História Where I live - Capítulo 45

45 — Capítulo 45

James Pov

Eu não me lembrava de ter vivido um ano tão bom na escola, como aquele estava sendo.

Agora os professores gostavam de mim, devido ao grande esforço que estava fazendo para me sair bem nos exames finais, e com a determinação em ser auror.

Então eu oficialmente não havia levado nenhuma detenção desde que o ano letivo começou, e isso era meu record.

Eu também descobri quem realmente gostava de mim, e quais eram meus verdadeiros amigos.

Porque é claro que ao retornar para escola, muitas coisas mudaram.

Várias pessoas se afastaram de mim quando eu comecei a namorar com Scorpius. Eu havia ficado chateado em primeiro momento, mas demorei a entender que eu é que não iria querer que aquelas pessoas fossem minhas amigas, com ou sem Scorp.

Mas eu perdi ainda mais amigos quando voltei para meu último ano com a perda da audição na orelha esquerda.

A notícia se espalhou rápido, e é claro que em pouco tempo todos sabiam que eu havia enfrentado Lucius Malfoy para proteger Scorpius, e tinha perdido a audição.

No começo, eu era muito famoso e conhecido. Todos queriam um pedaço de mim, todos queriam minha atenção.

Mas quando a novidade passou, tudo aquilo morreu.

Porque agora eu era apenas um adolescente qualquer, com problema auditivo.

E a cereja do bolo foi quando eu abandonei o time de quadribol.

E de uma hora para outra, eu já não era ninguém.

Foi engraçado perceber o quanto adolescentes eram fúteis.

Anos atrás, não ser o foco da atenção seria a morte para mim.

Mas agora, eu não ligava.

Porque as pessoas que ficaram eram as verdadeiras, e isso me fazia feliz.

A questão, nesse exato minuto, é que estou tentando pensar em qualquer coisa aleatória que seja muito monótona para acalmar meu coração.

Desde minha última conversa séria com Scorpius sobre nosso relacionamento, muitas coisas evoluíram entre nós.

E é exatamente esse o problema.

Eu gostava de pensar em mim como um bom namorado.

Não perfeito. Eu sabia que essas coisas não existiam.

Mas eu me considerava um bom namorado, porque eu realmente tentava sempre ser bondoso, gentil, carinho e esforçado em nosso relacionamento. Sabia reconhecer meus erros, e sempre respeitava Scorpius acima de tudo.

Então o que eu estava vivendo ali era um verdadeiro inferno.

Nós sempre tentávamos encaixar nossos horários para termos alguns minutos sozinhos para curtir o auge do nosso relacionamento, com privacidade para alguns beijos.

Então era comum irmos para a Sala Precisa sempre que havia uma brecha, e por não estarmos perto dos exames, decidimos ficar juntos um pouco antes do jantar.

E é claro que uma coisa leva a outra.

Então sim, nós estávamos nos beijando como se o mundo fosse acabar.

Eu estava jogado perto da lareira, porque estava frio, e Scorpius estava sentado no meu colo, com os joelhos apoiados nas almofadas que jogados ao nosso redor.

Existia muita intimidade entre nós dois, e eu gostava de como ele sempre parecia estar totalmente a vontade, sem qualquer desconforto.

Só que em algum momento, isso se tornou um grande problema.

Scorpius realmente tinha muita liberdade comigo, e era uma regra nossa que ele ditava tudo. A palavra final sempre pertencia a ele, e isso nunca me incomodou.

Eu sabia que existiam coisas que seriam diferentes no nosso relacionamento, em vista de tudo o que ele passou, e os traumas que sofreu por todos esses anos.

Mas era realmente problemático quando Scorpius vinha para cima de mim, porque embora eu quisesse ser um bom namorado, e respeitar os limites dele, eu não podia simplesmente controlar o rumo dos meus pensamentos.

A verdade é que ele realmente sabia como me deixar maluco em questão de segundos.

O fato de deixar tudo sempre no comando dele, havia feito Scorpius se mostrar alguém com uma pegada que simplesmente me deixava sem rumo.

Eu, James Potter.

