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História When I First Met You - Drarry - Club of Duels


Escrita por: Toastie-San

Capítulo 17 - Club of Duels


 Exatamente como Hogwarts tinha o costume de fazer, logo houve outro assunto para varrer as preocupações dos alunos sobre a Câmara Secreta.

Em uma manhã de novembro perfeitamente ordinária, os que desciam para a sala comunal da Sonserina se depararam com um grande aviso em tinta verde-esmeralda sobre a reconstrução do Clube de Duelos, uma antiga atividade extracurricular de Hogwarts que voltava de sua pausa para receber os alunos interessados.

— Não parece, de todo, ruim — Draco opinou, analisando o pergaminho junto dos três amigos. — Pode ser muito bom pra gente. Vai que o monstro da Câmara Secreta sabe lutar com varinhas.

— Ahah, acho difícil. Mas eu acho que vou me inscrever — Blaise respondeu, procurando uma pena sobre a mesa. — E vocês?

— Não é muito a minha praia. Eu passo a oportunidade — Pansy explicou.

— Eu vou se o Harry for.

Os olhares rapidamente caíram sobre o moreno, como sempre, cheios de expectativas.

— Por mim, tudo bem. Digo, desde que o professor responsável não seja…

 

 

— Boa tarde, queridos alunos!

Harry se arrependeu amargamente de ter se inscrito para a reunião experimental ao ver, de novo, o professor Lockhart gerenciando o clube, desfilando em seu sobretudo cor-de-cereja sobre suas roupas brancas, em grande contraste com os alunos.

— Fico feliz de ver que tantos de vocês concordaram em se unir a nós nessa ilustríssima reunião experimental! As primeiras reuniões vão ser mais humildes, como vocês estão mais despreparados e não tem experiência em combate, mas ao fim do ano pelo menos alguns de vocês estarão no meu nível!

— Ele sempre foi chato assim?

— E ainda é com enorme orgulho que eu anuncio que teremos um assistente hoje! Essa é a sua deixa, Severo!

Harry engoliu em seco; a única coisa pior do que Lockhart era Lockhart e Snape no mesmo evento, ainda mais com uma desculpa para atacarem alunos.

O professor Snape se mantinha impassível, segurando a varinha e correndo os olhos pela multidão, embora não desse muita atenção a ninguém. Uma uniformemente desanimada salva de palmas seguiu a introdução do professor.

— Uma pequena demonstração agora, que tal, Severo? E depois deixaremos os alunos tentarem! Primeiro, um feitiço de desarmamento… Dou-lhe uma, dou-lhe duas e–

— Expelliarmus!

Antes que o professor Lockhart sequer tivesse a chance de terminar seu floreio com a varinha, o feitiço do professor Snape a fez voar pelos ares, caindo alguns metros atrás dele na passarela. Lockhart riu amarelo e, olhando por cima do ombro, correu para apanhá-la.

— Muito bem, Severo! Mas se devo dizer, era extremamente óbvio o que você ia fazer, eu poderia tê-lo impedido quando quisesse… Mas achei que seria melhor mostrar para as crianças os efeitos do feitiço.

— Não seria, na realidade, mais eficiente — Snape começou, abaixando a varinha. — Ensiná-los como se bloqueia um feitiço de desarmar primeiro? — E ergueu uma sobrancelha em seguida, como quem diz ‘estou errado?’

De novo, o professor Lockhart riu amarelo e guardou a varinha em um bolso do sobretudo.

— Agora que conhecem o feitiço, porque não tentam vocês? Vou chamar um aluninho e Severo chamará outro, vamos ver o que vocês aprenderam. Hmm… Vejamos… Você! — Lockhart chamou, apontando para Rony Weasley, que batia boca com outro aluno da Grifinória silenciosamente no meio da multidão. — Ronald Weasley, estou certo? É, é… Suba aqui. Pode escolher, Severo!

Snape andou um pouco ao longo da passarela, olhando a parte da multidão que tinha mais alunos da casa que dirigia, sorrindo maldosamente para si mesmo de modo quase imperceptível. Harry olhou para os próprios pés e engoliu em seco; Snape o escolheria, ele o escolheria, ele tinha certeza…

— Por que não… Draco Malfoy?

