Ela estava radiante e isso era tudo que importava para ele. Não tinha coisa no mundo que deixasse Mutano mais satisfeito do que ver o sorriso de Ravena, e ele queria que ela soubesse disso. Queria que ela soubesse que os olhos dele brilhavam quando os dela brilhavam. Soava clichê e até meloso demais, mas ele estava apaixonado. E como estava.
Ravena franziu o cenho quando percebeu que o metamorfo não parava de olhá-la e arqueou um sobrancelha como se perguntasse o que ele estava vendo de tão interessante. Segurou com mais força a caixa de papelão que carregava e aproximou-se dele, usando uma das mãos para limpar o canto da boca dele, fingindo secar um filete de baba, apenas para provocá-lo.
- Você está aqui para trabalhar – riu. – Não para ficar me olhando.
- O que eu posso fazer se olhar para você é mais prazeroso do que trabalhar?
- Eu vou ser obrigada a te demitir. Não gosto de funcionários acomodados.
- Eu não sou acomodado!
- Tem quase 20 minutos que você está colocando esses livros na prateleira, Gar. Até o Max conseguiu arrumar os carrinhos dele mais depressa.
- Tudo bem – ele revirou os olhos. – Mas posso ganhar um beijinho antes de continuar?
- Só um?
- Pensei que você não gostasse de funcionários acomodados.
- Cala a boca... – ela pediu, juntando os lábios aos dele. O selinho foi tão rápido que eles mal tiveram tempo de aproveitar o momento. Cyborg fez questão de interrompê-los, batendo algumas peças de ferro do T-Car para que eles se afastassem. – Cyborg!
- 10 minutos! – Cyborg gritou, fazendo com que todos o olhassem. – Nós só temos 10 minutos!
A informação sobre o tempo foi o bastante para que todos começassem a trabalhar mais rápido.
Ravena sorriu para Mutano e piscou um olho, voltando para a área da garagem em que estava trabalhando. Estava orgulhosa da sua ideia de vender seus antigos livros, mas não era isso que enchia seu coração de felicidade naquele momento. Não. O responsável pelo sentimento bom, ou melhor, os responsáveis pelo sentimento bom eram seus amigos, que haviam juntado coisas que não usavam e oferecido para complementar a venda de garagem.
Ela podia dizer que a garagem do prédio onde os Titãs estavam morando tinha um pedacinho especial de cada um. Para começar, seus livros estavam espalhados em algumas prateleiras improvisadas, dividindo espaço com duas ou três estátuas que ela ainda tinha; Asa Noturna havia separado alguns artigos de artes marciais e livros sobre estratégias de batalha; Estelar venderia algumas roupas que havia emprestado para Lexi há muito tempo, enquanto a médica se livraria de objetos de decoração que já não cabiam mais em seu apartamento. Shane e Jared criaram um incrível estoque de casacos grossos, gorros e cachecóis; Mutano estava com sua inseparável coleção rara de Star Wars, aproveitando seus últimos momentos com ela. Nem Max havia escapado da venda, e implorou para que Estelar o deixasse vender alguns de seus carrinhos para que ele também pudesse ajudar Ravena. Por último, tinha Cyborg. Ele havia sido o mais difícil de se convencer, mas com uma conversa séria e um “por favor” de Estelar, ele acabou concordando em vender algumas peças antigas do T-Car.
Mia e Geórgia estavam ajudando do jeito que podiam, uma vez que não tinham nada para vender, assim como Briana, que estava bem melhor e até conseguia andar sem sentir muita dor. Já faziam quase duas semanas desde o incidente no túnel do Wildfire, e a moça só sabia agradecer aos Titãs, principalmente à Cyborg, por tê-la ajudado tanto. Era um favor que ela nunca se esqueceria.
Ravena ajudou Mutano a terminar de arrumar os livros e respirou fundo, esfregando as mãos de um jeito nervoso. Olhou para o portão da garagem, imaginando se a divulgação de Lexi e Shane tinha dado certo. Ela não sabia que o faria se ninguém aparecesse.
- Estamos prontos! – Cyborg gritou, levantando os braços. Ravena virou-se para olhá-lo e corou quando viu que todos os seus amigos já estavam a observando. Pigarreou e tentou sorrir, dando alguns passos para trás e esbarrando no peito de Mutano. – Agora é com você, maninha.
- Você está pronta? – Mutano perguntou, apertando a mão dela. – 7 mil dólares. É o que nós precisamos.
- Eu sei... – ela murmurou, olhando-o nos olhos. – Você acha que vamos conseguir?
- Se não conseguirmos vendendo podemos conseguir oferecendo minhas fotos autografadas. Ninguém resiste à minha beleza.
- Por que não sugeriu isso antes? Ganharíamos muito mais dinheiro com as suas fotos.
- Você sabe, eu não gosto de me achar.
- É claro que sei.
