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História What to expect (When you're expecting) - Shelter from storm


Escrita por: FuckingSwen

Notas do Autor


Eu volteeeeeeeeeeeei \o/

Okay, eu sei que a maioria estava esperando att ontem, porém eu estava bebada e sem condições de escrever aksjdnakjsdnajksnd é isto

Me perdoem os erros nessa caralha, ainda estou sob o efeito de ontem e n consegui revisar o cap inteiro, entao ja sabe

Bom, eu avisei q teriamos uma passagem do tempo, n foi muita coisa, mas era preciso :)

Boa leitura!!

Capítulo 24 - Shelter from storm


Fanfic / Fanfiction What to expect (When you're expecting) - Shelter from storm

Dois meses se passaram e uma paz estranha, incomum e relaxante se instalou na vida de todos. Por mais que estivessem acostumados com o caos, um período de tranquilidade sempre era bem vindo, principalmente para a heroína que precisava de mais tempo com a família. Nada de grotesco e problemático atingiu National City, além dos crimes corriqueiros e problemas com alienígenas encrenqueiros. Nada que a DEO já não conseguisse lidar com maestria. O assunto Reign foi deixado de lado, para o próprio bem psicológico e emocional da garota de aço. Sim, a mulher misteriosa de capa preta e olhos vermelhos ainda aparecia, fazia seu trabalho e sumia com o sol. Ninguém mais teve a ousadia de tentar pará-la e resolveram aceitar, por enquanto, a ajuda que ela oferecia de forma silenciosa.

Contanto que não fizesse besteira, a DEO não a incomodaria. Pelo menos por enquanto.

Clark e Kara continuaram se falando, trocando reportagens e pistas sobre o caso do meta humano, pois o resultado dos testes confirmaram que o mesmo elemento radioativo utilizado em seu corpo havia sido retirado de um dos depósitos em Metrópoles. Lois também ajudava com algumas informações, já que era muito boa no trabalho de repórter e tinha melhores acessos. Ainda continuava insistindo para que falassem com a Lena, que a interrogasse e pedisse para Lilian responder algumas perguntas. No entanto, a pequena Danvers sequer titubeou e continuou a dizer que ninguém traria esse assunto até sua amiga. Inclusive, ela mentiu. Mentiu porque era necessário e porque não deixaria ninguém estragar o que ela estava construindo, ou reconstruindo. Clark e Lois perguntaram se Lena sabia do paradeiro da mãe, se havia a visto nos últimos meses e Kara mentiu, dizendo que, desde o nascimento da filha, Lilian não apareceu.

Jonn sabia que era mentira, pois Alex e ela contaram que Lilian apareceu para uma visita inesperada. Ele era família e as Danvers confiavam no marciano. Com isso, a DEO instalou alarmes e equipamentos de segurança no apartamento da CEO e qualquer presença que obtivesse o DNA da família Luthor, faria soar um aviso no departamento.

Conforme as semanas se passavam, Kara e Alex se envolviam mais no caso e faziam suas buscas por mais pista em relação ao sumiço do rapaz. Descobriram que não só ele havia sido sequestrado, outros quatro homens tiveram o mesmo fim e foram simplesmente descartados. A polícia local não notificou o FBI justamente porque pensaram não haver nada demais, era jovens trabalhadores em sua maioria, com família pobre e que moravam no subúrbio. A DEO pediu o resgate dos corpos, mas pouco conseguiriam encontrar, já que o estado de decomposição não ajudava a preservar os resquícios de material biológico. Mesmo assim, Winn insistiu que os trouxessem, pois cada material radioativo tinha seu tempo para se decompor e isso levava anos. Jonn autorizou e o trabalho envolvendo seus agentes ficou mais laboratorial do que ativo nas ruas.

Ao mesmo tempo em que a pequena Danvers trabalhava meio período como Supergirl e tentava escrever seus artigos em casa, Lena passou a visitar Sam no seu apartamento para discutir sobre os planos para a L-Corp nos próximos seis meses. Era bom para ela, sair de casa, respirar um ar fresco e levar Lizzie para passear. A menina demandava muito esforço e ambas ficavam exaustas se permaneciam dentro de casa o dia inteiro. Kara recomendou que a morena fosse visitar mais Ramona e Julie, que deixasse Alex e Winn vir com mais frequência e que voltasse ao seu trabalho de CEO aos poucos. A Luthor sentia falta de se envolver com a empresa, decidir os projetos, visitar os laboratório e organizar suas reuniões, porém, por mais que amasse o que fazia, amava bem mais sua filha e ela era muito pequena para ser deixada com alguém. Sem contar que jamais contrataria uma babá, não confiava em ninguém além da kryptoniana e seus amigos.

Por isso, os finais de tarde começaram a ser passados com Sam e Ruby. Enquanto as duas liam os relatórios, discutiam as planilhas e assinavam documentos, Ruby terminava a tarefa e ficava de olho em Lizzie. O melhor de tudo, era que Agnes estava lá também e a Luthor sentia uma tremenda falta de sua melhor companheira. Foi pensando nisso que ela decidiu levá-la de volta para casa, já que percebeu que nem Lizzie e nem Agnes se estranhavam. Na verdade, a bola peluda caramelo desenvolveu um instinto protetor com a menina e sempre se deitava ao lado dela na sala. Os filhotes já não eram mais filhotes e por isso precisavam ser doados. O coração da Luthor doía só de pensar em separá-los, pensar em como Agnes sentiria falta dos seus pequenos e por mais que soubesse que isso era ridículo, ainda sim se importava.

Winn e Alex surgiram com a solução numa noite de sábado durante um jantar especial que Lena preparou para todos. Foi uma ideia sua, sendo sincera, porque não aguentava mais pisar em ovos com todos ali. Depois da conversa que teve com Kara, depois de descobrir a verdade sobre sua história e sobre como doía carregar aquele fardo, ela decidiu permitir que seu coração a perdoasse aos poucos. Um processo longo, mas necessário. E todos precisavam saber daquele fato, para poderem respirar mais aliviados. Ela e Kara estavam em ótimos termos. Nesse jantar, Winn comentou que queria ter um cachorrinho a algum tempo e Alex disse que Ruby precisava de uma distração nas férias de verão que se aproximava. E foi assim que Krypto ganhou uma irmã mais velha totalmente empolgada para brincar com ele e Leah ganhou um pai dedicado e carinhoso.

Sam continuou a gerir a L-Corp com garra e determinação, fazendo sua própria fama dentro dos setores da empresa. Todos a admiravam e gostavam da sua forma de enxergar a ciência. No entanto, sentiam falta de sua chefe e sempre perguntavam como ela estava. Ainda acordava em lugares estranhos, perdida e sem se lembrar do que aconteceu, mas estava lidando um pouco melhor, já que Alex sempre aparecia para resgatá-la. Compareceu a DEO em alguns finais de semana para fazer testes e chorou por ter medo de descobrir a verdade. Alex a ajudava a respirar fundo, prometia que iria trazer uma solução para aquele caso e que estaria com ela até o fim. Eram uma família, afinal de contas. Permaneceram na troca de casa como antes e Ruby agradecia por poder escolher onde ia dormir, pois agora ela tinha o próprio quarto na casa da sua tia favorita.

As semanas se passaram, a primavera chegou ao fim e deu lugar a um verão extremamente quente e quase insuportável na Califórnia. A família Luthor-Danvers aprendeu a sobreviver a cada dia e a reconhecer que cada uma possuía um fardo e uma maneira para lidar com eles. Kara continuou a contar sobre seu planeta, sobre seus pais e seus amigos, e principalmente sobre o quanto sentia falta deles. Lena escutava com atenção, escrevia cada detalhe no seu coração e esperava a loira terminar de contar, para então abraçá-la e deixar que chorasse em seu ombro. O abraço passou a ser um ato recorrente entre as duas, trazendo a marca fiel da amizade que construíram no primeiro ano. A dor diminui, ainda se fazia presente, mas era menor e mais suave. Ambas se permitiram ter acesso ao perdão, à palavra e aos seus corações quebrados.

Elas aprenderam que juntas poderiam remendar cada pedacinho mais rápido do que sozinhas.

Não podiam afirmar que voltariam um dia a namorar, ou a cogitar um relacionamento a mais do que a amizade. Sim, ainda usavam a palavra melhor amiga para definir o que eram, porém agora também eram mães da menina garotinha.  E Lizzie era o ponto de luz dentro daquele apartamento. Ambas se dividiam com as tarefas, organizando uma rotina diferente a cada mês, pois a pequena crescia rápido e ficava mais agitada. E faminta, para o desespero de sua mãe. As mamadeiras aumentaram na geladeira, as fraldas eram empilhadas em seu armário, as roupas ficaram curtas e apertadas. A pequena kryptoniana engordou, ganhou bochechas e chamava muita atenção com seus olhos azuis brilhantes. Sem contar que começou a balbuciar coisas ininteligíveis.

Kara brincava dizendo que ela, na verdade, estava falando em kryptoniano e que entendia tudo. Lena rolava os olhos todas as vezes e ignorava, mesmo achando fofo a interação das duas.

O apartamento nunca ficava em ordem, a bagunça tomava conta de cada cantinho. Aos poucos, as coisas da loira se misturavam com a da CEO, desde suas roupas na lavanderia, até seus livros em cima da mesa da sala e, junto a isso, havia os brinquedos da Lizzie, que deixavam tudo mais colorido. As fotos aumentaram, a fotógrafa veio para fazer o newborn  na primeira semana depois do nascimento e depois veio para entregar todos os álbuns, quadros e resolver qual seria o tema do ensaio dos seis meses de vida. Nas estantes e no quarto do bebê tinham porta retratos de suas mães a levando no primeiro passeio no shopping, a primeira vez que Alex deu banho nela, Ruby a segurando no colo, James fazendo uma careta quando Winn a segurou longe ao perceber que a fralda estava suja, Eliza a fazendo dormir, Jonn beijando suas bochechas e assim por diante. Uma grande e divertida família.

