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História What to expect (When you're expecting) - Tears and fears


Escrita por: FuckingSwen

Notas do Autor


Olha quem voltou com mais uma fanfic. não é mesmo? aksjdnakdnkasjd
Então, SMTS ja foi finalizada e para quem não leu, eu recomendo. Flares também será finalizada até o final do mês e por isso eu vim aqui com mais essa estória.
O que vcs precisam saber: essa ff não é fofa e cheio de amores como SMTS, ela vai ter mais drama e ser um pouco mais intensa. Não vou fazer ninguém sofrer desnecessariamente, relaxem.
A ff gira em torno do assunto "gravidez" e também do fato que aqui a Lena não sabe sobre a identidade real da Supergirl.
Não temos Mon-El aqui pq não, pq eu não quero e pq n faz falta. Também não teremos "Lames" e caso tivesse eu iria ter o prazer de separar.
Essa ff se passa num intervalo entre season 2 e season 3 então talvez n haja menção da Sam, Reing e companhia.
Teremos Sanvers SIM!

No mais é isto, galeris. Teremos muitas coisas fofas sim, teremos momentos hilários e também momentos tristes. Espero que gostem...

Boa leitura :)

Capítulo 1 - Tears and fears


As semanas que se passaram após a invasão daxamita foram como um borrão. Lena não via as horas correrem e sequer percebia que estava gastando todos os seus dias dentro da L-Corp, não que alguém estivesse surpreso, principalmente ela. National City estava segura, o planeta Terra estava protegido e durante dias, a imprensa só soube redigir matérias sobre a Luthor que impediu uma escravização em massa.

Era para Lena sentir-se bem e talvez até aliviada, mas a sensação de ter se tornado igual a Lex ou Lilian ainda habitava seus pensamentos. O que a fazia diferente deles agora? Sim, havia interrompido os planos de uma alienígena insana, porém quantos daxamitas não morreram nesse processo? Aliás, esse não era praticamente o slogan da sua família? Estava ficando exaustivo remoer essa culpa e sua saúde demonstrava o quanto isso era preocupante.

Kara. O que diria para sua melhor amiga? Qual desculpa inventaria ou argumento sólido suficiente Lena conseguiria ter para explicar que Mike tinha que ir embora? Óbvio, a Supergirl devia ter conversado com a repórter e provavelmente era melhor assim, a heroína da cidade com toda certeza tinha mais pulso e emocional para contar toda a verdade. Não que melhorasse a dor em seu peito, que vira e mexe a fazia chorar no banheiro tarde da noite, a fazendo ter certeza que tinha acabado com a felicidade da melhor amiga, e consequentemente com sua única amizade.

Como seria daqui para frente?

A loira não atendia suas ligações, não respondia suas mensagens e quando o fazia, as desculpas eram as mais estranhas possíveis. Kara a estava evitando, era claro. Mais uma vez ela havia fracassado com algo que amava. Mais uma vez ficaria sozinha. A situação em si nem era bem o problema, sendo sincera, ser criada como uma Luthor te dava um PhD em solidão. A quem ela queria enganar, já era esperado que um dia Kara se decepcionaria com alguma atitude ou decisão que ela fosse obrigada a fazer.

Suas noites se tornavam dia na mesma velocidade em que ela terminava um garrafa de vinho. As refeições se resumiam a barras de cereais e a porções de salada que Jess fazia questão de comprar na hora de almoço. Se não fosse por sua secretária, provavelmente Lena estaria bem pior. A verdade é que que a Luthor já estava padecendo, sentindo dores de cabeça intensas, enjoos e falta de apetite, sem contar alguns aromas que ficaram estranhamente mais perceptíveis.

No dia anterior, a CEO atendeu a um grupo de investidores que vieram conhecer o novo laboratório de mecânica, era para ser algo agradável, afinal esse era um dos seus setores favoritos, onde vários projetos estava sendo realizados e também onde estagiários, tão jovens quanto ela, construíam um futuro melhor. Ao chegar ao local, um forte cheiro doce e enjoativo atingiu-lhe as narinas e a ânsia foi instantânea. Sem tempo para pensar, sua saída foi correr para o banheiro e vomitar todo o precário almoço que teve.

