História Where I live - Capítulo 13

13 – Capítulo 13

ALBUS POV

Tudo havia sido muito rápido, e eu tinha que admitir que estava embasbacado.

O jogo começou, após o cumprimento entre os capitães, e logo a goles e o pomo estavam no ar.

James não fazia suas gracinhas sobre a vassoura para chamar a atenção como de costume. Ele parecia estranhamente concentrado, de um jeito que eu nunca tinha visto.

Ao mesmo tempo, eu quase sentia vontade de perguntar para Scorpius se ele realmente estava torcendo por nossa casa, porque o loiro parecia estranhamente ansioso ao acompanhar meu irmão com os olhos por todo lado, mordendo os lábios ansioso.

Ele nem se quer olhava para nosso apanhador.

Quase perto dos cinco minutos de jogo, James fez uma manobra estranha no ar, se deixando descer em queda livre, e eu revirei os olhos ao perceber que ia começar se exibir.

Mas isso até ele subir um pouco a vassoura e gritar um sonoro ‘PEGUEI’.

Havia sido o jogo mais rápido que eu já tinha presenciado, e eu, mesmo odiando que minha casa houvesse perdido, admitia que estava admirado com meu irmão.

Enquanto todo o alvoroço iniciava e descíamos para parabenizar o time, mesmo pela perda, vendo os grifinórios gritando, eu apenas pude revirar os olhos ao ver como Scorpius parecia procurar com os olhos entre a multidão vermelha.

Aquilo parecia tão claro para mim, que chegava a ser engraçado como nenhum dos dois admitia o que estava havendo entre eles.

Embora fosse extremamente bizarro pensar no meu melhor amigo tendo uma paixonite pelo meu irmão, era engraçado ao mesmo tempo.

– Vieram me parabenizar?

– JAMES! – Gritei quando ele apareceu por trás de nós, passando os braços ao nosso redor.

– Vamos Albie, admita que eu fui fantástico!

– Você realmente foi incrível – Scorpius admitiu, e James sorriu abertamente para ele, bagunçando o cabelo loiro, e eu quis rir quando o braço que estava ao meu redor me empurrou para o lado de forma nada sutil para se fechar na cintura de Scorpius e envolver ele em um abraço.

– Até que enfim alguém para dar valor para mim – Resmungou meu irmão apenas por dizer, porque ele parecia muito feliz com o reconhecimento de Scorp.

– Jay! – Angélica apareceu do meio da multidão, puxando James pelo pulso, e parecendo distraído ele tropeçou para longe de Scorpius – Vamos, festa na torre! Para comemorar sua tática fantástica!

E arrastou ele para longe, embora James tivesse continuado olhando para nós, mais especificamente para Scorpius.

Scorpius pareceu se forçar para manter o sorriso educado por alguns instantes, mas não demorou para ele voltar a ficar com a mesma expressão de casualidade de sempre.

Seguimos para dentro enquanto eu tentava puxar algum assunto, mas ele parecia desanimado, subindo diretamente para o quarto.

– O que Scorpius tem? – Domi questionou com curiosidade enquanto víamos o loiro sumir para dentro do quarto.

– Deve estar chateado por termos perdido.

– Bom não há tempo ruim para nós. O pessoal vai dar uma festa de consolação.

– Eu vou ir chamar ele – Avisei, subindo as escadas até o dormitório, e suspirei ao ver ele jogado na cama, já abrindo a mochila, talvez para se ocupar com algum dever – Hey.

Ele sorriu fracamente.

– Sim?

– Vamos ter uma festa de consolação. O que acha?

– Ah... Eu acho que não estou a fim. Vou adiantar o dever de transfiguração.

– Você estava tão animado hoje cedo – Falei ao sentar na beira da cama dele, e o loiro deu de ombros – Não pareceu desanimado nem quando perdemos.

– É só um jogo. Não é como se eu me importasse muito com quadribol.

– Mas parecia empolgado sobre o jogo... Até Angélica aparecer – Tentei e novamente ele deu de ombros – Você não gosta dela?

– Eu sou neutro, Albus. Não gosto ou desgosto de quem não conheço. Você sabe.

– Mas não gosta de ver ela com James – Fui um tanto mais direto, e notei como o cenho dele se franziu.

– Myers é bonita, educada, inteligente... Parece ser uma boa pessoa para namorar o irmão do meu melhor amigo – Sua resposta soou mecânica, e eu resolvi abrir o jogo.

– Mas o James não é só ‘irmão do seu melhor amigo’ – Rebati, e Scorpius congelou, e eu vi como, mesmo sem me olhar diretamente, ele parecia chocado por eu saber.

– Desde quando...

– Desde quando eu sei? Por favor, Scorp. Não insulte minha inteligência. Não precisa ser esperto demais para perceber a forma como James afeta você.

Ele se silenciou por algum tempo, parecendo indeciso, mas por fim ergueu os olhos, e parecia verdadeiramente chateado.

– Me desculpe, eu sei que ele é seu irmão... eu...

