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História Wildfire - I'm a Mess


Escrita por: mclaraaaaaaaa

Notas do Autor


Nome do capitulo: Estou uma bagunça.
OIOIOI MANAS!!! Até o próximo.

Espero que gostem.

Capítulo 20 - I'm a Mess


- Nem acredito que você aceitou vir comigo. – Mutano sorriu de lado, olhando pelo canto do olho para Ravena.

- Se eu não viesse você ficaria falando pelo resto do dia e essa é a última coisa que eu quero. – Ravena cruzou os braços, enfezada. – Isso sem contar que o Shane e o Cyborg quase colocaram todo mundo para fora de casa. Eles conseguem ser mais infantis que o Max.

- A ideia foi da Lexi.

- E por que nós não fomos convidados para participar?

- Desde quando você brinca de pique-esconde, Ravena? Você estava precisando sair, mas se você quiser voltar e ir dar uma volta com o Dick por Midnight City...

- Não! Daqui a pouco o Jared vai achar algum lugar barato e eu vou me mudar com o Max. Eu não vou precisar lidar com o Dick ou qualquer um de vocês.

Mutano revirou os olhos e estacionou o carro em um dos parques da cidade, pegando uma cesta de piquenique no banco de trás e colocando uma manta térmica no chão tampado pela neve. Ravena soltou o cinto de segurança e soprou nas próprias mãos, tentando se esquentar.

- Você não precisa ir embora – ele lembrou, desembrulhando os sanduíches e biscoitos que tinha levado. – Eu e o Cyb queremos que você fique. Não é certo você simplesmente ir embora...

- O que não é certo é ver que eu e o Max estamos sendo um tormento para vocês. Eu sei quando sou não bem-vinda e nenhum de vocês têm obrigação de cuidar de uma criança.

- Eu gosto de cuidar dele. Não tenho nada para fazer... Acaba sendo uma distração.

- Até parece, Garfield. Vai me dizer que você prefere ficar assistindo desenho animado do que sair com alguma garota?

- Não, eu não prefiro assistir desenho. Mas não tenho nenhuma garota no momento, então não faz muita diferença. Eu gosto do Max.

- Eu também.

- Isso está na cara, mas não vamos ficar o dia todo falando dele, vamos? Até hoje você não me falou muito sobre você. A única coisa que eu sei é que você gosta de assistir Shrek.

Ravena encarou o pequeno bosque do outro lado do parque, reparando que a única coisa que os separava era o rio parcialmente congelado. As árvores estavam numa mistura de verde e branco, parecendo fazer parte das fotos de inverno que se acha na internet. Tinha tanta neve envolta deles que ela começava a sentir mais frio do que realmente estava fazendo. Talvez Lexi estivesse certa: frio é psicológico.

- E é tudo que você precisa saber. – ela falou, fazendo questão de mostrar seu tédio.

- Sério?                                                                                                         

- Você já sabe tudo sobre mim. Sabe onde eu trabalho, sabe que eu gosto do Max e até conhece um dos meus clientes.

- Eu conheço a Ravena que você mostra para todo mundo – ele franziu o cenho, incrédulo. – Mas e a que você esconde?

- Isso é tudo que eu sou. Por que você faz tanta questão de saber sobre isso?

- Se nós vamos ser amigos, eu preciso saber mais coisas sobre você... Coisas de verdade.

- Por que você quer ser meu amigo?

Mutano respirou fundo, sentindo o ar gelado encher seus pulmões. Brincou com a corda que regulava o capuz de seu casaco e deu de ombros, sabendo que Ravena ainda o olhava.

- Porque eu acho que você precisa de um amigo. Eu vi você abraçando a Lexi ontem. Você a segurou com tanta força como se isso fosse te impedir de cair. Eu sei que você tem o Shane, mas pode me ter também... Como amigo.

- Eu abracei a Lexi daquele jeito porque ela cuidou do Max e eu estava com saudade. Tinha que agradecer de um jeito.

- Ele só estava com dor de barriga, Ravena.

- Não precisa ter pena de mim. Você quer ser meu amigo porque tem pena da minha situação e esse tipo de relação é a última coisa que eu quero.

