POV King
Eu estava no banheiro tirando minhas roupas, com certeza precisava de um banho depois de ter me sujado tanto. Eu ainda estava inseguro em tomar banho na casa de Ban, afinal, eu não duvido do que aquele alfa é capaz de fazer, mas a situação me obrigou a fazer isso.
– King, era essa a roupa que estava na sua mochila que você tinha...falado?
Me assusto e rapidamente coloco as mãos sobre meu corpo, olho para a porta e vejo Ban parado me olhando.
– Ban! – exclamo, sentindo minhas bochechas queimarem, eu estava apenas de cueca, me preparando para tirá-la e entrar debaixo do chuveiro.
– Ursinho... – ele passa os olhos por todo o meu corpo e morde o lábio inferior, sua calda começa a se agitar e posso sentir seu cheiro ficar mais forte. Droga! Eu não havia trancado a porta?!
Me encolhi, meu coração estava acelerado e eu estava me sentindo mais vulnerável do que nunca.
– Ban...s-sai daqui – digo irritado.
– Calma aí, ursinho, eu só vim trazer sua roupa – joga as roupas para mim, que uso uma das mãos para pegar – Podemos aproveitar que estamos aqui e tomar banho juntos, o que acha? – sorriu malicioso.
Riu ao ver minhas bochechas corarem.
– Você não se cansa, não é?
– De te provocar? Não mesmo.
Reviro os olhos.
– Obrigado por pegar minha roupa, agora me deixa tomar banho em paz.
– Se precisar de mim, é só chamar – me lança uma piscadela, saindo do banheiro, vou até a porta e a tranco. Maldito alfa pervertido!
***
– King, não precisa disso, pode dormir na cama comigo – ele insiste – Acha que eu vou te agarrar durante a noite?
– Eu não sei, é uma possibilidade – cruzo os braços.
– Eu não vou fazer isso, mas eu não prometo nada.
Cerro os olhos para ele.
– Eu vou ficar melhor no sofá – saio do quarto, logo sentindo ele me pegar no colo e começar a fazer cócegas em mim – Para...com isso – digo em meio as risadas.
– Para de frescura, ursinho, vem e fica comigo na cama, é mais confortável.
– Tudo bem... Só p-para com... isso – falo ainda rindo, fazendo ele rir também.
Ele me leva de volta ao quarto e me coloca na cama.
Espero minha respiração se normalizar e me deito, me virando para o lado oposto ao seu, sinto ele se deitar e se aproximar de mim, passando seus braços em volta de minha cintura.
– Ban, v-você disse que...
– Que não iria te agarrar, isso é apenas um abraço amigável.
– Tudo bem, pode se afastar agora.
– Me diz que não está gostando, pequeno ômega.
Ele sabia exatamente o que dizer para me deixar sem respostas.
– Eu sabia.
– Não fique dando uma de convencido.
– Boa noite, ursinho – diz em tom rouco, fazendo eu me arrepiar.
– Boa n-noite.
Eu me sentia confortável em seu abraço, me sentia protegido ao seu lado, e isso foi o suficiente para me fazer pegar no sono rapidamente.
***
No dia seguinte, acordo devagar e me espreguiço na cama, olho ao redor e demoro alguns segundos para me lembrar onde estava, coço os olhos, me sento na cama e percebo que Ban já tinha se levantado, ao meu lado estava uma de suas camisas, será que ele havia a deixado ali de propósito?
Olho para a porta e verifico se ele não estava olhando, pego sua camisa e a abraço, sentindo seu cheiro me fazer esquecer de tudo ao meu redor e me causar uma sensação ótima.
Percebo o silêncio que estava e me levanto, vou até a cozinha e vejo uma panela no fogo, sigo para o quintal de trás, encontrando Ban mexendo em alguma coisa, parando o que faz ao me ver.
– Finalmente você acordou, você dorme bastante heim.
– Deve ser você que acorda muito cedo. – digo entre um bocejo – O que está fazendo?
– Terminando de arrumar os ingredientes para colocar na cerveja, em um dia deve estar pronta.
– Posso ajudar?
– Pode ir mexendo aquela panela que está no fogo – diz e eu entro, tendo que ficar na ponta dos pés para poder alcançar.
Depois de alguns minutos, escuto Ban me chamar para ir lá fora.