O que Lena mais amava de todas as recordações era o quadro que Kara lhe deu de presente mês passado, onde desenhou todos os estágios da sua gravidez. Toda vez que encarava a si mesma neles, observando sua barriga aumentar, ela se sentia menos culpada por ter rejeitado Lizzie no começo. E Kara sabia que ela precisava desse lembrete, de que sempre foi uma mãe incrível. Foi uma surpresa quando o recebeu e sequer se lembrava das fotos que a loira tirou. Chorar foi praticamente sua primeira reação e depois a abraçou, agradecendo por nunca ter a deixado de lado.

Lizzie era uma caixinha de surpresas. Suas primeiras consultas foram um sucesso, Eva, sua pediatra, a achava encantadora e muito simpática. Cameron explicou que a menina era diferente, contou que provavelmente não conseguiria acompanhá-la como qualquer criança comum e pediu que guardasse segredo. Alex persuadiu Lena a fazê-la assinar o protocolo da DEO, apenas por questões de segurança. E também porque era super protetora com a sobrinha. Porém Lizzie crescia normalmente, ganhando peso rápido e ficando mais esperta para os sons, as cores e os cheiros.  Tomava vacina todo mês, até então não havia ficado doente e nem desenvolvido qualquer reação alérgica em sua pele. Ao mesmo tempo em que era cuidada pela médica morena com um sorriso intrigante, também comparecia a suas consultas com sua tia babona; o que dava chances do seu padrinho e seu avô Jonn brigarem para pegá-la no colo.

Seus poderes não se manifestaram ainda e Alex não sabia se dizer se ela os teria. Sua super audição continuava sensível, mas nada além disso. Kara e Lena não se importavam, pois a filha era muito nova para ter que se preocupar com coisas assim. Seguiram com suas rotinas entre ser mãe, ser herói, ser repórter e ser CEO. A correria nunca parava, o cansaço se fazia presente constantemente e caso não tivessem fôlego, Lizzie sugaria toda a energia que possuíam. Agnes acabou sofrendo com a nova irmãzinha, tendo que se adaptar com alguns limites, não podendo mastigar os brinquedos da menina e nem lamber o seu rosto. Mesmo que ela fosse irresistível.

A última novidade da pequena Luthor foi que ela aprendeu a virar de barriga para baixo. E suas mães não aguentavam toda vez que ela fazia isso.

Com o calor ficando cada vez maior, todas as janelas e portas das sacadas viviam abertas. Lena não queria ligar o ar condicionado durante o dia, com medo da filha ficar gripada, por isso Kara começou a forrar um edredom no chão da sala e espalhava alguns travesseiros ao redor, jogando os brinquedos no meio e deixando a menina ficar apenas de fralda e uma blusinha fresca. Os finais de semana eram sempre assim, Lizzie deitada com as pernas para cima, balbuciando em sua língua imaginária, enquanto Agnes dormia ao seu lado, Lena terminava de analisar um contrato importante em seu notebook e Kara ficava deitada do outro lado, explicando a ela sobre cada desenho que passava na televisão.

A CEO nunca pensou que aqueles canais fossem ser utilizados em toda sua vida, mas ali estava ela ouvindo uma loira contar a história do urso que era amigo de um tigre e de um leitão medroso cor de rosa.

***

O sol começou a brilhar cedo, deixando National City quente em poucas horas. Com as férias de verão em alta para as crianças, as famílias aproveitavam para viajar para outras praias, aproveitando o litoral, o calor e o tempo livre. Julho chegou trazendo uma brisa úmida do Pacífico, que impregnou no corpo da morena que ainda dormia naquela manhã de quinta feira. Era bom poder dormir por três horas corridas e saber que a filha provavelmente estava com a outra mãe, mamando ou brincando no chão. Respirou fundo e empurrou as cobertas para o lado, procurando o controle do ar condicionado. Pelo menos a noite ela preferia ter o quarto geladinho, pois Lizzie tinha a temperatura corporal muito mais alta que um ser humano comum e isso a incomodava para dormir. Kara também passou a fazer o mesmo e agradecia a Rao por essa invenção magnífica, por mais que não sentisse calor como uma pessoa normal.

Ao atravessar o corredor até a sala, seu coração errou uma batida e seus olhos encontraram três figuras sob o tapete felpudo em frente a televisão: Kara, Lizzie e Agnes. Todavia, diferentemente das outras vezes, onde havia apenas o lençol forrado, a pequena Danvers montou um pequeno forte de travesseiros, um que parecia quase um castelo. Agnes estava enterrada embaixo do pijama do bebê colocado de lado, enquanto ela rolava de um lado para o outro, usando apenas a fralda. Kara, para o desespero da sua lésbica inútil, estava usando uma camisa sua do MIT, que era grande o suficiente para duas pessoas. E suas pernas estavam para fora, sendo cobertas apenas até metade das coxas. Engoliu seco e afastou aquela imagem da sua cabeça.

Estava acostumada, de certa forma, a ter tal intimidade com a kryptoniana. Foram namoradas, não deveria ser tão intenso daquela forma. Mas era e ela sentiu o corpo rapidamente aquecer mais que o clima da cidade. Continuou o caminho até a cozinha e bebeu um copo d’água cheio, tentando inutilmente satisfazer a sua sede. Que obviamente não era de água.

— Hey, tem espaço para mais uma? — perguntou ao se agachar em frente ao monte de travesseiros. Agnes latiu e abanou o rabo, tremendamente feliz por ver sua dona acordada.

— Sementinha, vamos dar um cantinho para sua mãe? — Lizzie balbuciou alto e virou de barriga para baixo —  ela disse bom dia — sorriu divertida, fazendo a outra arquear a sobrancelha.

— Ah, claro — sorriu de lado — porque você sempre sabe o que ela diz — deitou-se em frente a loira, deixando a filha no meio e aproveitando para acariciar as costas nuas dela — porque ela está apenas de fralda?

— Uh… estava calor — sentiu o rosto ficar vermelho — e-eu achei que ia ser melhor se ficássemos livres do pijama e ela já mamou — pontuou orgulhosa de si mesma.

Lena arqueou a sobrancelha novamente.

— Quantas vezes? — a loira encarou a menina e voltou a encarar os olhos verdes — Kara…

— Ela estava com fome! — se defendeu — talvez ela tenha tomado quatro mamadeiras e talvez eu tenha comido todos os biscoitos do armário… e os iogurtes de frutas vermelhas e também as batatinhas que você comprou ontem, mas eu… er, eu estava com fome…

— Lizzie, sua yeyu te usa como desculpa para comer exageradamente — Kara bufou e fingiu estar indignada.

— Isso é mentira, não acredite nela! — pegou a pequena no colo e a deitou sobre sua barriga — você sabe que eu tenho razão, não sabe? — olhou para o azuis e sentiu a Luthor lhe encarar intensamente — sua mamãe não entende que a gente tem fome e muito calor.

— Vocês nem suam! — Lena exclamou e passou a acariciar Agnes entre a orelha — nenhuma kryptoniana nessa casa tem direito de reclamar do calor.

— E da fome? — as duas lhe encararam ao mesmo tempo. Lizzie ainda de barriga para baixo, deitada sobre a loira e Kara com os cabelos bagunçados, sem óculos e com um sorriso quase infantil.

A Luthor suspirou e tentou não pensar no quão delicioso era poder ter os dias imersos numa paz como aquela. E no quão intenso era ter dois pares de olhos azuis direcionados a si.

— Okay, mas quatro mamadeiras é muita coisa — pontuou — e vamos ter que fazer compras, de novo — já era a oitava vez naquele mês, praticamente. Kara sempre tentava ajudar com as contas, querendo dividir os gastos, principalmente no mercado, mas obviamente que a CEO não permitiria. Tinha sido sua ideia a de morarem juntas, no entanto não sabia que a amiga era um alien faminto 24 horas por dia. No fim, para não deixar Kara fora do plano, decidiram que ela faria as compras necessárias semanais de comida, como as pizzas e os bolinhos chineses que tanto amava.

E dividiriam tudo o que fosse sobre a Lizzie, afinal as duas eram mães. Lena inclusive montou uma planilha e a enviou para o email da outra, assim manteriam melhor o controle em relação a filha.

— Podemos ir depois da consulta, assim não precisamos sair duas vezes — a morena assentiu — eu fiz um vídeo dela hoje de manhã, enviei no seu celular — falou sorrindo e passando a pequena kryptoniana para seus braços.

— Ei, meu amorzinho, você aproveitou muito sua yeyu? — murmurou carinhosamente, a envolvendo num abraço leve e beijando suas bochechas — eu amo você, sabia? — Kara suspirou pesadamente e descansou a cabeça sobre a mão, observando enamorada aquela cena — hoje é dia de ver a tia Eva.

Um grunhido foi ouvido do outro lado.

— Temos mesmo que ir? — esfregou as mãos no rosto, dramatizando mais ainda.

— Achei que já tivéssemos passado dessa fase, querida — o apelido carinhoso escapou facilmente dos seus lábios e ela se amaldiçoou mentalmente por isso, mas ao contrário dela, a loira sentiu o estômago dar uma cambalhota.

— Uh… — tossiu nervosa — hoje é dia de vacina…

— É apenas uma picadinha, nem dói tanto assim — Kara arregalou os olhos, claramente desacreditada.