Mutano sorriu de lado e observou o rosto dela por alguns instantes, conseguindo ver que ela lutava contra o nervosismo que sentia. Passou um braço pelos ombros dela e aproximou seus rostos, dando um beijinho na ponta de seu nariz.
- É agora ou nunca.
- Eu sei.
- Você está pronta?
- Sinceramente, não.
- Não se preocupe, nós estamos aqui – ele apontou para os outros. – Eu estou aqui.
- Obrigada – Ravena tentou sorrir, voltando sua atenção para Cyborg. – Pode abrir o portão, Cyb.
- Você quer fazer as honras, Dick? – Cyborg perguntou antes de apertar o controle que abriria o portão. Asa Noturna sorriu e balançou a cabeça, abaixando-se para colocar uma máscara em Max. Pegou o menino no colo e sussurrou alguma coisa no ouvido dele, deixando-o eufórico.
Max levantou o braço esquerdo e sorriu, mostrando seus dentinhos pequenos. Olhou para seu pai e o viu assentindo com a cabeça. Respirou fundo e gritou:
- TITÃS, ATACÁ!
Ninguém precisou de uma segunda ordem.
Cyborg abriu o portão e prendeu a respiração, com medo de não ter ninguém do lado de fora, mas isso não aconteceu. Superando as expectativas de todos, uma multidão esperava do lado de fora do prédio, segurando os panfletos que Shane e Lexi haviam distribuído.
O susto inicial passou rapidamente. As pessoas entraram e procuraram pelo que gostavam. Algumas foram direto na coleção de Mutano, mas ele fez questão de avisar que as Action Figures seriam as últimas coisas a serem vendidas.
- Isso é um livro de receitas? – uma mulher perguntou.
- Sim – Ravena respondeu, mostrando uma página. – É uma edição limitada e antiga, muito difícil de encontrar.
- E essas estátuas?
- Bom... São... Demônios.
- Sério?
- Esse é a Inveja e aqui está a Luxúria. Se você comprar os dois posso diminuir o preço.
- Eu vou levar, minha filha vai adorar!
- E o livro de receitas?
- Também.
Ravena assentiu e colocou os três objetos em uma única sacola, controlando a vontade de rir ao olhar para as pequenas estátuas. Eram réplicas quase bonitinhas de seus irmãos, filhos de Trigon, e ela estava feliz por se livrar delas. Eles nunca tinham sido bons irmãos, de qualquer forma.
- São 207 dólares.
A mulher agradeceu e pagou, saindo satisfeita com sua compra. Ravena levou o dinheiro para Mia, Geórgia e Briana, que estavam cuidando do caixa, e percebeu que já tinha conseguido uma boa quantia em tão pouco tempo. Geórgia ergueu os polegares para ela e murmurou um “estamos quase lá”, antes de voltar sua atenção para as notas e moedas que não paravam de chegar.
Do outro lado da garagem, Max corria sem parar de um lado para o outro, parando todo e qualquer adulto que passava por ele. Fazia questão de sorrir e precisava ajeitar sua máscara toda hora para manter sua identidade de Robin na frente de toda aquela gente.
- Qué compá um caínho?
- E quanto custa? – um homem de meia-idade riu, achando-o adorável.
- Mamãe, quanto custa?
- 3 dólares, meu amor. – Estelar respondeu enquanto atendia outro cliente.
- Tês doláies.
- Aqui – o homem entregou uma nota de cinco dólares, bagunçando o cabelo do menino. – Pode ficar com tudo.
- EBA! – Max gritou mesmo sem saber de quanto era nota. – Bigado! – correu até Asa Noturna e entregou o dinheiro, satisfeito com suas vendas.
- Você vendeu outro, Max? – Lexi perguntou, surpresa.
- SIM!
- Você é o melhor nisso!
- Bigado!
- É injusto – Mutano riu. – Quem resiste à essa carinha? Até eu quero comprar todos esses carrinhos.
- Eu ainda tenho dois – Max mostrou para ele. – A mamãe disse que custa tês doláies.
- Isso tudo?! Não sei se tenho dinheiro!
- Pô favô, Gafild.
Mutano tirou um pouco de dinheiro da carteira e entregou para Max, deixando que ele ficasse com um pouco mais da metade da quantia. O menino vibrou e correu para entregar o que tinha sobrado para Mia.
Asa Noturna se aproximou de Mutano, Lexi e Max, junto com Estelar, e sorriu, levantando as mãos vazias. Ela fez a mesma coisa e olhou para Shane e Jared, que vendiam o último casaco para uma menina de aproximadamente 15 anos. Cyborg chegou logo depois, comemorando e rindo por ter conseguido vender todas suas peças.
- Já vendemos tudo? – perguntou.
- Eu já! – Max gritou, animado. – O Gafild me deu dinheio, papai Asa Notuna.
- É? – o Titã fingiu surpresa. – Quanto?
- Quato doláies.
- Mas isso é muito dinheiro, meu pequeno bungorf! – Estelar brincou.
- Eu sei, mamãe. Agoia tô íco!