Arfei, com os olhos semicerrados, sentindo ele deslizar a língua por meu pescoço, segundos antes de sugar a pele, fazendo um arrepio correr por toda a parte, enquanto ele enroscava ainda mais os dedos no meu cabelo, raspando as unhas levemente na minha nuca.

Eu já me sentia fervendo.

Quando chegamos ali, eu quis ficar perto da lareira porque estava frio, mas nesse instante, eu me sentia pegando fogo.

Eu tinha uma regra, que nunca contei a Scorpius.

Era minha regra de ouro naqueles momentos, onde eu era proibido de me imaginar fazendo sexo com Scorpius. Eu achava que isso era um sinal de respeito.

Sabia o quanto o assunto era delicado para ele, e sentia que seria babaca da minha parte ficar pensando naquelas coisas.

Eu realmente entendia a situação dele, e se Scorp me dissesse que jamais conseguiria fazer, eu iria entender, e o amaria da mesma maneira.

Sexo não é, e não precisa ser tudo sobre um relacionamento.

Então é claro que eu me sentia um namorado horrível naqueles momentos, que ultimamente eram muito frequentes.

Scorpius voltou a juntar nossos lábios, e eu senti que ele começou a soltar o peso do corpo contra o meu, e me senti ferver em prazer, deixando-me cair para trás, me deitando no meio das almofadas com ele sobre mim.

Era uma outra regra minha, sempre deixar ele por cima, porque ele decidia até onde, e o que queria ou não.

Era algo simbólico, mas importante para mim.

Sempre fazer com que ele estivesse confortável.

Mas todas as vezes que de alguma forma Scorpius estava em cima de mim daquele jeito, me beijando com tanta empolgação, no meio das minhas pernas, eu simplesmente não conseguia evitar.

Continuava obedecendo minhas regras de respeitar Scorpius, mas era impossível não... inverter a situação.

Eu contive com todas as minhas forças um gemido, porque a posição nos fazia sentir as ereções se roçando sobre o pano do uniforme, e ele estava tão duro quanto eu. Aquilo não era um tabu entre nós, lidávamos bem com nossos amassos, então é claro que ele moveu a cintura, nos esfregando para causar algum atrito.

E quando o som de seu gemido ecoou perto demais do meu ouvido, mandando um arrepio muito intenso por todo meu corpo, eu simplesmente não consegui continuar desviando meus pensamentos.

Deixar Scorpius no controle, invariavelmente acabava comigo imaginando ele me fodendo.

Eu nem sabia que tinha vontade de fazer algo do tipo, mas todas as vezes que ele me pegava daquela forma, com seus beijos intensos e gemidos baixinhos... Era automático.

E eu sempre me sentia tão culpado por pensar naquilo.

Parecia algo terrível pensar aquele tipo de coisa, sabendo das restrições dele. Nunca havíamos conversado sobre, e eu não queria tocar no assunto com ele.

Porque iria contradizer tudo o que eu tinha dito.

Que sexo não era importante.

Realmente não era. Eu não me sentia frustrado por aquilo.

Não me importava se nunca fossemos até o fim, ou se Scorpius dissesse que nunca faríamos nada além daquelas passadas de mão e esfregadas de sempre.

Eu o amava, e o que eu sentia era muito mais do que sexo.

Mas me sentia verdadeiramente culpado por estar fantasiando aquelas coisas, porque soava rude, soava desrespeitoso.

— Scorp — Chamei, e minha voz soou fraquinha e um tanto mole, e eu tive que morder os lábios em seguida quando senti a respiração dele bater no meu pescoço.

— Hm? — Sua resposta não passou de um resmungo, e o som da sua voz contra minha orelha apenas fez minha mente ficar cada vez mais difícil de conter.

— E-esta perto da hora... hm... Do jantar — Falei entre suspiros, contendo o impulso de mover a cintura para ajudar ele nos movimentos que nos friccionava — Scorpius — Tentei mais uma vez, para soar firme, e ele parou o que fazia para me olhar.

E é claro que ver ele com os lábios vermelhos e inchados, me encarando com aquela expressão perdida não ajudou em nada.