Foram dúzias de olhares confusos que caíram sobre Draco dessa vez, apanhando a varinha no bolso e subindo na passarela sob os olhos frios do professor Snape. Faíscas rolaram entre os dois, talvez representação de uma rivalidade de gerações se repetindo, e Harry se pegou desnecessariamente preocupado. Claro que Draco se sairia melhor, deveria conhecer todos os feitiços do livro… Ele não tinha motivos para se preocupar… Certo?

— Testem os feitiços de desarmar, e desarmar apenas, um no outro. Okay? Vocês são amigos aqui em cima. Podem começar!

Apesar da ordem clara, Weasley foi o primeiro a bradar a varinha com uma certa malícia nos olhos, gritando um feitiço qualquer, um que por pouco não quebrou a cara de Draco como fez com a janela logo atrás dele.

Blaise soltou um assovio e Harry começava a roer as pontas das unhas.

— Eu disse desarmar apenas!

Mas nenhum dos dois parecia ligar muito para os protestos do professor Lockhart, e tampouco parecia se importar o professor Snape, por pouco o mais responsável no cômodo; feitiços atravessavam o cômodo a todo momento, com variados feixes de luz coloridos, fazendo a multidão curiosa se afastar da passarela por segurança.

— Rictumsempra!

— Senhor Malfoy, já basta!

Weasley caiu de joelhos, gargalhando, atingido por um súbito surto de cócegas. Entre tentativas míseras de recuperar o fôlego, ele ergueu a varinha.

— S- … S-Serp– … Serpensortia!

O feixe escuro tomou uma forma mais sólida, de certo modo, e caiu sob a passarela com um ruído de chocalho. Ergueu a cabeça, com dois olhos de conta assombrosos, e sibilou ao se mover ao longo da passarela, ao que Draco recuava até o limite do chão sob seus pés, quase azul de tão pálido.

— Ah, de todas as coisas pra ele ter medo, ele vai ter medo de cobra?!

— É um medo perfeitamente racional, Blaise!

Ao mesmo tempo que seus amigos discutiam o paradoxo da racionalidade por trás do medo, Harry abria caminho por entre a multidão – com Lockhart surtando internamente e Snape dando uma bronca em Weasley por ter usado um feitiço tão perigoso, não sobravam responsáveis para afastar a cobra de Draco. Harry subiu na passarela com certa dificuldade, se colocando de pé entre a cascavel e seu amigo, que soltou um certo suspiro ao vê-lo de novo.

— EI! — Ele gritou para a cobra, esperando que essa a entendesse como a cobra brasileira do ano anterior. — DEIXA ELE EM PAZ!

A cobra se abaixou e recuou, não muito antes de ter sua atenção tomada por um lufano, um garoto gentil cujo nome Harry não se lembrava muito bem.

— NÃO OUSE! VÁ EMBORA LOGO, VAI!

A cobra continuou seguindo na direção oposta de Harry antes de ser atingida por um feitiço do professor Snape, transformando-o em pó. Enquanto os outros alunos cochichavam entre si e ambos os professores davam uma bronca contínua em Weasley, Harry estendeu a mão para ajudar Draco a se levantar, apenas agora recuperando a cor no rosto.

— Você ‘tá bem, Draco?

Draco ainda parecia um pouco fora de si quando aceitou a ajuda de Harry. Limpou a frente das vestes e pigarreou, como se tivesse acabado de passar por um momento vergonhoso; quando percebeu o loiro limpando as pequenas lágrimas no canto dos olhos, pensando que ninguém veria, Harry se flagrou desejando não precisar ver Draco assustado ou com medo. Nunca mais.

Ele olhou para os outros dois no meio da multidão que se dissipava e voltou a olhar para Harry.

— A gente precisa conversar.

— Ahn– ‘Tá bom.