- Está mesmo – Jared concordou. – Acho que vou até te pedir dinheiro emprestado.
Max franziu o cenho e balançou a cabeça negativamente, abraçando fortemente as notas que havia ganhado de Mutano. Jared riu e abraçou Shane, beijando sua bochecha, enquanto via Ravena vender seu último livro. Ela entregou o dinheiro para Geórgia e foi até seus amigos, animada.
- Terminei!
- Vendeu tudo? – Mutano a abraçou.
- Não sobrou nada, Gar!
- Então agora só falta...
- Você não precisa fazer isso, de verdade.
- Mas eu quero fazer, Rae.
- É a sua coleção favorita.
- Eu tenho outras prioridades agora – ele piscou para ela. – E, como você diz, são só bonecos.
- Isso é tão injusto...
- Eu não acho.
- As pessoas estão esperando – Lexi apontou para as cadeiras ocupadas do outro lado da garagem. – Podemos começar o leilão?
- Leilão? – Ravena arregalou os olhos.
- Você não pensou que nós fôssemos dar um preço qualquer para uma coleção de Star Wars, não é? – Cyborg perguntou. – Vamos vendê-la com classe.
Um por um, eles saíram e deixaram Ravena sozinha com Mutano. Ele suspirou e olhou para a caixa que Cyborg carregava, sentindo um nó se formar em sua garganta. Olhou para Ravena e tentou sorrir, mas sabia que não a enganaria.
- Eu vou ficar bem. – prometeu.
- São os seus favoritos...
- Você é a minha favorita.
Ravena balançou a cabeça negativamente e segurou a mão dele, juntando-se aos outros, que já estavam começando a anunciar o leilão. A garagem ficou em silêncio enquanto Cyborg explicava um pouco sobre a coleção, e Mutano viu os olhos de várias pessoas brilhando só de olhar para a caixa. Respirou fundo e obrigou-se a ficar sério.
- O lance inicial é de 1700 dólares. – Lexi sorriu, brincando com o martelo de madeira que os juízes usavam no tribunal.
- 1800! – alguém gritou.
- 2000!
- 2000 dólares – Cyborg balançou a cabeça. – Alguém dá mais?
- 2700!
- 3100!
- Vocês estão me dando sono! – Lexi reclamou. – Aumentem esses preços!
- 4500!
- 5000!
- 6200!
- Uou! – Cyborg gritou, olhando para seus amigos. Shane roía as unhas, Jared segurava a mão de Mia com força, Estelar estava com os olhos arregalados, Asa Noturna batia o pé no chão sem parar, Geórgia e Briana esfregavam as mãos, Ravena estava sem expressão, e Mutano parecia estar prendendo a respiração. Max era o único calmo, brincando de chutar o ar, como se fosse um super-herói. – Alguém dá mais? Quem dá mais? Dou-lhe uma, dou-lhe duas, dou-lhe...
- 7000! – uma moça se levantou.
- 7100! – um rapaz fez o mesmo.
- 7500! – ela retrucou, olhando para Mutano.
- 8000!
- 10.000 dólares e a pessoa que me pediu para falar isso não vai desistir.
O rapaz fuzilou a moça com os olhos e sentou-se outra vez, cruzando os braços. Lançou um olhar repleto de desejo para a caixa da coleção e engoliu o choro. A moça sorriu e olhou para Cyborg e Lexi, esperando que eles fizessem alguma coisa.
- 10.000 dólares – Lexi arfou. – Alguém dá mais? – ninguém falou nada. – Dou-lhe uma, dou-lhe duas, dou-lhe três...
- VENDIDO! – Cyborg gritou, apontando para a moça. As pessoas que participaram do leilão começaram a sair, comentando sobre o sucesso da venda de garagem. A moça que comprou a coleção esperou que todos saíssem e foi até o palco improvisado, sorrindo. – Você fez uma boa compra.
- Não é pra mim – ela deu de ombros, pegando a caixa e entregando para Mutano. – Espero que você não me mate por ter aumentado tanto o preço.
Ele apenas balançou a cabeça e agarrou-se a caixa como se sua vida dependesse disso. Ravena arqueou uma sobrancelha, incrédula.
- Vocês se conhecem?
- Não – a moça riu. – Eu fui comprar um vaso com a moça loira – apontou para Lexi. – E ele estava perto, falando sobre os bonecos. Eles me chamaram para ficar para o leilão e ele me pediu para comprar a coleção no nome dele.
- Garfield! – Ravena ralhou.
- Desculpe, Rae – Mutano murmurou, abraçando ainda mais a caixa. – Eu não posso viver sem essa coleção.
- 10.000 dólares em bonecos, Gar? – Lexi arregalou os olhos. – Você é louco.
- Eu não ligo.
- Isso é tão a cara do Mutano que eu não tenho nem o que falar – Asa Noturna balançou a cabeça. – Vamos contar o dinheiro?
Eles passaram o resto do dia mexendo com notas, moedas e até botões que acabaram sendo entregues por engano. Dividiram-se em três grupos para contar, anotar e guardar todo o dinheiro recebido.
