História What is love? - Fillie - Cap.10 - Viver

Pov. Millie

Após o infeliz ocorrido com Finn mais cedo, mamãe chegou e almoçamos, por incrível que pareça, o ar pesado que disseminava o ambiente quando eu cheguei não existia mais. Cheguei antes que mamãe porque David a ligou e ela teria que resolver uns assuntos do hospital, coisa rápida, mas eu preferi vir antes.

O almoço ocorreu super bem, Win fez lasanha, lasanha e domingo combinam perfeitamente, estava deliciosa e eu perdi as contas de quantas vezes repeti o prato e até derramei um pouco de suco em vestido branco o que causou uma risada em Finn pelo meu desastre, sorte que moro ao lado então correndo saí e troquei de roupa e voltei na mesma velocidade, percebi que Finn só bebericou sua comida, mas tudo bem, eu ainda o farei comer como gente ou então não me chamo Millie Bobby Brown.

Ele e mamãe se deram super bem, ela arrancou várias risadas dele, e meu, que risada gostosa de se ouvir, ele poderia rir sempre né? Win ficou contando histórias de sua infância e mamãe a mesma coisa, eu e Finn escutávamos com atenção, e até ele me contava umas histórias suas que me arrancaram boas gargalhadas.

Estamos todos agora no jardim, eu e Finn no balanço, mamãe e Win sentadas em um banco perto de um canteiro de flores. Devem conversar sobre comida, quando o assunto é esse, não tem quem pare as duas.

Parando para pensar, até que está sendo bem legal aqui, o ar está leve, e a companhia de Finn está sendo agradável, e a tarde está fresquinha, a brisa que passa em nós é refrescante. Ele não está se mostrando o garoto que eu pensei, imaginei que hoje ele se trancaria no quarto ou então ignoraria minha presença, mas não, ele conversa, é engraçado e até divertido, eu consegui arrancar risadas dele e até tirei uma fotinha (foto acima) nossa.

Mostrei a foto e pedi permissão para postar em meu Instagram, e recebi um “nossa eu sou lindo demais porra” vindo dele, revirei os olhos e entendi isso como um sim. Postei com a legenda “eu e face frog” pois ele me contou que quando era criança esse era o apelido dele, Win me mostrou uma foto sua menor e sim, ele tinha cara de sapo. Mal postei e a foto logo ganhou vária curtidas.

Estou rindo olhando para o celular devido aos comentários, Finn me olha e eu continuo rindo.

-Tá rindo do quê palhaça? – Pergunta e estica o pescoço tentando ver o que está no celular

-Não tem a foto nossa que eu postei? – Pergunto e ele confirma – estão achando que você é meu namorado – falo rindo e ele arregala os olhos

-Quê? – Pergunta rindo também

Viro a tela do celular em sua direção, especificamente o comentário de Lilia “Gente do céu Millie finalmente desencalhou! Deus é bom o tempo todo! ” E o de Maddie “Millie nunca namora e quando finalmente arruma um boy é um gato, sorte tem nome e se chama Millie Brown” .

-Que eu estou gato aí eu sei, agora que você não namora isso é novidade – fala e eu pego meu celular e reviro os olhos – ah nem vem revirar os olhos Brown, diz aí, não namora por quê?

-Ninguém é digno – respondo e bloqueio a tela do celular e ele me olha entediado e eu bufo – nem me olhe assim, sei nem porque está surpreso em saber que eu não namoro

-Somos dois encalhados – fala e eu riu fraco – mas sério, não namora? – pergunta chocado

-Não, algum problema pra você? – falo meio irritada, não gosto de falar sobre esse assunto

-Nenhum, é só que você é rara Millie – fala sincero e eu o olho com a testa franzida – quero dizer que moças engraçadas, inteligentes, divertidas e lindas são raras no mundo atual – fala calmo, sinto meu rosto queimar, droga, devo estar corada, suspiro negando com a cabeça.