- Ei! É claro que não e eu já te falei isso. Só quero te ajudar... Por que você não pode aceitar como uma pessoa normal?

- Porque vocês não confiam em mim. Podem até me tolerar, mas não confiam em mim – Ravena disse, levantando o tom de voz. – Eu sei como vocês pensam e como me olham. Se sentem decepcionados e não tentam negar isso. Então por que devo confiar em alguém que não confia em mim?

- Em algum momento eu me mostrei decepcionado com o que você fez? – Mutano perguntou, arregalando os olhos. – Esse é o seu problema. Eu estou aqui falando por mim, mas você sempre incluiu o Cyborg e o Dick. Ainda não percebeu que cada um tem um jeito de pensar?

- E qual é o seu?

- Eu não estou decepcionado. Não mais. Fiquei um pouco no início, mas isso não é problema meu.

- Ainda bem que você sabe que não é problema seu. – ela resmungou, olhando para ele com desconfiança. – Bed of Roses.

- O quê?

- Bed of Roses do Bon Jovi... É a minha música favorita.

- Bon Jovi é legal. Eu tenho alguns CD’s...

- E eu gosto de azul. Não aquele azul escuro, gosto daquele mais claro... Quase da cor do céu.

- Tipo os olhos do Max?

- Isso.

- Eu também gosto – ele sorriu, animado. – Dá uma calma...

- É. Me faz lembrar que eu tenho alguém que precisa de mim e que eu não posso desapontar.

- Você não vai fazer isso. Quer dizer, você faz tudo pelo Max...

- Eu sei.

- Quero saber mais coisas.

- Ah – Ravena bufou, impaciente. – Você sabe ser chato quando quer alguma coisa.

- Você também sabe e eu não te pedi nada impossível.

- Vou falar depois que você falar alguma coisa sobre você.

- Eu gosto de ler quando fico nervoso. – deu de ombros. – Acho que peguei essa mania depois que o Cyb começou a abandonar o video-game para sair com as garotas dele.

- Você? Lendo?

- Na maioria das vezes são só quadrinhos, mas já é alguma coisa.

- É um progresso.

- Eu sei.

Ravena apertou os lábios em uma linha fina e balançou a cabeça, querendo saber se demorariam muito para voltar para casa. Seu frio estava aumentando cada vez mais e ela sentia suas bochechas sendo queimadas pelo vento.

- Não sei quando foi a última vez que eu li um livro – ela murmurou, olhando para baixo. – Tirando os infantis que eu leio de vez em quando para o Max.

- Você não lê mais?! – Mutano a encarou, assustado. – Mas você é a Ravena. Eu costumava pensar que um dia você seria engolida por algum livro!

- Eu não tenho tempo para ler ou dinheiro para comprar livro. Acho que era o que eu mais gostava de fazer.

- Eu lembro... Fico meio assustado quando você fala que não tem dinheiro. É estranho. Nesse tempo que a gente começou a conversar, eu vejo que você se priva de muita coisa por falta de dinheiro.

- É complicado. Principalmente quando se tem uma criança por perto. Talvez algum dia você entenda isso...

Mutano fechou a cara e olhou de um jeito desconfortável para Ravena. Soltou uma risada nasalada e mordeu a língua para não falar demais.

- É. Talvez.

- O que foi? – Ravena perguntou, confusa.

- Nada – ele respondeu, seco. Pegou um cobertor dentro da bolsa que havia levado para o piquenique e enrolou-se nele. – Você quer ir embora?

- Não. O que aconteceu? Você ficou diferente do nada...

- Eu só não gosto de ver você falando como se eu não soubesse o que é sofrer.

- Mas eu nunca disse isso. Eu quis dizer que quando você tiver um filho, talvez você entenda como é difícil.

- Eu imagino como é difícil. Não tenho um filho, mas ainda tenho algumas noções básicas da vida.

- Ok. – Ravena suspirou, virando o rosto para o outro lado. Mutano tirou o cobertor que estava usando e estendeu para ela, percebendo que ela quase tremia de frio. – Não precisa. Você deve estar com frio.

