História Who Are You - O Jogo

Who Are You.

Matheus

Derik colocou as duas garrafas de vidro no chão e depois pegou dois copinhos de dose em uma das gavetas da escrivaninha. Voltou para o chão e se sentou de frente para a garrafa.

- Onde você conseguiu a bebida? – perguntei a ele.

- Eu trouxe quando vim pra cá. Nunca se sabe quando vai precisar. – deu de ombros.

- M-mas é proibido. E se alguém nos pegar? – interferiu-se Becca.

- Ninguém vai pegar a gente. Senta logo no chão, vou explicar as regras. – Todos se sentaram em volta da garrafa. – Bom, é como o jogo normal: a pessoa em quem a ponta com a tampa parar é a pessoa que vai ser desafiada ou perguntada e sempre que a garrafa parar em você vai ter que tomar uma dose de vodka pura. Entenderam? – perguntou.

- Sim, nós entendemos. Ninguém é retardado... eu acho. – Derik disse.

- Ai, alguém esta nervosinho, mas que seja. Vamos logo. P Lucy pegou a garrafa do chão e a deitou de lado. Com um impulso ela girou a garrafa, não muito forte, mas o suficiente para ela demorar a parar. As primeiras pessoas a participarem do jogo foram a Jason e Becca – os dois mais santinhos – não teve muita graça. Becca desafiou Jason prender a respiração por um minuto, mas a parte mais engraçada foi ver Jason tentando virar a dose, ele praticamente morreu.

Jason colocou a garrafa deitada no chão e girou. Dessa vez caiu no Jackson e Lucy:

- Tu quer verdade ou desafio? – perguntou Lucy.

- Já que é a minha primeira, eu vou escolher verdade. – respondeu.

- Você continua medroso. – bufei.

- É verdade que você e o Math já tiveram algo? – perguntou a Lucy com um sorriso malicioso, enquanto encarava Derik.

- Sim. – respondeu ao mesmo tempo em que eu falei “não”.  Eu fiquei encarando-o, como se quisesse uma explicação, por que pelo que eu me lembre, eu nunca beijei ninguém antes do Derik.

- Vocês se beijaram ou não? – perguntou Becca confusa.

- Não. Nós nunca tivemos nada, a não ser amizade. – respondi convicto.

- Como assim? E quando nos estávamos na cachoeirinha? – indagou Derik.

- Que cachoeirinha? – perguntei agora confuso.

- A que tinha uma trilha no final da praia... – respondeu – Aquela que nós íamos sozinhos enquanto os nossos pais ficavam na praia.

- Hum... não me lembro. – respondi ainda confuso.

- Que tal você contar a historia? – sugeriu Lucy animadamente.

- Não! Ninguém precisa ouvir historia nenhuma. – esbravejou.

- Fica quieto gatinho. – devolveu Lucy. – Agora conta logo essa historia.

- Pera. – interrompi – antes eu preciso beber, já vi que vou precisar de álcool para sobreviver a esse jogo.

Peguei o copinho de dose e o enchi até a borda, encostei meus lábios no liquido transparente e o despejei na minha boca. Engoli tudo de uma vez. Despejei mais uma vez o liquido no copo e virei.

- Eu acho que já está bom. – tampei a garrafa e olhei em volta. Todos estavam pasmos como se tivesse visto um fantasma.

- Você bebe isso que nem água. – apontou Jason. – Por acaso já foi um alcoólatra?

Eu ri de seu comentário e então falei:

- Já pode começar a historia Jack.

- Okay. – fez uma pausa como se estivesse tentando lembrar direito. – Era o quarto dia de viajem e os nossos pais já tinham se conhecido. Nós fomos para uma praia meio deserta e ficamos lá a tarde inteira. Nós sempre andávamos até uma das pontas da praia e ia até o final dela, e nessa praia o final tinha uma placa falando sobre uma trilha de uma cachoeira, ai nós voltamos para os nossos pais e pedimos permissão para podermos ir, eles não deixaram no começo, mas depois de muito insistirmos eles deixaram, então fomos só nós dois...

- Que irresponsáveis. – murmurou Derik.

- Ou! É da minha mãe que você esta falando. – resmunguei bravo. – Continua Jackson, eu estou me lembrando, mas não do beijo.

- Bom... Nós chegamos à cachoeira e estava bem deserta. O poção de água era azul bem claro, dava para praticamente ver o chão, ela começava rasa e ia ficando bem funda. Falavam que uma vez, um cara jogou uma garrafa de whisky bem caro e disse quem conseguisse pegá-lo poderia ficar com ele.

- Okay, estou me lembrando, mas ainda nada de beijo.

- Será que da para você parar de me interromper? – esbravejou – Continuando... Nós ficamos brincando na beirada, na parte mais rasa do lago. Mas ai, alguém teve a brilhante ideia de ir para a parte funda do lago, mesmo sem saber nadar. – lançou-me um olhar bravo – Ele estava se afogando, não realmente, mas estava fazendo drama, ficava gritando “me ajuda Jackson, eu vou morrer” e balançava os braços no ar, que nem um retardado.