Ele desceu da passarela com certa dificuldade, aceitando de novo a mão de Harry como ajuda para descer, e agarrou-o pelo braço enquanto saíam. Agarrou Pansy com o outro e contentou-se em fazer um sinal de cabeça para Blaise seguí-lo também; o mais velho olhou ao redor, como se esperasse alguém mais olhá-los de modo estranho, e seguiu-os relutantemente.

Em um corredor um pouco mais isolado, Draco largou do braço de Pansy para segurar Harry dos dois lados, quase sacudindo-o.

— Porque você nunca disse que era ofidioglota?!

— Ofidi- o quê?

— Você fala com cobras, Harry! Você fala a língua delas e elas te entendem! Em nome de Merlin, porque você nunca me contou?!

Harry olhou para Draco como se fosse ele quem estivesse falando outra língua, e os outros dois pareciam apenas ter uma noção básica do assunto.

— Mas eu não falo outra língua — Harry constatou, como se explicasse o óbvio. — Só o inglês.

— Mas você falou em outra língua com aquela cobra — Pansy comentou, trazendo o ocorrido de volta à tona. — Foi tipo um sibilo, também, o que saiu da sua boca… Achei que você ‘tava tendo um acesso.

— Mas eu não sei falar a língua das cobras! Eu nunca aprendi!

— Ofidioglismo não é uma coisa que se aprende, Harry… É um dom que nasce com a pessoa. Mesmo sem saber como, você falou com aquela cobra — Draco explicou, finalmente soltando o moreno. — E ela te obedeceu, eu acho.

— O que é que você disse, a propósito? Porque eu não entendi nada — Blaise perguntou, ao que Harry franziu o cenho e deu de ombros.

— Eu só… Mandei ela deixar o Draco em paz. Ela quase atacou outro menino da Lufa-Lufa, aí eu mandei ela embora.

— Harry, isso é incrível! Você fala com as cobras e elas te obedecem! — Blaise se exaltou, gesticulando com as mãos e quase dando um tapa em Pansy por acidente. — E se você montasse um exército de cascavéis? Imagina que legal, cara!

— Não! Não, Blaise, isso é horrível! — Draco gritou de volta, caindo em um inédito surto de paranóia. — Agora todo mundo vai achar que você é o herdeiro de Salazar Slytherin!

— O que é que Salazar Slytherin tem a ver com isso?

— Ele era ofidioglota também! Por isso o símbolo da Sonserina é uma serpente! Você e a Pansy já estavam na frente do banheiro quando acharam a Madame Nora, vai ficar fácil acreditar que foi você que mandou o monstro atacar ela! Ah, Harry, todo mundo vai suspeitar de você e–

— Dray!

Foi a vez de Harry de agarrar Draco pelos ombros, forçando um fim ao seu trem de raciocínio decadente.

— Pelo amor de Deus, se acalma! Olha, qualquer um pode ser esse herdeiro de Slytherin, não é? Já suspeitam de mim e de você, e o Blaise até acha que é o Rony Weasley! E mesmo que suspeitem de mim, que se dane! Eu tenho a confiança de quem é importante pra mim e só isso já ‘tá mais do que bom.

Mesmo depois do fim do pequeno discurso inspirador, Harry continuou segurando Draco pelos ombros, olhando nos olhos dele até a preocupação se suavizar e desaparecer, dando sua deixa a um meigo sorriso.

— Eu invejo tanto esse seu otimismo…

 

 

— Você ainda ‘tá preocupado com essa coisa do Finch-Fletchley? — Pansy bufou, no meio de uma partida de xadrez bruxo com Blaise.

Harry sabia que não havia realmente atiçado a cobra para cima de Finch-Fletchley – na verdade, havia a impedido de atacá-lo – mas os cochichos nos corredores entre os alunos da Lufa-Lufa e da Grifinória o deram a impressão de que, agora mais do que nunca, ele era visto como uma ameaça. Durante um dos horários livres na biblioteca, Lyla Carlisle o disse que Ernie MacMillan e Hannah Abbott estiveram espalhando que ele havia mandado a cobra atacar Justin, que na verdade fora salvo pelo professor Snape. “Achei que você gostaria de saber”, ela disse a ele com um tom triste. “Pra decidir o que é o certo a se fazer agora”.