- Estou bem, pode pegar. Você precisa mais do que eu.

- Eu não quero esse cobertor.

- Mais o que você tem para me contar? – ele perguntou, envolvendo Ravena no cobertor. – Nós temos comida, chocolate quente e o dia todo para conversar.

- Eu disse que não quero esse cobertor! – ela protestou, irritada. – Não temos o dia todo. Preciso me arrumar para trabalhar.

- Eu realmente não sei porque tento fazer alguma coisa por você.

Ravena arqueou uma sobrancelha e abriu a boca para responder, mas não teve tempo. Mutano puxou o cobertor dos ombros dela e o embolou para guardá-lo na bolsa novamente.

- Você só trabalha à noite – ele continuou falando. – Não sem nem duas da tarde.

- E você acha que eu me arrumo rápido? Ninguém está te pedindo para tentar nada! Eu nunca pedi para você tentar! É por isso que não consigo acreditar em você. Quando penso que posso me abrir ou confiar, você fala essas coisas como se fosse sua obrigação.

- Então a culpa é minha?

- Você não tem essa obrigação, então pode ir embora se quiser.

- Você só me trata mal e me pede para desistir de você! Já disse mil vezes que eu não vou desistir, mas isso está me cansando. Está ficando difícil achar coisas que te façam querer se abrir comigo.

- Então para de tentar. Para de forçar. E para de falar como se alguém estivesse te obrigando a fazer isso. É o que mais me dá raiva.

- Sabe o que me dá raiva? Escutar isso todos os dias! – Mutano ralhou, levantando-se da manta térmica. – Se você não quer um amigo, eu não vou te obrigar, mas eu estou fazendo isso por vontade própria. Estou fazendo que uma parte de mim ainda se preocupa com você! Mas tudo bem. Já que eu posso ir embora, estou indo. Se você quiser ir comigo, ótimo, se não, pode voltar à pé.

Ravena fechou os punhos com força e bateu na neve, arrependendo-se um pouco ao sentir o gelo entrando em suas mãos. Viu Mutano se afastando e levantou-se depressa, pensando se o seguia ou não.

- Você fala que é diferente, mas você é igual à todos os outros. Só sabe me mandar fazer as coisas e espera que eu obedeça. Estou cansada!

- Eu sou diferente! – Mutano chegou perto dela. – Mas eu nunca vou poder te mostrar isso se você continuar desse jeito. Eu não quero mandar em você! O seu problema é que você tira as suas conclusões precipitadas e leva isso como se fosse uma regra absoluta que só funciona na sua cabeça!

- Sim, pode ser, mas até agora você só colocou palavras na minha boca.

- Tudo bem. Eu errei. Desculpa.

- Eu também.

Mutano franziu o cenho e olhou para Ravena, tentando identificar algum traço de brincadeira no rosto dela. Não tinha. Ela estava falando sério e admitindo que tinha errado. Tudo bem. Talvez ela estivesse mesmo mudada.

- Olha, Ravena... Eu não sei porque te assusto tanto com essa minha intenção de te ajudar. Não sei mais o que fazer para você confiar em mim.

- Por que você quer tanto a minha confiança, Garfield?

- Porque eu quero que você saiba que pode contar comigo e eu quero contar com você.

- Isso não é uma boa ideia. Eu não sei lidar com as pessoas que querem se aproximar de mim...

- Você vai aprender com o tempo.

- Ok – Ravena suspirou, dando de ombros. – Você venceu. Mas você sabe que eu não chego de bom-humor todos os dias. Eu sou assim. E se todas as vezes que nós conversamos para valer, você ficar puto porque eu não consigo me abrir, é melhor nem começarmos.

- Nós já começamos, Rae. Você pode não ter percebido, mas nós conversamos um pouco nos últimos dias.

- Sim. Sobres xícaras pintadas à mão e insônia.

- Eu não vou brigar – Mutano riu. – E entendo totalmente o seu lado. Eu tenho muita paciência. – ele deu um passo longo na direção de Ravena e a puxou para um abraço apertado, deixando-a sem saber o que fazer. Ela não retribuiu e seus braços ficaram dependurados ao lado de seu corpo enquanto ela processava o que estava acontecendo.

