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História Wildfire - What I've Been Looking For


Escrita por: mclaraaaaaaaa

Notas do Autor


Nome do capitulo: O que eu tenho procurado.
OIOIOI MANAS!!! Capitulo surpresa só porque é véspera de feriado!
Até o próximo.

Espero que gostem.

Capítulo 43 - What I've Been Looking For


Cyborg respirou fundo e apoiou o queixo nas mãos, olhando desanimado para Mutano. Depois de passar a noite em claro estudando os livros e revistas que Geórgia tinha sobre símbolos, os dois resolveram tomar um café da manhã reforçado, e o cansaço era tanto, que Cyborg não se preocupou em fazer piadas sobre o tofu do amigo.

- No que você está pensando?

- Na folga do Dick – Cyborg mentiu. – Nós estudamos a noite toda e ele dormiu porque estava cansado.

- Não é fácil tomar conta do Max, cara.

- O Dick dá conta.                                      

- Se você quer saber, eu prefiro deixá-lo dormir. Já viu como ele está estressado com isso tudo? Ele já desenhou 7 mapas diferentes para essa cidade e até agora não encontrou nada relevante.

- Onde foi que nós nos metemos, hein? Por que incentivamos a campanha de apoio da polícia? Não temos nada a ver com isso! A polícia não está nem se importando, mas nós passamos a noite em claro!

- É a Kori, Cyb. Nós precisamos fazer isso.

- Eu sei. Eu sinto falta dela, sabe?! Dela e da Ravena.

- Sei.

- O que aconteceu com você ontem? Chegou todo nervoso na hora do jantar e depois resolveu me ajudar com o livros...

- Eu precisava esfriar a cabeça, e os livros pareceram uma boa ideia.

- Você brigou com a Ravena?

- Não.

- Cara, que tipo de relação vocês têm? – Cyborg franziu o cenho. – São amigos ou melhores amigos?

- O melhor amigo dela é o Shane.

- Ah.

Mutano comeu um pedaço de tofu e olhou para Cyborg, arqueando uma sobrancelha. Ele estava pensativo e suas engrenagens quase faziam barulho a medida que ele pensava. Era quase engraçado ver uma pessoa tão tranquila estar daquele jeito.

- Você não está pensando no Dick.

- Não.

- Então no que é?

- Nada demais.

- Por que todo mundo está me dando esse tipo de resposta? – Mutano perguntou, bravo. – Primeiro a Ravena, agora você. Quer saber? Esquece. Eu não me importo.

- Nossa, o que deu em você?

- Nada!

- Quero comprar um presente para uma pessoa importante, mas não sei o que escolher...

- Pessoa importante? Quem?

- É...

- A Abelha? Karen? Geórgia? A outra garota do Wildfire que você pagou?

- Não! Só posso falar que ela é importante.

- É a Lexi!

Cyborg arregalou seu olho humano e engoliu a tosse que implorava para sair de sua garganta. Encarou seus pedaços de bacon e gargalhou, dando o seu melhor para a atuação improvisada.

- A Lexi importante pra mim? Você está louco?

- Só estou brincando, eu sei que não é ela, mas você devia ter visto a sua cara quando eu falei.

- Eu fiquei assustado. Você só fala besteira.

- Sim... Você e a Lexi... Imagina.

- Pra isso acontecer uma nave espacial precisaria cair na Terra.

- Ahn... A nave da Kori caiu na Terra.

- Agora. Cair agora.

Mutano revirou os olhos e riu mais um pouco, sentindo-se estúpido por ter colocado Lexi no assunto. Ele achou a reação de Cyborg estranha, mas resolveu não se preocupar, afinal, ele e Lexi eram opostos que não se atrairiam nunca.

Seus pensamentos vagaram até Ravena e ele engoliu em seco. Eles também eram opostos e tinham se atraído. Não. Não aconteceria com Cyborg e Lexi. Era impossível.

- O presente é para uma garota, certo? – perguntou, apoiando um braço na mesa. – Não sei se entendi direito.

- Quero dar algo a ela... – Cyborg repetiu. – Mas o quê?

- Bem... Tem as coisas de sempre: flores, chocolates, promessas que você não tem intenção de cumprir...

- Nada disso serve, Gar. Ela merece mais.

- Uma jóia?

- Muito clichê.

- Um carro?

- Ela já tem.

- Uma viagem?

- Ela não tem tempo.

- Cara, que mulher difícil!

- Você não tem noção do quanto.

- Vou pensar em alguma coisa e te falo, ok?!

- Obrigado.

- De nada.

Eles continuaram comendo em silêncio, enquanto o dia começava a amanhecer, deixando a cozinha iluminada com a luz laranja do sol. Tinha um certo tempo desde que eles conseguiram conversar sem muita gente por perto. A cobertura era sempre uma loucura com as piadas de Shane, os gritos de Max e as gargalhadas de Lexi. Eles nunca estavam sozinhos.