— Ela quase morre de tanto chorar! Como que não dói? — bufou — sementinha, sua mãe é uma insensível, mas eu vou estar lá para te proteger, prometo — beijou as mãozinhas da menina e a ouviu balbuciar novamente.

— O que seria dela sem a super mãe, não é mesmo? — provocou — será que essa super mãe pode dar um banho delicioso no super bebê?

— Sim! — quase pulou e derrubou o forte de travesseiros. Agnes latiu e se levantou, abanando o rabo e ficando atenta — a próxima é você, Agnes, e nem adianta se esconder! — apontou para a cachorrinha, que baixou as orelhas e escapou para a lavanderia.

Ambas gargalharam e se levantaram. Lena preparou a banheira, verificando a temperatura da água e deixou os produtos de higiene ao lado, enquanto a pequena Danvers cantarolava e despia a pequena sobre o trocador.

— Olha esse pézinho — comentou ao entrar no banheiro — como que você não quer alimentar uma coisinha dessa?

— Essa coisinha precisa saber quando parar de comer, Kara — riu.

Lizzie bateu as pernas na água, molhando muito o chão e mais ainda suas mães. Sorriu divertida ao sentir o corpo refrescar e ver a bagunça que fazia. Era amante de banhos.

— Liz, não é para fazer molhadeira! — Lena enxugou o braço e Kara gargalhou.

— Acho que sua mãe não gosta de água — a encarou de lado e então espirrou um pouco da água da banheira, pegando a Luthor de surpresa.

— Kara! — as perninhas agitadas bateram mais uma vez, espirrando ao redor — Lizzie!

A loira gargalhou, mas quando menos esperava, todo seu rosto ficou molhado, assim como sua blusa. Ela entreabriu os lábios, desacreditada daquele fato e atônita por não saber como reagir.

— Você… você não… — antes que pudesse responder, Lizzie se movimentou e gritou animada, sem nem entender o que estava acontecendo, no entanto sabia que era divertido — Lizzie, você é terrível!

— A quem será que ela puxou? — provocou, arqueando a sobrancelha e a loira teve que respirar fundo antes que continuar — prontinho, pode abrir a toalha.

Kara obedeceu e logo sua filha estava em seu colo, resmungando e ameaçando chorar por ter sido tirada de dentro da banheira. Quando foi deitada nos braços, ela procurou pelos seios de sua mãe, faminta novamente e irritada por terem acabado com sua brincadeira. Ambas riram e provavelmente sabiam que a menina tinha um gênio forte, a perfeita mistura de uma Luthor e uma Zor-El Danvers. Como foi ignorada e colocada no colchão frio do berço, ela gritou nervosa e o choro estridente cortou o quarto. Lizzie se remexia, empurrando a toalha de cima das pernas e logo sua pele branca ficou vermelha.

— Rao! Ela é igualzinha você — brincou, ouvindo a Luthor bufar — filha, não precisa chorar, nós vamos apenas trocar de roupa… — explicou, lutando contra a menina e tentando fazê-la ficar parada.

— Consegue lidar com ela enquanto me troco? — perguntou, sabendo bem que era sempre bom ter certeza. Os episódios de medo da kryptoniana haviam diminuído, mas não cessaram.

— Uhum, mas ela não vai parar de chorar — avisou e disso Lena tinha certeza.

— Coloque a roupa que está sobre o trocador, vou apenas me vestir e volto para dar de mamar — a loira assentiu e assim a outra saiu para o corredor.

Lizzie, quando percebeu que sua mãe tinha a deixado sem atender seu pedido, começou a chorar mais alto, fazendo Kara bufar. Ignorou suas reclamações, com o coração doendo por ouvi-la gritar e a vestiu. Ela entendia que sua filha podia ser bem dramática quando queria, mas ainda sim era ruim vê-la ficar vermelha e uma lágrima pequena escorrer em suas bochechas. Tentou conversar, distraí-la e de nada adiantou. Lizzie era definitivamente a junção da sua fome com a persistência da Luthor.

— Pronto, pronto… — Lena apareceu e a pegou no colo, a ouvindo chorar mais — pode ir se trocar, ela vai se acalmar — Kara assentiu.

— Ela é bem escandalosa quando quer comer — suspirou e a morena apenas arqueou a sobrancelha — okay, eu sei da onde ela puxou isso — riu sem graça e deixou as duas sozinhas.

— A gente também sabe, não sabe, filha? — murmurou. Ela se sentou, desabotoou o fecho do sutiã e Lizzie rapidamente abocanhou seu mamilo, como quem estava sem comer a dias — esse drama é meu ou da sua yeyu? — brincou, mas a menina fechou os olhos e fungou mais uma vez, mostrando o quanto estava chateada. Lena limpou seu rostinho e sorriu — minha pequena kryptoniana.

Ao voltar, a pequena Danvers encontrou a morena terminando de arrumar a bolsa da filha e Lizzie totalmente mais calma brincando com a chupeta na mão. Sorriu largamente e beijou seus cabelos, sussurrando um eu te amo em sua língua materna, algo que acostumou-se a fazer sempre antes dela dormir e assim que acordava. Mal podia esperar para ensiná-la quando crescesse. Olhou para Lena mais uma vez e percebeu que seu corpo havia voltado a ser o mesmo de antes da gravidez, até um pouco mais magro e isso era normal por conta da amamentação. Ela também voltou a usar as mesmas roupas impecáveis e alguns de seus saltos. Linda como sempre, pensou em silêncio.

— O que foi? — encarou a loira e viu suas bochechas ficarem vermelhas.

— Nada… uh, eu gostei da sua saia — e não era mentira — combina com a roupa da Lizzie — encarou a filha — ela tem ficado cada vez mais parecida com você.

— Ela ainda me lembra muito você, apesar de eu nunca ter visto uma foto sua bebê — se aproximou do berço e a menina encarou as duas com seus olhos azuis brilhantes — Liz me olha da mesma forma que você faz — com amor contido neles, quis adicionar, mas não teve coragem.

— Nós realmente fazemos filho bonito — cuspiu a frase sem perceber — Rao! E-eu… eu não quis… oh Rao, não foi nesse sentido e…

Lena gargalhou e rolou os olhos.

— Eu concordo com você, Kara — pontuou divertida — apesar dela não ter sido gerada de uma maneira humana comum — a loira tentou não corar mais uma vez — vamos, o motorista está nos esperando.

***

O consultório estava cheio para aquela manhã e muitas mães pareciam preocupadas demais para interagir umas com as outras. Algumas crianças brincavam no cantinho dos brinquedos e outras estavam na sala de leitura, uma ótima ideia quando se precisa esperar para ser atendida. Aparentemente National City estava com algum surto de virose e gripe, algo comum nessa época do ano. Lena suspirou, tentou ignorar os olhares sobre si e indicou o sofá para Kara se sentar com Lizzie no colo, a menina adormeceu no meio do caminho. Era impossível não se sentir intimidada com as encaradas que recebia e obviamente que aquelas mães ficaram curiosas. Não era surpresa para ninguém que lesse qualquer veículo da imprensa que Lena Luthor era, de fato, mãe. A cada dia ficava complicado levar Lizzie para passear sem ter algum fotógrafo do lado de fora querendo expor o rostinho da nova herdeira de todo império da família Luthor. E outra, quem era a loira ao seu lado? Alguns sabiam que ambas namoravam, que Kara Danvers era repórter da CatCo, mas até onde ia seu envolvimento com a pequena? O que ela realmente era da CEO?

Eram tantas perguntas que as duas optaram por escondê-la ao máximo e evitar mostrar seu rosto. Sem contar que Lena achou até mais seguro que, em alguns casos, andasse com um de seus seguranças por perto, não queria que nada inesperado acontecesse. Supergirl era ainda era o melhor trunfo das duas sim, a heroína, independente do momento ou do lugar, faria tudo para manter a família longe de qualquer pessoa mal intencionada. No entanto, até nisso elas tinham que se policiar, ninguém podia imaginar que a garota de aço também estava envolvida, seria um caos. As palavras de Lilian sempre ecoavam na mente de Lena, a relembrando do perigo, de como seria melhor esconder da filha que ela era um alien, mas ela as afundava num canto escuro de seus pensamentos, não queria estragar nada ou ficar paranóica, mais do que já acontecia. Ser uma Luthor, ser mãe e conviver com uma Super nunca seriam coisas fáceis. O universo jamais permitiria que desse tudo certo. Por isso, elas evitaram entrevistas, fotos e qualquer tipo de rede social. As recordações da filha seriam mantidas com a família e todos estavam cientes dessa decisão, eles concordavam que era melhor assim, James inclusive ajudava com à imprensa, despistando o que podia em relação a Lena Luthor e sua filha.

A única vez que eram expostas acontecia nas consultas, onde não tinham outra escolha. Lena aproveitou que Alex havia pegado o protocolo da DEO para a pediatra e pediu outro para a secretaria do lugar, afinal era melhor prevenir do que remediar. Nenhuma informação sairia dali sem sua permissão, ou da pequena Danvers. Caso alguma coisa assim acontecesse, todos iriam ser chamados para responder algumas perguntas no departamento e teriam que arcar com as consequências. Jonn prometeu que protegeria sua netinha e estava mais do que empenhado a manter sua palavra. O marciano acabou se tornando um avô super babão.

— Lizzie Luthor Danvers — a secretária chamou depois de uma espera de quase vinte minutos. Kara ainda continuava com a pequena no colo, que agora já havia acordado e então ambas se levantaram.

