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História Wildfire - Wonderland


Escrita por: mclaraaaaaaaa

Notas do Autor


Nome do capitulo: País das Maravilhas.
OIOIOI MANAS!!! Alguém ai escutou a música maravilhosa que o meu filho Harry Styles lançou? AAAAAAAAAAAAAAAAAAA tá tão linda <3 <3 <3
Até o próximo.

Espero que gostem.

Capítulo 35 - Wonderland


- Por que você não fez nada? – Ravena quase gritou, descendo as escadas do Plaza Hotel. Parou no hall de entrada e olhou para Jared, sentindo que a atenção dos Titãs, Shane e Lexi estavam nos dois.

- O que você queria que eu fizesse? – Jared a seguiu, balançando os braços. – Não posso desautorizar o meu pai na frente da empresa toda!

- Queria que você agisse, que fizesse alguma coisa, sei lá! Você não passa de um pau mandado do seu pai!

- Eu respeito as ordens dele, é diferente! Eu não posso falar nada, não sou o dono da joalheria ainda.

- Você sabe que o Shane foi demitido sem nenhuma causa! Você vive falando que é o dono, não acredito que você não fez nada...

- Rae, eu ainda não sou o dono na prática.

- Você é um babaca! – ela gritou.

- Por favor, não vai embora. Eu vou conversar com o Shane, o meu pai não vai voltar atrás, mas vou me entender com o Shane...

- Eu não fico aqui nem mais um minuto. Estou com muita dó de você, Jared. Muita.

- Não posso sair tirando as ordens que ele dá. Você sabe que não é assim!

- Então me diz como é!

- Você, mais do que ninguém, sabe como eu gosto do Shane. Ele é... Muito importante, mas estou de mãos atadas.

- Ele demitiu o Shane por ele ser homossexual! Isso é crime! Já que você não fez nada, eu vou fazer. Acho que ainda posso denunciar essa empresa dos infernos, ou o Shane pode.

- Você pode, mas eu não!

- O seu pai não é o dono da razão.             

- Você sabe como eu sou. Você sabe o que eu sou... Estou morrendo de raiva, mas não posso fazer nada. Eu daria o meu emprego para o Shane se o meu pai aceitasse, mas a empresa ainda é dele e eu sou só um funcionário como qualquer outro.

- Você é filho dele, mas não age como tal. Fica engolindo sapo o tempo todo, você tem medo dele, Jared!

Ele passou as mãos pelo cabelo e olhou para Shane, quase conseguindo sentir a tristeza dele. Lexi estava dando o seu melhor para consolá-lo, enquanto Asa Noturna prendia Max na cadeirinha de bebê, pronto para ir embora. Mutano também estava ao lado de Shane, tão revoltado quanto Ravena e não pensava duas vezes antes de lançar olhares cheios de raiva para Jared. Cyborg estava sem saber o que fazer, pensando em quem acalmar primeiro: Ravena ou Shane.

- Você precisa mesmo parar de fingir ser quem você não é, Jared – Ravena suspirou, triste. – Eu estou fora de tudo isso, incluindo a Melanie. Me dê alguns dias antes de me trazer para esse lugar horrível que a sua família insiste chamar de “lar”. Eu não quero fazer parte disso. Não mais.

- Ravena...

- É sério. Não precisa nem me pagar, eu me entendo com o Morris.

- De jeito nenhum, eu cumpro os meus tratos.

- Mesmo? Pensei que você tivesse um tipo de trato com o Shane. Ele gosta muito de você, Jared. Ele... Você sabe muito bem o que ele faz por você. Não acha que está na hora de retribuir?

- Eu vou consertar isso, vou conversar com o meu pai.

- Vai mesmo?

- Vamos voltar para a festa, Rae – Jared pediu. – Você vai dormir no meu apartamento, lembra?

- Não vou, não. Eu estou indo embora com eles porque o meu melhor amigo precisa de mim. Já perdi as contas de quantas vezes eu precisei dele e ele largou tudo para ficar comigo. Agora é a minha vez.

- Você não precisa fazer isso, Ravena. É ano novo.

- E o seu pai não precisava humilhar o Shane daquele jeito! – ela gritou. – Seu idiota, babaca, ridículo, falso – bateu os punhos no peito dele, fazendo-o dar alguns passos para trás. – Eu sinto como se não te conhecesse mais.