O silêncio confortável foi quebrado pelo barulho do salto alto de Ravena batendo no piso da cozinha, anunciando que ela tinha acabado de chegar do Wildfire. Mutano e Cyborg olharam para ela, vendo-a em um vestido preto apertado e curto, muito diferente do que ela costumava usar durante o dia. Nenhum dos Titãs tinha se acostumado a vê-la daquele jeito, era sempre um choque para eles, mas ninguém falava nada.

- Por que vocês já estão acordados? – ela perguntou, tirando os sapatos de salto.

- Nós nem dormimos. – Cyborg deu de ombros. – Passamos a noite estudando os livros da Geórgia.

- Encontraram alguma coisa?

- Nada.

Ela apertou os lábios em uma linha fina e suspirou, olhando para Mutano. Ele voltou sua atenção para o prato de tofu, fazendo de tudo para evitar o olhar dela. Não estava com paciência para aguentar a mesma conversa fiada de sempre sobre o quão errado era o que eles andavam fazendo. Era errado para ela, não para ele. Ele não se arrependia de nada, e queria que ela também não se arrependesse, mas ela era a Ravena. As coisas nunca eram fáceis quando ela estava envolvida.

Cyborg, felizmente, estava alheio ao clima tenso que cercava seus dois amigos. Fazia quase uma semana que ele tinha ido na delegacia com Lexi, denunciar o abuso de Jeremy e, até então, ela estava muito mais radiante e confiante de que a polícia faria alguma coisa para ajudá-la. Algumas enfermeiras e médicas do hospital seriam chamadas para depor e ele receberia uma intimação. Se a denúncia fosse confirmada por mais pessoas, ele seria julgado e, se tudo desse certo, preso.

Ela havia decidido não contar sobre a história de Colin porque não tinha provas concretas, e acabou ficando com medo do delegado pensar que ela estava inventando tudo. Talvez esse fosse o motivo de Cyborg estar tão pensativo, ele precisava fazer alguma coisa. Sabia que Lexi não seria capaz de mentir sobre algo tão sério, e não duvidava que Jeremy havia encomendado a morte de Colin. Isso era comum nos filmes que ele via.

- Eu vou dormir um pouco – avisou, levantando-se da cadeira. Queria ligar para Lexi e chamá-la para sair, mas ela provavelmente estava dormindo. – Bom dia.

- Bom dia. – Ravena respondeu, colocando a chaleira recém-comprada no fogão. – Então, Garfield... Como foi a sua noite?

- Boa.

- Hm...

- Não adianta tentar, ok?

- Tentar o quê?

- Puxar assunto comigo.

- Ah. Tudo bem...

- Tudo bem? – Mutano perguntou, incrédulo. Ravena se virou para olhá-lo e franziu o cenho, confusa. – É, Ravena. Tudo bem. Vou pro meu quarto.

Ele saiu da cozinha dando passos firmes, passando por Asa Noturna, que estava terminando de descer a escada. Ravena suspirou e revirou os olhos, sentando-se em uma cadeira para tomar seu chá. Estava cedo demais para se preocupar com os chiliques de Mutano, e ela não queria desperdiçar seu dia de folga.

Sim, folga. Morris tinha ido viajar e só voltaria em dois dias, o que significava que quase nenhuma funcionária apareceria no clube, incluindo Ravena.

- O que aconteceu com o Garfield? – Asa Noturna perguntou, sentando-se na frente dela.

- Eu não sei.

- Ele brigou com alguém?

- Não que eu saiba.

- Ele brigou com você?

- Não, Dick.

- Sei... Eu não quero ser intrometido, mas...

- Então não seja. Você não tem mais coisa para fazer?

- Por enquanto nada além de acordar o Max.

- Eu faço isso.

- Não.

- Eu disse que faço. O Max é meu sobrinho – Ravena lembrou. – É minha responsabilidade.

- Ele é responsabilidade de todos nós, Ravena.

- É fácil para você falar quando não o viu crescer.

- Mas estou vendo agora.

- Grande coisa. Eu não quero que ele se apegue a você. Ou ao Garfield e ao Cyborg – completou, rapidamente. – Não é justo com ele!

- Por que não?

- Vocês vão embora quando encontrarmos a Kori, e ele vai sentir saudade. Não quero que ele fique triste.

- O que te faz pensar que vamos perder o contato?

- Quer que eu faça uma lista?

Asa Noturna suspirou e massageou as têmporas, olhando sério para Ravena. Parte dele sabia que ela estava certa, mas isso não significava que ele, Mutano e Cyborg abandonariam Max. Eles não fariam isso... Ou será que fariam?

O plano inicial era encontrar Estelar e voltar para Jump City e, apesar das circunstâncias, ele continuava de pé, sem chance de ser modificado. Não tinha chance nenhuma deles voltarem a ser uma equipe com Ravena e Estelar, então por que ficar se iludindo? A realidade precisava ser encarada, sendo boa ou não.

- Eu sei que toda essa situação te deixa nervosa, Ravena, mas nós estamos aqui com você.

- Grande coisa.

- Por que você está assim?

- Eu sempre fui assim, Dick.

- Você estava mais calma.

- Todo mundo tem seus dias péssimos.

- Parece que o seu e o do Gar é hoje.