— Eu estou morrendo de fome — Soltei de uma só vez, me sentindo tão duro que era difícil raciocinar — Nós... podemos ir comer?

Ele se levantou de cima de mim muito rápido, quase como se tivesse levado um choque, ou coisa do tipo, e se deixou sentar nas almofadas.

Com grande constrangimento, eu me ergui do chão, vendo ele desviar os olhos de mim, com as bochechas começando a ficar vermelhas.

— O horário do jantar já começou — Ele murmurou após olhar rapidamente para o relógio na parede — Pode ir na frente, eu te encontro depois.

— Scorp... tudo bem? — Questionei ao me aproximar, querendo me bater ao ver que tinha deixado ele desconfortável.

Eu só sentia que era injusto estar com aqueles pensamentos sobre ele, e quis parar.

E acabei estragando tudo.

Merlin, devia ter algo de muito errado comigo!

— Sim, Jamie. Nós realmente perdemos a noção do tempo — Sorriu, erguendo os olhos azuis na minha direção, e se esticou para selar meus lábios rapidamente — Pode ir na frente. Eu tenho que passar no dormitório primeiro. Albus disse que ia dormir, e pediu para acordar ele na hora do jantar.

— Tudo bem... — Concordei, ainda duvidoso se ele tinha se sentido ofendido, mas seu olhar não transmitia absolutamente nada.

— Anda, Jamie, você vai se atrasar.

Assenti, me erguendo do chão, e peguei a capa que estava jogada sobre o sofá, colocando ela, e de costas para Scorpius, tentei ajeitar a calça de maneira a disfarçar meu problema.

— Eu te vejo no jantar?

— Sim — Sorriu para mim com doçura, e eu entendi que ele iria enrolar ali alguns minutos, provavelmente para deixar a excitação acalmar.

Peguei a mochila, dando um último sorriso para ele, e sai dali com cuidado, com o mapa do maroto nas mãos para fiscalizar meu caminho.

É claro que eu parei no banheiro, e fiquei ali por algum tempo até tudo aquilo acalmar.

Não sentia fome, estava apenas me achando o pior namorado do mundo naquele momento.

Mas ainda assim, lavei o rosto, tentei dar uma arrumada no cabelo, e segui para o salão principal para comer.

Eu quase não encostei na comida, com os olhos grudados na porta, esperando ele aparecer.

Mas Scorpius não veio.

Ele realmente não veio, e eu me senti ainda pior.

— Hey, Albie — Me aproximei da mesa da Sonserina ao ver meu irmão sozinho — Onde está Scorp? Ele disse que ia te acordar, e que viria comer.

— Hm — Ele terminou de mastigar, erguendo os olhos para mim — Ele disse que não queria comer. Estava sem fome. Parecia um pouco chateado. Vocês brigaram?

— Ele estava chateado?

— Não sei. Parecia que estava — Deu de ombros — Eu perguntei, mas ele disse que não era nada, e que ia para cama mais cedo. Agora que você veio aqui, me lembrei. Ele pediu pra te avisar que não vinha — Ele soltou um riso, e eu revirei os olhos.

Irmãos mais novos. Sempre insuportáveis!

— Certo... — Respondi duvidoso — Valeu.

Sem esperar resposta, saí do salão, já revirando a mochila para pegar o mapa, e assim que achei um corredor vazio, o abri para procurar pelo loirinho.

Se ele estivesse no dormitório, eu o deixaria descansar.

Mas Albus dizer que ele estava chateado, e saber que eu sou a razão, me fez sentir ainda pior, e eu achei que era impossível.

Foi um alívio ver que ele estava na torre de astronomia.

Poderia ir até lá e tentar animar ele, e tirar o foco da minha idiotice, para ele não ir dormir magoado, e isso parecia um bom plano.

Conferindo os corredores, e de olho em Filch, eu consegui chegar na escadaria, subindo de dois em dois degraus.

E sorri ao ver ele apoiado contra a grade de proteção, parecendo distraído ao olhar para o céu, com seus cabelos bonitos brilhando pela luz da lua.