- Você só está piorando as coisas.

- Tem como piorar?

- Olha pro Shane! – ele apontou para onde Shane estava. – Não acha que ele já passou por muita coisa essa noite?

Ravena seguiu o dedo dele com os olhos e correu até Shane, abraçando-o com força. Ignorou o frio que cortava a pele de suas bochechas, escondendo o rosto no pescoço dele, enquanto tentava confortá-lo de alguma forma.

- Tá tudo bem, Rae – Shane passou as mãos no cabelo dela. – Aproveita a sua noite, eu vou ficar bem.

- Não mente para mim, nós vamos para a cobertura.

- Tudo que eu quero agora é dormir.

- Eu vou com você.

- Eu aprecio muito a sua intenção, mas não é hoje que eu vou dormir com você. – ele brincou. – Você é linda, mas não tem o que eu mais gosto.

- Você pode dormir na cobertura hoje, Shane. – Mutano tossiu, aproximando-se dos dois.

- Sério?

- Claro, você é nosso amigo também.

- Obrigado, Gar.

- Eu não quero que você apareça por lá até eu te ligar, ok?! – Ravena perguntou para Jared, vendo ele concordar com a cabeça.

- Ninguém quer. – Mutano sussurrou.

- Melhores amigos nos momentos bons e ruins, Sunshine – ela beijou a bochecha de Shane. – Estamos juntos nessa.

- Eu estou bem, Rae – Shane deu de ombros e abraçou Mutano de lado. – Estou muito bem acompanhado.

- Eu sei, quem está mal acompanhada hoje sou eu.

Shane revirou os olhos e soltou Mutano, abraçando Ravena outra vez. Lexi se juntou ao abraço e se ofereceu para dormir na cobertura também, sabendo que Shane não era seu único motivo para passar a noite lá.

- Eu amo vocês, barangas.

- Nós também te amamos, Sunshine. – Lexi riu, apertando a bunda dele.

- Eu posso arrumar outro emprego e...

- Não vamos pensar nisso agora – Ravena pediu. – Vamos para casa dormir e amanhã podemos passar o dia todo juntos.

Jared se aproximou dos três e suspirou, esfregando as mãos de um jeito nervoso. Encarou os próprios pés e deu de ombros, pensando no que falar.

- Vocês podem dormir no meu apartamento – ele sugeriu. – Os três.

- Não. – Ravena o cortou. – Está na hora de você voltar para dentro desse hotel e abaixar a cabeça para todas as besteiras que o seu pai falar.

- Você sabe que eu não posso simplesmente desafiá-lo.

- Sei, mas isso não te impede de ter uma voz. Você não tem que concordar com o que ele faz de errado.

- É fácil para você falar.

- Jared – Shane olhou para ele. – Vai embora.

- O quê?

- Vai embora.

- Shane...

- Eu não vou pedir de novo – ele olhou para o lado oposto, sentindo-se ainda mais triste. – Vai embora.

- Cara, vai embora – Mutano pediu. – Acho que vai ser melhor para todos vocês.

- Ah, você acha?

- Acho.

- Você não sabe nem de metade da história, Mutano.

- Sei o suficiente.

- Não, você não sabe. Ainda não tem um mês que você e os seus amigos estão aqui em Midnight City e você já acha que se tornou o melhor amigo do Shane?

- Posso não ser o melhor, mas sou um amigo melhor que você.

- Olha aqui seu...

- Ele está certo, Jared – Ravena interrompeu. – Vai embora logo.

- Isso mesmo – Mutano sorriu. – Eu estou certo, Jared.

- Não exagera, Garfield. – ela olhou para ele. – Volte para a sua festa e daqui uns dias a gente se fala de novo. Todos nós.

- É, volte para a festa.

- Não exagera!

- O Shane é meu amigo também – ele protestou. – Também quero defendê-lo, princesa.

- Tudo bem – Cyborg gritou. – Vamos embora! Estão todos muito estressados e precisando dormir então...

Jared assentiu e voltou para a porta do hotel, observando enquanto eles entravam no T-Car. Cyborg falou alguma coisa com Ravena e ela deu de ombros, voltando para a calçada do hotel.

- Vai com ela, Gar – Lexi sorriu de dentro do carro. – Já está tarde e não é bom procurar um táxi sozinha.