Ao chegarem a porta, foram recebidas por uma morena sorridente, cabelos castanhos curtos e lábios rubros. Eva Zambrano tinha uma presença marcante, um sotaque que claramente denunciava que não era nativa dos Estados Unidos e sua simpatia, assim como seu humor encantador, era capaz de alegrar o dia de qualquer um ali. Não era a toa que tanto Lena quanto Kara continuaram a levar a filha até ela. Claro, Cameron havia assegurado que a latina era realmente competente e que tinha jeito com criança. Lizzie amava quando ela apertava sua barriga e a fazia gargalhar. Sempre que precisavam de uma consulta de urgência, tirar dúvidas ou passavam por algum aperto durante a madrugada, Eva respondia e agia como a heroína das mães em desespero. Durante aqueles três meses, ela acompanhou o desenvolvimento da menina, anotou as mudanças mais críticas, organizou a carteirinha de vacina e garantiu que ela ficasse saudável, mudando sempre que podia as opções de aleitamento dela. Por enquanto, apenas Lena a amamentava, no entanto estava ficando cada vez mais complicado suprir a fome da pequena kryptoniana. Kara ajudava a morena a retirar o leite e colocar em recipientes no refrigerador, assim como tentava auxiliar nos horários que ela podia comer, mas Lizzie crescia e seu apetite acompanhava esse crescimento. E já estava difícil controlá-la.

— Boa tarde, Kara e Lena — indicou as poltronas a sua frente — como vai a minha garotinha?

— Agitada, faminta e com muito calor — Lena resumiu divertidamente — mas ela está bem.

— Bom, esse calor tem judiado de todos nós e claramente que pode ver o número de mães do lado de fora — ambas assentiram — como vão as cólicas e as noites de sono?

— Ela tem dormido por mais tempo durante a noite — encarou a loira e ela sorriu.

— Na verdade ela meio que escolheu um horário que prefere dormir mais, eu acho — dessa vez, a Luthor concordou — as cólicas quase não vem mais, mesmo com ela mamando quase 24 horas por dia — comentou culpada — e talvez eu tenha tudo a ver com isso...

Eva riu e achou graça das bochechas vermelhas dela.

— Sem problemas, é bem comum a fome aumentar, principalmente por que ela fica mais tempo acordada, começou a interagir mais e a se movimentar — explicou com calma — sem contar que ela é uma comedora nata, o metabolismo dela é bem diferente do que estamos acostumados — pontuou, olhando os exames que Lena sempre trazia da DEO — alguma mudança significativa que vocês tenham observado?

— Nada além da audição sensível — a CEO respondeu — ela tem ficado mais perceptiva e aprendeu a virar de barriga para baixo — Kara concordou animada, ajeitando Lizzie no colo — mas nada ainda se manifestou além disso.

— Pelo o que tenho verificado aqui, os níveis de células epiteliais humanas dela tem diminuído, porém essas outras células estreladas, chamadas KP9, estão aumentando — suspirou — a porcentagem de leucócitos, hemácias e das outras células estão numa proporção boa com as KP4 e isso nos garante um tempo talvez, caso ela for demonstrar alguma mudança física — sorriu calmamente — Cameron me explicou que você teve algumas manifestações no seu corpo durante a gravidez, então não podemos simplesmente descartar esse fato — a CEO assentiu — vamos continuar com as vacinas, tratando dela como maior parte humana e irei precisar desses exames mensais, okay? — as duas concordaram — tragam ela para cá — chamou todas e elas foram para o outro lado do sala, onde possuía um sofá, brinquedos, enfeites e quadros infantis. A paredes eram pintadas de um tom claro de verde, com adesivos de personagens de desenhos animados e as ferramentas médicas ficavam organizadas num armário marrom em cima da pia. O cheiro de plástico da luva se misturava com o doce dos lençóis coloridos.

Por mais que Alex tivesse total controle do desenvolvimento da sobrinha, realizando um check list todo mês, avaliando seus exames e crescimento, Lena preferia levar a filha numa pediatra comum. Lizzie merecia ser acompanhada como uma criança normal, fora de um departamento secreto onde vários agentes trabalhavam, aliens estranhos eram levados para a prisão e sala de interrogatório. Gostava da sensação de ter uma vida humana normal, de ter controle sobre o que conhecia e sobre quem tinha acesso a sua vida. Uma coisa era aceitar Jonn, um marciano, como avô da menina, aceitar que sua outra mãe era uma alienígena com uma trágica história. Mas aceitar que Lizzie fosse sempre levada para um lugar hostil e perigoso, com tantas espécies e figuras de caráter questionável, era outra totalmente diferente. Jamais se perdoaria caso alguém dali de dentro conseguisse lhe atingir por conta de sua situação com a heroína da cidade.

Quando Cameron contou a doutora Zambrano sobre a situação peculiar da pequena Luthor, Kara ficou brava e não queria que esse segredo fosse espalhado assim. No entanto, sabia que era necessário. Um mal necessário. Eva não conseguiria entender com o que estava lidando caso não soubesse da verdadeira identidade da loira e das condições em que Lena engravidou. Por isso, Alisson garantiu que a morena não iria falar nada, primeiro porque havia o compromisso médico-paciente e, segundo, que ela a conhecia bem. Muito bem. Eva e Alison eram casadas há quase dez anos e tinham dois filhos, cujas fotos estavam sobre a mesa de trabalho da pediatra. Ainda sim as duas tiveram que assinar o protocolo da DEO, pois Alex não iria sossegar caso não tivesse plena certeza de que a sobrinha estava em boas mãos.

— Pode deitá-la e tirar a roupa dela — Lena colocou a chupeta na boca da filha, evitando que ela começasse a chorar e a despiu — ei, pequena, vamos ver como você está? — sorriu  e Lizzie se mexeu empolgada.

— É normal essa bolinhas vermelhas na pele? — Kara perguntou curiosa — começaram a aparecer esse mês.

— Não se preocupe, isso acontece por causa do calor — explicou, enquanto verificava os ouvidos e em seguida os batimentos cardíacos — algumas crianças têm bastante nas bochechas ou no pescoço, mas não é nada sério.

Eva pegou a menina no colo e a colocou na balança, anotando seu peso num papel. Em seguida, a deitou novamente e mediu, constatando que ela crescia mais rápido que uma criança humana normal. Seu coração era forte, nada indicava uma mudança morfológica em seu ouvido, algo físico que explicasse a audição sensível e seu peso deixava claro o quanto ela era capaz de comer.

— Estou tendo problemas para amamentar — Lena confessou com um suspiro de derrota — ela sente muita fome no período da manhã e no final da tarde, não consigo acompanhar esse apetite — Kara afagou seu ombro e tentou passar um pouco da sua calma.

— Não precisa ficar chateada com isso, como falei anteriormente, podemos incluir uma fórmula na alimentação dela — pontuou, mas sabia que a Luthor iria protestar — isso não significa que ela vai preferir a mamadeira ao seu leite, Lena.

— Não gosto da ideia dela escolher outra coisa… — bufou.

— E ela não vai, Lizzie inclusive pode não aceitar nenhuma das opções que oferecermos — sorriu calma — mas tem que entender que a fórmula vai ser apenas para quando precisar, quando não tiver leite e ela estiver com fome. Não é uma substituição, é um plano B.

— E como isso funciona? — a pequena Danvers perguntou — digo, como vamos saber se ela vai querer, ou se… não vai trocar?

— Só vamos descobrir ao tentar, é um tiro no escuro e, acredite, a maioria rejeita até mesmo as fórmulas com gosto semelhante ao leite materno — ambas ficaram surpresas — crianças que são amamentadas pela mãe desde o nascimento tendem a recusar qualquer outro leite até os dois anos.

— Bom, não vou mentir, não sei se quero que ela aceite — a morena admitiu e Eva riu — mas posso… tentar, não quero ela com fome.

— Vou te passar depois que dermos a vacina nessa bonequinha — apertou a barriga da menina e ela gargalhou — pode vesti-la, o peso está normal e aumenta conforme ela cresce. Respiração está okay, assim como os batimentos e a audição. Vamos continuar a observar as cólicas e continuem com o remédio que passei para caso elas voltem, tudo bem?

— Certo, e quando ela vai começar a falar? — Lena encarou a loira um pouco assustada — uh… e-eu… eu queria que isso fosse logo…

Eva riu e pegou uma das seringas para separar as vacinas.

— Creio que isso vai demorar um pouco, depende mais dela do que de nós — indicou o sofá e então a Luthor se sentou, ajeitando a filha no colo. Lizzie, ao sentir o algodão no braço, soltou a chupeta e começou a chorar.

— Tem mesmo que fazer isso? — Kara bufou e se sentou ao lado das duas — nós nem sabemos se ela pode ou não ficar doente…

— É por isso que temos que vaciná-la — a morena alcançou a mão da outra e deu um leve aperto — também não gosto de vê-la chorar.

— Eu odeio isso — resmungou claramente chateada. Eva esperou o tempo das duas.

— Prontas? — Lena assentiu e Lizzie aumentou o tom do choro, se esquivando e se mexendo desajeitadamente no colo de sua mãe — segure o bracinho dela para mim, por favor.

— Filha, é rapidinho, colabora com a mamãe — pediu carinhosamente, com o coração doendo por ter que fazer aquilo.

A primeira vacina foi dada e o grito estridente cortou a sala. Eva deixou que as duas acalmassem a menina para poder aplicar a próxima. Nunca era fácil ouvir a filha chorar, reclamar de dor e ficar assustada, mas era uma decisão sábia. Haviam muitos pais que preferiam não aceitar a vacina, dizendo que era uma forma da indústria farmacêutica lucrar com a “venda” de doenças, no entanto era sempre bom prevenir. Respirou fundo, preparou a próxima seringa e limpou o local com o algodão úmido em álcool.

— Já vamos terminar, Lizzie — a pediatra falou enquanto a pequena chorava alto — é rapidinho.