- É, parece que sim. – ela bufou, terminando de tomar o chá. – Eu vou acordar o Max, não precisa se preocupar.

- Mas...

- Não se preocupe.

- Eu...

Ravena ignorou o que ele tinha para dizer e saiu da cozinha, passando as mãos pelo cabelo. Subiu as escadas em silêncio e soltou o ar que nem sabia que estava prendendo quando chegou ao segundo andar. Fechou os olhos com força e fez uma retrospectiva do último mês.

Tinha sido o melhor e o pior de toda a sua vida.

O pior porque ela estava sem Estelar, seu porto seguro, sua âncora, sua melhor amiga. O melhor porque ela estava com Mutano, e desejava secretamente que aquilo não acabasse, mas sabia que não duraria para sempre.

Estava cansada da indecisão que sentia. Sabia que Mutano estava com raiva porque tinha pensado que ela pediria que ele esquecesse o que tinham feito no elevador, mas... Ela não pediria. Pelo contrário, ela queria entender o que estava acontecendo e tentar definir o que eles seriam dali para frente, mas como sempre, acabou metendo os pés pelas mãos e estragando tudo.

Ela não podia ser tão previsível assim, podia?

Respirou fundo e começou a ir em direção a porta do quarto de Max, empurrando o pensamento do carinho que Asa Noturna estava tendo com ele para longe de sua cabeça.

Ela não podia continuar fazendo merda e ficar se sentindo mal como se isso resolvesse alguma coisa. Ela precisava agir, precisava proteger Max da tristeza que ele sentiria quando os Titãs fossem embora, e precisava conversar com Mutano... O mais rápido possível.

 

Fazia um bom tempo que Estelar tinha escutado o barulho dos motores da Endeavour pela última vez. Ela estava sentada no canto de sua cela, pensando em qual parte do dia estava, e tentando adivinhar o que Max estava fazendo naquele momento.

Tinha passado mais de dois dias sendo exposta a seções de tortura, e depois era obrigada a quebrar o granito no campo forjado ao redor da nave, exatamente como os escravos de Tamaran faziam. Estrela Negra só aparecia na hora em que ela estava sendo machucada, fazendo questão de parabenizar o guarda que ligava e desligava as máquinas de choque.

Se antes ela só estava perdendo as unhas, agora ela estava perdendo muito mais. Já não tinha mais vontade e força para lutar contra o que estava passando, e começava a temer pelo pior: nunca ser livre novamente e nunca mais ver seu filho.

O que Estrela Negra estava fazendo era um segredo para todos, inclusive para Chefe. Contudo, ela não parava de pegar partes do corpo de Estelar, como pedaços de unha e tufos de cabelo, fazendo com que ela ficasse com uma aparência doentia. Juntando seu estado emocional com o físico, ela ficava pior do que realmente estava.

Ela estava deplorável.

Seu cabelo que um dia tinha sido longo e cheio de vida, estava curto e cheio de falhas. Ela estava suja por conta da falta de um bom banho e suas bochechas estavam manchadas de fuligem, lágrimas e restos de comida. Tinha emagrecido muito durante o tempo em que estava na Endeavour e seu corpo passava a impressão de que se quebraria com o menor esforço que ela fizesse.

Tudo isso junto fazia com que ela ficasse ainda mais impotente. Seus poderes não podiam ser usados e ela ficava se perguntando se era aquela sensação que Ravena sentiu quando decidiu ignorar suas emoções. Era a pior sensação do mundo. Ela sentia como se estivesse gritando por ajuda a plenos pulmões em uma sala cheia de gente, mas ninguém a escutava. Ninguém se dispunha a ajudá-la. Era desesperador.

Ninguém a ouvia gritar. Talvez fosse um sonho, ou talvez estivesse dentro dela.

- Você está bem? – Chefe perguntou, entrando na cela e fechando a porta.

- Estou.

- Não parece.

- Só estou pensando.

- Eu trouxe uma coisa para você.

- O quê? – Estelar perguntou, levantando os olhos para olhá-lo. Mexeu os pulsos para tentar aliviar o aperto das algemas e pensou em se levantar, mas não encontrou a força necessária para fazê-lo.

- Mostarda.

- Mostarda?

- Sim!

- Mas, mas, mas...

- Eu roubei da cozinha, então é melhor você comer rápido.

- Michael, você está se arriscando muito por mim.

- Isso não importa agora. Sinto que tenho uma dívida com você depois de tudo que eu fiz quando você chegou.

- Você foi obrigado a fazer tudo aquilo.

- Não justifica.

- Tem razão.

Chefe se aproximou dela e lhe entregou o recipiente de mostarda, ajudando-a a segurar. Ela soltou um suspiro de puro prazer quando líquido amarelo tocou seus lábios e quase sorriu, sabendo que, se fosse possível, sua aparência melhoraria graças aquele simples gole.

- Como é que você gosta disso?

- O Dick me perguntava a mesma coisa.

- Dick?

- É.

- Ah. O seu namorado.

- Ex.

- É quase a mesma coisa, levando em consideração que você ainda gosta dele.

