2014. Quinta-feira. 05:36PM
Lucas encarava os papéis que deveria entregar a seu chefe, mas seus pensamentos o impedia de prestar atenção. Mesmo que os pensamentos fossem tivessem haver com seu chefe.
Os pensamentos se tratavam da imensa raiva que sentia com seu trabalho. Lucas era secretário pessoal de Rafael Lange, presidente da Cellbit's. Lucas sentia a raiva o consumir toda vez que pisava os pés nesse maldito lugar para trabalhar para um filho da puta, vulgo seu chefe.
Ele era incrível em diversas coisas, e merecia um cargo bem melhor do que "secretário pessoal", ainda mais da pessoa que mais odiava. Rafael e Lucas tinham um passado, digamos...perturbado, e a única que restou para Lucas foi esse imenso ódio.
Ele e Rafael se conhecem desde a escola, eles se tornaram amigos na época. Os dois eram nerds zoados, Rafael por ser um magrelo cdf e Lucas um gordo cdf. O bullying acabou os aproximando, o que teria durado se não fosse pela "traição" de Rafael.
Mas essa é outra história.
Então quando Lucas arrumou o emprego de estagiário na Cellbit's, não imaginou que acabaria trabalhando para a pessoa que mais odeia. Não que ele pudesse saber e evitar isso, já que Rafael só tomou a Cellbit's dois anos depois de sua entrada, até lá ele só achava uma coincidência o sobrenome Lange, e também Rafael nunca fez questão de aparecer na empresa antes de herda-la.
O pior era que Lucas estava no caminho para o sucesso até esse filho da puta chegar e rebaixa-lo a isso.
"Quer saber? Cansei desse lugar!" esbraveja em pensamentos. O ruivo sai a passos largos em direção a sala do presidente na intenção de acabar com essa palhaçada. Ele não se importava de ficar sem emprego, se livrar de Rafael era um sonho realizado.
Ao chegar na porta da sala, adentrou sem se importar de bater, ou saber quem estava lá dentro. Mas seu coração quase parou com o que viu na sua frente, Rafael tinha uma arma apontada para cabeça de Gabrielle Montresor, recepcionista da Cellbit's.
Lucas deu um passo para trás escorando na porta que havia fechado atrás de si. Rafael olhou para ele surpreso, não esperando que ele viria alí, mas não fraquejou ou perdeu o controle da situação.
Lange sorri. – O que devo a visita Lucas?
– Q-que porra é e-essa? – pergunta atordoado, mas tinha que se manter calmo. Lucas não era tão inexperiente, só estava surpreso.
– Nossa amiguinha aqui, – ele empurra a cabeça da mulher com a arma, ela chorava silenciosamente. – Viu de mais. – ele aponta com a cabeça para o chão, e pela primeira vez desde que entrou na sala Lucas desviou o olhar de Rafael.
Só agora percebera um corpo jogado no chão, o corpo de...do...Wellington.
– Well...– Lucas sussurrou, sentindo lágrimas chegarem a seus olhos.
Wellington não era ninguém mais e ninguém menos do que namorado de Lucas. Eles se conheceram quando entraram cono estagiários, se tornaram amigos e a menos de um ano vieram a começar um namoro.
Ele era um das poucas pessoas que Lucas sentiu algo na vida, talvez a primeira que amou de alguma forma. E agora ele se foi, Lucas sentia seu coração afundar no peito de uma maneira que a dor era insuportável.
Apenas uma lágrima solitário escorreu pelo rosto inexpressivo. – Por que?...
Rafael sorri mais uma vez. – Ah, querido Luba, eu adoraria te contar essa história, mas não tenho tanto tempo, então se me da licença, eu preciso terminar isso aqui. – diz se preparando para puxar o gatilho.
– P-por f-favor! – Gabrielle implora, mas foi a única coisa que pode dizer antes que uma bala estivesse alojada em sua cabeça, o silenciador impedindo que o som do tiro alarmasse alguem.
Lucas assistia tudo em silêncio impotente naquela situação. A dor e o ódio o consumindo a cada segundo que encarava Rafael, tudo se tornando de mais para raciocinar.
Os momentos seguintes se desenrolaram sem sua consciência, quando se deu conta de si novamente, ele estava saindo da delegacia depois de dar um depoimento falso sobre os acontecimentos.
As suspeitas eram de um possível suicídio. Todos os presentes no prédio foram pagos para mentir, e foi o que fizeram. As investigações continuaram mas não chegaram a nenhum lugar, porque não se tinha provas, as únicas digitais na arma eram das duas vítimas, as câmeras daquele andar não funcionavam.
O que eles não sabem é que a única prova estava nas mãos de Lucas, gravada em um pendrive. Depois de todo acontecimento, Lucas aproveitou a distração de Rafael com os corpos para ir até a sala das câmeras desse andar. Ele gravou no pendrive toda a cena do crime e depois instalou um vírus no computador, corrompendo todos os arquivos do sistema de segurança.
