História Wild Life - Shell Pay

Angel P.OV :

As semanas estavam passando rápido. Cameron estava melhorando comigo a cada ensaio que fazíamos. E não só ele decorava as falas e passos de dança, eu também.

Cameron agora brincava com JC. Jogava um amendoim na direção de JC e ele pegava com a boca.

Eu estava sentada no colo de Connor mexendo no celular. Ele estava com as mãos em minhas coxas e conversava com Andrew e Josh. Cameron de vez em quando os lançava olhares de desprezo. Alguma coisa aconteceu e de nada eu sabia.

Quanto ao baile que estávamos arrumando... Bom, fazia uma semana que começamos a arrumar a quadra e todo o resto da escola. Não seria apenas uma pequena festa. A escola se tornaria uma casa de horrores e, por incrível que pareça, o diretor concordou. Achou a ideia interessante.

Agora, durante nosso horário de almoço, as concorrentes para rainha do baile seriam anunciadas e, durante a festa, a que estivesse com a fantasia mais foda seria a rainha por meio de votação dos alunos.

-"Agora, o anúncio das concorrentes a rainha do baile Freak House deste ano..."- falando em anúncio... Os autofalantes começaram a falar- "... as indicadas com mais votos de participação são: Caitlin Walters, Kassandra Morissette e Angelina Kendrew. Boa sorte, que vença a melhor aberração. "

Toda a Coca Cola que se encontrava em minha boca, foi cuspida e parou na cara de JC.

- Mas que porra é isso? - perguntei de olhos arregalados.

- Achamos que você seria uma boa rainha - disse Cameron rindo de JC.

- E não só eu e os caras aqui, mas muita gente concordou- disse Connor beijando meu pescoço.

- Mas eu não quero! - bufei- Ótimo. Agora toda a escola sabe meu nome- cruzei os braços.

- CofCof- tossiu Andrew falsamente- Angel a escola inteira te conhece desde a pegadinha do corante no bebedouro.

- Tá. Dane-se. Não nasci pra isso. Ser rainha de baile? Não mesmo. - respondi.

- Não é um baile qualquer, é um baile de aberrações, combina com você. - disse JC brincalhão e mostrei o copo com Coca Cola, ameaçando jogar novamente em seu rosto e o fazendo se proteger, rindo.

- Vai ser legal. E aliás, a vaCaitlin vai participar. Vai ser legal ver você ganhar dela- disse Cameron.

Sorri. Até que não é tão má ideia.

- É, pode até ser - falei.

Conversamos mais um pouco sobre o baile e então fui buscar outra Coca.

Passei por Caitlin que sussurrou um "vadia". Parei no mesmo instante e me virei.

- O que disse?- perguntei.

- Além de vadia é surda? Pelo amor né? Não sei nem como um... ser como você conseguiu participar desse concurso. Sabe que vai perder não é? Sou imbatível.

- Perder? Essa palavra não existe no meu vocabulário. Agora vai chupar uma pau Caitlin, a única vadia aqui é você. - revirei os olhos.

Nesse instante todo o refeitório nos encarava.

- Mais respeito com a sua rainha querida.

- Hmmm- parei por um instante, peguei o copo de suco cheio da mesa logo ao meu lado - Não, obrigada- e joguei o suco em seu rosto.

AMÉM. REALIZEI UM DOS GOALS DA MINHA VIDA. Já posso ser feliz.

Caitlin permaneceu parada, em choque, melada.

Sorri de lado.

- Acho que quem vai precisar ter respeito por alguém aqui agora é você por mim. Acabou a monarquia, princesa.- soltei uma risada sarcástica e saí do refeitório.

Se ela quer guerra, guerra teremos. E não sou eu quem vai perder.


Cameron P.O.V :

Todos estávamos boquiabertos.

A garota que até uns dois meses atrás era uma nerd, que ficava num canto completamente isolada agora tinha postura de líder. E não o tipo de líder vadiazinha como a Caitlin.

Hora de incorporar o Cameron gay: ARRASOU VIADA.

Caitlin nunca foi humilhada em frente à uma escola inteira. Parece que a abelha rainha perdeu as asas.

Olhei pra Connor. Não entendo como ele trai Angel com Caitlin. É um idiota.