- Não precisa – Ravena negou com a cabeça. Infelizmente, ela teria que ir embora de táxi ou ônibus, uma vez que o T-Car estava completamente lotado. – Tem um ponto de táxi à algumas ruas daqui, eu me viro.

- Claro que não, Ravena. Ele vai com você. Desce desse carro, Garfield.

- Ela disse que vai sozinha, Lexi.

- DESCE!

Mutano desceu e ficou ao lado de Ravena, esperando Cyborg arrancar com o carro. Lexi deu um tchauzinho e piscou para os dois, mexendo os lábios silenciosamente: “demorem o tempo que quiserem”. Assim que o T-Car sumiu na esquina, Ravena suspirou e começou a andar para longe de Mutano, fazendo-o correr para alcançá-la. Ele passou um braço pelos ombros dela e olhou para onde Jared estava, sorrindo vitorioso.

- Pare de agir como se eu fosse um prêmio! – Ravena empurrou o braço dele.

- Estou orgulhoso de você.

- Orgulhoso?

- É. Eu pensei que você aceitasse tudo que viesse do Jared, mas hoje vi que você não abaixa a cabeça para ninguém. Isso me deixa feliz.

- Eu gosto do Jared, mas o Shane é o meu melhor amigo. O que eu sinto por ele ultrapassa os níveis normais de amor. Ninguém mexe com ele sem mexer comigo.

- E você ama o Jared?

- É claro, ele também é meu amigo.

- Ah.

- Amigo. Ele é meu amigo.

- É – Mutano começou a andar mais rápido, querendo se afastar dela. – Legal.

- O que foi agora, Garfield?

- Nada, estou com frio.

- Mentiroso. Eu estou rodeada de babacas.

- Não me chama de babaca, nunca fiz nada para você falar isso.

- Está fazendo agora – ela parou de andar. – Está agindo como um babaca.

- Estou? Por quê?

- Você está praticamente correndo de mim. Quer saber? Não importa.

Ravena aumentou os passos, afastando-se dele outra vez. Estava cansada de lidar com homens que se achavam o centro do universo, e não ligava se era Mutano ou pai de Jared ao seu lado, ela não tinha obrigação nenhuma de aceitar esse tipo de coisa. Mutano conseguiu alcançá-la e se manteve ao lado dela por alguns instantes, observando seu rosto.

- Agora é você quem está correndo de mim. – ele riu. – Eu... Eu não entendo.

- Não entende o quê?

- Por que você se afastou de mim?

- Você fica querendo falar sobre coisas que não merecem ser faladas e depois do que aconteceu com a versão “lado negro da força” da Kori, você não acha que ficar perto de mim é um risco?

- “Lado negro da força”?

- Alienígena, maldade... Você entendeu.

- Você é péssima com trocadilhos.

- Obrigada.

- De onde você tirou isso? Um risco ficar perto de você? Não faz sentido.

- Garfield, eu fui atacada por uma alienígena do mal, por muito pouco os raios não pegaram em você, já parou para pensar nisso? Você só seria atingido por estar perto de mim... Você não dormiu para ficar perto de mim na enfermaria, não comeu... Você não pode fazer isso.

- Eu sei me defender – Mutano parou de andar e segurou Ravena. – Você se afastou de mim para me proteger?

- Eu... É... Talvez.

- Essa foi a pior maneira de demonstrar preocupação, mas obrigado.

- Se eu pedisse para você se afastar, você não o faria. Eu precisava te deixar com raiva, só assim para você ficar longe.

- Você não devia ter feito isso.

- Mas funcionou.

- Mas eu nunca vou te abandonar e já te falei isso.

- Nunca é uma palavra muito forte, ainda mais quando eu estou envolvida.

- Estou falando sério.

- Mais cedo ou mais tarde eu vou pisar na bola, ou você vai, e aí não vamos nos falar nunca mais.

- Você é tão pessimista.

- Olha, Gar... Você sabe que foi o melhor jeito de te proteger e, como você disse de manhã, ninguém precisa da minha tristeza e depressão por perto.

- Eu estava puto com você, falei de cabeça cheia. As pessoas falam o que não devem quando estão irritadas, mas o que eu falei foi verdade. – ele suspirou, acariciando os braços dela com a ponta dos dedos. – Você é tão séria, tem que aprender a ser mais tranquila e eu sou o cara certo para te ensinar isso.

