kahn como se fosse um troféu para todos dentro do Coliseu, que ficaram em silêncio imediatamente. Seu imperador havia sido derrotado, sem sombra de dúvidas aquele guerreiro era o sobrevivente daquela raça de monstros assassinos.

— QUEM QUER SER O PRÓXIMO? — gritou o garoto em um tom desafiador, abaixando a cabeça de Shao Kahn. — ALGUM VOLUNTÁRIO?

Todos ficaram em silêncio.

— Ótimo. — falou queimando a cabeça de Shao Kahn, depois sentiu sua cabeça latejar novamente. — MERDA!

Kitana e Kung Lao correram em direção ao campeão, que havia caído de joelhos por causa da dor, e o levantaram, enquanto Raiden dava um fim no resto do corpo de Shao Kahn.

“Boa, maninho... bom assassino.”

[...]

Raiden trouxe os guerreiros até um local seguro, onde estava Sub-Zero com alguns machucados leves sentado no chão. Liu grunhia baixo por causa da dor de cabeça que sentia e seu corpo inteiro estava fodidamente tenso. O cryomancer se levantou e tentou ajudar o campeão, mas o mesmo se esquivou da maneira que pôde da mão de Sub-Zero que mal havia feito contato com a pele exposta de seu braço.

— Não toca nele, é melhor. — Lao avisa em um tom baixo, e Sub-Zero apenas assente com a cabeça, indo para o lado de Raiden.

Kung faz um gesto para Kitana ajudá-lo a colocar o campeão sentado no chão, e quando o fazem, Liu fica quase que imediatamente em posição fetal, com as mãos nas laterais de sua cabeça.

— Temos que buscar Johnny Cage e Smoke. — disse Raiden, se retirando fazendo um gesto com a mão para que Kung de aproximasse.

— Não acha melhor eu ficar com ele? — Lao pergunta, meio hesitante quanto a deixar seu amigo sozinho com uma “desconhecida”.

— Não há problema, Kung Lao, vamos. — o deus o chamou de novo e o chapeleiro solta um suspiro pesado, se aproximando de Raiden. — Vigie ele, Kitana.

A princesa assente com a cabeça e Raiden se tele transporta junto com os outros dois guerreiros, deixando-a sozinha com o campeão.

O que ele havia feito com Shao Kahn há pouco tempo atrás foi no mínimo assustador, e faria qualquer pessoa em sã consciência querer manter distância.

Mas naquele momento ele parecia tão fraco... tão quebrado... tão vulnerável...

E ele havia ajudado-a antes, então ela devia ajudá-lo também para pagar o favor, certo?

— Sua cabeça está doendo muito? — Kitana perguntou, se abaixando e colocando uma mão no ombro do mais novo, da qual ele se esquivou rapidamente, como havia feito com Sub-Zero há alguns minutos atrás.

Por mais grosseiro que soe, o primeiro questionamento que surgiu na cabeça da princesa foi “o que esse garoto tem?”.

— Me desculpe... — ele disse em um tom baixo e fraco, quase inaudível, ainda de olhos fechados e com as mãos nas laterais da cabeça. — Não gosto de toques repentinos...

— Tudo bem.

— Quando for pra ter contato físico comigo, me avisa ou se certifique de que eu esteja olhando, ok? Desse jeito eu não me assusto. — o mais novo explica da maneira que pôde, abrindo um pouco seus olhos e implorando para os Deuses que Kitana não lhe enchesse de perguntas sobre a sua “fobia de toque”. Kitana só acena positivamente com a cabeça e Liu respira fundo. — E minha cabeça ‘tá latejando, na verdade, e meus ouvidos estão zumbindo um pouco também. Parece que eu caí de um prédio de uns doze andares com a cara no asfalto e que alguém gritou com um megafone nos meus ouvidos depois. — ele ri, se arrependendo imediatamente ao sentir sua cabeça doer mais. — Que inferno, nem rir das minhas piadas ruins eu posso.

A princesa dá uma risada baixa, e Liu sorri fraco.

Era bom ouvir aquilo.

— Quer ajuda com essa dor de cabeça?

— Uhum. — o campeão concorda, tirando suas mãos das laterais de sua cabeça e relaxando um pouco seu corpo tenso.

— Eu... vou ter que tocar na lateral da sua cabeça. Tudo bem? — Kitana fala um pouco hesitante, não queria que o outro se sentisse desconfortável e se esquivasse do toque de novo.

— Tudo bem... — o moreno responde naquele mesmo tom fraco, fechando seus olhos. — Vai em frente, e valeu por avisar antes.

A mão da princesa foi envolvida por uma espécie de energia azul escura, e tocou a têmpora direita do mais novo, ficando por algum tempo ali. Liu deu um suspiro aliviado, sentindo a dor de cabeça se esvaindo aos poucos, e ficou um pouco decepcionado quando a mão se afastou de sua têmpora. A mão logo voltou, mas no corte em seu olho, fechando o mesmo e deixando apenas uma cicatriz. Não sabia que a princesa tinha poderes curativos, mas não tinha a vontade de perguntar no momento.

O silêncio se instalou entre os dois por alguns poucos minutos, até Liu abrir seus olhos lentamente e sentir seu corpo completamente relaxado e sua mente leve. O mundo também girava um pouco... aquilo era familiar demais.

— Você me dopou? — tentou usar um tom sério, mas acabou rindo no final.

— Não...? — Kitana respondeu com certa dúvida.