— Rao! Eu não aguento isso… — a loira bufou e fechou os olhos, segurando a vontade de chorar com a filha.

Entretanto, ao tentar penetrar a agulha na coxa da menina, ela se quebrou no meio. As três se encararam perplexas e olharam o metal partido. Eva, tentando provar um ponto muito importante, tentou outra vez. E mais outra. E nenhuma delas conseguiu adentrar a pele de aço da pequena kryptoniana. Lena olhou para a loira ao seu lado, sabendo bem o que aquilo significava. Kara sorriu orgulhosa, mal conseguindo esconder a satisfação em saber que a filha era igual a ela. Lizzie tinha a pele de aço, tinha desenvolvido agora mais uma parte do seu metabolismo alienígena.

O choro continuou a ressoar, tirando todas elas de seus pensamentos.

— Acho que isso explica bastante coisa — pontuou — pode amamentá-la, vai ajudar a acalmá-la e bom… vai ter que encontrar outra solução para as vacinas.

— Ela ainda vai precisar disso? — Kara perguntou com esperança — ela… ela não precisa, certo?

— Kara, ela pode ter a pele de aço, mas ainda não sabemos se ela vai ou não adoecer — a CEO pontuou preocupada — vamos ter que pedir para Alex nos ajudar com isso.

— Droga… — bufou inconformada. Lizzie abocanhou o seio nu da Luthor assim que ela o libertou do sutiã.

— Vou anotar a fórmula para vocês enquanto ela termina de mamar, fiquem a vontade, volto em alguns minutos — ambas sorriam e assistiram a outra sair.

O silêncio pairou sobre as duas, deixando-as numa paz acolhedora, onde apenas o barulho da sucção que a pequena fazia com os lábios podia ser ouvida. Lena passou levemente a ponta dos dedos nos cabelos negros dela, os ajeitando embaixo da faixa que combinava com a roupa e então sentiu a presença da loira sobre o seu corpo. Kara deixou a filha segurar seu indicador, ainda fungando chateada pela dor da agulha e fechando os olhos cansada. Era naqueles momentos que elas percebiam o quão importante era que mantivessem a amizade, pois jamais conseguiriam viver numa realidade onde não estivessem uma na vida da outra.

Kara deitou a cabeça sobre o ombro da Luthor e suspirou baixo.

— Eu odeio ouvir ela chorar — confessou mais uma vez.

— Eu sei… eu também — admitiu — mas nem todas as nossas decisões serão fáceis.

— Elas nunca foram — e, nesse ponto, Lena não sabia ao certo sobre a que ela se referia — para nós nada nunca foi simples.

Voltaram a encarar Lizzie, que agora respirava mais calma. Independente do que fosse acontecer dali para frente, ambas tinham plena consciência de que suas vidas haviam mudado para sempre.

E Lena mal percebeu que ainda segurava na mão da pequena Danvers.

***

Winn trabalhava distraído e sequer percebeu quando Alex entrou na DEO acompanhada da namorada. Na verdade, aquilo estava se tornado tão comum que ele sequer fazia questão de reparar. Tanto Lena quanto Sam haviam se tornado visitantes frequentes naquele departamento, assim como Ruby e Lizzie. Por mais que Jonn fosse amante da discrição e de manter o segredo do seu serviço, não conseguia simplesmente negar a presença da família de suas filhas do coração. Tanto Kara quanto Alex tinham batalhado tanto para conseguir pessoas que realmente se importavam com seus sentimentos. Ainda se lembrava de quando o casamento da agente acabou de uma forma brusca e triste, a deixando totalmente arrasada e trazendo a tona problemas antigos. Quando Sam apareceu, juntamente com a filha, foi como se uma nova luz de esperança tivesse brilhado dentro do coração da ruiva.

O mesmo valia para a pequena Danvers, mesmo que ela já não estivesse num relacionamento com a CEO da L-Corp.

Ambas rumaram para o laboratório, onde prosseguiriam com os exames que começaram no início do mês. Sam estava nervosa como o inferno, preocupada com os resultados, ou com a falta deles. Retirava tubinhos e mais tubinhos de sangue, tirou radiografias, fez ressonância e tantos outros testes e exames, na esperança de provar que nada estava errado, ou encontrar onde estava esse erro. Todavia, nada parecia funcionar. Alex continuava a explicar que os resultados eram vazios, não levando a nenhuma hipótese ou provando qualquer ponto. Estava ficando cansativo e desesperador não ter nenhuma resposta. Preocupava-se com sua saúde, com a segurança de sua filha e com o seu relacionamento.

Novamente, elas seguiram com o protocolo. Alguns procedimentos foram repetidos, mais sangue foi retirado e Alex passou um tempo observando as células pelo microscópio de imersão. Suspirava perdida em pensamentos, enquanto a morena esperava. Esperava por uma solução, por algo que a deixasse tranquila. Algo que pudesse finalmente explicar o que diabos estava acontecendo com o seu corpo.

— Alguma coisa? — perguntou pela terceira vez, mas reconhecia aquele olhar. Sabia a resposta — Alex…

— Sinto muito… — respondeu e a puxou para um abraço apertado. Sam ainda usava a camisola hospitalar e nunca pareceu tão frágil como agora — estou fazendo o meu melhor, eu prometo.

— Eu… e-eu não aguento mais… — confessou entre soluços. Chorar era sempre a primeira reação — como eu vou… vou cuidar da Ruby, como… como posso saber que ela…

— Não diga isso, Samantha — segurou seu rosto nas mãos e a beijou lentamente — Ruby está bem e nós vamos conseguir sair dessa.

— Até quando vai repetir isso? Até quando vamos continuar fingindo que isso está dando certo? — a ruiva sabia que ela tinha razão. E seu coração doeu.

— Só precisamos acreditar um pouco mais, tentar e tentar — bufou — talvez…

Hesitou por uns instantes, com medo do que iria propor. Até então, tudo era mantido apenas entre elas. Sam arqueou a sobrancelha e desconfiou.

— Talvez? — insistiu — talvez o que?

— Nada…

— Alexandra Danvers! — seu corpo inteiro se arrepiou. Não era nada bom quando era chamada pelo nome completo.

— Okay, não precisa me chamar assim — bufou e rolou os olhos — talvez conseguíssemos algo mais concreto se… — tossiu nervosa — se pedíssemos ajuda?

Sam deixou aquela sugestão ser processada e pensou rapidamente no que aquilo podia repercutir na sua vida. Não era uma ideia ruim, mas ainda tinha medo de quem poderia ser envolvido nessa bagunça e, em sua opinião, já era ruim ter envolvido a namorada nisso. Sentia-se culpada, extremamente mal por ter que pedir a ela para lhe buscar todas as vezes que acordava num lugar estranho, sem se lembrar de nada, ou sem saber o que tinha feito. Estava ficando cada vez pior e mais frequente. Precisavam realmente de mais alguém para agilizar o processo.

— Okay, em quem você pensou? — a encarou curiosa.

— Bom… só tem uma pessoa que pode resolver isso mais rápido que eu…

Em poucos minutos, Lena pisou os pés no departamento que, ultimamente, parecia o local de reunião daquela família composta por humanos e aliens. Nenhum agente sequer reclamava, principalmente porque amavam poder paparicar um pouquinho o bebê do momento. Enquanto a CEO caminhava em direção ao laboratório, Kara tentava equilibrar a bolsa numa mão e Lizzie no outro braço, o que não durou muito, pois Winn correu para pegá-la antes que Jonn monopolizasse a neta. Havia sempre uma disputa para saber quem iria ficar com ela primeiro, mas Alex sempre vencia, fosse pela insistência ou pela ameaça. Ainda resmungando, a loira deixou o padrinho de sua filha a levar para o outro lado e aproveitou para conversar com o marciano sobre as últimas notícias que Clark tinha lhe enviado por email. Estavam um pouco longe de encontrar a solução daquele caso.

Sam ainda aguardava pela chegada da amiga e tentava não surtar. Lena era sua melhor amiga, quase como uma irmã mais nova e ela confiaria a sua vida nas mãos dela. Não deveria estar tão nervosa, porém não conseguia evitar.

Antes de adentrarem a sala, a agente parou no corredor e respirou fundo. Se iria fazer aquilo, então Lena tinha que saber de tudo. Absolutamente tudo.

— Tem algo que precisa saber — cuspiu as palavras num quase sussurro e a Luthor arqueou a sobrancelha.

— Mais do que já me contou? — perguntou desconfiada. Odiava segredos e mentiras.

— Na verdade, não é uma informação a mais… é só… — bufou nervosa — Sam não sabe que eu já encontrei o problema — encarou o chão — não contei a ela porque não sei como fazer isso e não tenho certeza do que eu realmente tenho em mãos.

— E o que encontrou? — cruzou o braços e escutou Lizzie balbuciar no andar de baixo enquanto Winn ria.

— Se lembra de quando te mostrei aquelas células estreladas que se misturavam com as suas? — a morena assentiu — eu encontrei as mesmas no sangue da Sam. Encontrei outras que não consigo identificar, mas a verdade é essa, Lena — suspirou cansada — Sam não é humana, nunca foi.

E aquilo atingiu a Luthor em cheio. Seu cérebro logo fez a conexão. Óbvio, fazia todo sentido. Sua amiga não conseguia se lembrar de nada, sumia de repente e acordava em lugares desconhecidos. Tinha conversado com ela naquelas semanas em que passou a tarde trabalhando ao seu lado, pode notar o quão exausta estava e a preocupação era palpável. Samantha não era humana e Reign era uma mulher misteriosa, que nunca dava respostas e que Kara afirmou ser kryptoniana. Isso só levava a uma resposta:

Sam era Reign.

— Consigo ouvir seus neurônios funcionando, Luthor — sorriu fraco — acho que ficou claro agora, certo?