-Não sou tudo isso – falo e ele nega rapidamente -Não pode dizer isso, nem me conhece direito

-Claro que é, e não te conheço, mas bastou um almoço e metade de uma tarde para eu constatar isso, e qual é pequena, qualquer um vê isso, e quem não vê é um otário – diz e eu sorrio envergonhada

-Pequena? – Pergunto e ele sorri

-Alta você não é, daqui a pouco vou ter um problema na coluna de tanto me encurvar para te ouvir – fala e eu abro a boca em um perfeito “O”

-Você que é alto demais, poste ambulante – falo e ele ri

-Você que é baixa demais, toco de amarrar jegue – dou um tapa em seu braço ele teatralmente faz uma careta de dor, reviro os olhos

-Mas e você – ele me olha – já namorou? Ou sempre esteve no círculo dos encalhados? – Pergunto e me arrependo de ter perguntado, pois sua face que esbanjava alegria se tornou sombria e triste – Não precisa responder se não quiser – falo e ele nega

-Não, tudo bem, eu já namorei sim, Sophie Levy, ela é linda e é como a abelha rainha do colégio, eu não sei o que ela viu em mim, mas veio e me conquistou com a sua beleza. Eu não sei se gostava dela ou se estava carente, mas me apaixonei, namoramos e do nada ela começou a ter vergonha de mim, se tinha um conhecido por perto ela dizia que eu era só um colega, me ignorava quando ela estava com seus amigos, enfim, não deu mais, isso estava me destruindo, ela partiu meu coração e eu vi, por meus amigos que me apoiaram que não estava mais dando e terminei, na verdade ela me humilhou né, demorou, mas eu superei, Levy é passado agora. – Ele me olha sereno enquanto eu estou chocada, como ela pôde, que safada – Desde então nunca mais namorei, nunca achei alguém que merecesse meu amor mesmo, e, também nunca procurei, mas quem sabe um dia né. – Termina e eu confirmo com a cabeça.

-Sinto muito por isso, ela é uma idiota que não sabe de nada, você é incrível Finnie, e irá encontrar alguém que o ame verdadeiramente – falo e ele sorri ainda me olhando

-Não pode dizer isso, nem me conhece direito – repete o que eu disse a minutos atrás e eu sorrio

- Claro que é, e não te conheço, mas bastou um almoço e metade de uma tarde para eu constatar isso – entro na brincadeira e ele ri nasalmente

-Bem – suspiro – sobre eu não namorar Finnie...- ele me interrompe

-Não precisa contar só porque eu falei sobre eu pequena – fala tranquilo

-Preciso me acostumar com você me chamando de pequena – digo e ele sorri

-E eu com você me chamando de Finnie – sorrio

-Sério, não precisa – suspiro e fecho meus olhos

-Obrigada, quem sabe um dia – falo por fim e o olho, ele sorri concordando com a cabeça

-Você é legal Brownie – fala e eu sorrio

-Você também é Finnie – respondo e pego em sua mão machucada e começo a tocar na faixa, reparo que em sua outra mão há um fino corte e eu lembro de sua tentativa de suicídio, suspiro e não pergunto nada

-Vou estudar na mesma escola que a sua – fala e eu confirmo – vai me abandonar lá não né? – Pergunta sério e eu o encaro

-Ah sim, vou te ignorar e quando me perguntarem quem é, eu vou responder “nunca nem vi” - falo sarcástica e ele revira os olhos –Olha para mim Finnie, tenho cara de que abandono um amigo? – Pergunto

-Não, você tem cara de que é a típica amiga chiclete – fala e eu o olho de testa franzida – Não desgruda nunca – fala e eu solto uma risada alta – e eu sou seu amigo? – O encaro entediada

-Querido, a partir do momento em que eu te dei um apelido, você entrou aqui – aponto para o meu coração – você é meu amigo e espero que me veja como a sua também, senão eu te quebro! – Ameaço e ele levanta as mãos em rendição

-Está bom, está bom dona Millie, você é minha amiga também – fala e eu sorrio

Continuamos conversando sobre coisas aleatórias, sobre a vida e o jeito que o Finn enxerga o mundo é triste demais, tudo muito cinza e eu estou disposta a dar uma nova cor a ela.

Pov. Finn

Passei a tarde inteira conversando com Mills, e estou mais leve, gosto de me distrair, pois esqueço por um instante de como a vida é pesada, incrível de que é vida para ela é tão leve e para mim já é um fardo grande que carrego nas costas.

Nos despedimos quando deu 19:00 e então ela teve de ir embora, mas antes me disse que na escola me apresentaria seus amigos e que todos eles são legais, na hora sorri, mas na verdade estou nervoso, não sou como todos, sou diferente e sei disso, mas prefiro só seguir adiante, se der deu, se não der certo, paciência.