Sua pressão baixa a incomodava, as dores de cabeça iam e vinham, a deixando nervosa e impaciente. Não conseguia comer o que queria, muito menos prever o que a estava causando todo o mal estar. Lena nunca foi alguém de manter as consultas médicas em dia. Jess vira e mexe a lembrava de seus compromissos com o oftalmologista, pois sempre reclamou de dores nas vistas, ou com sua dermatologista, que tão bem cuidou do seu problema com acnes na adolescência e que sempre a pedia para voltar. Não. Uma CEO deve prezar por suas responsabilidades mais importantes primeiro, mesmo que isso signifique colocar as prioridades da empresa a frente d as suas. Era o que Lionel tinha a ensinado e era o que Lilian sempre repetia.

Outra manhã havia chegado e mais uma vez seu café da manhã, resumido em café preto e algumas torradas, era jogado na pia do banheiro. Não sabia dizer se era o estresse, se era a falta de cuidado com si mesma ou se suas frustrações e angústias a adoeciam. Doía encarar a tela do celular e ver que Kara, novamente, não tinha respondido. O que a amiga deveria estar pensando dela afinal? Obviamente que nada bom. A Luthor se culpava por ter sido tão ingênua, por ter se deixado levar por um sentimento leviano e ter confiado logo em Rhea. No que ela estava pensando? Que todos que entrarem em sua vida seriam como Kara? Puros, inocentes e tentando fazer o melhor pelo mundo? Agora, por sua culpa, a melhor amiga a odiava, o mundo não sabia se decidia pregar Lena Luthor como heroína ou mais uma louca psicopata como Lex e várias famílias que não tinham que sofrer que com sua estupidez, acabaram morrendo.

Lena fazia ideia de quantos daxamitas eram ou não ruins, quais deles estavam ali por que queriam ou porque foram obrigados, não tinha como saber. Nas poucas vezes que a loira resolveu se abrir — e isso acontecia sempre quando Mike era um completo escroto, em sua opinião — ela havia descoberto mais sobre Daxam, sobre suas políticas e crenças. Sendo bem sincera, odiava saber que alguém tão bom e justo como Kara estava se relacionando com alguém tão mesquinho e vazio como Mon-El. Mas não era da sua conta, não podia interferir ou aconselhar, pois não estaria sendo imparcial ou verdadeira. E a verdade era que ela tinha sentimentos pela melhor amiga, aos quais jurou que nunca contaria.

Apenas em ter os flashes das memórias de seu sequestro pela rainha daxamita, seu estômago se contorceu novamente e ela teve o impulso de vomitar mais uma vez, mas tudo o que saía agora era a bile, juntamente com seu suco gástrico. A bebidas alcoólicas ainda não lhe causavam ânsia — o que ela agradecia muito — e um único sabor de barra de cereal que conseguia engolir era o de aveia com morango. Não tentou provar de outros alimentos, não tinha tempo para testes e uma hora o mal estar passaria, tudo voltaria ao normal. O medo, a aflição e o sentimento de traição iriam embora e, caso não fossem, Lena seguiria em frente fazendo o que sabia de melhor: ignorar.

Assim como estava ignorando o fato da sua melhor amiga nunca mais aparecer.

Durante sua infância, as pessoas raramente faziam questão de ficar, de lhe oferecer carinho ou criar afeição. Seus relacionamentos eram rasos, fossem familiares ou românticos. Na escola, suas amizades eram resumidas aos grupos de trabalho e o do xadrez, nada mais que isso. Não teve seu anuário assinado, a não ser pela sua professora de biologia; também não participou de nenhuma festa de “despedida do ensino médio.” Ainda se lembra bem de como Lilian a acordou no dia da formatura simbólica e disse que estava saindo para uma viagem, sem saber quando voltaria. Lionel já estava em outro país e Lex havia partido meses antes para a faculdade.

