O Wildfire StripClub estava uma verdadeira loucura. As funcionárias estavam em um canto do bar e os clientes que tinham estado presente na noite passada, estavam em cima do palco, sendo interrogados pela polícia. Ninguém sabia o que estava acontecendo.
- Com licença, nós somos os Titãs de Jump City e fomos designados para investigar o caso. – Asa Noturna falou, aproximando-se de um policial. – Pode nos contar o que aconteceu?
- Conversem com aquela moça ali – o policial apontou. – Parece que ela presenciou a cena. Tirem suas duvidas com ela.
Asa Noturna abriu a boca para responder, mas o policial já havia saído de perto dele. Cyborg e Mutano franziram o cenho e balançaram a cabeça, indignados.
- Que simpático. – Mutano bufou, revirando os olhos. Andou até moça e esperou por Asa Noturna e Cyborg. – Ei, qual seu nome?
- Lena.
- Pode nos contar o que você viu, Lena?
- Eu não sei direito. Trabalho aqui no bar, e saí no mesmo horário que a moça que sumiu. Não sei nada sobre ela... Ontem foi o meu primeiro dia.
- E o que você viu?
- Só a vi andando com um homem no beco a dois quarteirões daqui. Ela parecia nervosa e ele estava um pouco violento. Foi tudo que eu vi antes que escutar um tiro e voltar correndo para cá. Chamei a polícia e a única coisa que eles acharam foi o chaveiro dela. – Lena escondeu o rosto nas mãos e começou a chorar.
- Quem é o dono desse lugar? – Asa Noturna perguntou quando viu a polícia ir embora por falta de provas.
- Eu sou – Morris disse, saindo detrás do palco. – O que vocês querem aqui? A polícia já foi embora e nós precisamos limpar essa bagunça para abrirmos mais tarde.
- O que esse lugar é exatamente? – Mutano fez careta, passando a mão pelo poledance que ficava no meio do palco.
- Você nunca esteve em um clube de stripper, garoto?
- Já, mas eles eram mais... Simpáticos.
- A parte simpática do Wildfire está atrás daquela cortina de miçangas – Morris apontou. – Os quartos ficam ali e vocês podem escolher qualquer garota para fazer um programa. Menos as que ficam no bar.
- Por quê? – Cyborg perguntou, curioso. – O que elas têm de diferente?
- Elas só não são pagas para isso.
Asa Noturna cruzou os braços e suspirou, analisando o clube. Luzes de neon, mesas mal iluminadas, bar com muitas bebidas alcoólicas e mulheres suficientes para uma boa quantidade de homens.
- Quem é a funcionária que desapareceu? – ele perguntou. – E por que alguém faria isso com ela?
- Não posso te dar o nome dela, política do clube. E não tenho noção do motivo disso ter acontecido. Aquela garota era tão na dela que me dava nos nervos.
- Eu preciso dessas informações.
- Sinto muito, Mascarado – Morris riu. – Não posso te ajudar. Se a polícia foi embora por falta de provas, por que diabos vocês super-heróis vão ficar aqui metendo o nariz onde não devem?
- É o nosso trabalho. – Mutano suspirou, tremendo com o olhar que algumas funcionárias lhe lançavam. – Elas são dançarinas ou garotas de programa?
- São os dois. Você escolhe o que elas vão ser desde que pague a hora.
- Não, obrigado.
Cyborg escaneou o lugar com seu olho biônico, procurando por alguma pista que estivesse invisível para os olhos da polícia. Em vão.
- Se vocês não quiserem um programa, façam o favor de dar o fora daqui – Morris cuspiu, apontando para os Titãs. – Temos coisas para fazer. Fora!
Os três começaram a sair do clube, sentindo uma sensação estranha em relação àquele caso. Sabiam que naquela área, era comum acontecer tráfico de mulheres e até mortes por dívidas, mas nada se encaixava. A moça desaparecida não parecia ser muito querida entre suas colegas de trabalho, e seu chefe não se importava com a falta de uma funcionária.
- O que nós vamos fazer agora? – Cyborg perguntou, tirando alguns flocos de neve de seus ombros. Midnight City era conhecida por seus invernos rigorosos e lojas de jóias milionárias, mas naquele ano, o frio estava exagerado. – Por que ninguém aqui parece se importar com isso? Temos uma moça desaparecida e eles estão agindo como se fosse normal.
- É normal, cara – Mutano suspirou, cruzando os braços. – Você viu o tanto de garotas de programa que têm nesse clube? Uma à mais ou à menos não faz diferença.