Dentro de casa, observo vovó preparar um café, ela põe a água para ferver e se vira para mim séria.

-Ok Finn, o que aconteceu hoje mais cedo? – Pergunta se sentando na cadeira e colocando as mãos na mesa.

Não hesito e conto tudo, o que o meu outro eu falou e todo o resto, termino e a encaro cansado, ela suspira.

-Finn, ele é só uma obra criada na sua mente, você é forte sim e só o fato de dizer isso a si mesmo comprova. Ele é um espírito que só você pode combatê-lo – fala e eu suspiro

-Como?

-Sendo superior, sendo melhor, seu pior inimigo será a sua mente Finn, ela conhece suas fraquezas, se você tiver pensamentos positivos, e eu sei que é difícil, você consegue – sorri – porque é isso que você é filho, forte – termina e toca em minha mão – meu pequeno guerreirinho – fala e eu sorrio – gostou da Kelly e da Mills? – Confirmo com a cabeça

-Elas são legais – digo – Mills é linda, muito engraçada e maluquinha – falo e vovó estreita os olhos, riu nasalmente – gostei dela, como amiga vó – falo e ela confirma com a cabeça

-Mills é uma joia rara – fala e se levanta para ir terminar de fazer o café.

Me levanto e aviso que qualquer coisa estarei no quarto, saio caminho até o cômodo, entro em meu quarto e resolvo arrumar minhas coisas, demoro e então tudo finalmente está em seus devidos lugares, pego meu celular e respondo as mensagens, e entro no meu Instagram, sim eu tenho um Instagram mas nunca o vejo, antes mesmo que eu procure pela Millie vejo que ela me marcou na foto, cara, quando uma menina diz que é do FBI não duvide, pois nem foto de perfil eu tenho e meu nome está “SadWolf”, ela me seguiu e eu a sigo de volta, a sua conta é privada e ela me aceita rapidamente, sorrio.

Fico vendo suas fotos, algumas delas com uma garota ruiva, outras com uns garotos e meninas loiras, e outras de paisagem ou flores, e que fotos, Millie sabe como tirar uma foto boa, devo ter demorado vendo as fotos uma por uma, pois quando eu comecei a ver eram 19:30 e já são 20:00, no total tem mais de mil. Curto a que ela me marcou e comento “tarde boa com a melhor companhia”.

Bloqueio a tela do celular e olho a janela, caminho até ela e vejo que Millie está sentada na sua lendo um livro, assovio e ela me olha e sorri, a luz da lua reflete em seu rosto, ela está com seu cabelo preso em um coque bagunçado e usa um vestido amarelo, e cara, ela está de óculos, está linda.

Com o celular em mãos, aponto para o mesmo e ela pega o seu, trocamos nossos números mais cedo.

Eu: Lendo o quê?

Belos olhos: Orgulho e Preconceito

Eu: Fãs de romance pequena

Belos Olhos: Sempre

Eu: Posso te confessar uma coisa?

Belos Olhos: Claro

Eu: Eu gostei do dia de hoje

Envio e a olho, ela sorri docemente me olhando e digita algo

Belos Olhos: Digo o mesmo Finnie

Eu: Eu agradeço, sério Mills, te agradeço por não ter sentido pena de mim mais cedo

Belos Olhos: Não tenho motivos para sentir pena vc

Eu: E eu agradeço por me olhar assim, sério, vc não sabe como é sufocante olhar para as pessoas e elas te olharem com pena, “pobre garoto suicida”, é horrível. Mas com vc e a tia Kelly não, vcs me trataram como só mais um no mundo e eu gostei disso.

Belos Olhos: Fico feliz por isso, e como eu falei, não há motivos para lhe tratarmos com certa diferença, afinal, vc não tem nenhuma anomalia e nem se tivesse, continuaria te tratando dessa forma

Eu: Exato, quando vc chegou e me viu no chão, pensei que ficaria assustada e correria para bem longe de mim, mas vc veio comigo e ainda cuidou da minha mão, e quando me abraçou eu me senti acolhido e seguro, obg mesmo.

Escuto um assovio e a encaro vendo que ela está fazendo um coraçãozinho com a mão, sorrio

“É estranho”

Belos Olhos: O q é estranho?