Havia a machucado sim, na época, ter que passar por essas fases sozinha e tendo que se auto parabenizar e dizer que tinha feito o melhor, mesmo acreditando que caso se esforçasse mais, talvez Lilian prestasse atenção. Mas perder Kara? Esse era um medo recorrente, não iria mentir. Lena não sabia nada sobre amizades ou sobre as regras que compõem esse tipo de relação, sempre privou-se de certos tipos de proximidades e invasão do seu espaço pessoal. Privacidade e intimidade estavam interligadas, e ela as manteria assim. No entanto, a repórter tinha conseguido quebrar essa barreira emocional que a CEO tinha tão bem construído, não de forma rude ou brusca, mas com seus sorrisos mornos, com sua forma incrivelmente bela — e quase utópica — forma de enxergar o mundo. Perdê-la sempre foi um fato que assombrava seu coração, só não esperava que fosse de forma tão precoce.

Mas ninguém ficava. Ninguém nunca ficava.

***

— Senhorita Luthor — Jess adentrou sua sala com a mesma postura de sempre — trouxe a pauta da próxima reunião e queria avisar que sua agenda do próximo mês já foi organizada, com todos os compromissos atualizados — Lena sorriu em aprovação e recolheu a pasta marrom de suas mãos.

— Obrigada — respondeu polida — cancele para mim a teleconferência das duas e meia, preciso passar numa farmácia e esperar essa enxaqueca sumir.

— A senhorita não tem estado bem — a outra pontuou com cuidado — está mais abatida e até mais pálida. Há alguma coisa errada?

Errada? pensou consigo em silêncio. O que poderia estar mais errado na sua vida? O fato de ter sido quase forçada a se casar com o namorado da melhor amiga, o fato de uma alienígena louca e bitolada por poder ter posse do seu DNA ou o fato de que Kara não queria vê-la nunca mais? Riu internamente com todas as suas indagações. Nada estava errado, pelo contrário, estava até muito certo. Quando que sua vida teve algum enredo de comédia romântica, onde todos os problemas se resolvem com um passe de mágica? Nunca. O caos era a sua realidade, as perdas e o medo. Esse sim era o roteiro dos seus dias.

— Não deve ser nada demais, apenas estresse — tentou sorrir, sabendo que não convencia ninguém com aquilo, mas foda-se. Não precisava de qualquer interrogatório sobre saúde — logo vai passar, preciso apenas de uma pausa hoje a tarde.

— Como desejar, senhorita Luthor — não insistiu — caso precise de mais alguma coisa, só chamar.

— Obrigada.

Ao ouvir o click da porta, ela a morena bufou nervosa e cansada. Havia algo de estranho com o seu corpo e sua certeza vinha do fato de que vivia nele há vinte e cinco anos. Podia ser o mais relaxada que fosse com seus compromissos médicos, mas não precisava de um especialista para lhe confirmar que suas dores de cabeça, enjoos e falta de apetite era, talvez, uma situação mais preocupante do que pensava. Lena então levantou-se de sua cadeira, serviu mais uma vez uma dose de uísque e caminhou para o banheiro, onde pode encarar seu reflexo no espelho. Péssima, essa era a palavra exata para descrever sua aparência. Não era de se achar uma mulher esplêndida no quesito beleza, porém gostava de se considerar uma mulher atraente, bonita e com traços diferentes.

Respirou fundo, tomou o líquido âmbar do copo de uma vez só, sentindo toda sua garganta queimar e se encarou mais uma vez. As olheiras, a exaustão e a palidez se faziam cada vez mais presentes. Inferno. Caso não se cuidasse, todos iriam perceber que a CEO estava ficando doente e isso nem de longe era o que desejava. Ser mulher já lhe fazia sofrer o bastante com comentários sobre sua capacidade mental e emocional, e ficar com a saúde debilitada só iria gerar mais comentários insuportáveis. Agachou-se para procurar algum resquício de remédio, todavia apenas encontrou um pacote de papel higiênico e uma caixa que continha uma escova de dente extra, fio dental e absorventes.

Bufou. Teria mesmo que sair da empresa e voltar para casa, era o mínimo que teria que fazer. Sacrificar uma tarde inteira de trabalho porque não conseguia nem manter-se fisicamente bem. Ótimo, era só o que faltava. Levantou-se com dificuldade, sentindo a pressão oscilar novamente e uma vertigem forte tomou conta do seu corpo enfraquecido. Vários pontinhos pretos surgiram em sua visão e Lena forçou-se a segurar no mármore da pia. Droga, ela não estava se sentindo nada bem. Ao fechar a pequena porta do armário, um pensamento fora de contexto ocorreu-lhe: absorventes.