Com sua prova em mãos Lucas foi atrás de Rafael. O ruivo entrou na sala do outro fechando a porta atras de si, ele trazia consigo um notebook e abriu sobre a mesa do outro, que apenas olhava intrigado.
Lucas da play no vídeo. – Aí, esta.
Rafael olhava a gravação de tudo que aconteceu sentindo seu sangue ferver de raiva e gelar de medo. Lucas olhava para o outro com um sorriso convencido.
- Q-que porra... – Lange diz sem acreditar, não conseguia acreditar que havia tido esse descuido.
Lucas solta uma risada debochada. – O que? Pensou que ia se livrar disso tão fácil?
Rafael parecia que ia explodir de raiva. – Você tá maluco? – ele diz apontando um dedo na cara do outro.
– O quê? – diz Lucas levantando e batendo na mão do outro. – Quem você pensa que é?
– Seu merda! – ele esbraveja deferindo um tapa sobre o rosto de Lucas, que devolve com um soco fazendo-o cair desnorteado na cadeira.
Antes que Lange pudesse raciocinar o que aconteceu, Lucas o puxa pelo colarinho o mantendo bem perto.
O rosto de Lucas era extremamente sério levantando uma ar quase sombrio. – Nunca mais toque em mim, entendeu? Nunca mais. – sua voz era tão fria que causava arrepios na espinha de Rafael.
Mas mesmo assustado ele sorri cínico. – Aprendeu a se defender? Já tava na– foi interrompido por outro soco de Lucas, que deixou com que ele caísse novamente na cadeira, urrando de dor dessa vez.
Lucas se inclina sobre a mesa deixando o peso cair sobre os braços. – Você sabe que eu te odeio, então tome mais cuidado com o que diz. – Ele ainda mantêm o tom frio na voz. .
– Eu vou acabar com você.
Lucas sorri maldosamente. – Eu não teria tanta certeza se fosse você. – ele pega o copo de café que tinha sobre a mesa e derrama no próprio notebook que pipoca antes de apagar. Ele retira o pendrive e o quebre contra o sapato no chão.
– O que? – indagou confuso.
– Isso era só uma copia, Lange, e uma das varia esta com alguem, que se você fazer algo contra mim ira mostra-la.
– N-não importa! Eu vou acabar com você! – Ele tenta dar outro tapa em Lucas, mas Lucas segura seu puço antes que conseguisse toca-lo.
Lucas o puxa segurando no pescoço com a mão livre apertando. Rafael tenta com a mão livre se livrar do aperto inutilmente e Lucas apenas piora o aperto.
Olhando no fundo dos olhos de Rafael, Lucas diz. – Eu disse para não me tocar, nunca mais. – Rafael tenta diz algo, mas falha miseravelmente, conseguindo soltar apenas alguns sons esganados.
– E sobre acabar comigo, você pode tentar, mas se prepara, porque eu trazer você e tudo isso aqui junto. – sua voz era tão sombria que causava arrepios em Rafael. – Eu adoraria te explicar, mas acho que tenho algo melhor pra você.
Lucas se vira para sair da sala, mas antes se vira para dizer uma ultima coisa. – Fica longe de mim, Lange, vai ser melhor pra você. – ele sai da sala sem olhar para trás.
Dois dias depois ele foi chamado para depor, mentiu sobre o caso e foi liberado. Quando ele saia da delegacia sdesviando de todos os parentes do namorado falecido encontrou um jovem, adolescente na verdade, talvez não mais que dezesseis anos, chorando sentado sozinho em uma das cadeiras no lugar. Seus cabelos castanhos e seu rosto lembravam bastante os de Gabrielle, mas foi quando o menino olhou para si que ele se surpreendeu.
Os olhos azuis do menino eram absurdamente encantadores, mesmo entre as lágrimas de profunda tristeza. Eles também os lembravam de Gabrielle, "sera que é irmão dela?" se perguntou. Resolveu se aproximar do menino.
– Desculpa, mas você é parente de Gabrielle Montresor? – perguntou da forma mais gentil que pode mediante a situação, vendo os olhos azuis derramarem mais lágrimas e ele assentir brevemente com a cabeça.
– Sinto muito. – Lucas toma uma atitude que surpreendera a ele mesmo. Ele puxou o garoto para um abraço, e mesmo que hesitante o abraçou de volta.
Eles ficaram assim por alguns segundos, até o menino se afastar e agradecer. – Não agradeça, e de novo, eu sinto muito. – diz pr fim antes de sair dalí, sem se dar conta de que era observado pelo garoto
Lucas nunca pensou que iria ve-lo novamente...
Bom, até hoje.
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