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História Where do Broken Hearts Go - "I believe you have to prove otherwise."


Escrita por: myaaliadaa

Capítulo 26 - "I believe you have to prove otherwise."


Fanfic / Fanfiction Where do Broken Hearts Go - "I believe you have to prove otherwise."

Agustín Bernasconi

 

Ela está deslumbrante, como sempre. E vê-la assim, tão de perto, faz meus ossos doerem. Seu vestido não é maravilhoso e seu rosto não está cheio de pó, como as outras garotas, mas algo nela, talvez ela mesma, a torna deslumbrante. 

Fico paralisado bem no meio do salão, vendo-a descer a escadaria dourada sem pressa, com um olhar mortal, com olhos de falcão, olhos que se cruzam por um mísero segundo com os meus, me fazendo criar ilusões em minha mente. Fazendo-me imaginar um mundo onde eu poderia caminhar até o pé da escadaria e esperá-la descer todos os degraus com paciência, apenas para poder segurar sua mão e puxá-la para dançar. Pensando assim, é até fácil esquecer que uma guerra nos aguarda, que depende de nós.

Olho para ela uma última vez.

Metade de mim tem vontade de gritar a plenos pulmões: Não vá a seleção amanhã, não aceite os jogos, Carolina. Mas a outra metade se lembra do seu reino, tão bonito, diferente do meu, o qual meu pai sonha em destruir.

Sinto minhas mãos quentes, percebo só agora que ambas estão fechadas em punho, firmemente. Eu estico meus dedos e esfrego as palmas uma na outra, sentindo uma textura estranha, abaixo o olhar e encaro meus dedos. Estão sujos de cinzas.

 

Carolina Kopelioff

 

Ele me encarava tão fixamente que pensei que viria em minha direção. Olhando ele assim, fora de sua torre do príncipe, e com olhos tão gigantes, é fácil esquecer de onde ele vem, o que seu pai vai fazer. Porém, em um piscar de olhos, Agustín desapareceu do salão e o centro da pista de baile pareceu vazio sem ele. Me senti uma tola por imaginar que teríamos algum contato, que ele viria até o pé da escada. Nós definitivamente não nos falaremos mais, ele vai para os jogos, tenho certeza, talvez eu nunca mais o veja na vida, ou talvez veja, mas como o destruidor de reinos, de mundos.

Será que ele realmente seria um bom rei?

Sou tirada de meus pensamentos quando eu e meu pai colocamos nossos pés no chão reluzente do salão, um casal com uma garota que parece um pouco mais velha do que eu, se aproxima de nós dois, sinto uma sensação estranha em meu estômago e meus pelos se arrepiam. Meu pai aperta meu braço de leve e eu o encaro, ele balança a cabeça em um sinal de aprovação para me deixar mais tranquila.

-Rei Kopelioff, é uma honra revê-lo, apesar das condições. - Os três fazem reverências curtas e respeitosas, eu e meu pai os imitamos.

-Quinn, é uma honra revê-lo também. - Meu pai se limita a essas palavras, creio que não seja uma boa ideia perguntar “como vão as coisas”.

Mas observando a linguagem corporal de meu pai e o modo como fala com Quinn, creio que sejam amigos, e que estejam do mesmo lado.

-Finalmente temos a honra de rever sua filha! - A esposa de Quinn afirma. - A última vez que a vimos foi há anos!

-De certo que sim. - Ele continua por ela. - Creio que foi na última vez que aquele vidente nos informou a respeito de uma visão. - Ele franze o cenho. Seus modos são engraçados. - Enfim, princesa Carolina, é bom revê-la assim, tão crescida e bonita. - Apesar do momento, suas palavras me confortam.

Elas me lembram meu tio postiço, tio de Ruggero, me pergunto onde ele pode estar.

-Muito obrigada. - Digo. - Também é uma honra revê-los.

-Essa é princesa Kariny Quinn, espero que possam ser amigas. - Encaro Kariny, que abre um meio sorriso para mim.

-Tenho certeza de que seremos. - Ela parece ter a língua presa, mas me agrada, combina com seu cabelo comprido e loiro, quase branco. - Pode me chamar de Kary.

Kary é bem mais alta do que eu, e bem magra; é linda, diferente e tem um rosto adorável. Inclino a cabeça em sua direção. 

-Perfeito. - Quinn abre um sorriso excessivo e então apenas tem olhos para meu pai. - Clarkson, eu preciso falar a sós com você, é sobre negócios. - A palavra negócios não combina com a frase, então imagino que no lugar dela ele devia dizer jogos.