Quando foi a última vez que ela tinha menstruado? Antigamente, a Luthor costumava tomar anticoncepcionais, verificar as datas e cuidar da saúde íntima, porém agora mal se lembrava de quando precisou usar um absorvente. Teria menstruado nessas últimas seis semanas? E no mês passado ou retrasado? Céus, ela não se lembrava. Um súbito pânico saltou no seu coração e respirar se tornou muito complicado. Calma, precisava manter a calma. Não podia… podia? Não. Definitivamente não. Ela sequer manteve relações sexuais com homens nesses últimos cinco meses. Não era possível.

Apressadamente, ela correu de volta à mesa e pegou sua bolsa, enfiando o que podia e pegando alguns documentos para analisar mais tarde. Avisou a secretária que teria que sair para uma urgência e pediu para que remarcasse todos seus compromissos. Ligou para o motorista, que estava a sua disposição no estacionamento do subsolo e pediu para que a buscasse imediatamente. Precisava tirar uma dúvida, precisava urgentemente provar a si mesma que estava errada e que nada daquilo era verdade. Lena queria estar errada, dessa vez não se importava. Tentando não chorar no meio do caminho, a morena seguiu para a farmácia mais próxima e comprou todos os testes de gravidez possíveis.

Rhea não podia ter feito aquilo.

***

Positivo. Onze testes positivos.

Fitar o papel de parede tinha se tornado natural àquele ponto. Seus membros doíam por ainda estar na mesma posição, suas costas e sua bunda. Não sabia há quanto tempo estava trancada dentro do próprio banheiro, sentada ao chão e com mais um teste nas mãos. Positivo. O décimo primeiro era para ser sua última esperança, aquele que desmentiria todos os outros e que acalmaria seus nervos a flor da pele. Em qual momento ela tinha começado a chorar? Já não se lembrava. A raiva, a angústia e o desespero vieram exatamente nessa ordem. Mas nada saiu dos seus lábios, nem um simples grito ou uma dolorosa lamúria. Seus pesadelos pareciam estar longe de acabar, sentia-se estúpida por achar que um dia eles desapareceriam.

Lembrou-se como foi acordar num lugar desconhecido, de onde não sabia se sairia viva ou casada com um alienígena misógino, machista e a favor da escravidão. Ela faria tudo para proteger quem ama, tomaria as mesmas decisões quantas vezes fosse preciso, mas quem a protegeria? Quem agiria em prol da sua alma, dos seus medos e dos seus sentimentos. Porque era tão inútil e infantil desejar que alguém se importasse o suficiente para dizer a ela que não havia necessidade em ser tão altruísta? Nunca houve alguém que pedisse para ela não se sacrificar. Não que isso fosse mudar ou fazê-la desistir, porém uma parte carente e egoísta dela ansiava por ouvir algo como “não faça isso, eu preciso de você.”

Riu ironicamente de si mesma.

— Não seja ingênua — murmurou para as paredes vazias — as pessoas nunca ficam.

Engravidar era a última coisa que queria para sua vida em qualquer momento que fosse. Ser mãe não estava nos seus planos, afinal o que ela sabia sobre ser uma? Lilian nem de longe era o melhor exemplo e sua mãe biológica estava morta, sequer se lembrava de como ela era. Ou do seu nome. Então, qual o ponto de estar esperando um bebê? Porque a vida gostava de brincar com ela dessa maneira? Grávida, oh céus! E essa criança esperaria o que dela? Sem contar que, se fosse raciocinar como uma pessoa normal, ela sabia quem era o pai. Merda…

Não podia estar esperando um filho do cara mais escroto daquele planeta. Um cara que sequer estava entre eles. Kara… o que diria a amiga, caso um dia ela respondesse ou atendesse suas ligações? E seus sentimentos? Novamente, suas lágrimas quentes e ácidas escorreram, fazendo seu estômago revirar mais uma vez de nojo e amargura. Nunca quis tanto que aquele dia acabasse e que na manhã seguinte, tudo fosse obra de um grande e confuso pesadelo.

Todavia, não foi o que aconteceu.