– O que foi?
– Vem aqui!
Paro o que estou fazendo e vou até a varanda, ele se aproxima de mim segurando algo. Uma linda coroa de folhas outonais.
– O que você... – a coloca cuidadosamente sobre minha cabeça, fazendo minhas bochechas corarem com o ato, desvio o olhar.
– Você está uma gracinha, ursinho.
O encaro e vejo seus olhos vermelhos cintilaram ao encontrarem os meus, suas pupilas dilatam e seu cheiro se intensifica, uma expressão de surpresa se forma em seu rosto.
Uma sensação estranha se alastra pelo meu peito, esqueço tudo o que acontece ao redor e uma paz se instala entre nós dois.
Em um movimento repentino, ele me pega no colo e me abraça, me surpreendo com aquele ato, fico paralisado por um instante mas logo retribuo o abraço.
– King, você... – o escuto murmurar, mas ele não termina a frase, apenas me abraça mais forte, apoiando seu rosto em meu pescoço, sua calda se agitava rapidamente no ar, seu abraço era tão quente e confortável, tenho que dizer que não tinha a mínima vontade de sair dali.
– Ban? O que foi? – apoio minhas mãos em seus ombros e afasto meu rosto o suficiente para encará-lo, ele sorri, deixando seus caninos pontiagudos a mostra.
– É que... – parecia não conseguir desviar os seus olhos dos meus, seu sorriso me contagiou, me fazendo sorrir sem perceber – Deixa pra lá. – ele parecia analisar cada parte de mim, ainda sorrindo, suspira feliz e depois de alguns segundos me coloca no chão, isso foi tão de súbito, eu me perguntava o que estava acontecendo.
– Ban, está... tudo bem? – questionei.
– Está sim – fecha os olhos e sorri, falando em tom tranquilo – as coisas não poderiam estar melhores.
Penso por alguns segundos e resolvo deixar isso para lá.
– Ei, eu estava pensando , poderíamos ir ao vilarejo.
Ele me encara.
– Como assim "nós"?
– Nós dois, poderíamos ir juntos.
– Isso com certeza não é uma boa ideia.
– Porque não? As pessoas de lá não tem medo de você? Então, eu posso ir junto e mostrar que elas não tem porque ter medo.
– É um pouco mais complicado que isso...
– Por favor Ban, podemos pelo menos tentar, o que acha? – peço com olhos de cachorrinho.
Ele suspira, sua expressão estava serena, parecia que algo muito bom tinha acontecido, mas eu não conseguia entender o que.
– Tudo bem, mas só porque é você que está pedindo.
Dou um sorriso, vendo ele sorrir também e balançar a cabeça.
***
Pegamos o caminho que levava para o centro do vilarejo, percebi que Ban estava receoso, não queria que ele se sentisse assim, então segurei em sua mão, ele me encarou e eu sorri, apertou levemente minha mão a continuamos pelo caminho.
Ao chegar no centro do vilarejo, todas as pessoas pararam o que estavam fazendo para nos olhar, algumas saíam correndo de perto, outras cochichavam alguma coisa entre si, podia ouvir algumas murmurando coisas como "Aquele é o homem que vive na floresta?", "O que esse monstro está fazendo aqui?!" ou "Aquele ao seu lado é um ômega? Mal sabe o risco que está correndo".
Continuavamos a andar, algumas pessoas começaram a falar mais alto, chamando Ban de coisas horríveis, senti meu sangue subir, eu estava com raiva, muita raiva, já não conseguia me controlar mais, não podia deixar as coisas desse jeito.
– Calem a boca! – gritei, parando de andar – Parem de dizer essas coisas! – algumas pessoas me olharam surpresas.
– King, não precisa fazer isso – Ban colocou uma mão em meu ombro.
– Não, eu não vou deixar eles ficarem falando mal de você! – senti lágrimas começarem a se formar em meus olhos – Vocês não tem o direito de falarem isso, apenas pelo fato de ele ser um alfa lúpus. – as lágrimas começaram a escorrer, molhando meu rosto aos poucos – Ele não... Ele não é um monstro!
Sinto Ban me pegar no colo e me levar para outro lugar, eu já não conseguia me controlar direito, então apenas coloquei as mãos sobre meu rosto, molhando as mangas de minha blusa com minhas lágrimas que não paravam de cair.