— Por Merlin, Harry — Pansy reclamou, movendo um bispo para atacar o último dos cavalos de Blaise. — Se essa história te amuou com isso, vá atrás dele se explicar ou pedir desculpas, não sei.

— É… É uma boa ideia — Harry se levantou do chão onde estava sentado, devolvendo a almofada em seu colo à poltrona e batendo nas calças. — Se Draco voltar antes de mim, avisa pra ele onde eu fui.

Pansy apenas murmurou vagamente em resposta e Harry não soube se ela tinha ouvido ou não; a garota continuava profundamente concentrada na partida, apesar de ainda ter o dobro das peças de Blaise.

Harry só percebeu quando saiu do dormitório que não tinha ideia de onde procurar o garoto. Deu de ombros para si mesmo e foi em direção à biblioteca, como era uma tarde perfeitamente ordinária após as aulas. Andando com passos silenciosos por entre colegas irritados de variadas casas estudando juntos, ele encontrou atrás da seção de livros de Trato das Criaturas Mágicas, uma rodinha de alunos vestidos em uniformes amarelos: reconheceu Ernie MacMillan, Susan Bones e Hannah Abbott, mas não a garota negra de cabelos extravagantemente cacheados e cor-de-bronze ou o garoto pálido de cabelos escuros. Todos pareciam preocupados ou desconfiados.

— Você tem certeza que isso é o certo, Ernie? Tipo… Não é meio arriscado? — A garota perguntou em um pesado sotaque escocês.

— Tenho, Jemma. Eu mandei o Justin ficar no quarto porque é melhor pra ele — MacMillan respondeu, cruzando os braços com ar de superioridade. — Merlin sabe o que aquele Potter vai inventar agora… Ele ‘tá atrás dos nascidos-trouxas, tenho certeza!

— Mas isso é meio estranho… Tipo, a mãe dele não era nascida-trouxa, também? — Hannah perguntou, tombando a cabeça e fazendo seus longos cabelos ruivos acompanharem o movimento.

— Não sei, não me peça pra entender a cabeça de um esquisito! Mas primeiro foi a gata do zelador Filch, que quase expulsou ele, depois o Colin Creevey da Grifinória, que ‘tava enchendo o saco dele com aquela câmera! Não sei o que o Justin fez pra esse Potter, mas ele não vai precisar do Weasley pra inventar outra cobra dessa vez… Viram como ele falou na língua dela, e ela obedeceu sem questionar? É sinistro! Eu sempre soube que ele não era normal, com aquela cicatriz esquisita…

Harry engoliu a raiva em seco, deu um passo seco de trás da estante e anunciou sua presença com um pigarreio.

— Oi — Ele disse, tentando ao máximo esconder que havia ouvido qualquer coisa da conversa. — Eu… ‘Tava procurando o Finch-Fletchley. Pra explicar a história da cobra no clube de duelos… E tal.

— Vai explicar uma bela ova! — Ernie se exaltou, quase sendo segurado pelo menino pálido, com olhos arregalados e mãos trêmulas agora.

— Ernie, calma! Por favor…

— Todo mundo viu você mandando aquela cobra pra cima do Justin!

— Não! Não, não foi isso que aconteceu! — Harry tentou se defender firmemente, apesar de não poder falar mais alto que um cochicho. — Eu afastei a cobra do Justin! Ela ia atacar ele e eu mandei ela embora…

— ‘Tá. Quer pagar de bonzinho agora, e depois o quê? Vai esfaquear todos nós pelas costas!

— Eu não quero esfaquear ninguém, muito menos pelas costas! Eu só quero pedir desculpas pro Justin pelo mal-entendido, ‘tá legal?!

— Ernie… Eu acho que ele merece uma chance… — Hannah opinou, segurando em uma das mangas do garoto. — Acho que ele ‘tá falando sério…

MacMillan bufou, olhando para Harry com certo rancor.

— Faz o que você quiser, Potter — Ele concluiu, sentando-se de volta no chão com os braços cruzados. — Mas eu não vou te contar onde ele está.