Eu: De alguma forma, é como se minha alma já conhecesse a sua antes mesmo de nos encontrarmos de fato, no seu abraço, senti como se estivesse em casa após um longo período fora.

Belos Olhos: Awnnttt q lindo Finnie, seria estranho se eu dissesse que senti o mesmo?

Eu: Sério?

Belos Olhos: Sim Finnie, por isso o abracei com tanta intensidade, pq eu gostei e me senti em casa tbm, é confortante ouvir isso de vc, meu coração ficou quentinho

Eu: Mills vc tem certeza?

Belos Olhos: ??

Eu: Millie, vc sabe q eu tenho depressão, eu sou instável, posso explodir a qualquer momento como ocorreu mais cedo, e eu não quero que vc se machuque ou algo assim por minha causa    

Belos Olhos: Eu sei Finnie, sou ciente de tudo isso

Eu: Vc quer mesmo ser minha amiga? Quer mesmo que eu adentre em sua vida mesmo sabendo que o final pode ser trágico?

Envio a mensagem e temo pela resposta, a encaro vendo que ela encara fixamente a tela do celular, o livro está fechado em seu colo, ela suspira e meche os polegares por cima da tela e então digita.

Belos Olhos: Finn, ter vc na minha vida é um risco que eu corro sem ter medo entende? Se o final for trágico, isso só depende de nossas escolhas. Eu estou disposta a ser sua amiga, estar do seu lado quando vc precisar e até mesmo quando não precisar, não tenho medo de sair machucada nessa, e então Finn, sim, eu quero ser tua amiga, na vdd já me autodenominei como uma

Eu: Vc sabe q é maluca por fazer isso né?

Belos Olhos: Nunca fui sã, então...mas e vc? Quer mesmo adentrar no incrível mundo de MBB? Quer correr o risco de rir até das coisas mais inúteis que possam acontecer? De sorrir e rir tanto a ponto de suas bochechas e barriga doerem? De engordar pq afinal, eu como pra  porra e quem é meu amigo vem junto, quer mesmo saber que as menores coisas da vida são as mais lindas e especiais? Tem certeza de que quer isso?

Um sorriso largo cresce em meu rosto, não respondo, a olho e ela sorri lindamente para mim, ela digita algo e me olha

“Vou entender isso como um sim”

Confirmo com a cabeça e ela bate palminhas

Eu: Tenho medo disso, mas quero internar-me nesse teu mundo que me parece encantador

Belos Olhos: Só cuidado Finnie, vc pode se viciar, afinal, quem entrou nele nunca mais quis sair

Eu: É um risco, mas não tenho medo

A encaro e ela sorri docemente, escuto sua mãe a chamando e ela se vira rapidamente, faz um biquinho e eu falo um “vai lá” e ela me dá um tchauzinho. Observo ela sair da janela e então sumir completamente da minha vista.

Olho para o céu que está perfeitamente estrelado, suspiro e fecho os olhos decidindo naquele mesmo instante que eu quero viver, que eu sou forte, que nem tudo nessa vida é ruim, um vento gelado e forte passa em meu rosto, me viro olhando para os caquinhos de vidro no chão, pego a vassoura e a pá começando a retirá-los e tudo fica limpinho.

Sento na cama e me deito, pego meu celular e meus fones e coloco uma música, começo a pensar em tudo, eu, minha família, minha tia, meus amigos, vovó, Kelly e antes que me desse conta, estou sorrindo ao pensar em Millie e em seus belos olhos, que parecem ler minha alma toda vez que me encara. Talvez sejam por eles que eu precise viver, meus pais meu irmão e minha tia não tiveram escolha de continuar neste mundo, eles queriam viver mas a vida não.

Meus amigos, minha vó, tia Kelly e minha nova melhor amiga torcem por mim, e eu nunca senti uma vontade tão grande como estou sentindo agora de trazer orgulho a elas, eu preciso disso, por elas e por mim.

Eu quero viver de verdade, sem sentir o medo de ser a melhor versão de mim mesmo, eu quero desejar viver e quero por isso em prática...Respirar aliviado por existir e, mesmo se houver momentos de fraqueza, continuar tentando, quero colocar os dois pés para fora e encarar o que me acopla do lado de dentro. Eu almejo tentar viver.