História Where I live - Capítulo 2

2 – Capítulo 2

Albus POV

– Pode me emprestar a capa hoje? – Questionei e James terminou de mastigar antes de me olhar sem entender.

– Oi para você também, irmãozinho. Porque a pressa? Você nunca vem me visitar na mesa da grifinória.

– É uma emergência.

– Que tipo de emergência?

– Detenção.

– Você levou uma detenção? – Questionou me olhando sério, mas por fim sorriu – É sua primeira detenção, Albus! Estou tão orgulhoso!

– Eu não levei uma detenção, James. Não seja idiota. Só... Vem aqui – Puxei ele pelo braço, que parecia confuso.

– Então o que houve?

– Uma confusão na aula de poções. Eu tentei defender Scorpius, e ia levar uma detenção por apontar a varinha para Vicent. E Scorpius assumiu a culpa para que eu não fosse detido. Mas... Ele realmente não merecia levar detenção. Só aquele armário idiota. Em todo caso... Eu vou ajudar ele. Arrumar o estoque de poções.

– Então você realmente está amigo do Malfoy?

– Nós fizemos dupla na aula hoje. Ele realmente é legal, James. Não faça essa cara. E não é da sua conta minhas amizades.

– Ei, ei! – Ergueu as mãos – Não precisa ficar irritadinho. Eu só... As coisas que dizem sobre ele não são legais.

– Você sabe perfeitamente que a maioria das cosas que dizem sobre ele não fazem sentido.

– Então quer dizer que você tem certeza que ele não é um lobipiro?

Tentei fechar a expressão, mas o deboche na face dele me fez rir ao revirar os olhos.

– Ele não é um vampiro, nem um lobisomem, nem uma mistura dos dois, ok? Não seja idiota.

– Ok, ok. Eu só estou cumprindo minha obrigação de irmão mais velho.

– Engraçado que quando eu cai no lago negro você não cumpriu obrigação nenhuma além de ficar rindo.

– Albie, aquilo foi hilário – Riu gostosamente ao se lembrar e eu revirei os olhos, vendo ele abrir a mochila e me entregar a capa envolta de uma blusa de frio, para não denunciar o que estava me passando.

Ninguém na escola sabia da existência da capa da invisibilidade, e queríamos que continuasse dessa forma.

– Fique atento. Tente não sangrar ou parecer suculento demais.

– Vá se ferrar – Resmunguei guardando a capa, deixando ele rindo para trás.

Passei pela mesa da Sonserina apenas para apanhar beliscar um pãozinho para não ficar com fome e segui para a sala de poções, e mesmo tendo chegado alguns minutos antes do horário da detenção, Scorpius já estava ali.

Sua capa do uniforme estava cuidadosamente dobrada sobre uma bancada, junto com sua mochila, ajeitados de forma perfeccionista.

Eu já havia percebido o cuidado que ele tinha com as coisas, sempre agindo como se tudo ao seu redor precisasse de delicadeza.

– Hey – Me anunciei, e ele se virou para mim, sorrindo calmo.

– Albus?

– Vim oferecer ajuda – Contei enquanto jogava a mochila na bancada, próxima a dele e seguia até os fundos da sala, onde o pequeno estoque estava, verdadeiramente desorganizado e sujo.

Mas em algumas prateleiras eu via o resultado de um limpeza perfeita, que fazia as velhas prateleiras de aço apresentarem um brilho de forma a se parecerem novas.

– Você não precisa...

– Está tudo bem. Eu não tinha nada para fazer hoje.

-Você já terminou o dever de transfiguração?

– Hã... Não. Mas limpar prateleiras parece um ótimo plano para uma quinta feira.

Scorpius riu, dando de ombros, e eu me aproximei, pegando um pano, e por algum tempo um silencio confortável surgiu entre nós.

– Você está tentando se aproximar de mim? – Questionou e eu, sentado no chão para arrumar as prateleiras baixas, ergui o rosto para ele.

– Eu não sei. É só que eu nunca tinha falado com você, e você parece um cara legal. Diferente do que as pessoas dizem por ai.

–bAh, elas não dizem coisas boas. Eu descobri há alguns dias que tem um boato sobre eu ser metade vampiro.

–vLobipiro – Corrigi e ele me olhou sem entender – Metade lobo, metade vampiro. Lobipiro.

– Ok. Definitivamente, essa é nova para mim – Riu gostosamente.

– É só que você sempre anda sozinho, não fala com ninguém, não faz trabalhos com ninguém... As pessoas falam do que não entendem.

– É, eu percebi – Riu novamente.

– Também tem o boato de que você trafica objetos das trevas.

– Uau! Esse realmente parece legal!

Rimos juntos por algum tempo, e sem saber ao certo o que dizer, um silêncio novamente se fez presente entre nós, sendo quebrado por ele alguns instantes depois.

– O que você acha que é isso? – Me mostrou um frasco sem identificações, com algo que parecia vivo dentro dele, se mexendo.

– Eu não faço ideia, mas parece bem bizarro. Acho que podemos deixar no fundo da prateleira.

– Indo para o fundo da prateleira – Comentou em tom de riso ao empurrar o frasco, e por muito tempo só conversávamos para tentar pensar o que eram e para que serviam os ingredientes ali.

Depois de longas horas, e termos terminado a parte que a professora determinou para a detenção dele, e estávamos terminando de juntar nossas coisas quando ele ficou sério e suspirou.

– Eu estava passando no salão principal hoje, e por acaso ouvi seu irmão dizer...

– O James é um otário – Já me defendi, sem esperar e ele riu fracamente.

– Ele tem razão – Falou por fim – Não que eu seja um lobipiro – Sorriu – É só que... Eu entendo ele. Você é um garoto bom. É sempre gentil, e está se sentido na obrigação de se aproximar de mim porque dizem coisas ruins e porque eu não tenho amigos. Embora eu não seja um besta louca por sangue, eu não sou tão bom assim, Albus.

– Não diga bobagens. James não sabe o que fala.

– Talvez seja melhor para você se afastar de mim. Continue sendo um bom garoto e faça boas amizades. Tem aquele garoto estranho da nossa turma, Jed.

Franzi o cenho ao pensar no garoto estranho que estava sempre sujo de coisas suspeitas, e que não conseguia distinguir um copo de um caldeirão, e Scorpius riu.

–vSó... acho melhor nós não sermos amigos. Boa noite, Albus. Obrigado por me ajudar.

E ele se foi, me deixando para trás sem entender o que diabos aquilo significava.