— Claramente que sim, mas ainda estou tentando descobrir onde que eu me encaixo nisso tudo — pontuou inteligentemente.

Alex bufou.

— Preciso ter certeza do que estou fazendo e de com que estou lidando. Sam não pode simplesmente receber essa notícia, ela vai fazer perguntas e você sabe como ela fica — Lena concordou — e preciso pelo menos garantir que ela está segura. Entende isso, não entende?

E como ela entendia. Entendia mais do que queria, mais do que podia colocar em palavras. Segurança, para ela, vinha acompanhada de dois nomes: Kara e Lizzie.

— Certo, se formos fazer isso, será do meu jeito — Alex franziu o cenho — preciso que confie totalmente em mim e nas minhas decisões.

— Eu confio em você — respondeu rapidamente. Jamais diria o contrário — senão não teria te chamado.

— Eu sei. Também confio em você — ambas sorriram. Era estranho imaginar que há um ano atrás elas sequer conseguiam conversar por mais de cinco minutos — eu vou conversar com a Sam e vou te explicar uma parte do que eu pretendo fazer. Eu realmente preciso que confie em mim.

— Quer que eu assine alguma coisa? Céus, Lena, para que tanto mistério? — bufou impaciente — faça o que precisar. Eu confio em você.

— Okay, então nós duas estamos nessa juntas — Alex assentiu — até o final.

— Só uma coisa — ambas hesitaram — não me deixe por fora do que for fazer, em nenhum momento. Sei que é inteligente pra caralho e que sabe o que faz, mas eu me importo. Eu… eu a amo muito e não posso deixar que isso afete a Ruby. É só o que eu te peço.

— Trato fechado, Danvers — sorriu divertida e sincera.

— Okay, vamos nessa.

— Espera — a ruiva a encarou angustiada com a demora — preciso entrar sozinha.

— Como assim? Porque? — não era possível que ela estivesse pedindo algo assim.

— Fique calma, não vou fazer nada demais, só preciso ter o meu tempo com ela, Alex — explicou calmamente — eu também me importo e também a amo, é só uns minutos.

— Merda… okay — rolou os olhos — dez minutos.

— Quinze.

— Doze.

— Vai se foder, eu não preciso da sua permissão — retrucou, fazendo a ruiva sorrir divertida — eu te odeio.

— É recíproco — provocou, no velho modo de sempre — quando terminar, me chame. Vou pegar minha sobrinha do colo do Winn — a ruiva avisou e desceu apressada, sabendo bem que iria arrumar encrenca com o garoto.

Lena riu baixo e então respirou fundo. Sua amiga estava ali dentro e ela precisava ser forte, demonstrar que podia ajudá-la, mesmo não tendo certeza do que fazer. Depois que Lizzie nasceu, pensar em ciência, lidar com problemas de larga escala que em nada tinham a ver com cólicas, fraldas espalhadas pela sala e mamadeiras para esquentar, parecia bem longe da sua realidade agora. Sequer se lembrava da mulher que foi antes, a que sempre estava sozinha, pensando que jamais encontraria amigos que não a julgasse pelo sobrenome, amores que não fosse por interesse e uma família que não fosse disfuncional. Claro que ela e Kara não eram bem a definição de família que a morena construiu quando pequena, mas nunca iria reclamar. Elas se davam bem na medida do possível, tentavam resolver a maior parte das coisas com conversas e respeitavam o espaço pessoal uma da outra. O relacionamento estava cabado, porém Lena era mais do que agradecida por não ter perdido a amizade da pequena Danvers.

Ela era sua melhor amiga e continuaria assim, se dependesse dela. Kara era importante demais para deixar ir embora.

Ao abrir a porta, encontrou uma morena claramente exausta, com peso demais nos ombros e olhos perdidos no vazio. Sam sorriu alegre ao encontrar seu olhar e a Luthor a admirava demais por isso, por essa capacidade de sempre sorrir mesmo nos momentos mais confusos. Caminhou até ela e sentou ao seu lado, a puxando para um abraço apertado, um que ambas precisavam. Sam chorou dolorosamente, escondendo o rosto nos cabelos negros da amiga, soluçando e deixando sua angústia escorrer em cada lágrima quente. Lena esperou e deixou que ela desmoronasse, era necessário se permitir sentir. Beijou seus cabelos várias vezes, afagou seus ombros e repetiu a si mesma em silêncio que faria tudo ao seu alcance para que Sam entendesse o que estava acontecendo.

— Se sente melhor? — murmurou carinhosamente, retirando alguns fios de cabelo da bochecha dela.

— Acho que sim, não sei… — foi sincera — eu só quero respostas, Lena. Eu preciso delas.

— Eu sei e é por isso que estou aqui — explicou — nós vamos resolver isso juntas. Eu, você e a Alex.

— Ela não conseguiu nada até agora e eu fico preocupada porque ela está dando tudo de si. Não quero vê-la se frustrar, é cansativo demais para nós duas — bufou chateada.

— Alex te ama, eu te amo e você não vai ficar sozinha — pontuou — porém não acho justo ficar apenas assistindo. Você é tão inteligente quanto nós duas, pode muito bem nos auxiliar — Sam encarou a amiga um pouco confusa e franziu o cenho.

— E como eu faria isso?

— Me ajudando com um projeto pessoal — isso pegou a outra de surpresa — eu tinha deixado isso de lado quando Lizzie estava perto de nascer, principalmente depois de toda a verdade… enfim — suspirou — esse projeto é algo importante e pode te ajudar a entender sobre si mesma.

— Lena, vá direto ao ponto, por favor — pediu impaciente.

— Você está igualzinha a Alex, por deus, Sam! — ambas riram — vem comigo — levantou-se e estendeu a mão para a outra, que aceitou um pouco duvidosa.

Elas caminharam até o microscópio e Sam assistiu a amiga retirar uma pequena caixa branca de dentro de sua bolsa. Dentro dela havia lâminas de laboratório, com pequenas manchas vermelhas no centro e algumas até estavam pigmentadas em outras cores. Franziu o cenho novamente, mas aguardou para saber onde que isso daria. Lena ajeitou o foco e então se afastou, pedindo para a outra se aproximar mais.

— O que você vê? — perguntou ao cruzar os braços e esperar a morena analisar aquela amostra.

— Células humanas do sangue — a Luthor assentiu — e também algumas estreladas, na verdade… na verdade elas estão de duas formas, umas separadas e outras que se juntaram as hemácias — afastou-se e encarou-a — porque estou vendo isso?

— Essa é uma amostra do meu próprio sangue quando estava grávida, Alex quem retirava e analisava — explicou — foi assim que eu descobri que Lizzie é imune a kryptonita. De alguma forma, as células nativas se fundiram com as estrangeiras, não sei ainda como, afinal o corpo deveria ter as considerado como invasoras e as destruído logo em seguida, acredito que seja alguma forma de mimetização e elas conseguiram enganar o meu sistema imunológico.

— Então… Lizzie não é afetada pela kryptonita porque ela possui dois DNA que se combinaram — Lena assentiu — okay, e qual seu ponto aqui?

— Bom, o meu ponto é trabalhar de uma forma onde eu encontre uma maneira de formular um tipo de antídoto — falou um pouco receosa, vendo cada traço da reação de sua amiga — talvez, se descobrirmos o meio de ação das células kryptonianas, podemos conseguir um tipo de vacina. Claro, não estamos trabalhando com um vírus, mas eles agem exatamente assim, se escondendo dentro das nossas células e isso pode inclusive nos ajudar a estudá-las — explicou fascinada — o que eu quero dizer é que quero encontrar uma forma de tornar a Supergirl imune, usando as amostras do meu sangue e encontrando a saída para essa incógnita.

Um silêncio pesou no cômodo, mas não era preocupante. Sam estava, na verdade, deixando a ideia ser processada.

— Lena, isso seria… — suspirou, tentando encontrar a palavra certa — eu sequer sei o que dizer, você é claramente um gênio. Eu topo — concluiu sorridente, vendo os ombros da CEO relaxarem — preciso apenas de tempo para analisar cada amostra.

— Teremos tempo suficiente para isso — sorriu também — Alex ainda não sabe e talvez tenhamos um obstáculo a frente…

— E qual seria?

— Vamos precisar de kryptonita.

***

— Só mais um!

— Kara, não.

— Eu juro que é só mais um, prometo!

— Você disse isso cinco vezes e olha como estamos — apontou para o carrinho de compras.

— Por favor…

E lá estava ele, o maldito beicinho.

Merda.

— No que eu me meti? — resmungou, sem se importar se a kryptoniana podia ou não ouvir — okay, mas essa é a última vez que eu deixo você vir comigo no mercado — pontuou, mas a loira estava contente demais para se importar com a bronca, afinal ela tinha conseguido mais um pacote de biscoito.

Ir ao mercado juntas havia se tornado uma tarefa corriqueira para as duas. Lena não queria deixar Lizzie sozinha e Kara ainda não se sentia pronta para cuidar da filha sem achar que iria estragar tudo. Com isso, elas decidiram que fariam tudo juntas e assim nenhuma delas precisaria desafiar seus limites. No entanto, lidar com uma loira esfomeada e totalmente descontrolada na seção de doces, laticínios e biscoitos era quase como pedir para perder a paciência. Elas sempre decidiam a lista de compras, equilibrando as frutas, verduras e cereais com os doces, salgadinhos e prazeres da culinária, como Kara gostava de chamar. O problema era que a kryptoniana se esquecia completamente dessa lista quando adentrava o lugar e enfiava vários pacotes extras quando Lena não estava olhando. Lizzie, ainda sem entender o que acontecia, apenas observava a mãe sorri sapeca e correr para o lado contrário, como se nada tivesse acontecido.