***

— Não vai atender? — Alex perguntou a irmã que encarava a tela do celular. Um nome piscava constantemente nele: Lena Luthor. Kara a encarou, os olhos tristes e rodeado por uma bolsa negra, indicando o quão difícil estava sendo para ela também, e negou com a cabeça — ela tem ligado pelo menos umas três vezes por dia, Kara. Já tem semanas.

— E você acha que não sei? — sua voz rouca e cansada ecoou na sala — mas você espera que eu atenda e fale o que? A esse ponto Lena já deve me odiar e estar com muita raiva… — bufou. Estava tão exausta.

— Isso ainda é por causa do Mon-El? — perguntou com cuidado. A ruiva vinha estudando o comportamento da irmã naquelas seis semanas que se passaram desde que o garoto foi mandado para fora do planeta, literalmente — acha que Lena é a culpada?

— Não, Alex, claro que não — suspirou. Jamais jogaria esse peso nas costas da melhor amiga — às vezes eu só… só fico pensando se fiz a coisa certa, me sentiria pior do que estou caso Mon-El tenha… enfim. Só quero que esteja bem.

— Você o amava? — ambas estavam sozinhas numa das salas da DEO, a Supergirl vinha trabalhando sem parar, tentando evitar os próprios pensamentos.

— Eu não sei… — falou pela primeira vez em voz alta — acho que gostei da ideia que criei dele e também porque ele se lembrava de Krypton, era como não estar…

— Sozinha.

— É… — sentiu-se culpada por admitir na frente da irmã — eu pensei que o amava, quero dizer… eu acho que amei, não tenho certeza. Desistir dele assim doeu, muito, mas ao mesmo tempo foi tão… fácil? Eu tinha que decidir e eu o fiz — olhou tristemente para Alex — eu só quero deixar isso pra lá… estou preocupada com a Lena e é só nela que eu tenho pensado.

— Acha que ela já descobriu? — J’onn entrou na sala e encontrou ambas conversando — como acha que Lena vai reagir?

— Você está fazendo perguntas muito difíceis, Alex — bufou e sorriu para o marciano, que sentou-se à frente delas — eu não sei nada sobre gravidez.

— Sobre isso — J’onn falou seriamente — preciso que diga exatamente o que ouviu antes de resgatar Lena e Mon-El.

Kara suspirou, tinha repetido aquela história pelo menos umas quinze vezes naquela semana.

— Rhea estava falando sobre uma inseminação que tinha feito, para garantir que Daxam tivesse um herdeiro — explicou — contou como havia mentido para o filho e para Lena, os chantageado e que mesmo que seus planos não dessem certo agora, ela poderia voltar para buscar a criança — agora era a parte preocupante, a parte que estava tirando o sono da Supergirl — mas então Rhea se enfureceu, pois ao analisar o DNA que tinha usado para cruzar com o da Lena, percebeu que não era do Mon-El e sim… — tossiu nervosa — meu.

— Então Lena Luthor está grávida de um filho seu — o marciano repetiu.

— Exatamente — Alex respondeu confirmando — o que faremos?

A loira levantou o olhar, consternada com o que viria e com o que J’onn falaria.

— Não acho uma boa ideia uma criança alienígena dentro da família Luthor — Alex não reagiu, mas Kara sentiu o coração acelerar — não sabemos o potencial disso ou com quais poderes ela poderá vir, pode ser uma arma. Uma que eu não quero que caia nas mãos erradas.

— Arma? — Kara aumentou o tom de voz — estamos falando de uma criança, o meu filho — bufou — Você não está pensando em tirar essa criança da Lena, está?

— Por mais romântico que isso pareça, estamos lidando com uma possível ameaça e...

— Ameaça? Romântico? — riu desacreditada e levantou-se — acha isso romântico? O corpo da minha melhor amiga foi violado! Eu tenho a observado todos dias, cuidado dela de longe todas as noites e tenho me sentido um lixo por vê-la se acabar em trabalho e noites mal dormidas — pontuou com raiva — estamos falando de uma mãe que não teve escolha, de uma criança que sequer sabemos como será. Estamos falando do meu filho e eu não vou permitir que um departamento inteiro faça Lena se sentir pior ou sentir-se como uma Luthor.