Ravena digitou na calculadora o valor das últimas notas que estavam em suas mãos e suspirou. Olhou para seus amigos e sorriu, sem conseguir conter sua felicidade.
- Quanto? – Mutano perguntou, curioso.
- 19.087 dólares e 76 centavos. – ela respondeu, mordendo o lábio inferior. – Nós conseguimos! Por Azar! Nós conseguimos muito mais do que eu precisava!
- Sim, sim, sim – ele gritou, girando-a no ar. – Você tem o dinheiro pra pagar a dívida! Você conseguiu e eu estou tão orgulhoso.
- Obrigada... Eu também estou... Eu...
Ela parou de falar quando sentiu vários pares de braços a rodeando. Afastou-se um pouco de Mutano e aproveitou o abraço em grupo, que acabou incluindo Geórgia e Briana, e deixou uma lágrima solitária escorrer por sua bochecha direita, satisfeita por ter conquistado seu objetivo. Depois de anos lutando para juntar dinheiro, tinha conseguido com a ajuda de seus novos e antigos amigos.
Mais uma vez, a vida estava provando para Ravena que ela não estava e não precisava ficar sozinha. Se ela tivesse aquelas pessoas por perto, então, bem, ela teria tudo.
Quando todos os outros voltaram para a cobertura, Ravena ficou sozinha com Cyborg, terminando de arrumar a bagunça que tinham feito na garagem do prédio. Ele estava calado e sentado no chão, enquanto ela amassava a última caixa de papelão e jogava-a na sacola de lixo.
- 14 milkshakes? – Ravena perguntou, sentando-se ao lado dele e contando os copos de plástico que estavam no chão. – Isso não é um bom sinal.
- Nem me fala – Cyborg suspirou, sugando com força o líquido de chocolate. – Acho que minha barriga está começando a reclamar.
- E qual é o nome do motivo para todos esses copos vazios? Alexia?
- Está tão na cara assim?
- Muito mais do que você imagina.
- Que droga.
- Eu não entendo, Cyb... Por que você não fala com ela?
- Acho que ela não quer conversar comigo.
- Você está brincando? A Lexi está quase implorando para ter uma conversa com você.
- Mas... E se eu não souber o que falar?
- Como diria a Kori: escute seu coração.
- Tão clichê.
- Demais – Ravena fez careta. – Mas funciona.
- Funcionou com você e com o Gar?
- Mais do que você imagina.
Cyborg suspirou e soltou o copo que estava em suas mãos, deixando que ele se juntasse aos outros que estavam no chão. Balançou a cabeça e olhou para Ravena, perdido demais em seus pensamentos para notar o pequeno sorriso que ela sustentava.
- Olhe dentro de si mesmo. Você é muito mais do que já foi ou do que se tornou, Cyborg.
- É, mas não é porquê eu a amo que devo ficar e estragar tudo.
- Você não vai estragar tudo.
- Não tem como você saber.
- E nem você. A questão aqui é que você precisa se arriscar, precisa ir atrás dela e pedir desculpa por ter sido um imbecil.
- Você acha que eu fui um imbecil?
- Um completo imbecil.
- Nossa, obrigado.
- Pode contar comigo.
- Você acha que ela vai me perdoar?
- Ela seria louca se não o fizesse – Ravena deu de ombros, levantando-se. – Olha, eu preciso ir agora porque combinei de sair com o Gar, mas podemos conversar quando eu voltar?
- Claro, Ravena... – Cyborg franziu o cenho. – Aconteceu alguma coisa?
- Não, mas eu estou pensando em... Coisas... E vou precisar daquele seu canhão que cria portais.
- Por quê?
- Você vai saber na hora certa – ela deu um beijinho na bochecha dele. – Te vejo depois. Boa sorte com a Lexi.
- Nem toda a sorte do mundo é capaz de me ajudar no que eu vou fazer, maninha. – ele murmurou quando ela saiu da garagem.
Assim como Ravena imaginou, Mutano já estava esperando por ela, ao lado do Impala recém-consertado. Ele tinha tanto amor por um carro alugado que ela tinha certeza de que ele acabaria comprando o veículo e voltando para Jump City com ele.
Eles não trocaram muitas palavras durante todo o caminho. Foram ao banco trocar o dinheiro e logo depois resolveram ir ao Wildfire, terminar com qualquer vínculo que ainda ligasse Ravena à Morris.
Apenas as funcionárias estavam no clube e eles aproveitaram para entrar com o dinheiro e espalhar tudo pelo escritório de Adriel Morris, sabendo que ele ficaria tão surpreso quanto indignado quando se desse conta do que estava acontecendo. Mutano não era o único eufórico com o que eles estavam fazendo; as funcionárias não conseguiam parar de cochichar, criando teorias para o que Morris faria quando visse Ravena ali.
Por sorte, ele não demorou muito tempo para chegar.