— Scorp — Me anunciei, vendo ele se sobressaltar, virando na minha direção com surpresa.

— James? — Questionou ao me ver, e meu sorriso desapareceu no mesmo minuto.

James.

— Eu fiquei preocupado. Está tudo bem? Você não foi jantar...

— Eu estou sem fome — Ele sorriu minimamente, se virando novamente para o céu, e eu suspirei ao me aproximar e me apoiar ao lado dele, olhando para seu rosto.

— Tem tortinhas de abóbora hoje. Suas favoritas. Se quiser, eu posso ir buscar para você, e...

— Não precisa — Respondeu dando de ombros, e eu suspirei.

— Está tudo bem? — Repeti, percebendo que ele havia ignorado a pergunta anteriormente, e isso fez ele se virar para mim, com os olhos azuis muito intensos.

— Está tudo bem? — Devolveu, e eu senti certa acusação nas palavras, o que me fez encolher minimamente.

— Você está na defensiva — Alertei, vendo ele revirar os olhos.

— E você está me olhando como se algo muito ruim estivesse acontecendo — Ele devolveu — Você... não vai....?

— O que?

Ele abaixou os olhos, encarando as próprias mãos com certa melancolia.

— Terminar... comigo? — A pergunta veio muito baixa, e é claro que causou grande espanto, porque imediatamente eu rompi a distância entre nós e o abracei.

— É claro que não, Scorpius. De onde tirou isso?

Ele suspirou, e soou quase aliviado, passando os braços ao meu redor.

— Ultimamente você está estranho. Parece fugir de quando a gente se beija, e... quase não me olha nos olhos. Eu... achei que fosse terminar — Ele explicou, com certa chateação.

— Scorp...

— Deixa eu falar — Ele pediu, e eu assenti — Eu não sei o que houve de errado. Não... entendo o que eu fiz para te deixar distante assim. Eu sinto muito, mesmo, Jamie. Mas... você pode me falar o que eu fiz  que está te incomodando. Se eu estou fazendo algo errado, eu quero que me diga. Você não precisa me proteger de tudo assim. Eu quero saber quando estou errando, porque eu não quero te perder, e...

— Scorpius, pelo amor de Merlin, para! — Pedi, apertando os braços ao seu redor — Ei, não diga bobagens, loirinho. Você não fez nada de errado. Me desculpe se eu te fiz pensar que você é o problema. Mas não seja bobo. Você é incrível.

— Mas...

— Scorpius — Ergui seu rosto para ele olhar para mim — Você não fez nada. É sério. Eu sou um idiota. Eu sinto muito por isso.

— Então... o que aconteceu?

— Não é nada — Garanti com um sorriso — Eu só estou muito cansado ultimamente, por causa das provas, os estudos... O último ano é difícil. É só.

— James, não mente pra mim — Pediu, com seriedade — Se você não me disser o que é, vou ficar pensando no pior.

— Scorpius...

— Nós estamos juntos. Passamos por tantas coisas juntos! Tudo aqui é na base da conversa, e se alguma coisa entre nós ficar mal resolvida... — Ele suspirou, afastando um pouco o abraço, me olhando com grande determinação — Claramente tem algo te deixando estranho, e eu não consigo ignorar se você ficar me afastando todas as vezes que a gente se beija. Então, por favor, vamos conversar sobre isso?

— Eu só... não queria ser um namorado ruim — Admiti baixinho, sentindo ele tocar minha bochecha.

— Você nunca foi um namorado ruim, Jamie. Você sempre é incrível comigo — Ele garantiu, se esticando para deixar um beijo no meu rosto, e isso me fez sorrir — Podemos conversar?

— Sim — Me dei por vencido, ao notar que se não conversasse com ele, Scorpius continuaria pensando que era algo que havia feito de errado.

Me afastei um passo para ficar diante dele, olhando para os olhos azuis bonitos.

— Só... não fique com raiva de mim — Pedi, vendo ele assentir, se deixando encostar conta a grade de proteção — Você... hã... lembra da nossa conversa? No parque perto de casa?