- Merda! Para de contar. – mandei. Comecei a me lembrar da historia, o desespero me tocou e meu rosto se esquentou. Eu não estou nada a fim de deixar os outros saberem dessa historia.

- Parece que você se lembrou, não? – perguntou com um sorriso sádico no rosto.

- Sim, eu me lembrei, e não ouse contar essa historia!

- Que? Ah não! Vai contar sim! – falou Lucy animada.

- Tá bom... – concordei ainda com receio. Foi uma coisa muito idiota e criancice.

- Bom, eu tirei ele do lago, mas mesmo assim ele continuou falando “Eu não consigo repirar, me ajuda” ou “Eu vou morrer, não me deixa morrer”, ele ficou falando isso até ter uma brilhante ideia: fazer respiração boca-boca. Eu fiquei falando que não precisava fazer e que ele estava bem, mas então ele disse que se eu não fizesse ele iria morrer e então começou a chorar. Eu fiquei com dó, ai eu pensei “por que não?”. Encostei a minha na sua e quando eu a abri para soprar ele enfiou a língua na minha boca, então nos ficamos nos beijando lá, na beira do lago. – quando ele terminou a historia, eu já estava completamente vermelho e com as mãos no meu rosto, tentando me esconder da vergonha.

- Vamos continuar o jogo? Estou precisando beber, mas não esta na minha vez, então gira logo essa merda de garrafa Jackson.  – falei antes que alguém pudesse fazer algum comentário.

Fiquei olhando para o chão, com verginha de encarar qualquer um nessa roda. Jackson tirou a garrafa do chão e a girou.

- Hum... Eu devo ficar preocupada de você tentar roubar o Jackson de mim? – perguntou Lucy com um sorrisinho idiota no rosto.

- Ele nunca foi seu. – dei de ombros entrando na brincadeira.

- Ah, vai à merda, eu não sou objeto. – esbravejou ele.

A garrafa parou em mim e na Becca.

- Verdade ou desafio, baixinha? –perguntei a ela.

- Desafio. – respondeu.

- Okay, mas antes você tem que virar a dose. – dito e feito, ela pegou o copinho e o encheu até um pouco antes da borda e virou. – Bom... eu desafio você passar duas partidas sentada no colo do Jaisinho ali. – apontei para o Jason.

- M-mas isso n-não é um pouco de mais, não. – perguntou ele parecendo um pimentão.

- Não! Eu fiz o desafio e ela tem que cumprir, agora vai! Senta no colo dele. – mandei.

Eu queria que as duas doses já tivessem feito efeito, mas não fez. Então o jogo ainda esta sem graça.

Ela engatinhou de quatro até o Jason e sentou-se em seu colo. Não sei por que, mas eu acho que o álcool já esta fazendo efeito.

- Okay, agora gira Becca.

Ela ficou de quatro – com a bunda praticamente na cara do Jason – e girou a garrafa.

- Verdade ou desafio? – perguntou Derik.

- Obviamente desafio. – respondeu Lucy.

- Hum... O namoro de vocês não conta nesse jogo certo? – apontou para Jack e Lu.

- Acho que não, já que nós não estamos namorando. – deu de ombros.

- Pera ai! Como assim? – perguntei descrente – achei que estivessem juntos...

- Nós estamos ficando, mas não é nada sério. – explicou Jackson.

- Sei... – falei – pode prosseguir com o jogo.  

- Okay, eu desafio você a beijar nossa amiguinha Becca – assim que ele disse o desafio, todos nós soltamos um suspiro. Ela pegou a garrafa e encheu o pequeno copinho para então vira-lo.

Levantou-se e puxou Becca pelo braço, para a mesma ficar de pé. Segurou em sua cintura e então a beijou. Seus lábios se encostaram e lentamente se abriram, dando espaço para as suas línguas passarem. Elas moviam suas cabeças de um lado para o outro lentamente e sem perder o ritmo. Esse provavelmente é o beijo mais bonito que eu já vi em toda a minha vida.

Quando a Becca foi se sentar novamente no colo do Jason, eu a impedi e disse que já havia acabado essa aposta, então ela já poderia parar de se sentar lá.

Lucy pegou a garrafa e girou. Dessa vez caiu no Jason e nela.

- Oh, eu estava esperando por isso. – bateu palminhas animadas – primeiro bebe, depois ei te faço o desafio.

Dito e feito. Ele pegou a garrafa do chão, encheu o copinho e virou-o.

- Verdade ou desafio, meu amor? – perguntou.

- Bom... considerando a quantidade de álcool no meu sangue, a partir de agora só quero desafio. – respondeu com a fala meio mansa. O álcool já está fazendo efeito.

- Bem o que eu queria ouvir. – abriu um sorriso malicioso. – Eu desafio você beijar o Math.