Obviamente que a Luthor via, apenas escolhia não dizer nada. Dinheiro não era problema para ela e certamente que o sorriso da amiga valia a pena.

— Precisamos passar na farmácia e comprar a fórmula, fraldas e o remédio para cólica — pontuou enquanto pegavam as últimas coisas da lista. Kara segurava a filha no colo e ela balbuciava distraída, puxando a correntinha da chupeta que ficava presa em seu macacão — pode pegar as maçãs para mim?

— Claro! — deu a volta e caminhou até a gôndola de frutas — sementinha, isto aqui é uma maçã — mostrou para ela — é uma frutinha muito gostosa, mas eu prefiro morango, ou banana. Maçã me deixa com fome — riu sozinha. Equilibrou a menina no colo, ao mesmo tempo em que enchia a sacola.

— Meu deus, que coisinha linda — uma mulher alta e sorridente se aproximou da loira e encarou Lizzie — é sua?

— Sim — respondeu orgulhosa — diga oi, filha! — a incentivou, porém a menina continuou entretida com a chupeta.

— Ela tem seus olhos — ambas se encararam — e a sua beleza, se permite dizer — oh Rao.

Kara sabia bem onde aquilo ia dar.

— Uh… obrigada — tossiu nervosa — eu preciso… er… maçãs — apontou para as frutas vermelhas na sacola.

— Quer ajuda? Posso segurar ela, quem sabe assim não descubro os segredos da mãe dela — brincou, mas aquilo era um flerte. Kara tinha certeza disso e não sabia como lidar.

— Quem sabe assim você não descobre que ela tem duas mães — Lena apareceu e pegou Lizzie no colo, deixando a pequena Danvers livre para continuar o trabalho — atrapalho?

Kara engoliu seco.

Oh Rao.

— Me desculpe, eu não… — a mulher corou fortemente — enfim, a filha de vocês é linda, parabéns.

— Eu sei — respondeu rispidamente e sorriu irônica — vamos?

— S-sim — pigarreou e sorriu fraco para a mulher que estava completamente sem graça.

Ambas andaram até o caixa, colocando cada coisa sobre a esteira e esperando a hora de pagar. Nenhuma delas tinha coragem de olhar uma para a outra. Já fazia tempo desde que haviam se comportado assim uma com a outra, de maneira possessiva e ciumenta. A loira sequer se lembrava de como era, mas agora ela tinha certeza. Era bom, a deixava com um sentimento intenso no coração. Queria poder dizer a ela que nunca escolheria outra mulher, que nem seria capaz de se apaixonar por outra pessoa, pois tudo o que ela era pertencia a Luthor. Pertencia a sua melhor amiga, a mãe da sua filha e ao amor da sua vida. Queria poder tê-la de volta, beijá-la e abraçá-la forte enquanto dormia, todavia talvez essa fosse uma realidade distante demais. Ou até impossível.

Não sabia, mas também não iria desistir.

— O que foi isso? — teve coragem de perguntar. Já estavam no carro, guardando as compras no porta malas.

— Isso o que? — não a encarou.

— Você estava com ciúmes? — um flash brilhou nos olhos verdes da CEO e a loira sabia o que aquilo significava.

— Não.

Sim. Ela estava.

— Sabe que não precisa mentir — continuou.

— Eu não estava com ciúmes, podemos simplesmente esquecer o que aconteceu? — retrucou, mas antes que a kryptoniana pudesse pedir desculpa, uma sombra apareceu atrás de si.

Encarou a Luthor e ela estava petrificada no lugar. Seu braços envolviam a pequena de forma protetora, um pouco forte demais e o chorinho dela começou a dar sinais do perigo iminente. As pessoas ao redor também pararam, amedrontadas com o que podia acontecer, pois o cara armado e com uma cicatriz que cortava seu rosto na diagonal não parecia disposto a conversar. Kara conseguia escutar o coração das duas, retumbando como tambor, correndo acelerado e desesperado. Seu próprio sangue ferveu e seu primeiro instinto foi dar um passo a frente, puxando as duas para trás de si. Lena não disse nada, apenas obedeceu e deixou que a loira ficasse de escudo. Estava apavorada e desejou ardentemente que pudessem sair dali o quanto antes.

— Abaixe a arma — pediu cautelosamente, estendendo a mão e olhando para a Luthor de soslaio — não precisa fazer isso.

Ele gargalhou e o eco era capaz de cortar a tensão ao meio. Lena se arrepiou e suas pernas tremeram no lugar. Lizzie soltou a chupeta e passou a chorar mais alto.

— Me entregue a criança e ninguém se machuca — falou firme e sua voz era grave e rouca — é um trato simples. Você escolhe.

— Não sabe com quem está falando — retrucou com raiva — e não vai levar a minha filha.

Seus pensamentos trabalhavam rapidamente, pensando numa maneira de não se expor, mas ao mesmo tempo não se importaria em revelar sua identidade ali para todos. As perguntas eram diversas e um tanto confusas, porque alguém viria atrás da sua filha? Porque ele parecia tão interessado assim? O que queria? Bufou. Não tinha tempo para isso agora, tinha que salvar Lena e Lizzie e cair o fora dali o mais rápido possível. Olhou para trás e o carro continuava aberto, aos lados havia outros veículos e a frente tinha a saída do estacionamento coberto. Era um plano sem futuro, não haveria como escapar se a Supergirl não aparecesse. Respirou fundo.

— Ah, eu sei muito bem — ele sorriu maquiavélico — e eu vou levá-la, por bem ou por mal.

— Dê um passo a frente e eu acabo com esse seu sorriso — ameaçou e sua voz subiu algumas oitavas. Kara podia sentir os nós dos dedos doerem de tanta força que colocava no punho — quem mandou você aqui?

— Digamos que há uma bela recompensa por esse bebê — encarou a CEO e seus olhos caíram sobre a menina que se remexia e chorava — uma gracinha, não é mesmo? — tentou se aproximar, mas a kryptoniana se pôs mais a frente, puxando a amiga para o lado contrário e a escondendo mais atrás — possessiva?

— Abaixe essa arma antes que se arrependa — bufou com raiva. Ele riu mais uma vez e destravou o gatilho, fazendo um barulho de trinca.

— E o que vai fazer? Será que consegue proteger sua família e me impedir de levar a menina? — ameaçou — sabe, a recompensa vale muito a pena e não sou só eu que pretendo ganhá-la.

— Lena, fique atrás de mim — sussurrou e ela assentiu.

O barulho das sirenes da polícia invadiram o estacionamento, ainda longe do lugar, mas perto o suficiente para escutarem. Lena sentia o coração quase escapar do peito, segurando forte a filha no colo, com ela chorando alto e se mexendo incomodada. Não entendia o porquê daquela recompensa e porque queria levar Lizzie para longe. O que ela valia? Quem seria capaz de machucar alguém tão pequeno e indefeso? Seu sangue fervia de raiva, angústia e medo. Medo de não ser capaz de protegê-la. Medo de que suas vidas fossem ser sempre assim, regadas de perigos, de ataques e de tristezas. Estava dividida entre o arrependimento de ter se envolvido com a Supergirl e a vontade de ir embora daquela cidade, permitindo que apenas Kara tivesse acesso a ela. Não como heroína, apenas como mãe.

Antes que pudesse terminar de processar toda aquela situação, um estrondo do lado esquerdo as pegou desprevenidas e ela fechou os olhos, desviando o corpo dos pedaços de concretos que voaram ao redor. Os gritos das pessoas que desciam ao estacionamento ecoaram pelo espaço semi iluminado e ninguém teve coragem de se aproximar dos carros. Kara virou-se rapidamente e segurou as duas nos braços, impedindo que qualquer outra coisa as atingisse. Lizzie assustou-se e seu choro passou de uma manhã para um medo real. Ela conseguia sentir o pânico de suas mães. Tudo aconteceu em segundos, mas parecia ter durado uma eternidade. O cheiro de poeira misturado com fumaça inebriou cada uma delas.

Quando voltaram seus olhares, o rapaz que antes segurava a arma e parecia tão capaz de matar por uma recompensa, já não conseguia respirar direito. E foi então que os olhos vermelhos encontraram os verdes e então os azuis.

Reign.

Sua capa preta caía sobre seus ombros, a máscara escondia a verdade do seu rosto e seu punho era quase capaz de quebrar o pescoço dele num piscar de olhos. Kara utilizou a super velocidade e voltou antes que Lena pudesse perceber que ela tinha saído. Agora, vestida no traje azul e com a capa vermelha caindo sobre ela, pode suspirar um pouco mais aliviada, apesar de não compreender o porquê da mulher misteriosa estar ali. Afinal, o que ela era? Porque lutava como uma heroína e nunca deixava ninguém agradecer? Suspirou novamente. Não importava, nada disso tinha que fazer sentido agora. Ela havia salvado sua família e por isso ela seria sempre agradecida.

— Tire as duas daqui — Reign falou ríspida, os olhos brilhando num vermelho sangue.

— Obrigada — falou.

— Não me agradeça, apenas caia fora daqui! — ordenou e o rapaz gritou de dor, se remexendo e engasgando com a falta de ar — não quero que ela veja o que vou fazer. Anda!

— Reign, não precisa…

— Qual é o seu problema? — quase gritou — vai!

— Uh… okay, obrigada… de novo — ainda sem saber como reagir, virou-se para a amiga e a pegou no colo, juntamente com Lizzie.