Estava do mesmo jeito de sempre: com uma camisa social velha e manchada, suas correntes de ouro, calça jeans e sapatos velhos. O bafo de álcool também o acompanhava a medida que ele andava e respirava, como se fizesse questão de deixar claro para todos que ele tinha passado por àqueles corredores.
Morris parou de andar e enrijeceu os ombros quando viu Ravena sentada em sua cadeira giratória, olhando despreocupadamente para o papel de parede marrom de seu escritório. Olhou sem entender para as funcionárias que se amontoavam na porta para não perder nenhum minuto do que estava prestes a acontecer.
- O que você está fazendo aqui? – ele rosnou, entrando na sala. Mutano, que estava no canto do cômodo, riu baixinho e balançou a cabeça, provocando-o.
Ravena levantou-se da cadeira e passou os dedos pelos vários potes de vidro que estavam guardando em moedas toda a quantia que ela devia. Sorriu de lado e parou na frente de Morris, arqueando uma sobrancelha e olhando-o com nojo.
- 31.153 dólares – ela falou, mostrando todas as moedas de dez centavos. – E 21 centavos – concluiu, jogando uma moeda de vinte e cinco centavos no rosto dele. Deu de ombros e pegou sua bolsa, segurando a mão de Mutano. – Pode ficar com o troco. – sorriu, passando por Morris e empurrando-o com o ombro.
Passaram pelas funcionárias e escutaram várias exclamações e até alguns aplausos. Ravena não falou nada até estar do lado de fora do Wildfire quando, finalmente, jogou os braços ao redor do pescoço de Mutano, e o abraçou com força, chorando de alívio.
- A minha dívida está paga. – sussurrou, incrédula. – Eu consegui.
- Eu sempre soube que você conseguiria... E nós nem precisamos vender a minha coleção favorita!
- Eu estou livre, Gar! Acabou!
Mutano concordou com a cabeça e passou os braços pela cintura dela, puxando-a para perto. Roçou o nariz no dela e sorriu, lhe dando um selinho rápido.
- Parabéns! – passou os lábios pelos dela. – Você teve o seu mérito e agora está livre.
- É... Eu estou.
- Pronta para começar uma nova vida?
- Eu mal posso esperar por isso.
~*~*~
Cyborg andou a passos firmes pela ala da pediatria do hospital de Midnight City. Acenou com a cabeça para uma ou duas enfermeiras, fingindo saber o que estava fazendo. Se as moças achavam a presença dele estranha, elas não falaram nada e apenas continuaram seu trabalho, sem dar atenção ao que ele estava fazendo.
Ele parou de andar quando chegou ao seu destino e respirou fundo, olhando a placa prateada e brilhante, que reluzia um único nome: Jeremy.
Olhou ao redor para ter certeza de que ninguém estava o vigiando e suspirou aliviado quando viu a cadeira da recepcionista vazia. Bateu na porta e esperou que o médico o atendesse, pensando em como ele seria.
- Posso ajudar? – Jeremy franziu o cenho, olhando-o confuso. Seu cabelo escuro era perfeitamente penteado para trás, e o cheio de gel atingiu com força o nariz de Cyborg. Ao contrário do que ele tinha pensado, Jeremy não era um homem velho como todos os outros. Não. Ele era bonito e estava em forma para a sua idade. Tirando alguns fios grisalhos em seu cabelo, ele enganava bem e aparentava ter seus trinta e poucos anos. Seus olhos continuaram encarando o rosto de Cyborg, e ele balançou uma mão na frente do rosto do Titã. – Quem é você?
- Victor. – Cyborg conseguiu responder. – Victor Stone.
- Você tem horário marcado?
- Não, estou aqui para falar de um assunto que pode te interessar.
- Mas nós nem nos conhecemos.
- Mas conhecemos a Alexia Carter.
- Alexia? A pediatra?
- Você consegue pensar em alguma Alexia que não seja ela?
Jeremy balançou a cabeça e abriu a porta que Cyborg entrasse, curioso com o que ele tinha para falar. Olhou o Titã dos pés à cabeça e contorceu seu rosto em uma careta de desgosto ao ver tantas peças de metal e tão pouco tecido humano. O que uma aberração queria com ele?
- Você quer tomar alguma coisa? – perguntou, repentinamente interessado em ouvir o que Cyborg tinha para falar de Lexi.
- Claro, o que você tem?
- Podemos ficar com uma cerveja.
Cyborg pegou a garrafa de vidro que Jeremy lhe estendeu e tomou um gole da bebida gelada, aproveitando para desviar sua raiva no rosto esticado do médico. Reparou na sala e viu várias fotos de bebês e crianças com a equipe do hospital, onde ele era sempre o elemento central, rodeado por médicas e enfermeiras. Viu Lexi em uma das fotos, claramente encolhida por conta do braço de Jeremy em seus ombros. Ela não parecia feliz.
- De onde você conhece a Alexia?
- Eu a conheci a pouco tempo, mas ela é uma peça rara.
