História Where do broken hearts go?- H.S. - Genebra

Harry despediu–se da amiga e como ainda sentia aquela bola se formando em sua garganta, precisava aliviar a cabeça antes de encontrar os amigos. Sabia que aquilo seria difícil depois de tanto tempo. Encontrar Perrie já foi bem complicado, com a turma toda, não sabia se daria conta de segurar aquela constante vontade de chorar, desde que colocou os pés na cidade.

Acelerou a moto e ganhou as ruas em alta velocidade. Não notou que havia um carro o seguindo. A garota dentro dele era a mesma que antes o havia fotografado enquanto ria e se divertia com Perrie. Ela não o conhecia na verdade, apenas gostava de tirar fotos e algo naquele garoto de cabelos encaracolados e tristes olhos verdes chamou sua atenção.

Parecia loucura e seria considerada uma stalker por estar seguindo-o nesse momento. Ultrapassando os limites de velocidade para acompanhar o ritmo dele. Gritou frustrada quando precisou parar em um sinaleiro e o garoto foi perdido de vista. Mas ficou aliviada quando viu que ele havia parado em um posto de combustível para abastecer a moto.

Estacionou bem atrás e acidentalmente esbarrou na moto dele, derrubando-a. Saiu do carro apressada e soltando milhares de palavrões. Não era esse seu plano, queria apenas usá-lo como modelo para suas fotos. Mas agora estava enrascada. Podia fingir que nada aconteceu e fugir, afinal o rapaz estava dentro da loja e nem tinha notado o estrago ainda.

Sua sorte não durou muito porque logo viu aquele garoto vindo em sua direção parecendo enfurecido e aquela voz rouca que parecia um trovão a fez estremecer.

__ Ei, posso saber o que pensa que está fazendo?

A garota largou a bomba de gasolina e correu, tentando entrar no carro antes que ele a alcançasse, mas Harry foi mais rápido e pulou no banco do passageiro antes que tivesse a chance de ligar o veículo. O rapaz agarrou a toca que ela usava, deixando seus longos cabelos castanhos caírem como cascata sobre seus olhos, surpreendendo-o.

__ Mas que droga, é uma garota? – disse ainda surpreso.

Ela saltou para fora do carro, sem saber o que fazer ou como explicar aquela situação inusitada entre eles. Harry saiu atrás com as chaves do carro rodando entre seus longos dedos.

__ Olha só o que temos aqui... – ele a rodeou como uma fera cerca sua presa – uma ladra de gasolina...linda...pensei que isso fosse lenda dos caminhoneiros, mas parece que existe mesmo, assim como as sereias no mar.

__ Me devolve minhas chaves! – ela tentava pular para arrancar o objeto das mãos dele, mas o maldito era muito mais alto que ela.

__ Primeiro a explicação e depois...talvez...as chaves. – ele ainda a cercava fazendo-a se encolher.  - Quero que explique porque estava roubando a gasolina pela qual eu paguei.

__ Eu ia pegar apenas um pouco, mas a bomba não parava... – aquela era uma desculpa esfarrapada e até ela sabia disso.

__ Pegou toda a minha gasolina? Como? – disse incrédulo. - Quem é você, sua maluca? E o que eu te fiz para escolher minha moto para roubar?

__ Me desculpe, está bem? Juro que foi sem querer que a derrubei. Eu não queria mesmo fazer isso e a bomba não parava e...pode por favor devolver as chaves do meu carro? É sério, cara! Me entregue agora!

__ Ou o que? – ele a encarou zombeteiro – se eu não quiser entregar, vai fazer o que? Chamar a policia? Vejamos qual de nós vai ver o sol nascer quadrado mocinha!

A garota petrificou no lugar e ele sorriu vitorioso, enquanto levantava sua moto e arrastava para um canto do posto.

__ Estou louco para saber o que vai dizer em sua defesa. – ele a encarou ainda sorrindo – vamos ver se a situação muda para seu lado. Porque eu sou o prejudicado aqui e não você!

__ Pois saiba que sou uma excelente atriz e ficaria surpreso com o que posso conseguir com meu talento. – ela debochou.

__ Acontece que eu tenho uma testemunha. – Harry cruzou os braços e a desafiou – o frentista viu tudo o que tentou fazer. E chega dessa conversa porque precisamos ir. Estou atrasado para um jantar importante.

__ Olha aqui seu babaca. Acha que isso funcionaria como com qualquer fulaninha de bairro? Essas garotas fúteis que se rendem aos seus lindos olhos verdes e esse sorriso de covinhas? – ela o seguia, irritada, enquanto o via entrar em seu carro como se fosse o dono – mas eu não vou  te levar a lugar nenhum. Saia já do meu carro!

__ Tudo bem, se não quer vir...então irei sozinho!

__ Mas que droga! O que pensa que está fazendo? Saia já daí! – ela batia no capô enquanto ele apenas ria do descontrole dela – saia da porcaria do meu carro. O que você quer? Vou te arrancar daí pelos cabelos...

Harry sorriu mostrando as malditas covinhas e acelerou, deixando-a parada lá, xingando-o em vários idiomas. Freou alguns metros a frente e ela correu atrás, ainda furiosa.

__ Abre a porta. Abre a porra dessa porta ou arrebento o vidro!

__ Fique calma. – ele ainda sorria, se divertindo com aquilo tudo – leia meus lábios, vou dizer bem devagar...repita comigo, certo? “ Eu sou a ladra aqui”. Repita.