Ela sabia o que a mulher iria fazer e não concordava. Supers não matam, ela não era uma assassina e todos mereciam ser julgados por seus erros. No entanto, não podia se importar menos. Se alguém tinha que fazer, que fosse então a heroína misteriosa que não agia por nenhum moral que ela pregava, ou que a DEO concordava. Supergirl sobrevoou a cidade o mais cuidadosa que pode, não indo tão rápido, mas não querendo também prolongar aquela viagem. Lizzie nunca tinha voado no seu colo, na verdade, ela sequer tinha visto os poderes da mãe sendo manifestados. Aquela era uma primeira vez e estava bem longe de ser a última.

Algumas horas depois do ataque, todas as sacolas do mercado apareceram na sacada e o carro, misteriosamente, apareceu na calçada.

***

O restante do dia se passou num vulto de medo e silêncio. Lena esperou a filha se acalmar e a preparou para dormir. Seus músculos doíam por conta da tensão, suas pernas ainda fraquejavam e aquela tarde lhe rendeu uma enxaqueca. Não conversaram sobre o ocorrido, não tentaram descobrir quem estava atrás da pequena Luthor, ou sequer procuraram a DEO para avisar da recompensa. Kara sequer ligou para a irmã e nem falou uma palavra sobre o que pensava. Ambas estavam inertes em pensamentos, em angústia. Se movimentaram pelo apartamento de forma mecânica, quase ensaiada. Não tinham fome para comer ou fôlego para chorar, apenas queriam que o dia acabasse. Que aquilo tudo findasse.

Lizzie adormeceu rapidamente, com a boca ainda presa no seio de sua mãe e sua mão segurando o indicador. Lena cantou para ela, acariciou seus cabelos e prometeu que a protegeria para sempre, independente se tivesse que morrer ou matar para cumprir sua promessa. A noite estava fresca e úmida, indicando que o verão não iria embora tão cedo. Não saiu do quarto desde que terminou de tomar banho e se sentou na cama. Tentou escutar alguma coisa na cozinha, o barulho da televisão ligada em alguma comédia romântica, ou até mesmo o som das teclas do notebook sendo apertadas com precisão e pressa. Nada. A casa estava imersa num silêncio sepulcral e cortante, assim como todas as luzes estavam apagadas, deixando cada cômodo mergulhado na frieza da escuridão.

Vagou pelo quarto, terminando de ninar a pequena e em seguida a colocou no berço, beijando suas bochechas e lhe desejando boa noite. Mal sabia se conseguiria dormir bem, pois ao fechar os olhos, a imagem da arma, da cicatriz e dos olhos castanhos intensos do rapaz vinham a sua mente. Era como reviver o inferno várias e várias vezes, sem nunca conseguir sair daquele looping infernal. Bufou exausta, massageou levemente os ombros e lavou o rosto, tentando não suar apesar do frio do ar condicionado. Ao voltar para a cama, ela escutou uma voz no corredor, fraca e suave. Franziu o cenho e encarou o relógio, já se passava da meia noite. Se levantou novamente e caminhou até a porta, a entreabrindo devagar e procurando pelo som.

Seus olhos encontraram a figura de uma loira de pijama, sentada no carpete do corredor, com Agnes deitada ao lado do seu corpo. As ondas de seus cabelos não pareciam tão sedosas como era, o óculos não estava escorregando sobre seu nariz e seus pés estavam nus, algo completamente incomum para uma amante de meias com estampas divertidas. Lena relaxou e arfou pesadamente, esperando para que ela a notasse do outro lado. No entanto, Kara nem se mexeu, ou a encarou. Seus dedos continuaram a passear pelo pêlo dourado da cachorrinha, indo e voltando vagarosamente, numa carícia longa e deliciosa. Agnes suspirou e aproveitou daquele momento para tirar um cochilo. Ao pensar em retornar para dentro do quarto, a voz ressoou mais uma vez.

— Agnes, você sente falta dos seus filhotes? — sussurrou quase inaudivelmente — o que você faria se tivesse que ir embora?

Lena sentiu o coração parar de bater.

— Sabe… eu perdi a minha família uma vez, há bastante tempo atrás e nunca achei que fosse conseguir ser feliz de novo — um leve soluço escapou de sua garganta — como a gente faz quando ama e mesmo assim tem que fazer uma decisão tão… tão difícil? — ela rapidamente limpou o rosto — eu faria… eu faria qualquer coisa por elas, Agnes… qualquer coisa, mas eu não… — meneou a cabeça, sem conseguir terminar.

De repente, ela sentiu braços frios envolverem seus ombros e o cheiro doce o perfume da CEO invadiu suas narinas. Não teve coragem de encará-la, de pedir desculpas e de dizer que talvez fosse melhor se afastar. Afinal, como poderia proteger a filha se todos os perigos que lhe acometiam eram por causa da Supergirl? Como poderia viver sabendo que ela sempre sofreria algum ataque, nunca poderia ir para a escola sem ter dois seguranças ao lado ou sair com as amigas sem ter que se preocupar com sequestros? Era uma vida sem futuro, uma decisão tremendamente dolorosa a se tomar. Caso fosse preciso, ela se afastaria. Ela iria embora e deixaria Lizzie ser cuidada penas pela Luthor, pois assim, quem sabe, sua culpa diminuiria.

— Você não precisa — Lena sussurrou, sendo quase capaz de ouvir os pensamentos da outra — sabe que não precisa…

— É culpa minha, é… é tudo culpa minha — soluçou — talvez seja… seja realmente melhor eu ir embora, é perigoso demais eu continuar na vida dela e eu…

— Se você for embora, como acha que Lizzie vai ficar? Como acha que ela vai ficar quando perder a outra mãe que ela tem? — pontuou carinhosamente — o que eu vou falar para ela quando questionar o que você fez?

— Me d-desculpe…

— A culpa não é sua e também não é minha, nós sabemos bem que nossas vidas não são nada fáceis — murmurou, passando os dedos entre as orelhas da cachorrinha — mas não posso fazer isso sozinha…

Silêncio.

— Eu não conseguiria sem você, Kara — confessou, sem nunca olhar para ela.

Kara soluçou mais uma vez e a abraçou, como quem depende daquele ato para viver. Para respirar. Lena a apertou firme e fechou os olhos. Seus pensamentos voaram longe, numa tentativa de encontrar a solução em outro lugar. Foi então que a voz de sua mãe voltou a sua mente, repetindo que Lizzie estaria segura caso ela afastasse a pequena Danvers, caso ela nunca soubesse de sua verdadeira identidade. Ela conseguia ver Lilian sorrir, com sua pose sempre impecável e seu sorriso presunçoso. Lilian tinha razão, sua filha certamente que estaria bem caso a Supergirl não se envolvesse, mas a verdade era que sua mãe tinha plena consciência de que a CEO jamais seria capaz de afastá-la da menina. Kara era a mãe dela também.

E tudo aquilo fez sentido. Se Lena não conseguia, então Lilian faria Kara decidir ir embora. Nada mais perspicaz do que mexer com o que ela mais amava: sua família.

— Já está tarde, precisamos descansar  — sussurrou e se levantou, estendendo a mão para a loira. Agnes se espreguiçou e foi para a sala, onde sua caminha estava posicionada ao lado do sofá.

— Okay, obrigada por… por tudo — agradeceu com a voz fraca e com o rosto ainda úmido.

— Vamos — estendeu a mão novamente. Kara deixou os ombros caírem, exaustos e derrotados. Suas lágrimas escorreram mais uma vez e ela entrelaçou sua mão com a da morena.

Ambas caminharam de volta para o quarto, onde Lizzie dormia tranquilamente. Lena fechou a porta e se deitou, abrindo espaço para que a loira ficasse ao seu lado. Assim que se aconchegaram, ela permitiu que a amiga a abraçasse mais uma vez, escondendo o rosto em seus cabelos e chorando baixo, pois toda aquela ideia de perder mais uma vez o seu mundo a tinha atingido em cheio, quebrando seu coração em pedaços. Lena respirou fundo, segurando as próprias lágrimas e sabendo que seria capaz de qualquer coisa para impedir que Kara fosse embora da sua vida.

E aquela foi a primeira noite, depois de meses de afastamento, que elas se permitiram adormecer juntas.


Notas Finais


teorias? kkkkkkkkkkkkkk

essa coisa da vacina é uma experiencia minha mesmo, pq toda vez q eu tinha q levar a minha filha pra vacinar era eu quem chorava kasjdnaksjdnasjdn ela sempre foi muito boazinha, mas eu me desesperava, fazer oq kkkkkkkkk

bom, sobre a Lena e a Kara, parece que vcs tem um certo problema de interpretação de texto, mas eu vou explicar. Quando eu falei q n tinha decidido sobre o relacionamento delas é pq eu tenho uma surpresa, mas parece q vcs n leem tudo. Eu sei q é super chato ler uma fanfic onde elas n terminam juntas e bla bla bla, mas eu detesto cliches e nem tudo vai ser como vcs querem. N adianta me ameaçar, se quer uma fanfic X então escreva a fanfic, uai. Kara e Lena estao aprendendo a ser suficientes sozinhas antes de poderem voltar a pensar num relacionamento, em momento ALGUM eu afirmei 100% q elas n vao terminar juntas, então prestem atenção no q eu falo e aprendam a esperar.

Alias eu reparei q os comentarios reduziram pra metade e sei q deve ser pq tem gente desistindo so pq a fanfic n é do jeito q ela quer. Bicho, eu trabalho a semana toda, me esforço pra caralho pra ter att toda semana mesmo q eu esteja com sono, então assim, a fanfic tem quase 500 faves e 20 comentarios? Sendo q tinha quase 50? Cara, n custa nada comentar, elogiar ou criticar, uma escritora precisa de incentivo, n é sobre numero, é sobre saber q o seu trabalho é apreciado.

bom, isso foi um leve desabafo
Até a proxima!!!


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