- Eu sei. Ela é uma das melhores pediatras desse hospital, se não for a melhor.
- É, ela sabe bem o que fazer quando o assunto é alguma criança. – Cyborg falou. – Isso sem mencionar a beleza que ela tem...
- Eu não estou entendendo a razão principal dessa conversa.
- Olhe bem, eu estive com a Lexi durante as últimas semanas e nós... Você sabe.
- Ah, entendi. Ela deu pra você.
- Exatamente.
- Entendo, isso me parece ser algo que ela gosta muito de fazer.
Os dois ficaram em silêncio por quase uma hora, apenas tomando cerveja. Cyborg se limitou em ficar com uma garrafa, enquanto Jeremy abria sua décima primeira, animado por ter alguém para conversar no trabalho. Estava sempre tão cercado por mulheres, bebês e mães, que quando algum homem aparecia, ele fazia questão de tratar bem e, é claro, aproveitava para terminar com seu estoque de cerveja.
- Você também já teve alguma chance com ela?
- Quase todos os dias – Jeremy riu, um pouco bêbado. – Mas ela nunca me deixa chegar ao final.
- O que você quer dizer?
- Tendo em mente que você veio falar da Lexi, acho que posso ser um pouco menos... Profissional.
- Estamos entre amigos e eu quero algumas dicas para ficar com ela de novo. – Cyborg mentiu, vendo o médico entrar com tudo em sua conversa fiada.
- Eu trabalho com ela há alguns anos e nós nunca chegamos às vias de fato. Eu gosto de assustá-la, de deixá-la desesperada enquanto me pede para parar.
- Uou, você gosta desse tipo de coisa?
- Adoro. Você não acha excitante?
- É... Acho.
- Então, eu faço isso com ela, e acredite em mim, aquela vadia gosta.
- Sério?
- Sim, ela quase grita. O olhar de desespero, sabe?! Não tem coisa melhor para mim... Ela é como um desafio. Eu já tive todas as mulheres desse hospital, mas a Lexi é diferente. Ela sempre resistiu a mim. Mesmo depois que o Colin morreu.
- Colin? – Cyborg perguntou, levando a conversa para onde ele queria. – O noivo dela?
- O noivo falecido dela, é o que você quer dizer. – o médico deu de ombros, abrindo outra garrafa de cerveja. – Argh, aquele cara era chato.
- Chato?
- É... Nós éramos amigos, mas ele era chato. Papo chato, vida chata, mulher gostosa. A Lexi sempre foi o que salvava ele.
- Continue...
- Ela não dava bola para ninguém além dele e aquilo me deixava louco. Eu a queria. Eu a quero.
- Mas o que aconteceu com o Colin?
- Ele morreu no dia do casamento deles. Foi assassinado.
- Sem chance – Cyborg apertou um botão em seu braço direito, ligando o gravador que tinha em sua armadura. – E quem o matou?
- Depende do ponto de vista – Jeremy tomou um gole de cerveja, inclinando-se para frente. – Para muitos foi uma coisa fatídica, mas para a Lexi... Fui eu.
- E quem está certo?
- Posso te contar um segredo, amigo?
- É claro que pode, nós somos amigos!
- Eu pedi para que o matassem, sabe por quê? Porque aquela vadia não quis fugir comigo. Eu ofereci tudo para ela, até disse que poderíamos morar em outro país e ela não quis... Eu nunca aceito não como resposta. Se ela não fosse minha, não seria de mais ninguém. – o médico contou. – E funcionou. Depois da morte do Colin ela não teve mais nenhum relacionamento sério e sempre deu um jeito de afastar os caras que passavam a noite com ela... Eu matei o Colin, mas matei uma parte da Alexia também. A parte que era feliz.
Cyborg fechou os punhos com força e tentou sorrir, lembrando-se do desespero que Lexi tinha sentido quando Jeremy inventara uma reunião apenas para assediá-la. Sentiu seu rosto esquentando de raiva quando se deu conta que a denúncia que tinham feito não havia servido para nada. Jeremy ainda estava livre, orgulhando-se do que tinha feito, e pensando que Lexi ficaria com ele.
- Você não acha que o que você faz com ela é assédio?
- Assédio? Não. Eu passo uma mão aqui e outra ali, mas eu sei que ela gosta. Ela tenta fugir e implora para que eu vá embora, mas ela gosta.
- Então, se eu entendi bem, você encomendou a morte do noivo dela e a assedia todos os dias no trabalho.
- Nossa, Victor, quem é você? Um investigador da polícia?
- Não – Cyborg riu sem vontade. – Pode ficar tranquilo.
- Você e a Lexi só ficaram uma noite juntos? Foi bom?
- Foi. Mas acho que vou ficar longe dela... Ela é sua.
- Sim, completamente minha. Só minha. Ela não pode escapar de mim – Jared passou as mãos pelo cabelo, mais bêbado do que antes. – Acho que bebi demais.
- É, e você está trabalhando.
