História Where You Are. Taekook, Vkook. - Capítulo 51

Depois da lanchonete, eu e Jungkook passamos numa lojinha pra comprar mais algumas coisas pro neném. Eu já tinha o berço, algumas frandas, lenços, alguns brinquedos e umas roupinhas. Desta ves compramos mais com o meu dinheiro e o que Jungkook ainda tinha da venda do carro.

Nós caminhamos juntos, passeamos. Ela em sua cadeira de rodas que o acompanharia por alguns meses ainda.

E era estranho.

Passear com um namorado era estranho.

Eu nunca nem namorei.

E nunca pensei que meu primeiro namorado seja logo Jungkook.

Eu ficava meio sem saber o que fazer ou o que eu podia fazer, porque nesse ramo de namoro eu não o conhecia.

Não sabia do que ele gostava de fazer.

Se era beijoqueiro.

Ou se era mais na dele.

Ainda precisamos nos conhecer. Tem muita coisa sem explicação ainda. Muita coisa que eu e ele precisamos de um grande manual de instruções. Um de mil páginas, quem sabe.

Nós passamos na casa de Jungkook apenas pra pegar uma muda de roupa, já que ele ia passar alguns dias comigo. Quando chegamos a primeira coisa que fiz foi tomar um banho bem fresco e lavar os cabelos, pois estava com muito calor e um pouco estressado por isso e por nada também.

Coisas de gravidez.

No meio do banho, enquanto passava uma máscara hidratante no cabelo, eu soltei um grito ao sentir braços rodeando minha cintura.

– Jungkook! Você não pode ficar aqui, vai molhar sua cadeira toda!

Briguei, mordendo o lábio inferior enquanto sentia a chuva de beijos em minhas costas.

É.

Acho que ele era bem beijoqueiro.

Os beijos estavam mais barulhentos ainda por causa da minha pele molhada.

Seus braços envolviam minha cintura, minha barriga, me apertando com cuidado, mas ainda sim fimes.

— vai molhar sua cadeira... — voltei a alertar, cuspindo o pouco de condicionador que havia entrado na minha boca. Aos pouquinhos, eu fui me entando em seu colo, encarando seu rosto.

Eu estava com vergonha.

Sim.

Eu, Kim Taehyung, estava com vergonha.

Mas é que era a primeira vez tendo realmente romântico com Jungkook, e eu ficava meio sem saber o que fazer ou o que podia fazer.

Mas ao mesmo tempo que ele me deixava nervoso ele me deixava relaxado também.

Seus vários beijos barulhentos em meu pescoço me deixavam mais tranquilos.

— gosto de te ver tomando banho. — admite contra minha orelha, a beijando antes de mordisca-la levemente. — fica balançando.

— ai, Jungkook, sério. — revirei os olhos. — você fica olhando pro meu pau?

— também. Pra essa bunda aqui também. Pra esses peitos. — diz, ainda me dando beijos e mais beijos. O bigodinho fazendo cócegas, água caindo sobre nós dois. — você é lindo.

Sorrio, lhe dando um beijo na boca, mordendo levemente o lábio inferior.

— você também é lindo, bebê.

— bebê? Hum? Eu? Desse tamanhozão?

– desse tamanhozão. Por quê? Não gostou?

— gostei.

Lhe dei mais um beijo, agora mais estalado.

— vai pro quarto, abre a segunda gaveta daquela cômoda azul e pega o secador. Seca toda a sua cadeira, ou pode mofar.

— sim, senhor.

— VAI, JUNGKOOK! PARA COM ISSO!

Eu gritei quando seus vários e vários beijos voltaram, debatendo em seu colo.

Primeiro porque meu pescoço era muito sensível.

Segundo porque eu nunca fui de ficar de beijação nem com o pessoal mais próximo da minha família, então era novo demais.

E terceiro: fazia muitas cócegas.

Demorou um pouco até Jungkook me deixar tomar banho em paz.

Quando eu terminei a ducha, me enrolei na toalha e fui pro quarto, me sentando no cantinho do colchão.

Jungkook estava secando a cadeira até agora, sentado na cama.

— já escolheu algum nome pro bebê? — perguntei, me levantando novamente, desta vez pra colocar uma calcinha e um short pra dormir. Peguei uma blusa larga também, que deixava minha barriga de fora. — ou ainda não pensou?

— que tal Yeomi?

— Yeomi. — repeti, provando o nome, me sentando ao seu lado. Peguei o creme de pentear, colocando uma boa quantidade na palma pra poder espalhar por meus cabelos cacheados. — é bonito. Kim Jeon Yeomi. O que acha?

— acho bonito.

— é lindo. É, acho que vai ser esse. — sorri, separando uma mecha fina pra enrolar com meu dedo, depois amassei o cacho que se formou. Precisava fazer isso pra deixar o cabelo bem definido.

Jungkook largou o secador, se arrastando até a ficar atrás de mim. Ele pegou um pouco do creme, me imitando ao pegar uma mecha para enrolar em seu dedo.

Definindo meu cabelo com Jungkook.

Hum.

Esse não era o futuro que imaginei pra mim.

Mas era muito bom.

Quando a metade do cabelo já estava definida, Jungkook a deixou de lado, enfiando seu rosto em meu pescoço para cheira-lo.

Na orelha balançava o brinco de cerejas que ele havia me dado e até hoje eu não havia trocado por outro.

— quero que ele nasça logo.

Ele murmurou contra minha pele, a chupando. Estava me desconcentrando.

Sua voz rouca perto de mim de novo.

Fazia mais de seis meses que nunca mais nos tocamos.

Não assim.

Então, sim, eu estava com saudade.

Senti falta.