– Está tudo bem, Scorpius. Fico chateado por achar que não pode falar comigo sobre isso, e não por... você ser insano suficiente para ver algo em James.

Ele sorriu minimamente.

– Me desculpe, Al.

– Você pode conversar comigo, Scorpius. Sobre qualquer coisa. Nós somos amigos – Falei e o sorriso dele pareceu extremamente verdadeiro – Eu confio em você. Conto sobre coisas que não compartilho com as pessoas. Você também pode confiar em mim. Somos amigos sonserinos, temos que nos unir.

Pensei que o dito ia fazer ele se sentir mais leve, mas o loiro pareceu vacilar, ficando em silêncio.

– Eu sei que você é todo misterioso, e não fala sobre você. Que tem segredos, e que some misteriosamente por algum motivo. Não precisa se sentir obrigado a me contar. Mas tem que saber que se precisar... Eu vou te ouvir. Vou estar aqui e vou...

– Você lembra sobre o boato de eu traficar objetos das trevas dentro da escola?

– Você me disse que é mentira.

– É quase verdade – Ponderou, suspirando – Eu não sei se você vai entender, mas é a melhor analogia que vou conseguir fazer. Existe algo que eu comercializo em Hogwarts. Mas não são objetos das trevas.

– O que é então?

– Eu – Respondeu, fechando o livro que estava na própria mão, e suspirou, me deixando confuso.

– Você? Como assim?

– Eu sou o objeto que eu comercializo.

– O que quer dizer com comercializar?

– Vender. Ou emprestar, entenda como quiser.

– Scorpius, quando diz isso quase parece como...

– Algumas pessoas – Parou, mordendo o lábio inferior, e virou o rosto, como se sentisse envergonhado – Eu realmente espero que você não mude sua opinião sobre sermos melhores amigos.

– Scorpius, eu não estou entendendo nada. O que estava querendo dizer com vender?

– Algumas pessoas – Voltou a tentar, fechando os olhos com força, como se fosse algo extremamente difícil de dizer – Algumas pessoas chamam isso de... – Engoliu seco –... De Prostituição – Sussurrou baixinho, ainda com a expressão franzida.

Esperei ele rir e falar qualquer outra coisa, mas Scorpius continuava todo contraído na minha frente, e pude perceber como os dedos de suas mãos se mexiam impacientes, e vez ou outra arranhavam o próprio braço.

Ele estava claramente demonstrando receio.

– Prostituição? O que quer dizer com isso? Como assim, Scorpius? – Questionei sério ao ver que não era uma brincadeira.

– Exatamente o que o termo significa. Sexo por dinheiro.

Tão logo as palavras entraram na minha cabeça, pulei da cama, indignado.

– Como assim, Scorpius? Há quanto tempo?

– Desde o segundo ano – Sussurrou baixinho – São poucas pessoas que sabem, e eu tenho um feitiço de fidelidade para que não contem para ninguém, e...

– E só agora vem me contar? Vai me dizer que nunca teve como falar? Que você leva essa vida dupla? Scorpius, eu achei que fossemos amigos!

– Você tem que entender que não é o tipo de coisa fácil de falar...

– EU tenho que entender? Scorpius, você consegue ver o que está dizendo? – Rebati com revolta – Porque faz isso? Você é um Malfoy! Qual a necessidade? Por promiscuidade?!

– O que?! Não! Albus – Fechou a expressão, erguendo o rosto – Existem coisas que você não sabe...

E tudo o que eu conseguia pensar é que ele não tinha direito de estar indignado.

– Por Merlin, Scorpius! Vai me dizer o que agora? Que se vende para a minha irmã?!

– São só... Garotos – Murmurou baixinho, se encolhendo e eu bufei.

– Agora faz sentido você viver dizendo que é uma pessoa ruim... Porque é mesmo!

Ele ergueu o rosto para mim, parecendo não esperar por essas palavras.

O choque e a mágoa ficaram claros, mas naquele momento a minha ira com algo que eu não entendia era muito maior.

– Que nojo, Scorpius – Foi tudo o que consegui dizer.

– Al, olha...

– Isso tudo é nojento, é podre! Como você pode ser meu amigo e fazer essas coisas? Como... Como pode achar que pode viver essa vida dupla? Escondendo esse seu lado das pessoas... Quer saber? Fique com suas brincadeiras sujas. É seu lugar.

E com raiva e rancor, apenas pude me afastar dali, saindo e batendo a porta sonoramente.

Eu não sabia o que havia me deixado tão irritado.

O segredo, as imagens de Scorpius com qualquer garoto que cruzasse meu caminho, a vergonha de ter sido amigo de alguém que faz esse tipo de coisa... Tudo. Eu não sabia o que era pior na minha mente naquele momento.

O eu tinha certeza que a melhor coisa a se fazer naquele momento seria ir até a comemoração da Sonserina e beber tudo o que eu conseguisse, para aquelas estranhas imagens pararem de aparecer na minha cabeça.