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História Will I Love You? - Vinte e três


Escrita por: AngelLaw

Notas do Autor


finalmente voltei

Capítulo 23 - Vinte e três


Fanfic / Fanfiction Will I Love You? - Vinte e três

CAPÍTULO 23

VALÉRIA

Coloquei o pincel de volta no pote com tinta e me sentei na grama. Margarida e Marcelina me encararam sérias, mas eu não dei atenção. Estávamos nós três no quintal da casa de Margarida, fazendo faixas para o baile de final de ano. Mas havia algo estranho com a gente aquele dia pois o clima estava pesado e o silêncio reinava desde que havíamos começado nossas tarefas.

- Desistiu de pintar? - Marcelina perguntou.

- Acho que perdi a concentração - respondi simples.

O silêncio voltou a reinar, até Margarida também desistir da faixa e cruzar os braços.

- Tá, o que está havendo com vocês? - perguntou séria. - É nítido que não tá tudo bem. Podem ir falando.

Esperei que Marcelina tomasse a iniciativa e dissesse algo, mas ao invés disso, ela só se encolheu um pouco e mordeu os lábios. Então, sem o menor receio, acabei falando parte do que estava atormentando minha mente

- Acho que não odeio a Alícia. Não o quanto eu pensava que odiava.

Esperava uma reação mais dramática das duas, mas o que recebi foram expressões neutras, até um pouco pensativas.

- O que foi, gente?

- Acho que nunca odiamos a Alícia, na verdade. Ficamos bravas por conta de tudo que vinha acontecendo, mas no fundo esse ódio nunca existiu - respondeu Margarida.

- Tem razão. Eu penso que em algum momento, todas nós tivemos vontade de ser como ela é, e a frustração de não conseguir isso gerou esse sentimento ruim. Sempre foi inveja, mas não ódio - Marcelina disse. - Vocês certamente tiveram motivos para isso. E eu também tive, mas acho que vocês nunca souberam qual, né?

Negamos com a cabeça. Realmente era uma incógnita o fato de Marcelina, supostamente, não gostar de Alícia. Pelo que eu me lembrava, elas só tinham convivido juntas na época do ensino fundamental e mesmo naquela época nada tinha acontecido.

- Eu sempre fui apaixonada pelo Mário - ela começou a dizer. - Quando a gente estava no sétimo ano eu decidi que iria investir nele e quem sabe assim pudéssemos ficar juntos. Mas ele só tinha olhos para a Alícia, o mundo dele girava em torno dela. Desde então eu a detestei. Tudo piorou quando eles começaram a namorar, mas por sorte eu fui para o meu intercâmbio e não presenciei tudo isso. Então eu voltei, ele estava solteiro, me deu bola e aí eu finalmente tive o que eu queria. Assim como também tive a oportunidade de me vingar da Alícia e tirar tudo que ela tinha. Mas...

- Mas...? - Margarida falou, com os olhos atentos em Marcelina.

- A culpa nunca foi dela. Ela não tinha culpa do Mário ser apaixonado por ela. Eu deixei que a inveja falasse mais alto, fiz coisas que não deveria e me transformei em algo que eu nem sou. E agora estou tão arrependida por tudo isso.

- Arrependida por ter feito mal a Alícia? - perguntei.

- Arrependida por ter entrado nesse relacionamento com o Mário. A verdade é que não sou mais apaixonada por ele, ele não é aquilo que eu sempre quis pra mim. Além disso, ele nunca vai superar a Alícia. Esses dias eu vi ele atormentando ela no corredor e fiquei pensando no quanto ele deve fazer mal a ela psicologicamente, sabe? Mas por sorte, acho que o Paulo tá conseguindo ajudar a Alícia nisso.

Foi então que me lembrei de Clementina, seu plano e tudo mais. Aquilo estava me atormentando tanto que eu já nem sabia ao certo como prosseguir.

Pensava em Jaime, no quanto ele pareceu decepcionado comigo por ver o que eu estava fazendo. Em Paulo que, embora eu nem conhecesse, provavelmente sofreria consequências pelos meus atos. Em Alícia, que parecia tão feliz onde estava e mal podia esperar que eu estava planejando tirar essa felicidade dela. E também pensava em mim. Não era só Marcelina que tinha se transformado em outra pessoa por causa da inveja e da raiva, eu também. E assim como ela, o arrependimento tomava conta de mim.