— Ah… Tudo bem. Eu vou só continuar procurando. Valeu.

Apesar do tom amigável e apenas um pouquinho frio, Harry cerrou os punhos com força ao sair do cômodo, tagarelando para si mesmo mentalmente sobre o malditinho do Ernie MacMillan.

“Esquisito… Eu! Só porque falei com uma cobra sem querer! E por causa de uma cicatriz… Que é que minha cicatriz tem a ver com isso? Eu deveria ser um herói, não o cara mau… Açoitar a cobra pra cima do Justin, eu… Francamente!”

Tão perdido nos pensamentos estava que mal viu Hagrid na porta da biblioteca quando saiu, quase trombando no gigante.

— Uou! E aí, Harry! — Ele cumprimentou-o alegremente, fazendo uma parte da raiva de Harry se dissipar. — Aconteceu alguma coisa? Você ‘tá com cara de quem quer dar uns socos em alguém.

Harry não conseguiu dizer que era verdade e que adoraria dar uns socos na cara de MacMillan. Não na frente de Hagrid.

— Ah… Não é nada, já passou. — Ele respondeu vagamente. — O que você ‘tá fazendo aqui, Hagrid?

Ele ergueu apenas a cabeça de um galo, com o pescoço magérrimo e a língua para fora do bico.

— É o terceiro essa semana — Ele explicou, fazendo a cabeça do galo desaparecer dentro do casaco. — Ou é uma raposa ou um bicho-papão, e preciso da permissão de Dumbledore pra lançar um feitiço no cercado. E você?

— Ah. Eu ‘tava passeando — Harry mentiu rapidamente. — Já terminei os deveres, então…

— Hm, que bom! Explore Hogwarts à vontade, ela sempre surpreende. Bom dia, Harry!

— Bom dia, Hagrid…

O costumeiro bom-humor de Hagrid depois de uma discussão com outro aluno deixou Harry um pouco atordoado, então de novo ele deu de ombros para si mesmo e optou por retornar ao falso passeio.

Pensando em mil coisas ao mesmo tempo enquanto andava sem rumo, Harry acabou se encontrando em frente a um corredor estranho. Olhou ao redor e pôde reconhecer apenas uma tapeçaria perto da sala da professora McGonagall um pouco mais à frente; com o instinto curioso gritando dentro dele, Harry abriu a porta à sua frente e deu um passo silencioso para dentro.

O chão dava a sensação de úmido, embora completamente seco. As janelas fechadas e a poeira acumulada criavam uma falsa neblina dentre as paredes, e o moreno engoliu em seco. Mal conseguia ver um palmo à frente e não gostava nada daquilo.

A ponta de seu sapato bateu em alguma coisa. Ele se abaixou para ver o que era, e encontrou a gravata de um uniforme da Lufa-Lufa.

Era Justin Finch-Fletchley, estirado no chão, olhos arregalados e pálido como uma vela. No susto de se levantar e ir embora, Harry quase bateu a cabeça em um bloco de pedra flutuante. Virou-se bem em tempo de ver a forma petrificada de Nick-Quase-sem-Cabeça, a cabeça mais colada ao pescoço do que já esteve.

E havia acabado de ficar pior. Harry ouviu, ao fim do corredor, a vozinha estridente que veio a desprezar desde o começo de sua estadia em Hogwarts.

— Ora, ora, se não é o Potter podre! Vamos ver o que está aprontando e–

Pirraça soltou um berro desumano que fez os ouvidos de Harry zumbirem, depois virando a matraca para a porta por onde tinha entrado e gritando algo indiscernível, mas que trouxe meia dezena de professores correndo, junto de alguns alunos. É claro que entre eles estava Ernie MacMillan, bem ao lado da professora McGonagall.

— Pego com a boca na botija, Potter!

— MacMillan, basta! — McGonagall o censurou, pegando Harry pelo braço e carregando-o através da multidão que abria alas para a irritação da vice-diretora. — Você vai precisar resolver isso com o diretor, Harry.

— Mas, professora McGonagall, não fui eu! Eu não– Eu não fiz aquilo!