- Tenho pena dessas garotas.
- Isso não está certo – Asa Noturna sibilou. – Tem alguma coisa muito errada nessa história e esse Morris está escondendo alguma coisa muito séria. Vamos, precisamos achar um hotel para passar a noite. Vou ligar para Jump City e avisar que não temos um dia certo para voltar. Não saio dessa cidade enquanto não resolver esse caso.
Eles começaram a andar pela rua, indo em direção ao T-Car. A porta do Wildfire StripClube se abriu com um estrondo, fazendo-os parar de andar.
- Esperem!
- Quem é você? – Cyborg olhou para ela, pensando se demoraria muito para ela virar uma estátua de gelo.
- Stef – a moça falou, abraçando o próprio corpo para sentir menos frio. Seu vestido era muito curto e ela tinha mais partes do corpo à mostra do que tampadas. – Eu... Conhecia de vista a garota que sumiu. Ela não era muito de conversar e nós nunca nos apresentamos formalmente.
- Você também trabalha no bar? – Asa Noturna perguntou.
- Não, não. Eu faço programa e danço, mas conversei com ela algumas vezes.
- O que você sabe sobre ela?
- Não muito. Somos só colegas de trabalho e algumas moças aqui são extremamente competitivas e não gostam de fazer amizade. Os grupinhos já estão todos formados, parece uma escola de ensino médio.
- Tirando a parte dos estudos... – Mutano cochichou.
Stef sorriu para ele, sem graça. Passou as mãos pelo cabelo e suspirou, dando de ombros.
- Posso passar o endereço dela, se vocês quiserem.
- Por favor, vai ser muito útil. – Asa Noturna assentiu.
- Como é que vocês não sabem o nome uma da outra, mas sabem o endereço? – Mutano arregalou os olhos, confuso.
- Ela mora na Jake Polo Street, num prédio velho de vários andares. Pergunte ao porteiro sobre as garotas do Wildfire e ele vai dar o número do apartamento delas.
- Garotas?
- Ela mora com uma amiga.
- E onde essa amiga está?
- Ela não apareceu para trabalhar ontem à noite. Nunca conversei com ela... Ela é complicada.
- Obrigado, Stef. Sua ajuda está sendo muito importante.
- Por nada. – Stef assentiu. – Já tive amigas que foram traficadas e não tiveram chance de voltar porque ninguém quis ir atrás delas. Por favor... Ahn... Qual seu nome?
- Asa Noturna.
- Por favor, Asa Noturna, não conte para ninguém que eu falei tudo isso. Não quero ter problema com o Morris.
- Tudo bem. Essa conversa nunca aconteceu.
Stef concordou com a cabeça e voltou para dentro do clube, fechando a porta na cara dos Titãs. Eles se entreolharam e suspiraram.
- Acho que o nosso hotel vai ficar para mais tarde. – Cyborg revirou os olhos, andando para o T-Car.
Não demorou muito tempo para que encontrassem o prédio que Stef havia mencionado. O edifício conseguia se destacar no meio dos outros, atraindo olhares para sua fachada simples e mal cuidada. O aluguel ali não deveria ser dos mais caros, o que explicava uma parte do estado em que o prédio se encontrava.
Os Titãs conversaram com o porteiro e foram levados até o sétimo andar, parando na porta do apartamento 977.
- Obrigado – Asa Noturna falou para o porteiro. – Nós podemos assumir daqui.
- O que nós fazemos agora? – Mutano perguntou quando as portas do elevador se fecharam, separando-os do porteiro. Havia mais um apartamento naquele andar, mas eles nem pensaram em sequer pedir informações ali. – Batemos ou não?
Cyborg respirou fundo e pisou no tapete pequeno que estava na frente da porta. O “bem-vindo” soava quase irônico na situação em que eles estavam. Em questão de segundos, escutaram o barulho de várias trancas sendo destrancadas e um homem abriu a porta, olhando-os com curiosidade.
- Posso ajudar?
- Claro. Ficamos sabendo que a funcionária do Wildfire que sumiu morava aqui. – Asa Noturna disse, sério. – Podemos entrar e conversar com você e os outros moradores?
- Ahn... Eu não sei. É melhor voltarem outra hora, e...
- A polícia desistiu do caso por falta de provas. Somos os Titãs de Jump City e assumimos o caso a pedido da polícia de lá.
- O que Jump City tem a ver com os crimes que acontecem aqui?