- Mas isso não significa nada para ele.

- Como você sabe?

- Eu simplesmente sei.

- Você sabe que pode estar muito errada, não é? A minha mãe pensava que não significava nada para um homem da Terra, e não falou como se sentia. Na última noite dele em Tamaran, ela resolveu arriscar e... Uma coisa aconteceu.

- O que foi?

- Eles se amaram.

- Ele também gostava dela?

- Mais do que tudo na galáxia.

- Michael...

- Você precisa saber o que me prende aqui, Kori.

- Como assim?

- Eu quero te contar porque estou vendo você perder a vontade de lutar, mas você não pode fazer isso. – Chefe afirmou, tirando a máscara e mostrando seus olhos cinzas. – Você tem o seu bungorf. Você precisa lutar por ele.

- Eu não sei se consigo.

- Você tem que conseguir.

- Mas...

- Você tem que conseguir.

- Eu estou tentando, mas dói demais. Estou machucada, queimada... Olhe para mim!

- Você é uma princesa, filha de Tamaran. É uma guerreira.

- Eu sou só uma garçonete.

- Não!

- Pare de tentar mudar as coisas, Michael. Você não pode me encher de esperança quando nós dois sabemos que eu vou morrer aqui!

- Você não vai!

- Eu não tenho mais forças!

- Um verdadeiro herói não é medido pelo tamanho da sua força, mas pela força de seu coração – ele disse, sério. – Você é a Estelar, uma Titã, e não vai desistir.

- Como você pode ter tanta certeza?

- Olha, eu não estou nisso pela sua revolução, e não estou nisso por você, Kori. Eu tenho os meus próprios problemas e odeio ver alguém tão forte como você deixando-se abater.

- Você não sabe metade do que eu estou passando.

- E você não sabe o que eu estou passando.

Estelar balançou a cabeça negativamente e terminou de tomar a mostarda. Olhou para um ponto fixo do outro lado da cela, evitando os olhos de Chefe. Queria chorar, mas já não tinha mais lágrimas. Estava tão fraca que não conseguiria gritar. Ela só queria que tudo acabasse.

- Vamos, Koriand’r – Chefe suspirou, oferencendo a mão para ela. – Está na hora de você conhecer o meu motivo para estar aqui.

 

Amália empurrou Anna com força na parede e olhou para ela, com os olhos cheios de lágrimas. Tentou engolir o choro, mas acabou deixando algumas lágrimas escaparem, borrando seus olhos perfeitamente delineados. Colocou um braço de cada lado da cabeça de Anna e juntou toda sua força de vontade para não gritar bem no rosto da menina de 17 anos.

- O que foi que você fez? – perguntou, respirando fundo.

- Foi sem querer! Nós vamos fugir, Amália! Eu prometo.

- Você não tem noção da besteira que fez! Se o Morris descobrir...

- Ele não vai descobrir! Ele não liga para quem fica nas ruas.

- Mas ele está de olho em tudo!

- Tem dias que ele não aparece aqui!

- Isso não quer dizer nada!

Anna bufou e empurrou Amália para longe, saindo do meio dos braços dela. Chutou a neve e olhou para sua irmã mais velha, prestando atenção nas mechas cor-de-rosa de seu cabelo loiro. Quando era mais nova, admirava suas irmãs como se elas fossem deusas, e queria ser como elas. Porém, ela não era como as gêmeas. Começando por sua aparência: cabelo castanho claro e olhos da mesma cor. Ela não tinha tido a sorte de nascer loira.

- Anna...

- Eu vou ficar bem, Amália. Você não precisa vir mais aqui, aposto que a Geo está preocupada.

- É claro que ela está.

- Desnecessariamente.

- Você é a nossa irmã mais nova, Anna! Nós nos preocupamos com você.

- Eu vou ficar bem, além do mais, não quero que o Morris brigue com vocês.

Amália balançou a cabeça negativamente e deu de ombros, aproximando-se da irmã. Depois de todo o esforço que ela é Geórgia tinham feito para mantê-la longe daquela vida, ali estava ela, trabalhando como prostituta, ao invés de estar em uma escola.

A conversa de Morris podia ser bem convincente e Anna não gostava de dinheiro. Ela amava. Era capaz de fazer tudo para ter um pouco de dinheiro, e não pensou duas vezes antes de aceitar a proposta dele. Escondeu o que estava fazendo de suas irmãs por meses, mas acabou precisando da ajuda delas quando um cliente começou a ameaçá-la. As gêmeas, como duas mães para a irmã mais nova, a ajudaram e fizeram com que o cliente desaparecesse da esquina onde ela ficava. Tentaram fazer com que ela saísse daquele trabalho, mas Anna estava envolvida demais, e Morris já tinha feito com ela o mesmo que fazia com as outras: ele a tornou sua propriedade.

- Tudo bem – Amália se rendeu. – Mas me mantenha informada.

- Você vai contar para a Geórgia?

- Não. Vou juntar dinheiro e nós vamos dar um jeito nisso, ok?!

- Eu não quero machucá-lo.

- Nós não temos outra alternativa.