— Não está mais em meu controle. Sinto muito.

Apenas então Harry se lembrou que nunca esteve no escritório de Dumbledore. A professora McGonagall o levou até uma porta muito imponente, com uma majestosa estátua de um hipogrifo à direita, e anunciou em voz alta:

— Gotas de limão!

“Deve ser uma senha”, Harry concluiu ao ver a porta se abrindo e mostrando uma única leva de escadas que davam ao lugar um ar particularmente simplista e importante. Ela bateu na porta de madeira e esperou alguns minutos, nunca soltando do braço de Harry.

— Quem bate?

— Professor Dumbledore, sou eu.

— Poderia ter contado uma piada, Minerva… Entre, entre.

A professora McGonagall entrou na sala e soltou Harry à espera do diretor, despedindo-se com um pedido de desculpas pela inconveniência ao aluno. Harry olhou ao redor do escritório do diretor, admirado; não era muito pessoal, mas tinha a aura de Dumbledore. Vários relógios com planetas e constelações no lugar de números, pinturas trouxas no meio de retratos adormecidos de outros bruxos, possivelmente antigos diretores, pilhas de pergaminhos em todo lugar e manchas de tinteiros derramados por todo o chão.

O que chamou sua atenção foi um pequeno pássaro cinzento em uma gaiola. Ao se aproximar, o garoto percebeu que o pássaro não tinha pena alguma e parecia chamuscado, de um certo jeito, encarando-o de volta com seus olhos azuis como miçangas. Ele sacudiu as asas, deitou no chão da gaiola com os olhos fechados e, sem mais nenhum aviso, pegou fogo.

— Harry? — O diretor chamou do topo das escadas.

Harry ficou de queixo caído, alternando o olhar entre as cinzas do animal e o diretor.

— Diretor Dumbledore, o seu… O seu pássaro… Ele simplesmente– Simplesmente pegou fogo, eu não pude fazer nada…

— Ah, já era hora! — O alívio de Dumbledore apenas confundiu Harry ainda mais. — Fawkes é uma fênix, Harry. São pássaros místicos que pegam fogo e renascem das próprias cinzas, ao invés de morrerem.

O diretor apontou para a gaiola, e Harry viu um filhotinho avermelhado surgir do meio das próprias cinzas, piando alegremente.

— Suas lágrimas tem propriedades mágicas de cura. E suas penas dão ótimos núcleos de varinhas, também. É uma pena que você só tenha visto o reinício de Fawkes… Na grande parte do tempo, ela é uma fênix espetacularmente bela.

Dumbledore esticou o braço para dentro da gaiola dourada e fez um carinho na cabeça pelada da nova Fawkes.

— A Professora McGonagall trouxe você para cá, não?

— Ah… Sim, diretor.

— Por quê?

— Porque… Aconteceu mais um daqueles ataques malucos — Harry explicou, desviando o olhar. — E fui eu quem vi primeiro. É… Nick-Quase-Sem-Cabeça e Justin Finch-Fletchley.

— Hm, entendo. Creio que toda essa história será clareada logo. Eu e os professores estamos chegando a um… Consenso de teorias, por assim dizer. — Dumbledore explicou, bem vagamente. — Antes que eu te dispense, há mais algo que queira me contar, Harry? Sabe que não vou julgar você.

Harry pensou em tudo que queria contar. Pensou em como Draco ficava mais paranoico a cada dia e como isso deixava Harry tão preocupado que doía; pensou em como tinha ouvido vozes dentro das paredes duas vezes agora, vozes que só ele ouvia; pensou na teoria de ser o herdeiro de Slytherin e o culpado de todos esses ataques… E pensou em como a desconfiança de tantas pessoas em cima dele o fazia querer duvidar de si próprio, em dados momentos.

— Não — Ele respondeu, o mais naturalmente que pôde. — Não há nada, professor.


Notas Finais


dumbledore: tem algo que você queira me contar, harry?
harry, com a vida dele desmoronando: nada não professor
dia 20 tem mais!! se cuidem, bjinhos de alquingel, tio luka ama vcs <333


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