— Kara se acalme… — Alex levantou-se e tocou o ombro da loira, que se afastou rapidamente.

— Estou calma — encarou ambos — eu vou contar a ela e vou resolver isso.

— E como espera fazer isso sem se comprometer? — J’onn perguntou ainda sério — como acha que pode contar sem dizer toda a verdade?

— Eu não sei — respondeu sincera — mas não vou deixá-la sozinha. Essa é uma decisão só minha.

***

Dois dias se passaram desde a descoberta e a CEO não saiu de casa. Tinha consciência de que o trabalho estava acumulando, que provavelmente Jess estaria lidando com todos os acionistas e investidores sozinha, e que logo começariam a especular sobre seus motivos de afastamento. Dane-se, pensava. Danem-se todos eles, toda a mídia manipulativa e também Kara Danvers.

Estava exausta e com fome. Não tinha comido nada substancial desde que jogou todos os testes no lixo. Vinho estava sendo seu companheiro fiel de sempre, a fazendo esquecer do próprio nome e não ver o dia passar. Mas naquela manhã, como nas outras cinco semanas e meia, ela acordou enjoada e novamente vomitou.

Kara havia procurado a amiga na L-Corp, tinha tentado ligar, mas as chamadas caíam na caixa de entrada. Sem bateria. Só havia um lugar onde Lena poderia estar e a loira não era tão chegada ao apartamento dela, quase não se encontravam lá, pois a morena sempre preferiu ir para o apartamento da amiga e ficar por lá mesmo. Era mais aconchegante, tinha menos cara de escritório e tinha o cheiro doce de amiga. O seu favorito no mundo. Mas Kara decidiu que não deixaria mais o tempo passar e que precisava ajudar a Luthor, independente do que acontecesse.

Sobrevoou a área antes de descer e cumprimentar o porteiro do prédio, sorrindo e deixando o pacote com o sanduíche favorito dele. Subiu todos os andares até a cobertura e respirou fundo antes de bater. Mas então algo lhe ocorreu: e se Lena não quisesse atender ninguém? Bom, ela tinha que tentar. Preparou-se para tocar na porta quando ouviu um baque no chão, o que deixou seu coração desesperado. Usando sua visão de calor, ela derreteu o tranco da porta e entrou, procurando imediatamente pela amiga.

Ao entrar no banheiro, ela encontrou Lena quase desacordada no chão, tremendo frio e pálida. Seu instinto protetor gritou e logo Kara estava carregando a morena de volta para a cama e deitando-se ao lado dela. Seu corpo estava mais magro, abatido e um suor fino e gelado cobria sua testa. Kara sentia-se pior, egoísta e covarde. Puniu-se mentalmente por ter a deixado sozinha, por não ter vindo antes e impedido que ela se auto destruísse.

Esperou os minutos se passarem e Lena recobrar um pouco da cor habitual. A respiração amenizou, o suor diminuiu e seus olhos piscaram algumas vezes até se abrirem por completo. A morena analisou onde estava e, ao perceber os braços quentes ao seu redor, afastou-se assustada.

— Hey, calma… — falou em tom baixo e doce — sou eu, está tudo bem.

— Kara? — a expressão de dor e surpresa fez o coração da loira afundar no peito.

— Sei que deve estar com raiva de mim e… sei que não tenho uma desculpa boa e… — bufou — talvez… Jess me ligou e eu fiquei preocupada, eu sei que sumi… eu não… — parou imediatamente de falar ao ouvir o soluço da outra ecoar no quarto. Sentiu vontade de chorar também.

— Eu achei… achei que estivesse com raiva de mim e… — soluçou novamente, as lágrimas escorriam e seu peito ardia.

— Não, Lena, claro que não — a loira puxou a amiga para seus braços, a envolvendo de forma protetora e cuidadosa. Lena envolveu sua cintura fortemente, sem se importar se estava ou não passando de algum limite dentro daquela amizade.

Kara não se importou e a apertou mais firme, com as próprias lágrimas escorrendo também. Beijou os cabelos negros da amiga, na tentativa de provar que estava ali e que não iria embora. Como pode achar que se afastando tudo seria melhor? Lena era forte, dura e sabia se cuidar, mas também era frágil.