Angel P.OV :


Andei em direção ao meu armário e pude ver Caitlin correndo até o banheiro, com o rosto vermelho e chorando de raiva.

Meu celular vibrou.

"A que se achar rainha se tornará plebleia. Espere até o baile e verá do que estou falando

-Roxy"

Ótimo. Mais uma ameaça.

Apenas ignorei e peguei meus livros no armário.


Cameron P.O.V :

Depois do episódio "Caitlin perde o trono", voltamos às aulas normalmente e logo chegou o último tempo. Hoje seria o dia em que eu treinaria o beijo técnico com Caitlin. Deus, daí-me ânsia pra vomitar em cima dela.

Angel ficou com a equipe de produção desenhando os figurinos da peça.

Já vi desenhos dela. Ela era uma incrível designer com um futuro brilhante. Desenha incrivelmente bem, apesar de não usar toda aquela técnica de desenho profissional.

- Cameron e Caitlin, cena final. Já sabe. - disse a velha gorducha que agora, ao invés de cabelos grisalhos, possuía um cabelo vermelho como o fogo. Alguém avisa que não tá bonito?

Me posicionei em meu ponto no palco e Caitlin, já com roupas trocadas e cabelo ainda recém lavado no vestiário, se situou à 3 metros de mim.

-Mas Kate, tudo não está perdido.- falei me aproximando e tocando seu rosto com desgosto visível em meu olhar.

- Como não, John? A peça se foi, meus amigos me abandonaram por uma mentira, minha mãe está morta.- disse com os olhos aguados, elevando a voz e exagerando nos gestos com as mãos - Como tudo não está perdido.

- Você ainda tem a mim - disse me aproximando mais dela.

Ela olhou em meus olhos e, rapido de mais e sem clima nenhum, passou os braços em volta de meu pescoço e me beijou, sem cerimônia, quase em desespero.

O beijo que era pra ser técnico, virou um beijo de língua por insistência de Caitlin, que me fez abrir espaço para algo mais que um beijo teatral. Me afastei dela com nojo e pude ouvir passos rápidos em direção à porta do auditório. Quando olhei, era Angel que saía, aparentemente irritada, deixando Caitlin com um sorrisinho no rosto. Droga.

- Já acabou o horário - disse eu olhando o relógio Hugo Boss em meu punho esquerdo- Já posso sair pra lavar a boca? - perguntei olhando Caitlin com o maior nojo e desprezo que consegui.

- Sim, Sr.Dallas, estão dispensados. - disse a Sra . Farwick.

Mal ouvi a resposta e já pulei o palco correndo em direção à Angel.

Merda. Droga. Será que ela ficou puta pelo beijo?

Ao sair do auditório, fui em direção ao estacionamento, onde encontrei Angel cabisbaixa perto de meu carro.

-O que foi?- me aproximei dela.

-Nada.- sorriu falsa - É só que, odeio ver Caitlin se aproximando do que é meu- parou e se deu conta do que tinha dito- ...dos meus amigos- completou.

- Calma- falei- pode esperar aqui? Tenho que lavar a boca com muito desinfetante antes de sair. Talvez ácido?

Angel riu. Como eu gostava de vê-la sorrir.

- Idiota - me deu um soquinho no braço - Estou com fome.

- Quer ir a Pizza Leux's antes de me ajudar com química? - perguntei.

- Quero? Não. Preciso.- disse entrando no carro.

Entrei no carro e liguei o rádio nas músicas do pen-drive que nele estava conectado e comecou a tocar Miserably Loving You, de uma banda desconhecida que eu sabia que Angel conhecia e gostava. Até porquê foi ela quem me apresentou. É meio rock. Punk-pop. Sei lá. Até que é legalzinha. O nome da banda é Artist Vs Poet.

Angel começou a cantar e não consegui prestar atenção em mais nada à minha volta além das ruas pelas quais dirigia e a voz de Angel penetrando todos os cantos do carro.

Queria que Angel tivesse obtido o papel principal. Queria tê-la beijado ao invés de Caitlin. Queria poder tocá-la do jeito que Connor toca.

E só quero. A culpa é de eu ser tão otário e lento. Puta que pariu Cameron. Por que tão burro?



Angel P.OV :

Passei o caminho inteiro até a pizzaria cantando músicas punk-pop que obriguei Cameron a baixar.