- O que você está fazendo?

- Estou te abraçando.

- Eu não abraço.

- Você me abraçou quando fomos no seu apartamento procurar por pistas...

- Mas não vai acontecer de novo – ela sibilou, empurrando-o com certa força. – Eu não abraço.

- Ahn... Tudo bem.

- Por que você quis me trazer justamente para cá?

Mutano voltou para cima da manta térmica e pegou o cobertor outra vez. Ravena se sentou ao lado dele, mas manteve  uma distância considerável.

- É um parque – ele explicou, olhando para o rio congelado. – É bonito o ano todo. Até no inverno.

- É...

- Você quer comer alguma coisa?

- Tem sanduíche?

- Aqui. É de carne, eu sei que você não é muito chegada em tofu.

- Eu como o que tiver, Garfield. – Ravena disse, pegando o sanduíche que ele estava oferecendo. Deu uma mordida grande e fechou os olhos, apreciando o gosto. – Isso está muito gostoso.

- Que nojo – Mutano colocou a língua para fora, rindo do jeito apressado que ela comeu. – Parece que você não come há dias.

- Foi mal. Estou com um pouco de fome...

- Tem quanto tempo que você não come?

- Desde o café da manhã.

- Espera aí. Você está só com aquele chá que eu fiz para você?

- Aham.

- Mas isso foi antes das 7h!

- Eu não tenho muito tempo para comer.

- Você passou a manhã toda dormindo.

- É claro. Fiquei acordada a noite toda para tomar conta do Max.

- Ravena... Agora que eu estou me lembrando... Você não almoçou e quase não tocou no seu jantar ontem à noite.

- Pois é.

- Por que você não está comendo direito?

- Eu não gosto que fiquem me olhando torto – ela pegou outro sanduíche. – Sei que não pago pela comida, então não devo comer.

- Como é que é? De onde você tirou isso? A comida da cobertura é suficiente para umas 30 pessoas!

- Eu como na rua às vezes, não se preocupe.

- Você só toma chá.

- Não deixa de ser um tipo de comida. Eu não gosto de dever nada para ninguém.

- Você vai parar com isso. Sério. Nem que eu tenha que me sentar ao seu lado na hora de cada refeição. Agora tudo faz sentido! Você dorme o tempo todo, deve ser fraqueza.

- Não é não. Eu estou ótima.

- Aqui, toma um pouco de chocolate quente. – ele estendeu uma garrafa térmica para ela. – Não estamos em casa, pode comer à vontade.

Ravena arqueou uma sobrancelha e pegou a garrafa, tomando um longo gole. Quase cedeu à tentação de sorrir ao sentir a bebida esquentando seu corpo gelado, mas a sensação não durou por muito tempo e o frio voltou.

- Como você está lidando com tudo isso? – Mutano perguntou, cruzando as pernas. – Comigo, o Dick e o Cyb.

- Estou me controlando muito.

- Não me mande para outra dimensão. Eu gosto de viver aqui na Terra.

- Eu... Não sei se ainda posso fazer isso.

- Como assim?

- Não é nada demais.

- Como não? Mandar pessoas para outra dimensão era o seu passatempo favorito.

- Eu não uso meus poderes com frequência há anos. Minhas emoções ainda estão aqui, mas a maioria está sendo reprimida. As poucas que se sobressaem como Raiva e Medo não tem força o bastante para fazer com que os meus poderes funcionem.

- Mas você criou portais no dia do incêndio. E ainda explode alguns copos e lâmpadas.

Ravena suspirou e tremeu um pouco de frio, encolhendo-se timidamente. Era impressão dela ou a temperatura tinha caído mais? Pigarreou para limpar a garganta que começava a doer e fungou.

- Eu sei. Mas isso é tudo. – falou, surpreendendo-se com sua voz meio rouca.

- Suas emoções não lutam contra isso?

- No início sim, mas... Agora elas não conseguem fazer quase nada. A Raiva é a única que talvez possa me fazer perder o controle, mas ela precisaria de muita energia para isso. Tudo que ela consegue é me fazer explodir coisas e bater portas.