- Você se incomoda se eu dormir por 5 minutos?
- É claro que não, amigo. Pode ficar à vontade.
- Obrigado... E, Victor... Fique longe dela. Ela é minha.
- Só sua.
- Isso... Isso...
Cyborg não esperou que Jeremy estivesse dormindo completamente para sair da sala. Correu para fora do hospital e dirigiu para o apartamento de Lexi, ciente que ela tinha voltado para a casa. Não pediu para o porteiro avisar que estava subindo. Não parou, não deu boa tarde, só correu o mais rápido que conseguiu e esperou impacientemente que o elevador o levasse ao andar da mulher que ele amava.
Esmurrou a porta do apartamento e começou a andar de um lado para o outro, desesperado. Precisava mostrar a gravação para Lexi e juntos eles iriam até a polícia ou qualquer outra pessoa que pudesse prender Jeremy. Ele não se importava, estava disposto a procurar a delegacia de outra cidade, se fosse o caso.
- O que você está fazendo aqui? – Lexi esfregou os olhos, sonolenta.
- Eu consegui.
- Conseguiu o quê? Atrapalhar o meu sono?
- Eu consegui a confissão do Jeremy.
- Do que você está falando?
Ele a empurrou para dentro do apartamento e mostrou a gravação que tinha feito. Lexi mexeu as mãos sem saber o que falar e arregalou seus lindos olhos azuis, cedendo as lágrimas que insistiam em cair.
Ela não falou nada. Não brigou, não agradeceu.
Cyborg ficou com medo da reação dela, e encolheu os ombros, preparando-se para uma discussão. Mas a briga nunca veio. Ao invés disso, Lexi o abraçou e chorou alto, sentindo um peso enorme saindo de suas costas. Depois de anos, seu Colin finalmente teria a justiça que merecia, e ela sabia que ele ficaria em paz, assim como ela.
- Obrigada. Muito obrigada, Victor.
- Não precisa me agradecer. É isso que os amigos fazem, certo?
- Amigos?
- Eu fui idiota, eu te apostei e te magoei, mas eu também sofri com isso. Eu não sei o que você fez, se foi o seu jeito ou se foram esses seus olhos maravilhosos, mas eu sinto muito.
- Eu...
- Você não precisa de um cara de te chame de “louca” quando você falar sobre o que sente – Cyborg segurou o rosto dela. – Na verdade, você não precisa de nenhum cara. – ele suspirou e deu de ombros. – Meus amigos resolveram apostar pra ver quem saía primeiro com uma garota sensacional...
- Ah é?
- Sim, mas eu estraguei tudo.
- O que você fez?
- Eu me apaixonei por ela.
Lexi sentiu suas bochechas esquentando e olhou para o chão, envergonhada. Ainda estava parada no meio da sala, sem saber o que fazer enquanto Cyborg conseguia improvisar o pedido de desculpa mais sentimental que ela já tinha visto. Cruzou os braços e balançou a cabeça, afastando-se dele.
- Você é insanamente egoísta, manipulador e egocêntrico – ela brigou. – Por isso eu não gosto de você!
- Terminou? – ele arqueou uma sobrancelha.
- Não – Lexi murmurou, beijando-o com paixão. Eles deram alguns passos para trás e caíram no sofá, rindo. Ela segurou o rosto dele com as duas mãos e colou suas testas, fechando os olhos. – Obrigada.
- Nós já fomos de tudo, Alexia... Desconhecidos, conhecidos, amigos, amantes... Acho que tá na hora de evoluirmos um pouco.
- O que você quer dizer?
- Namorados? – Cyborg perguntou, sorrindo para ela. No dia em que tinham conversado de verdade pela primeira vez, ela disse que nunca se apaixonava, e agora ele entendia o medo dela. Agora eles estavam tão perto, mas tão longe, sem saber se tinham passado no teste. Estava na hora de parar com aquele tipo de relação. Era sempre a mesma coisa: quando seus lábios estavam juntos e seus corações batiam como um só, um dos dois sempre davam um jeito de fugir.
Lexi respirou fundo e ficou séria por alguns instantes, encarando qualquer coisa que não fosse o rosto de Cyborg. Não queria quebrar seu coração e queria dar um tempo ao coração dele. Estava com medo de cometer um erro, mas só tinha uma vida, e precisava aproveitá-la ao máximo, certo? Tinha sido ferida antes e tentava esconder isso com um sorriso, mas Cyborg sempre enxergava o que ela tentava não mostrar. Talvez ele conseguisse aliviar a dor, talvez ela não tivesse que aguentar tudo sozinha.
- Eu estou muito envergonhado agora – ele corou. – Você não me deu uma resposta.
- Você não me fez uma pergunta.
- Sério?
- Muito sério.
- Tudo bem – levantou-se do sofá e ajoelhou-se no chão, ficando de frente para ela. Pigarreou alto e encarou os olhos azuis de Lexi, perdendo-se por um momento. – Alexia Lily Carter, Lexi, mulher mais inconveniente que eu já conheci... Você quer ser minha namorada?