- Eu não vou fazer isso, Amália.

- Você não precisa pensar nisso agora, Anna. Eu volto daqui alguns dias, ok?!

- Ok.

- Eu te amo.

- Eu também te amo – Anna sorriu, abraçando a irmã e deixando ela se afastar. – Te vejo em alguns dias.

Quando Amália desapareceu no quarteirão, Morris saiu detrás de algumas latas de lixo e riu, irritado. A história da viagem tinha sido apenas uma desculpa para descobrir o que Amália tanto fazia na rua. Ali estava a resposta dele: ela estava atrás de Anna, tentando protegê-la.

Seria uma pena se ela não fosse capaz de fazê-lo. Não só as irmãs Young, mas todas as funcionárias do Wildfire aprenderiam, de uma vez por todas, com quem estavam lidando.

 

Depois de um dia complicado e cheio de provocações de Geórgia, Ravena esperou todos da cobertura irem dormir para fazer o que estava planejando. Quando Asa Noturna se deitou, ela foi até a cozinha e começou a preparar uma das poucas coisas que tinha aprendido a fazer naqueles anos fora de Jump City: cachorro-quente.

Ela preparou tudo com cuidado e pegou algumas latas de refrigerante, levando tudo para o terraço. Demorou um pouco mais do que o normal porque ela precisou levar uma pequena mesa de plástico e duas cadeiras para que eles tivessem onde se sentar.

Andou rapidamente até o quarto de Mutano e passou as mãos pela blusa de pijama que usava, tentando disfarçar seu nervosismo. Bateu na porta e esperou que ele abrisse, torcendo para não ser muito tarde. Droga. É claro que estava tarde. Já passava da meia-noite e ele estava dormindo. Ela começou a se afastar, mas a porta se abriu, fazendo-a parar de andar.

- Ah, é você – Mutano resmungou, passando a mão esquerda na parte detrás de sua cabeça. Ele estava apenas com sua cueca samba-canção do Darth Vader, e seu rosto estava amassado de tanto dormir. – O que foi?

- Eu... É...

- O que você quer, Ravena?

- Você pode me acompanhar até o terraço?

- Não.

- Mas...

- Eu estava dormindo.

- Eu sei, mas é importante.

- Sério?

- Sim.

- Desculpe, princesa. Não vai rolar.

- Garfield...

- Você vai ficar parada aí a noite toda? Eu quero fechar a porta e seria falta de educação fechá-la na sua cara.

- Por que você está me tratando assim? – Ravena perguntou, irritada.

- Você sabe porque!

- Não, eu não sei.

- Eu simplesmente não aguento mais essa sua indecisão e não quero fazer parte disso.

- Eu não falei nada ontem e...

- Nem precisou, já sei que você ia me pedir para esquecer o que nós fizemos.

Ravena ficou em silêncio e Mutano sentiu um nó se formando em sua garganta. Engoliu em seco e olhou para ela, quase sentindo pena.

- Deixa pra lá, Gar – ela falou baixinho. – Estou indo para o terraço. Pode voltar a dormir. Boa noite.

- Por que o terraço?

- Eu preparei uma coisa para você.

- Que coisa?

- Não importa, boa noite.

Ele viu ela se afastar devagar e grunhiu com raiva. Abriu a porta totalmente e pigarreou, fazendo Ravena parar de andar para encará-lo. Deu de ombros e fez sua melhor expressão despreocupada, fingindo não se importar com ela.

- Eu vou com você – falou, vestindo a roupa que estava embolada no chão. Terminou de se arrumar e saiu do quarto, acompanhando-a até o terraço. Viu a mesa de plástico tampada por uma toalha branca e arqueou uma sobrancelha para o cachorro-quente. – O que é isso?

- Cachorro-quente. Ah, é de tofu.

- Isso eu sei, mas... Por quê?

- Eu não sei, alguma coisa aconteceu entre nós dois e não estamos sabendo lidar com isso.

- E você acha que isso vai resolver?

- Sinceramente, eu espero que sim.

- Onde você comprou?

- Eu fiz.

- O quê?

- Eu fiz.

Ele arregalou os olhos e deu alguns passos para trás, assustado. Olhou ao redor, procurando por algum sinal de Trigon e amaldiçoou-se por ter deixado o comunicador no quarto. Se o mundo estivesse acabando, ele gostaria de, pelo menos, avisar seus amigos para que eles pudessem se salvar.

- O seu pai está tentando voltar para a Terra?

- O meu pai? Não! O que você está falando?

- Foi o que aconteceu quando você cozinhou pela última vez.

- Você está me zoando?

- Não, estou com medo de verdade!

- Trigon não está voltando – Ravena suspirou. – Eu fiz isso pra você.

- Por quê?

- Te devo um pedido de desculpa?

- Você está me perguntando por que não tem certeza se deve ou não?

- Você só está complicando as coisas.

- Agora você sabe como eu me sinto.

Ravena cruzou os braços e deu as costas para Mutano, indo para a beira do terraço. Olhou os carros passando na rua e mordeu a língua, arrependo-se amargamente de tê-lo chamado para a surpresa que tinha preparado.