- Você é o cara certo?

- Quem se diverte mais do que eu?

- Shane, Lexi, Cyborg... O Dick não. Eu não sou uma experiência, sou assim e pronto.

- Eu nunca disse que você é uma experiência e pode parar com isso. Sou eu, Rae. Só estamos nós dois aqui, pode baixar a guarda.

- Nós ainda estamos brigados e eu não vou baixar a guarda para você outra vez hoje. Não depois do que você fez no banheiro do hotel.

- Você sabe que adorou o que eu fiz e eu adorei te ver daquele jeito... Corada, com a boca entreaberta, gemendo...

- Garfield!

Mutano riu baixinho e balançou a cabeça negativamente, soltando os braços dela. Deu alguns passos para trás, tendo uma visão melhor de Ravena. Ela encarou o chão envergonhada e pigarreou, como se pedisse para ele parar de encará-la tão intensamente.

- Eu sinto falta das nossas conversas toda manhã e só tem 5 dias que nós paramos de fazer isso. 3 se você contar a partir da nossa briga... Você não sente?

- Sinto – ela sussurrou. – Nós estamos perdendo a amizade que nos uniu no início, Gar. Isso não é certo.

- Mas também não é errado, nossa relação está evoluindo. – ele tentou provar seu ponto de vista. – Olha, eu só quero a minha amiga de volta.

- Se você parar de insistir em certas coisas e não fugir de mim quando eu falar que amo o Jared.

- Se você parar de guardar o que sente só para você.

- Não estou guardando, você sabe disso. Não tem nada aqui para sentir, o que você quer que eu fale?

- Você gosta um pouco de mim, Ravena.

- É claro que eu gosto.

- De que jeito?

- Do jeito normal.

- Mentirosa.

- Eu realmente queria sentir alguma coisa, mas eu não sinto. Não posso mentir para você.

- Mas para você pode?

- Garfield...

- Tudo bem, morreu o assunto. Você fica muito paranóica com essas coisas.

- Tem razão, desculpe. Podemos mudar de assunto?

- Sempre que você quiser.

Os dois andaram em silêncio até o ponto de táxi e se entreolharam, pensando no que fazer. Mutano enfiou as mãos nos bolsos da calça e viu Ravena apertar seu sobretudo contra o corpo, querendo se esquentar um pouco mais. Eles ficaram parados na frente dos carros, escolhendo em qual entrar.

- Garfield, você quer... Conhecer um lugar?

- O quê?

- Você quer conhecer um lugar? Não é muito longe, eu prometo.

- São duas da manhã, Rae.

- É, você está certo. Vamos embora.

- Não, espera! – ele pediu, antes que ela abrisse a porta de um dos táxis. – Eu quero ir.

- Sério?

- Claro.

- Você tem certeza? Não precisa ir se não quiser...

- Eu quero, Rae.

- Tudo bem, vamos lá.

Mutano seguiu Ravena por mais algumas ruas, cantarolando baixinho. Sabia que a irritava, mas não foi o suficiente para que ela o pedisse para parar. Na verdade, ele arriscava dizer que ela estava até sorrindo enquanto andava na frente dele. As ruas estavam vazias e a neve batia de leve no rosto deles, fazendo cócegas. Ainda assim, a previsão de tempestade continuava forte e todas as rádios e jornais locais estavam avisando durante todo o dia. Midnight City ficaria debaixo de uma grande quantidade de neve na próxima semana, mas nem Ravena e nem Mutano estavam se importando. Seria uma coisa boa, afinal. Ela não trabalharia porque o Wildfire seria proibido de funcionar, assim como todos os outros clubes da cidade. Quando a tempestade chegasse, apenas farmácias, hospitais e supermercados funcionariam, o que significava que, se corresse tudo bem, eles teriam mais tempo para ficarem juntos. Ou não.

Ravena entrou em um beco e olhou para os lados antes de parar em frente a um tapume de madeira podre. Ela segurou uma das barras e a puxou, soltando no chão. Fez o mesmo com as outras, recusando a ajuda de Mutano, que ficou apenas observando de longe, perguntando-se se ela estava acostumava a fazer aquilo.

- Você vai ficar parado aí? – Ravena perguntou, olhando para ele.