- De onde essa energia vem?

- Meditação.

- Ah.

- Eu quase não medito. Nas poucas vezes que o faço é só para ter certeza de que elas vão continuar “vivas”.

- Elas podem morrer?

- Elas podem desaparecer.

- E o que acontece quando elas desaparecem?

- Eu paro de sentir.

- Imediatamente?

- Não. Elas entram num estado de hibernação e aos poucos vão sumindo caso eu pare de usá-las para valer.

- Você já parou de usar alguma?

- Eu não quero falar sobre isso. Ainda não.

Mutano assentiu e comeu um biscoito, encostando sem querer na mão esquerda de Ravena. Arregalou os olhos e a olhou, percebendo pela primeira vez que ela estava tremendo. Seu rosto estava parecendo neve e seu queixo batia sem parar.

- V-Você está bem?

- Aham. Estou com um pouco de frio, só isso.

- Um pouco?! Você está congelando.

- Eu estou bem.

- Não! Você só está com esse sobretudo? Por que não colocou um dos moletons que eu comprei para você?

- Estão lavando.

- Puta merda, você está muito gelada.

Ravena revirou os olhos e abraçou o próprio corpo, sentindo o frio perfurar sua pele. Esfregou as mãos para tentar se aquecer, mas o movimento só a deixou mais gelada. Sentiu como se estivesse congelando e engoliu em seco, percebendo que sua garganta estava doendo. Olhou confusa para Mutano e o viu tirar a própria blusa para colocar nela.

- N-Não precisa.

- Você está com hipotermia. Vamos embora.

- Eu estou bem.

- Então se levante!

Ela ficou de pé e deu alguns passos, parando logo em seguida para se encolher e tremer de frio. Balançou a cabeça para pensar com clareza e deixou seus olhos vagarem para o bosque do outro lado do rio. Batendo queixo, ela semicerrou os olhos e piscou algumas vezes, vendo os mesmos olhos que tinha visto na janela de seu apartamento.

- G-Garfield... – ela murmurou, tentando falar alto.

- Não fala. Você está muito gelada.

Mutano a levou até o carro e ligou o ar quente, puxando-a para mais perto. Passou o braço direito pelos ombros dela e esfregou seu braço para tentar passar algum calor. Não adiantou. Nada que ele tentava parecia funcionar. Ela encostou a cabeça no peito dele e quase fechou os olhos, sentindo-se cansada.

- Ei! Não! Converse comigo.

- Eu estou com sono...

- Não está, não!

- Est...

- RAVENA! – ele gritou, assustando-a. Ravena balançou a cabeça e encolheu-se ainda mais contra o corpo dele, tremendo. – Pensa, Garfield... Pensa, pensa, pensa... – tirou a segunda e última blusa de frio que usava e colocou em Ravena, soprando em suas mãos para tentar esquentar. Ela suspirou contra o peito dele, apreciando o calor e quase cochilou novamente, deixando-o desesperado.

- Você está quente...

- É você que está fria demais.

- Não... Você...

- Não dorme!

- Aham...

Mutano bufou impaciente e estacionou o Impala na garagem do prédio. Tirou a camisa que usava e a embolou de qualquer jeito nas mãos de Ravena antes de pegá-la no colo. Ela estava tão ruim que não percebeu que estava se aninhando em um peito nu. No peito nu do homem que ela havia reclamado de abraçar mais cedo. Parecia ser brincadeira, mas era desesperador para Mutano. Ele estava nervoso, pensando rapidamente em soluções que fizessem a temperatura dela voltar ao normal.

- CYBORG! CYBORG! – ele gritou, entrando no apartamento. Lexi estava deitada no sofá da sala e deu um pulo de susto ao escutar os gritos dele. Shane tirou os olhos da tela de seu notebook e ficou tão pálido quanto Ravena ao ver o desespero de Mutano. Cyborg saiu da cozinha confuso, reclamando dos gritos altos. – A Ravena... Eu... Hipotermia...

- O quê?

- Eu acho que ela está com hipotermia, Cyb! Nós estávamos no parque e ela começou a se encolher dentro do sobretudo dela, mas eu achei normal e quando encostei a mão na dela... Ela está muito gelada.