Ele estava com raiva, e com razão. Ela era complicada, indecisa e medrosa. Queria negar o que estava sentindo, mas já não tinha mais vontade para fazer isso. Mutano fazia com que ela tivesse a impressão de que as coisas ficariam bem no final, desde que eles continuassem juntos.

- Esquece, Gar – murmurou, ainda de costas para ele. – Pode voltar para o seu quarto. Eu vou guardar as coisas.

- Por quê?

- Você não quer ficar aqui, não posso te obrigar a nada.

- Acontece que eu estou aqui.

- De má vontade.

- É verdade.

- Não é o que eu quero. Minha intenção foi fazer uma coisa que pudesse nos unir depois do chilique que você deu ontem.

- Chilique? – Mutano perguntou, incrédulo. – Eu não dei chilique, Ravena! Eu simplesmente sai de perto de você para te poupar de fazer o mesmo discurso de sempre. Eu já sei que nada aconteceu entre a gente.

- Como você pode falar isso?

- Foi o que você me pediu!

- Eu não pedi nada! Você nem me deixou falar!

- Ontem, Rae, mas e todas as outras vezes que pediu?

- Eu...

- Você não tem que se justificar pra mim, cada um pensa de um jeito, e do mesmo jeito que você não pode me obrigar a ficar aqui, eu não posso mudar o seu jeito de pensar.

- Você não entende.

- Não entendo, e desisti de tentar entender. Nós somos amigos e amigos não se relacionam do jeito que acabamos fazendo.

- Não venha com essa para cima de mim!

- Eu só estou seguindo a sua lógica!

- Então não siga!

Mutano arqueou uma sobrancelha e abriu a boca algumas vezes, tentando verbalizar a dúvida que tomava conta de sua cabaça. Não sabia mais se queria entender Ravena e fazer parte de toda a confusão da vida dela e, por mais que já estivesse envolvido, ainda tinha tempo de voltar atrás. Ainda podia desistir e deixá-la sozinha, exatamente como ela pediu várias vezes.

A questão não era essa. Ele não tinha coragem de desistir porque enxergava tudo que ela não enxergava em si mesma. Enxergava uma beleza única e extraordinária que a fazia ser diferente de qualquer outra mulher. Enxergava, acima de tudo, o potencial que ela tinha para fazer o que quisesse com a própria vida. Até sair do inferno em que vivia.

Ela era mais forte do que ele pensava. Ela tinha leões em seu coração. Um fogo em sua alma.

- O que você quer dizer, Ravena?

- Você precisa ter paciência comigo, ok? Eu não sei explicar.

- Nós temos a noite toda.

Ravena assentiu e respirou fundo, esfregando as mãos de um jeito nervoso. Soltou o ar pela boca e pensou no que falar para Mutano. Desde a viagem para Jump City ela se sentia diferente em relação à ele. Talvez se sentisse assim antes da viagem também, mas estava cega demais tentando se convencer que não podia ser verdade. Abriu a boca mais uma vez, mas sua voz não saiu.

Mutano suspirou e colocou as mãos no bolso da calça de moletom cinza e a olhou, esperando pacientemente por algum tipo de resposta. Ravena corou com o olhar dele e decorou cada movimento de seu corpo, até mesmo o jeito que seus olhos abriam e fechavam toda vez que ele piscava. Se ela pudesse prendê-lo, ela o faria, mas até seu sorriso a deixava sem graça. Seu maldito sorriso.

Ela sentia falta da paz que sua alma encontrava quando eles estavam juntos. Não dormia direito depois dos beijos noturnos que eles trocavam nos cantos escuros do corredor de seus quartos. Tinha alguma coisa crescendo entre eles e ela não sabia o que era, mas estava ali, fazendo-a enlouquecer aos poucos.

Nunca tinha parado para pensar que um dia seria capaz de viver tudo o que estava vivendo. Ela estava quase desistindo de entender o sentimento que a fazia ficar cada dia mais viva e com vontade de se livrar de todas as correntes que a prendiam a um mundo cinza e sem graça. Não existia um livro capaz de explicar o que ela precisava fazer a partir daquele ponto, tudo era imprevisível demais.

- Você já se perguntou se as estrelas brilham para você? – Mutano perguntou, arrancando-a de seus pensamentos. Ele olhou para o céu escuro de Midnight City, prestando atenção nas estrelas.

- O quê?

- Eu sempre tive uma dúvida inevitável sobre o motivo que faz as pessoas pensarem mais no Sol do que na Lua. Eu sei que ela é pálida em comparação à ele, e não é tão bonita ou tão brilhante. Mas... Ninguém percebe que ela tem uma magia que é só dela. – ele continuou, olhando para Ravena. – Ela é linda do seu próprio jeito, e talvez seja mais bonita que o Sol. Mesmo cercada pela escuridão, ela brilha. Eu penso assim, e prefiro defender a ideia de que a Lua é... – Ravena sustentou o olhar dele e sentiu suas bochechas corando. – Linda.