- N-Não.

Entraram no buraco que as madeiras estavam tampando e tossiram um pouco com a poeira. Mutano semicerrou os olhos para tentar enxergar melhor, mas acabou tropeçando em um piso solto, quase caindo no chão.

- Por Azar, Garfield!

- Eu não vi que o piso estava solto.

- Você parece criança, segura a minha mão – ela falou, estendendo a mão para ele. – Anda, eu não mordo.

- Tá bom. – Mutano suspirou, segurando a mão dela com firmeza. Ravena ligou a lanterna do celular e andou no meio do que pareciam ser pedaços do teto, que estava todo quebrado, e parou de andar quando chegou a uma porta grande e dobrável.

- Me espera aqui.

- Onde você vai?

- Só me espera, eu já volto.

Mutano bufou e fez o que ela pediu, cruzando os braços enquanto tentava identificar o lugar com sua visão melhorada. Conseguiu muito menos do que esperava por causa da falta de iluminação e xingou baixinho por não ter ficado com o celular de Ravena para iluminar onde ele estava. Se não se conhecesse, pensaria que estava com medo, mas se conhecia, e recusava-se a pensar que sentia medo.

- Pronto – Ravena apareceu de novo, colocando a cabeça para fora da porta. Segurou a mão de Mutano e o guiou para onde ela estava antes. Eles chegaram em um lugar alto, que fazia Mutano se lembrar do camarote de um teatro. O celular de Ravena estava em um poltrona vermelha e empoeirada, iluminando o máximo que conseguia. – Você sabe onde nós estamos?

- Não...

- Um teatro.

- Estamos invadindo?

- Está inativo desde a Guerra da Califórnia, Gar. – ela explicou, sentando-se em uma cadeira. Pegou o celular e iluminou abaixo deles, mostrando as fileiras de cadeiras, sendo que a maioria estava destruída. – Acho que costumava ser um teatro de gente rica, olha esse parapeito, tem pedaços de ouro aqui. As cadeiras lá debaixo estão destruídas por causa de um dos últimos bombardeios da guerra e ninguém quis reabrir o teatro depois disso. Nem destruí-lo totalmente. Acho que o prefeito só deixa isso aqui em pé para provar que Midnight City participou da guerra.

- Por quê?

- Não citam a cidade em nenhum livro de história. Aqui só não é uma cidade completamente esquecida por causa da joalheria do Jared. Querendo ou não, é o que move a economia da cidade.

- Como você sabe de tudo isso?

- Acha que eu não pesquisei quando cheguei aqui? Eles têm muito material bom na biblioteca municipal e um morador que viveu na época da guerra contou a história em um livro...

- Isso é muito legal, Rae.

- Eu sei – ela suspirou, soltando o peso das costas na poltrona. – Mas a melhor parte é quando o sol está nascendo.

- Por quê?

- Está vendo aquela parte do teto que está caída? – apontou para o teto destruído em cima do palco. – Então, quando o sol nasce, o teatro fica todo iluminado e mesmo que esteja destruído, parece que a luz faz com que ele volte aos seus anos de ouro.

- Tem algum motivo para você me chamar para vir aqui?

- Você já teve tantos pensamentos em sua cabeça, que nunca conseguiu transformá-los em palavras? Já ficou imaginando quantas pessoas realmente gostam de você? Já percebeu o quão solitário você é, a ponto de não ter ninguém para conversar? De repente você se sente deprimido e não sabe o que fazer ou onde ir. Você simplesmente começa a andar sem rumo por aí... Foi o que eu fiz.

- Deprimido? Mas você...

- É complicado, Gar. Já passei por mais coisas do que você pode imaginar e até hoje não sei como a minha mente não ruiu de vez.

- O que você quer dizer?

- Nada – ela puxou as mangas de seu sobretudo, tampando suas mãos. Abraços os joelhos e apoiou o queixo neles, olhando para Mutano. – Eu costumava vir aqui para pensar. Ninguém sabe daqui, só eu... E agora você.

- Ei, você sabe que eu estou sempre aqui por você, certo?

- Sei e pode ficar tranquilo, isso não foi um pedido de ajuda. Eu estou bem. Aprendi a lidar com as coisas que eu preciso passar... Você para de se importar se está tudo bem ou não, você apenas passa a... Sobreviver, e não viver..