— minha cesariana tá marcada pra dois meses e meio. Não vão esperar até os nove meses, você sabe, os partos masculinos são diferentes. — digo, ainda enrolando algumas mechas antes de terminar tudo, dando mais alguns amassos finais. — ele vai estar aqui daqui a pouco. Está feliz?

Perguntei, fechando apenas um olho quando ele me deu mais um chupão.

— por ele, sim. Por ele vir.

— só por ele vir?

— por você estar aqui também. — diz, me fazendo tombar a cabeça mais pro lado, dando espaço pros seus beijos molhados.

— e por você? Tá feliz?

— ainda não, mas vou conseguir. Ainda tenho muita coisa pra sentir por mim mesmo. Ainda tem muito tempo pela frente pra eu conseguir estar feliz por mim. Mas eu vou ficar. Pelo menos eu espero.

Suspirei quando Jungkook me deitou na cama, deitado de lado. Sua mão foi pros meus cabelos ainda úmidos, descendo por meu rosto. Brincou com a pontinha do meu nariz. Com meu queixo. E então ele se aproximou mais ainda, me dando um selinho singelo antes de me beijar de verdade.

Nossos lábios se afundando um no outro.

Línguas entrelaçadas.

Barulhos molhados.

Estalados.

A mão segurando firme minha cintura.

O bigode roçando minha pele.

Seus dedos frios em mim.

Um carinho longo dado em sua bochecha.

Gostava dessa nova fase de Jungkook.

Não era como antes.

Hostil.

Mas eu sabia também que não ia ser fácil.

Não mesmo.

Não ia ser fácil lidar com tantas coisas.

Inclusive, com o fato de que o bebê nasceria hoje.

Dois meses e alguns dias depois do começo do namoro, eu comecei a ter dores antes do previsto e a ambulância foi muito rápida em me buscar.

Meu pai havia voltado fazia algumas semanas pra poder me ajudar com a gravidez e depois dela também.

No momento em que estou na maca, ainda com dores, Jungkook está se empurrando na cadeira de rodas e meu pai o empurrando para me acompanhar.

— calma, ok??? — ele pergungou, me olhando, aflito, e até mesmo chorava. Ele era muito chorão. Descobri isso há um bom tempo. — você vai ficar bem, não se preocupe! Eu vou estar do lado de fora te esperando, prometo pra-

— ISSO DOI PRA CARALHO! CARALHOOOOOOOO, PUTA QUE PARIU, PAU, CU, BOCETA! ISSO DOI PRA CACEEEEEEEEEEEEEEEEETE!!!!!

Sim.

Geralmente, quando tô com uma dor muiro forte eu quebro mais ou menos umas dez mil leis contra xingamentos.

— T-TIRA ESSE MENINO DE MIM, PELO AMEO DE DJEUUEUE7E!!!

Eu também perdia a capacidade de falar.

Os médicos estavam tudo me olhando.

Por sorte, me levaram logo pra sala, e em breve a dor foi passando. Eu estava acordado, mas não sentia mais dor alguma. Havia um pano bem estendido em frente ao meu rosto para que eu não visse nada.

Era tão agoniante.

Eu preferi ficar de olhos fechados apenas esperando a hora de poder segurar meu filho nos braços.

Ouvir seu choro.

Olhar pro seu rosto.

Ele estava chorando agora, os olhos fechados, a caretinha por ter sido tirado da sua casa predileta.

Quando eu vi o menino, eu não pude não rir.

Era a cara de Jungkook.

A cara.

Literalmente.

Era uma versão minúscula dele.

Eu tinha visto, uns dias atrás, uma foto de quando ele era pequeno e eu estava o segurando agora mesmo.

Eu nunca vi um bebê parecer tanto com o pai.

Jungkook precisava ver isso, meu Deus.

Tudo foi um pouco rápido.

Eu o amamentei um pouco pra tentar acalma-lo, e depois o levaram para limpa-lo e colocar uma roupinha.

Eu fui para a sala, e dormi por algumas horas, cansado, realmente muito cansado, e só acordei quando estava prestes a anoitecer, sentindo dores.

Quando o enfermeiro veio me dar remédio, Jungkook e meu pai também vieram juntos e logo depois veio uma enfermeira trazendo Yeomi nos braços.

— puta merda, ele é a minha cara! — exclamou Jungkook, meio que rindo, meio que surpreso demais enquanto a enfermeira deixava o bebê em seu colo. Ele estava de olhos arregalados, um sorriso besta nos lábios. — Taehyung, ele é mesmo a minha cara!

— é uma injustiça eu carregar esse menino por quase nove meses e ele nascer sua cara. — reclamei, sorrindo quando vi Jungkook chorar.

Pela quarta vez só hoje.

Estávamos desde às cinco da manhã nessa.

— oi, amor. Oi... — ele sorriu, pegando a mão de Yeo, apertando bem de leve. Enquanto isso, meu pai se aproximava pra me beijar na testa, segurando a bolsa do bebê nas mãos. — oi, amor... meu Deus, você é a minha cara. Cabelinho, nariz, esses olhinhos. Até a boca! Ah... — ele sorriu novamente, erguendo o corpinho do bebê que dormia, pra dar um beijo em sua bochecha. — eu te amo mais do que tudo nessa vida, meu príncipe.

Rindo, Jungkook olhou pra mim.

— valeu por ter me dado ele. Agora vou sequestra-lo e ir embora.

— se fizer isso vou garantir que você nunca mais vai ter outro filho. — brinquei, rindo brevemente enquanto assistia Jungkook voltar a falar com o filho.

Ele estava apaixonado por ele.

Sabia que ele ia despositar todas as coisas boas que ele queria ter no bebê.

Eu sabia muito bem disso.