- Ah... – ela tentou falar, percebendo que ela era Lua. Cercada de escuridão, trevas e tudo que muitas pessoas consideravam “macabro”. – Isso foi... Muito bonito.

- Eu te enxergo desse jeito.

- Por que você está me dizendo isso?

- Porque eu também pensava que não saberia explicar como sempre te enxerguei, mas consegui.

- Foi um incentivo?

- Exatamente.

Tudo bem, Ravena estava gritando por dentro. Tinha pensado muitas vezes em como Mutano a enxergava e agora tinha a resposta ecoando em sua cabeça. Ele a achava linda, mesmo que ela pensasse que fosse uma coisa impossível.

Justo na primeira vez que ela tinha experimentado algum tipo de sentimento, as coisas se intensificaram sem que ela percebesse. Ele era só um amigo no início, mas tudo tinha mudado.

Será que ele se sentia como ela? Era amor? Ela só sabia que estava sendo muito difícil de esconder.

- Eu gosto de você. – falou rapidamente.

- O quê? – Mutano arregalou os olhos.

- Eu gosto de você.

- G-Gosta como?

- Lembra quando você disse que eu estava escondendo o que eu sentia depois da festa de ano novo do Jared?

- Lembro.

- Eu não estava, pelo menos não intencionalmente. Eu...

- Ravena...

- Eu não sei o que eu sinto, ok?! – Ravena deu de ombros. – Eu não consigo parar de pensar em você, e não quero te ver longe de mim. Que droga! Eu quis tentar falar isso ontem, mas você saiu todo bravo do elevador e eu fiquei com medo! Eu estou com medo!

- Medo de quê?

- Disso! Medo do que eu estou sentindo porque não sei o tamanho desse sentimento. Eu não sei o que fazer.

- Você gosta de mim. – Mutano murmurou, incrédulo. – Você gosta de mim...

- Sim, eu gosto! Tentei deixar isso de lado desde que voltamos de Jump City, mas não aguento mais! Eu tentei te afastar, eu sei, mas... Quando você fez isso comigo ontem, foi horrível.

- Só porque não conversamos, não quer dizer que eu não pense em você. Eu estou tentando me afastar porque sei que não posso te ter.

Ela balançou a cabeça negativamente e se aproximou dele, perdendo-se em seus olhos verdes. Se algum dia alguém perguntasse qual parte dele mais a marcou... Ela lembraria de seus olhos.

- Tudo que eu quero, pelo menos agora, é continuar falando com você, Gar – confessou. – Quero saber como o seu dia foi, onde você quer comer. Quero discutir com você. E quero ouvir todas as suas teorias, mesmo as que estiverem completamente erradas.

- Você sabe que me pegou de surpresa, não sabe?

- Você não precisa gostar de mim de volta, eu sei que isso é impossível. Eu sou uma prostituta, é meio óbvio que você não queira nada comigo além de sexo e...

- Eu não me importo com o que dizem sobre você.

- Duvido.

- Não me importo com o que as pessoas pensam, Ravena – Mutano falou, segurando os braços dela e fazendo um carinho leve com dedos. – Nem sempre precisa ser o que elas querem que você seja.

- Garfield, você não me engana.

- Escuta, as pessoas têm motivo para serem como são. É por isso que empatia é tão importante... A gente nunca sabe o que tá acontecendo dentro de alguém.

- Acho que isso não serve para mim. Eu sei o que eu sou, e você também sabe. Eu vou entender se você não...

- Eu quero que você saiba que, para mim, todas as suas outras qualidades importam mais que a sua beleza.

Eles ficaram em silêncio, apenas se encarando. O vento fazia as sacolas dos pães de cachorro-quente zumbirem baixinho, deixando claro que não era um sonho. Estava acontecendo.

Mutano revirou os olhos e sorriu para Ravena, puxando-a pela cintura. Ah se ela soubesse que ele gostou dela antes do primeiro toque e do primeiro beijo...

Brincou com uma mecha do cabelo dela e aproximou o rosto do dela, rindo quando percebeu que ela estava nervosa. Balançou a cabeça e juntou seus lábios, beijando-a suavemente. Apertou de leve sua cintura, aproveitando o primeiro beijo “não proibido” que trocavam. Como sempre, o toque da língua dela era capaz de levá-lo ao céu ou ao inferno em questão de segundos, e ele gostava. Não, ele amava.

Ravena quebrou o beijo e apoiou a testa na dele, tentando disfarçar o sorriso que começa a surgir em seus lábios. Todo o seu esforço foi por água abaixo quando ela viu o sorriso que Mutano sustentava. Era impossível não sorrir junto.

- Você gosta de mim – ele sussurrou. – Isso está acontecendo mesmo?

- Infelizmente.

- Infelizmente? Como assim?

- Eu não sei se é uma coisa boa e...

- Eu gosto de você também. Na verdade, tenho uma quedinha por você há muito tempo.

- Você está falando sério?

- Muito sério.

- Por que eu nunca soube disso?

- Porque eu também tinha medo...

Ravena segurou a mão dele e o levou até uma das cadeiras, fazendo-o se sentar. Ele a puxou para seu colo e a abraçou, apoiando o queixo em suas costas.