- Eu pensei que você não fosse perguntar nunca. – ela riu, ajoelhando-se para beijá-lo. E depois deitando-se para fazer várias outras coisas.
Eles só pararam várias horas depois para que pudessem ir à delegacia. A denúncia foi feita, não só em Midnight City, como também foi informada ao delegado de Jump City. Não precisaram esperar mais do que duas horas para uma resposta efetiva, graças ao nome de Cyborg.
Jeremy foi preso sem chance de prestar qualquer depoimento para se defender, e perdeu seu título de médico. O hospital negou qualquer ajuda que ele tinha por direito, alegando não ser conivente com formas de abuso e agressão.
Naquela noite, Lexi conseguiu dormir como uma criança ao lado de Cyborg. Ela estava em paz, mas mais importante do que isso, sabia que Colin tinha conseguido seu descanso, e estava muito feliz por ela.
~*~*~
Geórgia guiou as várias funcionárias que moravam no Wildfire para fora do clube. Ela e Briana pediram para que as moças ficassem em silêncio, e anunciaram que elas estavam livres para viverem da forma que quisessem. Nenhuma das moças reclamou ou tentou lutar para ficar no clube. Na verdade, elas ficaram tão surpresas e emocionadas, que começaram a chorar ao perceberem que tinham conseguido sua tão sonhada liberdade.
Porém, Morris não teria a mesma sorte que elas. Graças a uma ou duas funcionárias, Geórgia e Briana conseguiram fazer com que ele tomasse uma grande quantidade de sonífero, então teriam tempo suficiente para realizarem o que tinham pensado.
Os Titãs não sabiam, é claro. Talvez esse fosse o maior motivo pelo qual elas estavam fazendo aquilo de madrugada. Ninguém podia ver, ninguém podia saber. Seria apenas mais um segredo que as madrugadas sombrias de Midnight City guardariam.
Quando elas derrubaram o último galão de gasolina no bar do Wildfire, permitiram-se sorrir e deram uma última olhada para a estrutura do lugar onde tinham vivido um verdadeiro inferno. Tinham poupado um único cômodo do clube: o quarto de Morris. Queriam que ele tivesse uma ótima surpresa quando visse seu precioso império sendo reduzido à cinzas e fumaça.
Com a consciência limpa e um peso fora de seus ombros, elas andaram tranquilamente pelas ruas de Midnight City, enquanto o Wildfire explodia atrás delas. Tinham feito amigos com os Titãs, mas não podiam ficar. Elas não eram boazinhas e tinham muita vida para viver pela frente. Iriam embora para Los Angeles, onde tinham conseguido entrevistas de emprego, graças aos contatos de Jared; ele só não sabia que elas pretendiam ir embora com tanta rapidez.
Tudo que elas deixaram para trás foi uma carta, agradecendo por todo o apoio e carinho que tinham recebido naqueles dias na cobertura. Agradeceram e se desculparam com Ravena, admitindo que tinham sido verdadeiramente ruins com ela.
Elas tinham a chance de uma nova vida nas mãos, e não estavam dispostas a deixar isso passar. Tinham vingado Amália e Anna, e cada chama que tomava conta do Wildfire contava como um grito desesperado de uma funcionária que tinha perdido a vida por causa de Morris.
O clube queimou, assim como tudo que estava dentro dele. Morris não conseguiu sequer entender o que tinha acontecido quando as primeiras chamas queimaram suas pernas. Ele não conseguiu fugir, mas era tão ruim, que acabou escapando da morte. Mais uma vez.
Quando Cyborg o achou no dia seguinte, ele estava no meio das cinzas, camuflado com o ambiente destruído. Machucado, queimado e desesperado, chorando pelo corpo queimado. Mesmo sabendo que não estava fazendo a coisa certa, Cyborg o enrolou em um cobertor, e avisou para a polícia que ninguém tinha sobrevivido ao incêndio “acidental”, que acabou sendo o assunto principal da manhã seguinte em Midnight City.
Levou Morris para a cobertura e, depois de tratá-lo para não ficar com a consciência tão pesada, resolveu com Asa Noturna e Mutano que deixariam Ravena escolher o que seria feito com o homem.
- Então? – Mutano olhou para a namorada, antes de analisar o corpo de Morris. Sua pele estava queimada, mas não demoraria a se recuperar. Era incrível a sorte que o homem tinha. Ele parecia ser o próprio diabo no meio do fogo, sempre recusando-se a queimar. – O que você vai fazer?
- Estou pensando em mandá-lo para um antigo conhecido – Ravena sorriu, pensando em seu plano maligno. Ela continuava sendo filha de Trigon e, depois de tudo, estava na hora de seu lado demoníaco dominar. – Mas preciso dos portais do Cyborg para isso.
- E o que vai acontecer com ele nesse lugar?
- Vocês vão saber na hora certa, mas eu posso dizer que ele vai sofrer. E vai sofrer muito.
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