Cyborg olhou assustado para Mutano e tirou Ravena dos braços dele, subindo correndo para sua enfermaria improvisada. Ligou o aquecedor e tirou todos os casacos que ela usava, enrolando-a em uma manta térmica. Lexi o ajudou a examiná-la e encheu a banheira de um dos banheiros para dar um banho quente na amiga. Shane agarrou o braço de Mutano com força, nervoso.

- Como ela está? – perguntou.

- Com hipotermia. Se você demorasse mais um pouco para chegar aqui... – Cyborg suspirou, olhando para Mutano. Viu o desespero nos olhos do amigo e quase sorriu. – Ela está dormindo.

- Por quê?

- É um mecanismo de defesa do corpo quando ele é exposto à temperaturas muito baixas. – Lexi explicou. – Ela vai ficar bem.

- Ela me deu um puta susto.

- Também estou assustado! – Shane reclamou, passando as mãos no cabelo.

- Não se preocupem. Ela vai ficar bem – Cyborg repetiu a fala de Lexi. – Talvez um pouco gripada, mas bem...

- Cadê o Max? – Mutano perguntou.

- Está na cozinha comendo. Você chegou gritando e eu saí correndo.

- Você é um irresponsável, Victor! – Lexi arregalou os olhos. – Ele não pode ficar sozinho! Só tem 4 anos!

- E o que você queria que eu fizesse, Alexia? O Garfield chegou gritando! Por que você não ficou com o Max na cozinha ao invés de deitar no sofá como se estivesse na sua casa?

- Como é que é?! Isso tudo é raiva porque eu ganhei de você no pique-esconde?

- Eu não sou uma criança.

- Parece.

- Então acho que temos algo em comum.

Lexi trincou os dentes e olhou com raiva para Cyborg, que retribuiu o olhar na mesma intensidade. Shane revirou os olhos e bufou, provavelmente cansado de aguentar as brigas dos dois durante o dia todo.

- Eu vou dar banho na Rae. – Lexi avisou, tirando Ravena da maca com certa dificuldade.

- Eu vou fazer um chá para ela. – Cyborg disse, cruzando os braços.

- E eu vou tomar conta do Max. – Shane lembrou. – Vocês dois não estão nem aí para ele.

Quando Shane saiu da enfermaria, Lexi e Cyborg continuaram se encarando com raiva até que ela se cansou e bufou no rosto dele.

- Quero ter uma hipotermia quando você estiver por perto, Gar. – Lexi piscou, apertando o braço musculoso de Mutano. Tirou Ravena de dentro da enfermaria e foi para o banheiro, dar o banho que ela tanto precisava.

Mutano passou as mãos pelo cabelo e sentou-se na cadeira ao lado da maca. Apoiou o rosto nas mãos e suspirou alto, desesperado.

- Você já pode soltar esse ar que você tá prendendo, cara – Cyborg disse, colocando a mão no ombro dele. – Ela vai ficar bem.

- Eu fiquei muito assustado.

- Eu sei.

- Ela estava gelada e...

- Ela vai ficar bem.

- Tomara, Cyb. Tomara.

Depois de um tempo, Cyborg estava terminando o chá de Ravena e escutou alguns passos atrás dele. Virou-se alarmado e quase suspirou aliviado quando viu Lexi parada na porta da cozinha.

- Você está assustando atoa, Victor.

- É claro, com uma assombração do seu tipo na minha frente...

- Até parece que você não gosta.

- Não gosto do quê?

- De nada... – Lexi riu, andando até ele. – Já fez o chá da Ravena?

- Estou indo agora levar para ela.

- Não. Quem vai levar sou eu.

- Mas quem fez fui eu.

- Mas eu sou a melhor amiga.

- E eu sou o irmão.

Lexi franziu o cenho e segurou uma risada alta. Cruzou os braços e tirou a xícara de chá das mãos de Cyborg, piscando para ele.

- Eu continuo sendo mais importante.

- Mas...

- A propósito, você está olhando tanto para a minha roupa que eu estou me sentindo nua.

