História White Noise - I'm breathing

Capítulo cinco; I’m breathing

De uns tempos pra cá, meu quadro clínico só fez piorar.

O tratamento não parecia estar mais fazendo efeito, o que estava causando uma extrema preocupação para os meus médicos responsáveis. Tanto que decidiram fazer novos exames em mim.

Eu estava tão fraco que mal conseguia falar, mal conseguia comer. Não conseguia levantar da cama. Passava todo o meu tempo deitado, com várias coisas ligadas ao meu corpo.

Eu estou respirando, Jungkook. Apenas isso.

Com os novos exames, novas expressões de preocupações apareceram. Novas medicações apareceram e novos tratamentos. Não estava entendendo nada do que acontecia, eles estavam se recusando a me dizer o que eu tinha.

Medicamentos mais fortes me era dado, e com isso, eu quase não sentia meu corpo. Em partes era bom, pois eu não sentia mais aquela dor chata nos braços e pernas, nem as cãibras. Porém, eu me sentia muito mais inútil. Não podia fazer nada. Estava literalmente apenas respirando. Apenas deitado naquela cama, quase não mexendo a cabeça para ver as movimentações.

Tantos olhares de pena me eram lançados. Eu me sentia tão mal com isso. Por que tudo isso estava acontecendo? Eu não deveria estar melhorando?

Nas poucas vezes em que eu, lentamente, forçava os músculos de meu pescoço para que virassem minha cabeça para o lado, me possibilitando de avistar Taehyung e Hoseok nos horários que os mesmos estavam ali, percebia que o primeiro queria vir falar comigo, olhava bastante para mim e soltava alguns suspiros frustrados. Quando se arriscava a dar um passo hesitante em minha direção, desistia.

Eu queria tanto que ele viesse. Não apenas para me contar o que havia acontecido com Jungkook, mas simplesmente falar comigo, perguntar se eu estava bem, mesmo que não eu não estivesse aparentando estar. Sentia saudade de quando ele sentava em minha cama e conversava comigo, soltando sorrisos e alisando minha cabeça, quando a mesma ainda possuía fios capilares.

Queria poder chamar o garoto para que viesse trocar algumas palavras comigo. Estava cansado de esperar uma atitude dele, ele aparentava estar com medo de falar comigo. Você está me escondendo alguma coisa, Tae?

Respirava fundo e abria a boca tentando forçar alguma palavra a sair de dentro de minha garganta, mesmo que eu tivesse a sensação de que a carne estivesse se rasgando, mas eu não conseguia. Tentava e tentava, porém literalmente nenhum som saía. Estava tão fraco naqueles dias, que havia perdido a voz completamente. Nunca quis tanto abrir a boca e conseguir falar, conseguir que algum ruído, qualquer que fosse, saísse de minha boca. Queria escutar minha voz novamente.

Hoje é um desses dias em que eu queria muito que minha voz saísse, mas eu me sentia tão. mas tão frustrado, pois nada queria sair. Nada. Eu respirava fundo e com todas as quase inexistentes forças que eu tinha, enchia o pulmão de ar, fazendo meu peito doer, e forçava a garganta para que alguma coisa surgisse. Nada adiantava.

Lágrimas começaram a sair de meus olhos, e as sentia quentes, correndo rapidamente em caminhos desconexos por minhas bochechas, molhando toda a minha pele. Eu me sentia tão inútil, tão imprestável. Nem para falar alguma coisa eu estava servindo. Só dava trabalho para os médicos e enfermeiras.Só causava preocupação às pessoas.

Eu não tirava os olhos preenchidos de lágrimas do rosto de Taehyung, que quando me notou, percebi sua pele empalidecer. Vi espanto e desespero em seus olhos, eu o havia desconcertado.

O vi sair apressado do quarto, e voltar segundos depois acompanhado de algumas enfermeiras. Elas correram até mim, uma portando uma seringa em posição e sem tampa em uma de suas mãos, outra se aproximou de mim, perguntando:

-”Senhor Min? O senhor está bem?”

Abri a boca para tentar respondê-la, mas nada saiu, me lembrando da angústia de não estar conseguindo falar. Senti lágrimas grossas saírem de meus olhos e me desesperei, tentando falar qualquer coisa. Percebi os olhos das mulheres ficarem arregalados, já que possivelmente eu estava muito vermelho por tamanho esforço que fazia, e de todo o meu desespero para falar algo.

Nunca fui alguém que gostava de falar muito, preferia ficar calado, abrindo a boca apenas para quando fosse necessário, mas naquela hora, eu realmente nunca desejei tanto que pudesse falar outra vez.

As mulheres ficando agitadas também, logo pegaram meu braço e amarraram um elástico para que a veia saltasse. Assim feito, senti uma leve picada, causada pela agulha entrando em minha pele. Segundos depois, senti todo o meu corpo relaxar e meu desespero se esvair.

Meus olhos pousaram em Taehyung, que me olhava atentamente, e mesmo com a visão embaçada pelas lágrimas e pelo sono que me atingiu, causado pela medicação, notei que seus olhos estavam cheios d’água, e que ele se segurava para não chorar.