-Vamos até a biblioteca, lá ficaremos completamente a sós. - Quinn se separa da rainha e meu pai se vira para mim. - Vai ficar tudo bem? 

-Sim, fique tranquilo. 

-Certo, qualquer coisa… - Ele se aproxima. - Acabe com eles. - Ele sussurra e eu quase abro um sorriso.

Nós soltamos nossos braços um do outro e os dois reis desaparecem em meio a multidão, tomo um susto quando Kary enlaça seu braço com o meu.

-Tomem cuidado, as duas, e não se separem, tem gente perigosa aqui. - A rainha beija nós duas na testa, ato que me pega desprevenida, talvez eles sejam muito amigos dos meus pais. - Tentem aproveitar essas últimas horas como garotas normais. - Ela mal termina a frase quando Kary me puxa pelo salão, e então começamos a caminhar lado a lado.

-Quantos anos você tem, Carolina? 

-Dezessete, e você?

-Vinte e dois.

-Ah. - Não consigo pensar em mais nada para dizer, e acredito que ela perceba, porque então começa a tagarelar sem parar. 

-Uma droga, não é? - Ela suspira alto. - Fiz vinte e dois mês passado, e meu pai sempre me prometeu que com essa idade ele me deixaria ter um namorado, mas eu não conheci ninguém especial o suficiente em um mês, e é impossível encontrar o amor da sua vida em um jogo mortal. - Paro no meio da nossa caminhada por um instante.

-Você vai participar dos jogos?

-Vou sim. - Voltamos a caminhar e minha mente está a milhão. - Parece maluquice, mas eu seria incapaz de deixar meu reino ser destruído por aquele cara nojento, além do mais, - Ela muda de assunto. - como ele é? Digo, pessoalmente? 

Ótimo, agora sei porque todos me olham estranho, eles sabem que passei meses sendo o brinquedinho de Tiberias, que quase fui dele. 

-Absurdamente nojento. - Ela solta uma risada. 

-Era a resposta que eu imaginava. Contudo, não consigo acreditar que ele nos colocou nessa enrascada, ele não se importa com o filho dele? Não acredita que ele possa simplesmente morrer? - Balanço a cabeça, ela claramente não conhece Agustín, ele seria o único que poderia vencer até mesmo a morte. - Mas eu estou confiante. Treino desde quando era pequena, sou boa manuseando qualquer tipo de arma e sei lutar, sei que posso vencer. - Encaro nossos pés, que passam por uma porta de vidro enorme e entram em um jardim de inverno. Nós nos sentamos em um balanço de dois lugares, ainda com os braços enlaçados. - Por suas reações, acredito que você não vá aos jogos, ou esteja em dúvida. - Encaro seus olhos pretos. - Saiba que seus súditos, e claro, você, são muito bem vindos no nosso reino, e sei que seu pai também sabe disso. - Abro um pequeno sorriso.

-Obrigada, Kary. Isso é muito importante para mim. 

-Imagina, é bom saber que posso desabafar com alguém, tipo, de verdade. Meus pais falam muito bem de você, dizem que você é corajosa, que suportou muita coisa, e minha mãe diz que queria ser sua madrinha, mas que a rainha Pasquarelli passou na frente. - Nós rimos juntas.

Dizem que você é corajosa. As palavras ecoam em minha mente.

Balanço a cabeça negativamente.

-Não sou corajosa. 

-Deixe de ser boba, claro que é. Você fugiu do castelo de Tiberias e sua mãe… - A interrompo. 

-Eu fui salva do castelo, e me deixei ser o fantoche dele por meses. - Ela franze o cenho.

-Sinceramente, creio que você passou o dia ouvindo o que aquelas pessoas - Ela aponta para o salão de baile. - dizem sobre você. Acredito que você tenha que provar o contrário, fazê-los pagar, eu quero fazer isso. 

Fico com o olhar perdido naqueles reis e príncipes rindo e rodopiando pelo salão, seus cérebros estão entupidos de algodão, a guerra não significa nada para eles. Eu os odeio.

 

Agustín Bernasconi

 

Saio de dentro do banheiro e começo a andar pelos corredores largos e compridos do castelo, é fácil se perder aqui dentro, é como um labirinto, lindo e assustador ao mesmo tempo, a maior parte dos jovens aqui presentes tiveram a sorte de virem até aqui poucas vezes, já eu passei boa parte da minha infância dentro dessas paredes.