- Política de segurança mútua. Ficamos sabendo do caso e o delegado imaginou que os policiais daqui precisariam de ajuda.
- Eles precisariam se tivessem feito ao menos um esforço para cuidar do caso. – Mutano revirou os olhos.
O homem pigarreou e olhou para dentro do apartamento, nervoso. Sentiu os olhos dos três Titãs em cima dele e engoliu em seco.
- Tudo bem. – ele suspirou, abrindo a porta. – Podem entrar, vou chamar a dona da casa e já volto.
Eles esperaram o homem entrar em uma das portas do apartamento antes de Cyborg escanear a sala.
- Tudo limpo – ele falou, olhando a mini-tela em seu braço de metal. – Mas eu quase consegui reconhecer uma coisa... Como se meus sensores já conhecessem quem mora aqui.
- Você está ficando velho – Mutano brincou. – Já está quase pifando.
- Vocês não acharam estranha a reação desse homem? – Asa Noturna arqueou uma sobrancelha. – Ele deve ser amigo da moça que sumiu... Perceberam o nervosismo dele?
- Era perceptível de longe, Dick. Quer dizer, Asa Noturna.
Cyborg riu da falta de jeito de Mutano e balançou a cabeça. O homem entrou na sala novamente, sendo seguido por uma mulher que estava com um moletom de capuz, tampando seu rosto.
- Vocês a encontraram? Por favor, me digam que sabem onde a Kori está! – ela disse, aproximando-se deles e tirando o capuz. Ravena arregalou os olhos quando viu seus ex-companheiros de equipe parados na frente dela, olhando-a com o mesmo choque que ela sabia que estava em seus olhos. – O que vocês estão fazendo aqui?
- O que você está fazendo aqui? – Asa Noturna falou, assustado.
- Eu moro aqui.
- Nós viemos investigar o caso da moça que desapareceu.
- Não é possível...
- Vocês já se conhecem? – o homem perguntou, sem graça.
- Shane, agora não.
- Você não vai me falar de onde conhece esses caras? – Shane franziu o cenho. – Um usa máscara, o outro é metade robô e aquele ali é verde! Ravena, não me diga que você está devendo dinheiro para eles também.
- O quê?! Claro que não!
- Nós te falamos que somos os Titãs de Jump City – Cyborg lembrou. – Você não falou isso para ela?
- Não pensei que fosse importante.
Ravena andou até o sofá e sentou-se, escondendo o rosto entre as mãos. Respirou fundo e olhou para os Titãs, amaldiçoando-se por ter dado tanta bobeira.
- Vocês precisam ir embora.
- Não precisamos, não. – Cyborg disse, aproximando-se dela.
- Quase 5 anos que você não nos vê e é desse jeito que nos recebe? – Mutano brincou, sorrindo. – O que você tem feito? Está trabalhando onde? Esse cara é seu namorado? Por que a Stef deu o seu endereço como se fosse o da moça que sumiu?
Shane mordeu o lábio inferior e sentiu vontade de ir até Ravena e abraçá-la para que nada no mundo a atingisse. Sabia muito bem que ela estava prestes a surtar. Não tinha nem ideia de quem eram os Titãs e de como eles a conheciam, mas parecia ser uma história e tanto.
- Não é óbvio? – Asa Noturna cuspiu, olhando-a com raiva. – Ela trabalha no Wildfire. Deve ser a funcionária “complicada” que a Stef mencionou.
- Você continua sendo um bom detetive, Dick. – Ravena riu sem vontade. Sustentou o olhar dele e arqueou uma sobrancelha. – Saiam da minha casa.
- Não! Nós estamos trabalhando no caso e eu não vou desistir enquanto não concluí-lo.
- Sinto muito. Não posso ajudar.
- Mentirosa.
- Ei! – Shane protestou. – Quem você pensa que é?
- Sou o ex-líder dela e agora vejo que sou ex-amigo também. É o seguinte, Ravena, você não tem escolha. Sua amiga sumiu e nós precisamos saber tudo sobre ela. Nos ajude e eu prometo não perguntar nada sobre a sua vida atual.
Ravena engoliu em seco e olhou para Cyborg e Mutano. Tanto um quanto o outro estavam maiores do que ela costumava se lembrar.
- Rae, ele pode ser nossa única chance de encontrá-la. – Shane suspirou. – Se você não falar, eu falo.
- Foi a Kori – Ravena disse, nervosa. – Ela é a garota que sumiu.
Asa Noturna engasgou com a própria saliva e arregalou os olhos por baixo da máscara.
- Como é que é?
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