Ele franziu o cenho, mas logo piscou em compreensão, e assentiu.

— As coisas que disse naquela dia mudaram? — Questionou, e eu neguei com a cabeça, assustado que fosse a primeira coisa a vir na mente dele.

— Eu mantenho a posição daquele dia — Me apressei em dizer, vendo seu olhar curioso — Eu só... quero reforçar isso. Antes de dizer qualquer coisa. Eu nunca vou tomar qualquer atitude que vá te deixar desconfortável. Nunca. Tudo bem?

— Eu sei disso, Jamie — Ele sorriu minimamente, mas agora parecia um pouco mais curioso.

— Hã... desde aquele dia... as coisas entre nós tem ficado... intensas — Comecei, um pouco nervoso de falar sobre o assunto, temendo que algo soasse idiota ou pretensioso. Eu sempre tinha medo de não saber dizer as coisas da maneira certa — E... eu gosto. Bastante.

Mordi o lábio inferior, tentando achar as palavras certas.

— Eu acho... que gosto até demais?

— Eu não estou entendo onde você quer chegar — Ele falou, com ar confuso, e eu suspirei.

— Desde aquele dia... eu meio que... criei uma regras na minha cabeça — Resolvi começar por aquela parte — Porque eu não quero, nunca, fazer algo que vai te desrespeitar, ou deixar desconfortável. Então... para não me deixar levar demais, eu criei minhas regras. E... a mais importante delas é... nunca imaginar nós dois fazendo sexo — Expliquei, vendo ele piscar surpreso — Porque... soa ruim, ficar pensando sobre isso, sendo que... eu sei perfeitamente tudo o que aconteceu.

— Você... Está querendo? — Ele questionou surpreso, e eu me exasperei.

— Não, não foi o que eu quis dizer — Garanti, quase desesperado — Lembra quando conversamos, e você me perguntou se eu tinha vontade, e nós concordamos que ter vontade era diferente de querer fazer?

— Sim. Nós concordamos que ambos temos vontade, e que... iríamos no meu tempo e...

 — Não vamos fazer nada que você não queira ou se sinta preparado. E é por isso que você está no controle. Se você disser que não vamos fazer, nós não vamos. Se disser que quer ir até certo ponto, é até onde iremos. É você quem decide essas coisas. — Completei, querendo garantir que ele sabia que aquilo era real, e ainda válido.

— Você está se sentindo culpado porque começou a imaginar — Ele falou, e não foi uma pergunta.

— Só parece ser algo... errado. E eu me senti tão culpado, porque... Você é tão bom, Scorpie. Sempre incrível, e tenta deixar todo mundo feliz. E... eu te conheço. E sei que mesmo que não estivesse preparado, talvez você se forçasse a tentar fazer isso se em algum momento sentisse que eu queria. E é por isso que eu criei todas essas regras. Porque eu tenho tanto medo de você achar que eu quero, eu tenho tanto medo de estar sendo um imbecil, e...

— James — Ele me interrompeu, negando fracamente com a cabeça, e me puxou para seus braços.

Só então eu me permiti respirar normalmente, sentindo como estava confuso e atordoado tentando me explicar.

— Nós estivemos tão preocupados comigo, que nos esquecemos de você — Ele murmurou baixinho, e eu neguei com a cabeça.

— Não importa. Você é prioridade.

— Não, Jamie. É realmente muito complicado para mim estar em um relacionamento, depois de tudo o que eu passei. E eu amo você, amo que tente se esforçar para entender e me respeitar. Mas não podemos esquecer que também é difícil para você namorar alguém com meu histórico. Você também tem medo, você também fica assustado, e você também sente vontade de coisas que não pode fazer. Nos preocupamos tanto em fazer isso confortável para mim, que esquecemos que um relacionamento vem de duas partes.

— Mas não...

— Isso não significa que o que eu sinto tem que estar acima de você, ou ao contrário — Me garantiu com um sorriso — Você nunca me fez sentir qualquer coisa negativa. Nunca tive medo de estar com você, nunca me desrespeitou.

— Mesmo?