- Tudo fica bem no fim, Rae – Mutano a olhou. – Se não está tudo bem, então não é o fim.

- Eu gosto do seu otimismo, queria ser assim.

- Se você fosse assim não seria a Ravena.

- Mas seria uma pessoa agradável, que deixa as pessoas com vontade de fazer amizade.

- Você é agradável para mim.

- Você meio que não conta.

- Por quê?

- Porque não.

Mutano balançou a cabeça negativamente e olhou para o buraco no teto onde o sol apareceria. Os flocos de neve rodopiavam na frente dos olhos dele, enterrando os restos do teatro em uma colcha branca e gelada, mas extremamente aconchegante. Ele não gostava de frio, isso era fato. Havia passado alguns anos de sua vida na África, onde o sol estava sempre quente, mas achava que o inverno era bem parecido com Ravena. Os dois passavam a impressão de serem solitários, sem vida e sem amor, mas se qualquer pessoa os olhasse mais de perto, perceberia o quão quentes, aconchegantes e cheios de vida eles podiam ser.

- Existem muitas pessoas no mundo, muitas mesmo. 7 bilhões. – ele deu de ombros, ficando na mesma posição que ela. – Você não está sozinha. Agora mesmo, em algum outro lugar, tem alguém que se sente exatamente como você, e tem alguém disposto a ajudar, exatamente como eu.

- Por quê? Sei que já perguntei isso, mas o que você ganha me ajudando?

- Às vezes só vemos como as pessoas são diferentes de nós, mas se você olhar o suficiente, você pode ver o quanto somos todos iguais.

- E...?

- Nossos papéis poderiam estar invertidos. Poderia ser a Kori no seu lugar, ou a Lexi. Chama-se empatia, Rae. Eu gosto de ajudar as pessoas sem ganhar nada em troca.

- Como é que você consegue se dar bem com todo mundo?

- É porque eu sou legal, você deveria experimentar – ele riu. – Tenta. Me elogia. Diz que... Ahn... Diz que o meu cabelo está bonito.

- Mas o seu cabelo está horrível, você tomou banho hoje?

Mutano bateu o ombro no dela, empurrando-a de leve. Abriu a boca para falar alguma coisa, mas foi surpreendido pela luz fraca do sol entrando no teto do teatro. Ravena desviou os olhos dos dele e suspirou, aconchegando-se mais na poltrona e abraçando suas pernas com mais força. Apertou as mangas do sobretudo entre seus dedos e quase sorriu.

O sol iluminou aos poucos as poltronas quebradas e os destroços do teatro, como se o lugar fosse assombrado, porém, as pepitas de ouro e os desenhos bem feitos das paredes pareciam ganhar uma luz completamente nova com o sol, exatamente como Ravena tinha dito. A fina cobertura de neve brilhou, e Mutano conseguiu imaginar o lugar em seus tempos de glória, desejando ter tido a oportunidade de frequenta-lo quando ainda estava funcionado. Ele olhou para Ravena e viu seus olhos brilhando com a imagem a sua frente. Ela parecia plena, relaxada e... Feliz. Sua pele estava com um brilho bonito, e seus olhos transmitiam uma paz que ele nunca tinha sentido. Era quase como se ele a enxergasse em uma luz totalmente nova e diferente.

- Que foi? – ela perguntou, sustentando o olhar dele.

- Você é bonita.

- Como?

- Você é bonita.

- Ahn... Não. Eu não sou.

Ele riu baixinho e voltou a olhar para o teatro, sentindo os olhos de Ravena em sua pele. Sorriu de lado e pensou no que tinha falado. Claro, ela sempre tinha sido fofa, mas estava começando a ficar seriamente linda, pelo menos no ponto de vista dele. Como ele nunca tinha percebido antes? Sentia como se estivesse preso em uma história para criança, e a única coisa capaz de acalmá-lo era o sorriso dela, tão grande quanto o do Gato de Cheshire. Era quase como se estivessem no País das Maravilhas, e só podiam torcer para não acabarem loucos no final.


Notas Finais


Já devo ter perguntado isso umas Telefone Removido543 vezes, mas vocês tem twitter (é a melhor rede social, sério)??? O meu é esse aqui: twitter.com/dreamsforstyles
Se tiverem vou seguir lá.

Comentem :)


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