- Eu não estou olhando.

- Tem certeza?

- Eu...

- Tenha uma boa noite, Victor.

Cyborg suspirou alto quando ela saiu da cozinha e quase se perguntou o motivo deles terem se estranhado logo de primeira. Não conseguiu encontrar uma resposta. Ele não estava olhando para ela. O camisão com o número 87 estampado não combinava com os olhos azuis dela. Talvez combinasse um pouco. Talvez. Tinha um dia que a conhecia. Um dia.

- Essa perua ainda vai conseguir me dar um curto-circuito.

 

Asa Noturna esperou a confusão da chegada de Mutano diminuir antes de sair de seu escritório. Estava no meio da madrugada e ele podia seu estômago roncando de fome.

Extremamente contrariado, andou até o quarto de hóspedes de Ravena e abriu a porta com cuidado, aproximando-se da cama. Viu Ravena enrolada em cinco cobertores e os ajeitou em cima do corpo dela para ter certeza de que ela não sentiria frio. Cyborg tinha contado o que havia acontecido mas, como um bom líder, Asa Noturna não demonstrou sua preocupação na frente do amigo. Esperou que todos dormissem para ver com os próprios olhos se a “ex-amiga” estava bem.

Ravena se mexeu e resmungou alguma coisa que não tinha como entender. Asa Noturna gelou no lugar e esperou alguns minutos até que ela dormisse completamente. Quando ela o fez, ele acariciou seu cabelo e deu um beijo em seu chakra, desejando que ela ficasse bem logo. Podia estar com raiva, mas jamais desejaria que ela ficasse mal.

Ele saiu do quarto e teve uma pequena surpresa ao ver Max saindo sozinho do banheiro. Shane estava encarregado de cuidar do menino, mas pelo jeito não estava fazendo isso do jeito certo.

- O que você está fazendo acordado, Maxon?

- Me deu vontade de fazê xixi.

- Você conseguiu fazer?

- Aham.

- Ótimo. – Asa Noturna assentiu, começando a descer as escadas.

- Asa Notuna – Max o chamou, tombando a cabeça para o lado enquanto o olhava fixamente. – Onde você vai?

- Na cozinha.

- Você tá com fome?

- Um pouco.

- Eu também.

- Ah. Legal.

- Você pode me biscoito?

- Maxon...

- Pô favô.

Asa Noturna revirou os olhos e pegou Max no colo, levando-o para a cozinha. O menino deitou a cabeça no ombro dele e ficou brincando com a gola de sua camisa despreocupadamente.

- Você quer leite?

- Queo.

- Aqui – Asa Noturna disse, colocando um copo de leite e um prato de biscoitos na frente de Max. Pegou um e comeu em silêncio. – Por que você não acordou o Shane?

- Eu já sou gande.

- É claro que é.

- Você também é gande.

- Sim.

- Nós vamos bincá um dia?

- Eu não sei.

- Você não gosta de bincá?

- Não muito.

- Ah.

- Pois é.

Max terminou de comer os biscoitos e tomou o copo de leite em um tempo recorde. Ele olhou para Asa Noturna e sorriu, mostrando seus dentinhos pequenos e fazendo-o gelar. Maldita semelhança com Estelar.

- Você tá com medo de domí?

- O quê?! Não!

- Eu posso te empestá o Nelson. É o leão que o Gafild me deu. Ele me potege.

- Eu não preciso do Nelson. Sei me proteger sozinho.

- Tudo bem... – Max suspirou, triste. – Eu queo voltá po meu quato.

Asa Noturna suspirou aliviado e levou Max de volta para o quarto. O colocou na cama com cuidado para não acordar Shane e, pela primeira vez, viu o tal leão chamado Nelson.

- O seu leão... É... Nelson... Ele é legal.

- Bigado.

- Agora dorme.

- Você vai levantá pá comê biscoito amanhã?

- Eu não sei... Por quê?

- Eu posso í com você?

- Ahn... – ele umedeceu os lábios com a língua. Olhou para a parede de quarto e deu de ombros. – Claro, Maxon. Até amanhã.

- Até, Asa Notuna.


Notas Finais


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