— Mesmo. E... não me importo que você pense sobre mim. Não precisa pirar sobre isso. Essas coisas são normais, Jamie. Você não pode simplesmente controlar esses pensamentos. Não existe botão de ligar e desligar, bobão.

— Mas...

— Não é desrespeitoso — Me garantiu — Você não precisa se preocupar. E mesmo sentindo tanta vontade, e tendo esse tipo de pensamento, você sempre parou, sempre afastou por querer me respeitar. Tem ideia de como você é incrível?

— Essa é só minha obrigação. Eu não quero ser um babaca.

— E você não é — Me garantiu, se esticando para deixar um beijo suave sobre meu rosto — Vem — Me puxou ao dar um passo para trás, e se sentou no chão.

Me sentindo aliviado, me acomodei ao lado dele, rindo quando Scorpius passou os braços ao meu redor e deixou vários beijos pela lateral do meu rosto.

— Não precisa ficar criando essas regras. Nós combinamos de sermos sinceros um com o outro. Se algo me incomodar, eu vou dizer.

— Eu sei, Scorp... Só que eu ficava me sentindo uma pessoa ruim, se todas as vezes que estávamos juntos de um jeito mais íntimo, ficava pensando em você me fodendo — Contei em um choramingo, e pretendia dizer mais, se ele não houvesse congelado, de olhos arregalados — Scorp? — Questionei, querendo me bater ao pensar que tinha dito alguma bobagem, e ele levou a mão até meu rosto, me fazendo olhar em seus olhos.

— James... — Começou, incerto, com o cenho muito franzido — Quando diz que nos imagina fazendo... você pensa desse jeito?

— É assim que se faz sexo — Entrei na defensiva, e ele negou com a cabeça.

— Você sempre pensa desse jeito? Não pensa nas coisas... invertidas?

— Esse é o único jeito, Scorp — Expliquei, confuso com o que ele estava pensando.

— Não, James, você sabe do que eu estou falando.

— Não, eu não imagino de outro jeito. Porque esse é o único. Eu jamais pensaria em... fazer algo que eu sei que vai te fazer mal, te trazer lembranças ruins, ou qualquer coisa do gênero. Esse jeito não existe entre nós. Se algum dia você se sentir bem e quiser, então vai passar a existir. Mas agora eu não posso, de maneira alguma, nem fantasiar algo do tipo.

— Então todas as vezes que pensou em fazer sexo comigo, você estava por baixo? — Sua voz tinha algo que eu não soube decifrar, e apenas assenti.

E no instante seguinte, ele girou o corpo, e me pegou desprevenido com um beijo muito afoito e quase desesperado.

É claro que eu estranhei o ato, mas quando senti que ele sorria contra meus lábios, apenas pude cercar seu corpo com o braço, deixando ele sentar no meu colo, e retribui ao longo beijo.

— Você realmente sente vontade de fazer assim?

De alguma forma, o jeito que ele perguntou aquilo me fez ficar extremamente constrangido.

Até então estávamos falando apenas da minha imaginação, não de coisas reais que eu sentia e admitia.

— James, você está corando?! — Ele exclamou, e eu revirei os olhos.

— Idiota — Resmunguei, apenas por dizer, desviando o olhar, ouvindo ele soltar um risinho.

— Que gracinha, Jamie — Brincou, voltando a passar os braços ao meu redor, e deixou alguns beijos na lateral do meu rosto.

— Me desculpa, por essa confusão — Ergui o rosto para ele, que sorriu com toda aquela sua doçura usual.

— Você deveria ter vindo falar comigo quando ficou preocupado com esse tipo de coisas, Jamie. Lembra, da ultima vez nós fomos sinceros, e resolvemos nossos medos por uma conversa? Vamos tentar sempre fazer assim.

— Eu sei... É que... fiquei com medo de te falar isso, e você achar que eu estava criando pressão, ou tentando te convencer.

— Você é sempre tão preocupado. Eu agradeço por tudo isso. É muito gentil. Mas não quero que tenha medo de falar comigo. Ou de perguntar, se houver alguma dúvida. É assim que as coisas funcionam.

— Você fugiu do jantar para não me ver — Acusei.