Ban me coloca sentado embaixo de uma árvore, abro os olhos e percebo que estamos de volta na floresta.
– Fique calmo, King – se senta ao meu lado, me puxa para seus braços e limpa minhas lágrimas, me aconchego melhor em seu colo, tentando me acalmar – Está melhor? – pergunta depois de alguns minutos, aceno em positivo – Por que ficou tão bravo?
– Porque... – passo a blusa pelo rosto, limpando as lágrimas que tinham restado – eu não podia deixar aquelas pessoas falarem aquilo tudo de você – digo em um tom um tanto manhoso, que fez minhas bochechas coraram.
Olho para Ban e vejo seus olhos vermelhos me encararem, tinha uma expressão calma e um sorrisinho.
Ele aproxima seu rosto do meu, posso sentir sua respiração em meu rosto, eu não tentei afastá-lo, em vez disso, deixei que diminuísse o espaço entre nós, unindo nossos lábios em um beijo calmo e sem malícia, era uma sensação nova para mim, então deixei que Ban guiasse os movimentos, logo aprofundando o beijo. Mas a falta de ar se fez presente, nos separamos e eu desviei o olhar, sentindo minhas bochechas esquentarem, Ban aperta seus braços em volta de meu corpo, em um abraço quente e confortável, que fazia eu me sentir protegido de todas as coisas ruins que existiam.
***
– Bom...nos vemos amanhã? – pergunto ao chegar na frente da casa de vovó.
– Com certeza, ursinho – sorri, ficamos nos encarando por alguns segundos, as luzes do vilarejo já tinham se apagado e a luz da lua era uma das únicas que nos iluminava. Rapidamente, Ban deixa um breve beijo em meus lábios, me fazendo ficar envergonhado, ele se despede outra vez e vai embora. Entro e fecho a porta atrás de mim, me encostando nela e soltando um suspiro, um sorriso toma conta de meus lábios.
– King, é você? – me assusto ao ouvir a voz de vovó me chamando, olho para a porta de seu quarto que estava com a luz acesa e a vejo, ela estava sem seus óculos então não devia estar enxergando muito bem.
– Sou eu sim – vou até ela.
– Onde passou a noite ontem? Eu fiquei preocupada.
– Bem... – coço a nuca – Eu dormi na casa do Ban.
Vovó sorri para mim.
– Sente algo por ele, não é?
Fico sem saber como agir diante daquilo, vovó apenas assente perante meu silêncio.
– Ele merece alguém como você – diz, me fazendo ficar envergonhado, como poderia responder aquilo? – Por falar nisso, quando é o seu cio?
Penso por alguns segundos.
– Faltam algumas semanas ainda, por que?
– Apenas perguntando, agora vá dormir, já está tarde – se vira em direção ao seu quarto – Boa noite, King.
– Boa noite, vovó.
Me questiono porque ela perguntou aquilo, faltava muito tempo ainda, não tinha com o que me preocupar.
***
– Bom, vamos ver como ficou – Ban coloca duas canecas de vidro em cima da mesa, o que me surpreende um pouco já que eram grandes, ele coloca a cerveja dentro delas e enche até chegar na boca e formar uma camada de espuma.
– Um... – pega uma das canecas.
– Dois... – pego a outra.
– Três! – dizemos juntos e tomamos ao mesmo tempo, eu podia sentir o gosto levemente amargo em minha boca, depois de quase chegar na metade, paro de beber. Olho para Ban e vejo que ele conseguiu tomar a caneca inteira.
– Como consegue beber tanto?
– Anos de prática, ursinho – lança uma piscadela em minha direção – Ficou ótima, o que achou? – passa a mão pela boca.
– Eu gostei, tem um sabor ótimo.
– Quer mais?
– Não, eu já não aguento.
– Mas você só tomou metade da caneca.
– O cachaceiro aqui é você – ele ri.
– Eu vou tomar mais algumas.
Sorrio e balanço a cabeça. De repente, sinto uma forte dor atingir meu baixo ventre, me fazendo gemer alto de dor e levar as mãos até o lugar, sinto o líquido lubrificante começar a ser expelido de meu corpo e meus feromônios aumentarem.
Não, isso não estava acontecendo...
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