— O que vai fazer? — perguntou receosa ao ver Kara se afastar um pouco para alcançar o celular.

— Shhhh, não precisa se preocupar, não vou embora — sorriu — vou ligar para Jess e avisar que estou aqui, acha que ela pode lidar sem você por lá? — Lena assentiu que sim — ótimo.

Em poucos instantes, a pequena Danvers avisou a secretária e também enviou uma mensagem para Alex, deixando claro que passaria aquele dia inteiro fora. Só sairia dali se a Terra estivesse sendo invadida de novo. Deixou o celular de volta no criado mudo e voltou a abraçar Lena.

— Durma — murmurou — quando acordar, estarei aqui.

— Promete?

— Eu prometo — sorriu para disfarçar a dor que era ver Lena amedrontada. Ela dormiu em poucos minutos e Kara prometeu a si mesma que faria o possível para mantê-la segura.

***

Depois de pegar no sono por uma hora e meia, aproximadamente, Kara levantou-se e deixou Lena descansar mais um pouco. Esquivou-se em silêncio até a cozinha e vasculhou todos os armários, a procura de qualquer coisa para comer ou cozinhar. Queria preparar uma refeição para a amiga, mesmo que não soubesse fazer muita coisa além de panquecas e sanduíches de queijo. Alguma coisa tinha que servir. Mas o problema era que não tinha nada na geladeira além de água, uma caixa de suco de pêssego vencida e algumas verduras. Nos armários tinham só barras de cereais e um pacote de macarrão sabe-se deus de quando.

Bufou confusa, como alguém que tem tanto dinheiro não gasta tudo com comida? Parecia até pecado um desaforo desses. Ainda pensando no que faria, a loira aproveitou para arrumar o apartamento. Recolheu o lixo, as garrafas de vinho espalhadas, assim como os papéis jogados sobre a mesa de centro da sala. Organizou alguns livros, folheou outros e jogou fora tudo o que estava estragado na cozinha. Quando terminou, resolveu ligar para o restaurante favorito da Luthor e pedir tudo o que sabia que ela gostava.

Assim que desligou, ela escutou passos no corredor e Lena então apareceu no beiral da porta.

— Achei que tivesse ido embora — murmurou sonolenta. Seus cabelos caíam sobre o rosto amassado do lençol e sua camiseta larga caia no ombro.

— Não, eu só estava… me distraindo — sorriu sincera — e também pedi comida.

— Não estou com fome — caminhou até o balcão e Kara serviu-lhe um copo com água.

— Sei que não está — sentou-se também — mas precisa se alimentar para ficar bem.

— Eu estou bem — mentiu — eu vou ficar bem.

O silêncio imperou por um tempo e a Luthor aproveitou daquilo para analisar a loira a sua frente. Sempre achou incrível a forma como Kara irradiava uma luz mais forte que sol para todos ao seu redor, a maneira alegre e calorosa como lidava com a vida e com as pessoas que amava. No entanto ali, parada tão próximo dela, a morena pode notar as mudanças. Ela reconhecia cada traço da melhor amiga, tinha aprendido e decorado todos eles. Kara estava abatida também, com vestígios de noites mal dormidas embaixo dos olhos e o azul deles estava mais opaco.

Suspirou. Não era justo ser dura com ela, não era fácil para nenhuma das duas.

— Kara, sobre o que aconteceu… — falou sem levantar o olhar — me perdoe. Eu não queria que fosse assim e nem que você sofresse. Me perdoe sobre o Mike.

— Lena, não foi sua culpa — alcançou a mão da outra sobre o balcão — não era uma decisão sua, a Supergirl me contou… bastante coisa — se ateve ao falar.

— Imagino que sim — suspirou — mesmo assim, me sinto mal por isso.

— Não tem que se sentir mal — reafirmou — não tenho raiva de você ou qualquer coisa do tipo. Era uma situação de risco a todos, Mon-El precisava partir para o próprio bem e eu… bom… — mexeu nervosamente nos dedos — ainda estou aprendendo a entender o que eu sinto ou achei que sentia, nosso relacionamento era algo… complicado, eu acho — riu incerta.

— Tem algo que você precisa saber — Lena falou seriamente — algo que talvez vá te fazer me odiar, mas que eu preciso falar.