__ Está vendo esse anel. – ela apontou o dedo do meio onde tinha um anel com uma enorme pedra negra – pois se não abrir a porta, primeiro vai atravessar o vidro e depois estourar a sua cara, palhaço!

Harry sorriu safado e destravou a porta do lado do passageiro. A garota correu e se alojou ali, antes que ele mudasse de ideia e a deixasse pra trás mais uma vez.

__ Saiba que apenas vou te levar porque me deve o jantar, já que usou a gasolina que eu paguei em seu carro. – ele disse divertido – e não vamos nem falar do estrago que fez na minha moto.

__ Saiba que odeio caras como você! – ela bufou.

__ Irresistíveis? – Harry provocou.

Ela o encarou com olhos cerrados, contendo a vontade de arranhar toda aquela carinha linda. Harry gargalhou e ligou o carro, deixando o posto e ganhando as ruas novamente.

__ Até que essa lata velha anda bem... – comentou depois de longos minutos de silencio, ainda provocando-a – é dos anos 80 ou algo assim?

__ Você é pior do que eu imaginei. – ela o encarou com ar debochado – posso ver que tenho em meu carro o típico cara que pensa que arrancamos nossa calcinha porque fez duas piadinhas. Aquele tipo de cara que acha que estamos esperando em fila indiana para que venha nos resgatar em sua moto fabulosa.

__ Exatamente!! – ele revirou os olhos – e caso queira saber, me chamo Harry. É uma informação importante...nunca se sabe quando vai precisar gritar esse nome...

__ Isso é apelido para Harold? Isso parece nome de gente velha! – ela debochou, ignorando o contexto sexual em que ele colocou a ultima frase.

__ Não, é apenas Harry mesmo. – ele retrucou sério. Parecia irritado.

__ Harry é um nome bonito... – ela disse quase pra si mesma – nome de príncipe...

__ E você, como se chama?

__ Genebra. – disse sem jeito e Harry lutou para segurar o riso.

__ Realmente se chama Genebra? – agora ele ria abertamente.

__ Minha mãe é inglesa, desgraçado! – retrucou irritada. – era o nome da minha avó e nem pense em fazer piadinhas idiotas. De qualquer forma meus amigos me chamam de Gim.

__ Tônica? – ele não poderia perder a piada e a garota o fuzilou com o olhar.

__ Você sabe o que é Taekwondo? – a garota disse de maneira ameaçadora – é uma arte marcial moderna que consiste basicamente em meter meu calcanhar dentro da sua boca grande! E posso fazer isso em menos de uma fração de segundo.

__ Não gosto que tirem sarro de mim! – disse sério de repente.- e nem tenho medo de você!

__ Mas é o que você faz o tempo todo, Harold! – provocou e o garoto a encarou com olhos cerrados. – parece divertido até que encontra alguém que te devolve isso em dobro. A pessoa te dá mil voltas e você percebe que foi imbecil a sua vida toda.

__ É o que acha?

Genebra não gostou nada daquele sorrisinho maldoso que surgiu naquele belo rosto. E gritou assustada quando ele fez uma curva inesperada, fazendo com ela batesse o corpo com toda força contra a porta. Deu-lhe vários tapas,  que continuava dirigindo feito um louco até entrar em um terreno de terra, levantando uma nuvem de poeira. A garota era jogada de um lado pro outro, como uma peteca, a cada curva e a cada freada e seu lindo carro agora estava imundo. Gritar e bater nele não foram o suficiente para fazê-lo parar. Até que pisou no freio do nada e ela caiu com o rosto no meio das pernas dele, em uma situação bastante embaraçosa.

__ Não tinha ideia de que você era do tipo que fazia isso no primeiro encontro!! – o maldito ria ao ver a garota com o rosto colado em sua virilha.

__ Isso não é um encontro! – ela levantou-se apressada, vermelha de vergonha –  e eu jamais sairia com um idiota como você!

Saiu do carro batendo a porta e xingou até a terceira geração de Harry ao ver o estrago feito em seu carro, isso incluía um pneu furado.

__ Já vi que vai me sair muita cara a brincadeira da gasolina. – resmungou fuzilando-o com os olhos.

Abriu o capô para pegar o estepe e Harry se apressou em ajudar.

__ Deixa que eu faço isso. – disse prestativo.

__ Fica calmo machão! – ela o empurrou, sem nenhuma delicadeza  – talvez ainda não saiba, mas já faz muito tempo que as princesas sujam as mãos trocando os próprios pneus. Não vou morrer se quebrar uma unha, eu prometo.

__ Sendo assim, vou até ali...urinar.

Genebra sorriu ao ver aquele lindo garoto se afastando. Um lindo idiota e não pode deixar de pensar nisso enquanto se abaixava para trocar o pneu do carro.

__ Seus pais devem ser muito corajosos. – ouviu-o dizer de longe

__ O que quer dizer com isso? – levantou a cabeça para olhá-lo.

__Quando escolheram seu nome...não pensaram nas piadas que fariam com você? Aposto que deve ter sofrido bulliyng na escola.

__ Nunca vou saber...meus pais morreram.

Harry sentiu-se idiota por ter dito isso e olhou pra trás, encontrando o sorriso sapeca de Genebra. Era uma piada!?

__ Isso cortou seu jato? – ela debochou apontando suas calças – isso nunca falha.

Harry sorriu. Apesar de parecer maluca, começava a gostar dessa garota.

__ Essa foi boa, Gim Tônica. – disse pra si mesmo.