- O cachorro-quente já está frio – ela bufou. – Você quer?

- Claro.

- Não tem como comer.

- Por quê?

- Tem alguns flocos de neve.

- Mentira.

- É sério... Eu posso esquentar amanhã.

- Por mim tudo bem. – Mutano sorriu, agarrando-se mais ao corpo dela. Fechou os olhos para apreciar o momento que tinha sonhado desde quando ainda era um adolescente, mas se obrigou a abri-los quando Geórgia tomou conta de sua mente. Ele estava sendo assombrado por esses pensamentos desde que ela tinha ido na cobertura pela primeira vez. Precisava contar para Ravena, mas faltava coragem. – Eu preciso te contar uma coisa.

- O quê?

- É... Eu... Ahn...

- O que você fez, Garfield?

- Nada! Eu não fiz nada!

- Então o que foi?!

Ele a empurrou de leve para fora de seu colo e se levantou, segurando as mãos dela com firmeza. Respirou fundo e juntou a coragem necessária para falar o que já devia ter falado há muito tempo.

- A assistente social esteve aqui enquanto estávamos em Jump City.

- O que é?

- Ela... Bom... Você não estava aqui e ela te julgou como negligente porque o Max precisa de você para tudo.

- Você está brincando comigo? – Ravena perguntou, começando a ficar desesperada.

- Rae...

- Por que ninguém me contou?!

- Ninguém teve coragem.

- Porra! É tudo culpa minha, eu não devia ter ido naquela viagem... Eu...

- Não foi culpa sua!

- Foi de quem então?! Sua?

- Ninguém teve culpa.

- Ela está certa, Garfield! O Max é minha responsabilidade e eu o abandonei.

- Ele não estava sozinho.

- ELA NÃO SE IMPORTA COM ISSO!

Mutano arregalou os olhos e tentou acalmá-la. Quando as coisas finalmente começavam a se acertar, ele tinha que dar um jeito de estragar. Era tão a cara dele que seria cômico se não fosse uma situação desesperadora.

- Eu vou perder o Max! – ela quase gritou, engolindo o choro. – O que eu vou fazer sem ele?!

- Você não vai perdê-lo!

- Quem garante?

- Eu! Eu garanto!

- Você não pode me garantir isso.

- Eu não vou deixar tirarem o Max de você, ouviu?! Não vou! – ele sibilou, segurando os ombros dela. – Nós estamos juntos nessa e eu não vou deixar nada acontecer com ele ou com você.

Ravena balançou a cabeça negativamente e segurou as mãos dele, fazendo de tudo para se acalmar. Max sempre tinha sido sua prioridade, por que ela tinha ficado tão descuidada?

- O que eu vou fazer agora, Gar? Eu não devia ter viajado, eu...

- Não foi culpa sua.

- Você sabe que foi.

- Não...

- Eu quero ficar com o Max. – ela falou, começando a juntar o que tinha levado para o telhado. – Quero ir para o quarto dele.

- Agora?

- Sim, só vou terminar de juntar isso e...

- Eu junto amanhã.

- Não precisa.

- Eu junto amanhã, Rae. – ele disse, sério. – Não se preocupe. Vem, vamos para o quarto do Max.

Desceram em silêncio para o apartamento e foram direto para o quarto de Max. Mutano não soltou a mão de Ravena durante um momento sequer, e tentou a manter por perto, mostrando que a protegeria em qualquer situação.

Ela parou em frente à porta do quarto do sobrinho e suspirou, abraçando Mutano. Ele retribuiu o abraço e a beijou rapidamente, lembrando que estava com ela.

- Amanhã você dorme comigo?

- Você sabe que eu não passo a noite com ninguém, Gar.

- Por quê? Você sempre vai embora antes do dia amanhecer...

- Porque sim.

- Mas...

- Obrigada.

- De nada?

- Estou me sentindo mais leve por ter te contado sobre o que eu sinto.

- Eu também estou, Rae. – Mutano sorriu, beijando a testa dela. – Quando você souber com certeza o que sente...

- Você vai ser o primeiro a saber. – Ravena deu um selinho nos lábios dele, abrindo a porta do quarto de Max. Sentiu seu coração ficando apertado ao pensar no sobrinho e tentou sorrir. – Boa noite.

- Boa noite, princesa.

Quando ela entrou e fechou a porta, encostou as costas na madeira e sorriu, feliz por ter se reconciliado com ele. Mordeu o lábio inferior e fechou os olhos, lembrando de que ele também gostava dela.

No corredor, Mutano fez sua dancinha da vitória e reprimiu um grito, sabendo que todos já estavam dormindo. Ou quase todos. Riu alto e foi para seu quarto, elegendo aquela noite como uma das melhores de sua vida.

Pela primeira vez em muito tempo, Mutano e Ravena se sentiam inegavelmente acordados. Receberiam bem o dia seguinte porque sabiam que iriam se ver novamente.

Tinham encontrado um no outro o que procuraram por muito tempo: amor.


Notas Finais


Chora nããããão coleguinha!
Comentem :)


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