— Lena…

— Me deixe falar — pediu, respirando fundo em seguida — por favor…

— Certo — aguardou, mesmo sabendo o que viria. Ela só não esperava que fosse tão cedo assim.

— Supergirl deve ter te contado sobre o que Rhea queria e sobre como tentou me forçar a se casar com seu namorado ou ex namorado — escolheu as palavras com cuidado — acontece que eu… eu estou grávida — olhou para a amiga, esperando alguma reação — eu não dormi com o seu namorado, jamais faria isso. De alguma forma Rhea tinha nossos DNA e usou isso para algum tipo de inseminação.

— Er… ok — foi o que conseguiu dizer. Kara já sabia da verdade, porém como diria a Lena que não se importava caso ela estivesse mesmo grávida do seu ex namorado? — certo…

— Ouviu o que eu disse? — arqueou a sobrancelha.

— Sim, eu ouvi — confirmou — mas eu também tenho para te contar e preciso que… — a campainha tocou e a interrompeu — nossa comida! — empolgou-se — primeiro vamos comer e depois… depois a gente continua.

E assim foi. Kara organizou a mesa, separou os potes de comida e ambas almoçaram calmamente, conversando sobre tópicos mais leves e até mesmo sobre o que a loira andou fazendo naquelas semanas que sumiu. Ela contou sobre o quão chato Snapper estava sendo, a mandando refazer mais de três vezes o artigo sobre a invasão e pedindo impacientemente por uma exclusiva com Lena Luthor, a mulher que ajudou a salvar o dia, mas que poderia ter segundas intenções. Kara avisou a ele que não incomodaria a amiga e a morena agradeceu mentalmente por aquilo enquanto comia. Misteriosamente, seu estômago não rejeitou a porção de macarrão ao molho branco, porém a salada lhe causava ânsia.

Ao terminarem, a CEO sentiu vontade de falar novamente um ponto importante naquele assunto.

— Eu não vou manter a criança — falou de repente, pegando Kara de surpresa. A loira quase cuspiu toda a água.

— Você… co-como? — limpou os lábios e deixou o copo de lado. Como assim? Pensou em silêncio.

— Eu não quero ser mãe, Kara — confessou — eu não… eu nunca quis… — aquilo era meio verdade. E a loira percebeu o tom de dúvida naquela sentença — não vou abortar, não é isso. Mas vou procurar sobre os processos de adoção sigilosa.  

— Lena — alcançou novamente as mãos dela e entrelaçou seus dedos — não precisa tomar essa decisão agora.

— Eu preciso — manteve-se firme.

— Sim, mas não agora — repetiu carinhosamente. Lena concordou silenciosamente e bocejou, seus olhos começavam a ficar pesados — vá se deitar, eu arrumo a cozinha. Você precisa descansar.

— Você… — não teve coragem o suficiente para perguntar. E se ela dormisse e Kara fosse embora? Quando ela voltaria? Será que voltaria?

— Vou só terminar de arrumar a cozinha e vou para o quarto — sorriu sem graça — a não ser que queira que eu te espere… er, aqui… na sala — pigarreou.

— Vou estar te esperando — sorriu aliviada e caminhou de volta para a cama, com seu corpo agradecendo por finalmente ter algo de nutritivo e sólido no estômago.

A pequena Danvers suspirou e tentou não remoer aquelas palavras no seu consciente e subconsciente. Lena não queria ser mãe e por isso não manteria a criança, não ficaria com ela. Essa pequena confissão deixou o coração da loira entristecido e até mesmo machucado. Não podia abandonar seu próprio filho num orfanato, a mercê de qualquer pessoa e de qualquer casal adotivo. Não queria perder a vida de alguém que era 50% dela, alguém que poderia ter os seus olhos ou o seu sorriso. Ou o sorriso da Lena, pensou. Ao terminar a louça, ela decidiu que não tocaria nesse assunto por hoje, deixando a própria Supergirl para vir e contar sobre o verdade.

E a verdade era que esse bebê não tinha um pai e sim duas mães.


Notas Finais


Me digam o que acharam e me falem se eu devo ou não continuar!
Essa fanfic está programada para ter entre 20 a 25 caps, ok? Ok.
Beijos :*


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