— Não foi para não te ver. Foi porque eu queria pensar no que poderia ter feito para te deixar estranho. Precisava de um tempo antes de falar com você, porque eu realmente achei que talvez quisesse terminar.

— Eu nunca terminaria com você, bobão.

Sorrimos um para o outro, e eu finalmente me senti calmo ao perceber que tudo estava bem.

— Se... você realmente sente vontade, nós podemos, sabe — Scorpius falou, com grande tranquilidade — Fazer.

— Scorpius, eu já falei que não quero você tentando fazer algo só porque...

— Não estou tentando fazer algo forçado, ou por sua causa, bobão. Só estou dizendo que se você realmente quiser fazer desse jeito, nós podemos. Não é um problema para mim... Se for assim.

— Porque... nunca me disse? — Questionei surpreso quando ele me olhou nos olhos, mostrando a sinceridade.

— Porque eu nunca, jamais, em hipótese alguma imaginaria que você iria querer fazer sexo assim, Jamie — Ele falou, com tom de riso — Você sempre namorou com garotas. Eu não pensava que era algo que algum dia você iria cogitar, então eu também nunca pensei sobre isso.

— E porque eu não iria querer, Scorp? Eu ter namorado garotas não tem nada a ver com o fato de estar namorando você — Dei de ombros, surpreso que ele tivesse aquele tipo de visão — Mas... bem, é novo para mim. Antes de você, eu nunca teria pensado sobre isso. Mas então... quando estamos juntos ultimamente, eu só... não sei. Essas coisas vem na minha cabeça. Você... realmente não tem problema com isso?

— Não. Como eu disse, sempre estou confortável com você. Nós poderíamos ir mais longe com o que temos. Eu andei pensando sobre isso. A parte que me assusta é a que vem depois... Você sabe.

— Então... realmente não tem nenhum problema, se for eu? — Questionei, extremamente surpreso com o rumo que toda aquela conversa estava levando.

— Não, não tem. Mas... o que você sempre diz para mim, vale para você também. Não vamos fazer se você se sentir que deve só porque é ok para mim.

— Esqueceu que toda essa conversa começou por minha causa? — Rebati, e ele deu de ombros.

— Só queria ter certeza.

Mordi o lábio inferior, agora sentindo meu coração começar a acelerar em expectativa.

Eu sentia vontade de sugerir, ou de pedir.

— Então...nós podemos? — Resolvi perguntar, apenas para ter certeza, e ele sorriu ao se esticar para deixar um beijo nos meus lábios.

— Podemos— Concordou, e novamente eu senti uma grande expectativa.

Se estava tudo bem por ele, e tudo bem por mim... Realmente iria acontecer.

— Mas — Ergui os olhos novamente para ele — Se vamos fazer, vai ser do meu jeito.

— E o que isso quer dizer?

— Você vai ver — Sorriu com carinho ao deslizar os dedos por meu cabelo — Amanhã nós podemos passar a noite na sala precisa, se você quiser.

— Se você quiser, eu quero — Respondi, vendo ele revirar os olhos.

— Apenas diga se quer ou não, Jamie. Eu não ofereceria se não quisesse também.

— Quero — Concordei, vendo ele sorrir e me beijar mais uma vez, muito suavemente.

 — Agora que estamos bem, eu estou com fome — Choramingou, e eu sorri ao me levantar, vendo ele fazer o mesmo, e seguimos apressados para as escadas.

Se corrêssemos, conseguiríamos pegar o final do jantar para ele comer alguma coisa.

Enquanto caminhava ao lado de Scorpius, não pude deixar de pensar que era sempre incrível a maneira como nos entendíamos, e como respeitávamos tanto um ao outro.

Eu sinceramente estava começando a ficar chateado pelo próximo ano, já que ele estaria na escola, e eu tentando entrar para o esquadrão de aurores.

Me fez perceber que estávamos no fim da nossa adolescência, e que novos problemas iriam começar a surgir em nossa vida.

Mas, de qualquer forma, eu sentia que estávamos preparados para qualquer coisa que fosse aparecer.