Não vou mentir. Comecei a ter ânsias de vômito quando vi Cameron e Caitlin se beijando. E aquilo não foi beijo técnico. Por isso saí correndo. Não queria ver aquilo.

Quase pude ver o sorrisinho de vitória de Caitlin. Se ela vai jogar sujo, também vou.

Comemos pizza de peperoni como de costume. Com muito ketchup.

- Depois quero ver seus desenhos pra peça- disse Cameron de boca cheia.

- Não é grande coisa. Não tô me esforçando muito- respondi e mordisquei um pedaço de queijo repuxado na borda da pizza.

- Da última vez que disse isso, vi um vestido digno de Beyoncé. - sorriu. Não pude deixar de sorrir junto.

Meu celular vibrou e o desbloqueei.

"O que será de uma rainha sem seu mascote?

-Roxy"


-Quem é? - perguntou Cameron.

- Roxy- respondi ainda mordiscando a pizza.

Então meu cérebro começou a funcionar, me fez lembrar do que Roxy fizera em meu quarto. De que meu "mascote" era Püma. Cuspi a pizza.

- AI MEU DEUS! PÜMA!- me levantei correndo.

- Angel!!! O que foi?- perguntou confuso também se levantando.

Apenas entreguei meu celular. E pude o ver arregalar os olhos.

Droga. Droga. Droga. O que fiz pra Roxy?


Cameron P.O.V :

Eu estava no carro com Angel. Esta estava desesperada. Seus pais viajaram, seu gato estava sozinho, era umas 18:00 mais ou menos e começava a escurecer. Bastou uma mensagem de Roxy para eu ver Angel amedrontada.

Após 15 longos minutos de carro,correndo a 90 km/h, chegamos à casa de Angel. Ela saiu correndo do carro e entrou em casa desesperadamente. Fui atrás.


Angel P.OV :

Eu estava com medo. Muito medo. Püma era a criatura mais importante pra mim. Me importava mais com ele do que comigo mesma.

Subi as escadas em velocidade máxima. Podia estar com medo, mas se encontrasse Roxy próxima ao meu gato, ia meter a porrada na vagabunda até ela dizer chega.

Entrei no quarto e pude ver Püma quieto. Deitado encolhido na minha cama.

Deus. Obrigada.

Cameron me alcançou e andei em direção ao meu gatinho. Gordo e peludo como sempre.

Toquei Püma e, ao invés de se espreguiçar como fazia, continuou imóvel. O medo começou a tomar conta de mim novamente. Virei-o e pude ver sangue escorrer da lateral de seu pescoço.

Morto.

Meu gato estava morto.

Meu "filho".

Lágrimas começaram a descer pelo meu rosto.


Cameron P.O.V :

Angel estava com Püma em seu colo. O mesmo se encontrava morto. Com sangue escorrendo de um pequeno corte no pescoço.

A menina não parava de chorar. Nunca a vi daquele jeito. Meu coração se quebrou em pedaços.

Ela repetia "Não" milhares de vezes.

Eu também comecei a chorar. Não vou mentir.

Você deve pensar " é só um gato, pra que tanto alarde?". Não é só um gato. É o melhor amigo de Angel, que a confortava nos invernos em quanto ela não tinha a mais ninguém.

-Angel...- falei enquanto a abraçava por trás e sentia seu corpo saculejar devido ao choro constante- precisamos enterrá-lo.

Angel se levantou.

- Não vou conseguir - disse limpando as lágrimas e chorando mais ainda com o bichinho no colo.

- Hobbit - chamei-a pelo apelido que lhe dei recentemente por ser baixinha - precisamos enterrá-lo. Ele está bem agora. Eu prometo.


Angel P.OV :

Estávamos no jardim atrás de minha casa.

Minhas lágrimas cessaram e eu não sentia nada além de raiva. Roxy iria pagar.

Meu corpo tremia com o ódio preso em meu coração enquanto Cameron cavava uma pequena cova para Püma, que se encontrava em uma caixa de sapatos em meu colo, com algumas petúnias arrancadas do jardim de minha mãe.

Botamos a caixa no buraco e tampamos com terra.

Cameron me abraçou e eu voltei a chorar. Eu quero meu gato de volta. É tudo o que peço.

Roxy. Sua hora está acabando.