Meu pai sempre foi um obcecado, ele acha que tudo isso aqui é dele, ele é o vitorioso, então passava horas aqui, em reuniões ou fazendo sei lá o que, e algumas das vezes ele me arrastava pra cá também. Sei cada detalhe de cada quadro, cada andar, sei quantos degraus tem cada escada e sei onde fica o quarto de Carolina.

Paro no meio do corredor e passo as mãos, agora limpas e cheirando a sabão, pelo rosto. Eu sou um idiota, e estou tão cansado.

Amanhã aceitarei as regras de um jogo que nunca deveria ter sido inventado, serei televisionado como se fosse um personagem de uma história, e terei que lutar, correr, matar, me controlar. 

Encaro minhas mãos. Me lembro do que elas fizeram, derreteram minha coroa, derreteram ouro, me fizeram arder. O que isso pode significar? O que eu sou? Do que sou capaz?

Que os Deuses tenham misericórdia de mim, só posso ser amaldiçoado ou algo assim.

Pensei em perguntar a tio Julian o que pode ser, mas tenho medo, talvez ninguém saiba o que seja, talvez eu esteja condenado ao fim, vou matar crianças, talvez essa seja minha consequência desde já. Ninguém pode ver, eu tenho que aprender a controlar, não posso… arder.

Uma porta se abre do meu lado e eu tomo um susto, um homem, um rei, sai de lá com olhos tristes, deprimido. Ele também se assusta quando me vê, e dá um passo para trás, me pergunto se ele consegue ver por trás dos meus olhos, mas então me lembro de quem sou filho, eles temem meu sobrenome.

Dou dois passos para trás lhe dando espaço, ele fecha a porta e passa por mim sem olhar para trás, assassinos não merecem bons modos.

Encaro a porta a qual ele saiu e logo reconheço que é a biblioteca, sem hesitar, eu entro, aqui era o único lugar que eu gostava. Fecho a porta atrás de mim, os lustres estão acesos, consigo ver todos os livros, são milhares. Ando alguns metros lentamente, e quando conto a sexta prateleira, viro para a direita e entro no meio das prateleiras empoeiradas, bem no fim desse corredor tem uma escrivaninha, eu me escondia embaixo dela quando ela criança. Solto um suspiro e tiro minha coroa, segurando ela com cuidado, a encaro e logo ela parece pesada demais.

Esse pedaço de ouro é tão significativo, eu o odeio, odeio esse país, com todos esses reinos governados por caras idiotas.

Jogo a coroa no chão, bem atrás de mim, e me jogo na poltrona que fica em frente da escrivaninha, me sento de forma despojada nela e solto um suspiro.

Uma guerra vai começar, vai se instaurar, os países que não aceitarem serão destruídos, mas não haverá destruição sem rebelião, os súditos não ficarão calados, muito menos os que assistirão seus príncipes sendo mortos em uma arena. 

Eles não percebem que está tudo descendo pelo ralo?

-Eu também odiava usar isso quando era jovem. - Tomo um susto e me levanto rapidamente, levando a mão até meu cinto, onde tem uma faca escondida. 

Contudo, paro no meio do gesto quando vejo o rei Kopelioff abaixado, segurando minha coroa, fico paralisado e ele se levanta.

-Não precisa tirar isso aí. - Ele diz, se referindo a minha faca, deixo o braço cair ao lado do meu corpo. - Também não esperava te encontrar.

Ele se parece com ela. 

Ele estende a mão com minha coroa, eu ando lentamente até ele e ele me entrega.

-Obrigado. - Afirmo e ele solta um riso fraco.

-É engraçado, você não se parece com ele. 

Fico parado olhando para Clarkson enquanto ele passa os olhos por mim. O dia inteiro eu escutei as pessoas me dizendo que eu sou idêntico ao meu pai, como se fosse um elogio, é bom ouvir o contrário.

Mas isso não remove a culpa que sinto, meu pai teve a ideia, ele assinou o contrato, ele quer governar todos os reinos, mas eu vou colocar a mão na massa. Talvez eu tenha que matar a filha dele, eu seria capaz disso?

-Sinto muito por… - Não sei como continuar.

-Eu sinto muito. - Diz. - Você sempre pareceu um bom garoto, não merece o pai que tem. - Ele balança a cabeça. - Não gosto de você, mas sinto por tudo o que você poderia ser. Espero que não se torne um monstro, como Tiberias. - Ele acena e então me dá as costas, saindo do corredor e então da biblioteca. 

Sinto por tudo o que você poderia ser.

*

voltarei muito rápido, prometo, obrigada por tudo!!!

 



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