— Que estranho, eu sinto como se eu estivesse dopado de novo. Que merda. — mais uma risada. — Seus poderes devem ser dos bons se até dopar alguém eles conseguem.

— O que é estar dopado, exatamente? — a princesa pergunta de novo, se sentado ao lado direito do campeão.

— Eu não sei explicar direito... — Liu pensa por um tempo, mexendo a cabeça de um lado para o outro algumas vezes e rindo por causa disso. — É tipo... estar aqui e ao mesmo tempo não estar. É sentir tudo ao extremo e ao mesmo tempo não sentir nada. É ir para as nuvens, descer pro Inferno e depois voltar pra Terra. — outra risada. Por que tinha que rir tanto quando estava dopado? — Eu falei que eu não sabia explicar direito.

— Sem problema, acho que entendi. — Kitana ri um pouco também.

Liu fecha os olhos e dá um pequeno sorriso de lado, em seguida abrindo seu olho direito e olhando para a princesa. — Agora que eu percebi que você 'tá sem máscara... é, eu sou meio lerdo e meio cego, mas você fica bonita assim. — ele fecha seu olho direito de novo e coloca uma mão em seu rosto, começando a gargalhar. — Desculpa por essa, é que eu sou um dopado honesto demais e muito feliz, e é melhor eu parar de falar antes que eu fale alguma coisa que eu não deva. — o campeão tira a mão de seu rosto e começa a olhar para cima. — Algumas pessoas me chamavam de Sunshine por causa disso, porque eu era muito feliz e conseguia contagiar as pessoas com essa minha felicidade, o que é bastante contraditório, se me permite dizer. — outra risada, mas dessa vez um pouco ácida. — Acredite ou não, eu só sou feliz assim quando estou dopado. Quando eu estou sóbrio passa tanta coisa ruim pela minha cabeça que é impressionante eu não ter um ataque de ansiedade a cada cinco minutos e ainda por cima conseguir parecer feliz. — risada de novo. — Bem que dizem que é difícil estar sóbrio, e eu concordo, são muitas as preocupações que passam pelas nossas cabeças diariamente. Conseguir esquecer delas mesmo que seja por um curto período de tempo é como achar a oitava maravilha do mundo. E por falar em oitava maravilha do mundo- — Liu dá um leve tapa em seu rosto, dando outra risada. — Não, Liu Kang, não ouse completar essa frase, isso é baixo demais até pra você.

— Por que? Fiquei curiosa. — Kitana sorri.

— Você não vai querer saber, acredite em mim. — o mais novo sorri de lado de novo, virando um pouco sua cabeça para o lado para encarar Kitana. — Desculpa por você ter que ouvir essas coisas desconexas de um dopado. Você nem me conhece direito, deve estar sendo desconfortável pra caralho.

— Está tudo bem, sério.

— Não minta pra mim...

— Não é mentira.

— ‘Tá bem, eu acredito dessa vez. — ele ri e vira sua cabeça de novo, voltando a olhar para cima. — Valeu por me aguentar, e por não começar a me metralhar de perguntas quando eu disse que não gostava de toques repentinos.

Antes que outra palavra pudesse ser dita, o som de um trovão foi ouvido, e Raiden apareceu com Kung Lao, que estava carregando Johnny Cage nas costas, Sub-Zero e Smoke, que não parecia tão machucado assim.

— Temos que voltar para a Terra e nos preparar. — Raiden diz sério, já abrindo um portal para o Plano Terreno.

— Laooo, me ajuda, I’m doooooooooooooope... — Liu fala rindo e um pouco arrastado, se virando para o seu amigo e estendendo um pouco seus braços.

— Pelos Deuses... — Lao dá uma risada baixa e faz um gesto para que Sub-Zero carregue Johnny, logo em seguida se aproximando de seu amigo e segurando a mão do mesmo para que ele se levantasse. — Andou roubando do stash pessoal do Dylan de novo, Scene?

— Não, Jaaaaaaaaaayy... — Liu ainda ria e falava arrastado, se apoiando no ombro do seu amigo do jeito que podia. — Eu peguei do seu stash pessoal dessa vez.

— Sense this urgency.

— ‘Cause I don’t wanna get high alone! — o campeão exclama e seu amigo revira os olhos rindo. Liu se vira para Kitana outra vez e estende uma de suas mãos. — Vem com a gente, ‘vamo pra casa.

Kitana hesita em aceitar a proposta do outro, e o mesmo franze um pouco o cenho.

— Vem com a gente! Ou eu não saio daqui! — exclamou em um tom quase infantil, cruzando seus braços sobre seu peito.

— Não se eu te arrastar... — Kung diz divertido e começa a “arrastar” seu amigo.

— Vem logo, ele ‘tá me arrastando! — Liu exclama outra vez, tentando criar uma resistência a “força” que Lao estava fazendo para “arrastá-lo”.

A princesa ri e desiste, aceitando a oferta de ir para o Plano Terreno junto daqueles guerreiros.

— Aê! — o mais novo exclama feliz, se apoiando direito em Kung Lao de novo. — Casa!

Raiden, Smoke e Sub-Zero, que estavam olhando aquela cena com pokerfaces de dar inveja, foram os primeiros a cruzar o portal, com Johnny ainda desacordado sendo carregado pelo cryomancer. Lao e Liu foram em seguida, fazendo piadas que provavelmente só eles entendiam, e Kitana ia atrás.

Liu parecia ser uma boa pessoa, alguém que é bom ter por perto, mas a princesa estaria mentindo se ela dissesse que aquela “conversa de dopado” não deixou um certo peso em sua consciência