Com isso martelando minha cabeça, acabei contando para as meninas sobre a foto e sobre o que Clementina estaria planejando fazer. Não sei se foi pelo clima melancólico, mas nenhum resquício de empolgação apareceu em suas reações.

- Tem certeza de que vai continuar com isso? - Margarida perguntou.

- Eu não sei o que fazer mais...

- Bom, depois de tudo isso aqui, acho que a gente já sabe que fazer mal a Alícia não é mais o certo. Aliás, nunca foi. A gente se arrepende de ter tratado ela como tratamos, sentimos falta dela... E se continuarmos fazendo mal, vamos sentir ainda mais.

Concordei com Margarida mas ainda assim olhei para Marcelina, esperando que ela dissesse algo.

- Você faz o que quiser - Marcelina disse. - Mas eu só queria dizer que, como nunca antes, o meu irmão tá muito feliz. Ele anda suspirando pelos cantos, cantando, dançando. Ontem ele foi até me dar um beijo de boa noite, coisa que ele nunca fez na vida. E sabe o que isso significa? Que ele está apaixonado, e que tá indo tudo bem com ele e com a Alícia. Então, antes de fazer qualquer coisa, pensa nisso, Val.

Mais uma vez concordei com a cabeça. Aquilo já tinha sido o bastante para que eu decidisse o que fazer.

[Dois dias depois]

- Então é isso, pessoal. Nós continuamos a organização das coisas amanhã, estão dispensados - disse Marcelina.

- Eu vou continuar aqui por mais algum tempo só para terminar uns ajustes no site do colégio - Adriano avisou.

Todos nós concordamos e então arrumamos nossas coisas para ir embora. Era segunda, já tínhamos feito todas as tarefas do dia no comitê então finalmente poderíamos ir para nossas casas.

Quando sai da sala, avistei Jaime indo em direção a saída do colégio e pensei em ir atrás dele para tentar resolver as coisas entre nós, mas fui impedida por Clementina, que simplesmente brotou na minha frente.

- Você não falou nada durante o final de semana inteiro. O que aconteceu?

- Ah, verdade. A gente tem que conversar sobre isso.

- O que houve? Não me diga que você desistiu - Clementina falou juntando as sobrancelhas.

Não consegui falar nada então só balancei a cabeça concordando. Aquele simples ato foi o suficiente para que ela ficasse com o rosto totalmente vermelho de raiva.

- Como assim, Valéria? Você tá brincando, né?

- Não. Eu só acho tudo isso uma bobagem. A Alícia não fez nada pra gente, Clementina, não faz sentido continuar querendo prejudica-la. Deixa ela ser feliz no canto dela, e tenta ser no seu.

- A Alícia nunca fez nada pra gente? Fale isso por você. Eu nunca fui com a cara dela, mas ainda assim ajudei ela quando ela precisou. E sabe o que ela me deu em troca? Tirou tudo que era meu!

- Ela não tirou o que era seu, Clementina. Aliás, se algo deixou de ser seu, é porque na verdade nunca foi, se realmente fosse estaria contigo ainda - respondi.

Os corredores do colégio já estavam absolutamente vazios, então ninguém apareceria para me salvar daquela situação. Só queria ir embora e me livrar de Clementina e suas loucuras, mas pelo visto ela não iria facilitar as coisas.

- Valéria - ela falou entre dentes. - Não consigo entender porque você está assim. A Alícia precisa sair do time! Entenda que isso é o resultado da sua entrada nele. Se você não terminar seu serviço, não ganha sua vaga.

- Eu não preciso disso. Eu pensei muito em todas essas coisas, pensei no time, em ser líder... E descobri que tudo isso significa muito mais para a Alícia do que pode significar pra mim. Sabe, antes dela entrar no time, ela era como uma pessoa perdida. Já não se enquadrava onde estava, não era a pessoa maravilhosa que ela sempre foi. Tudo mudou quando ela entrou no time. Lá é o lugar dela. Ela estava perdida, mas se encontrou. E não sou eu quem farei com que ela se perca de novo.

Os olhos de Clementina se encheram de lágrimas, mas provavelmente eram lágrimas de puro ódio. Já eu estava emocionada com as minhas próprias palavras. Aos poucos eu voltava a ser eu mesma, a pessoa de bom coração, que se preocupava com os outros. A pessoa da qual Alícia sempre teve orgulho de ser amiga.

- Seu discurso foi muito bonitinho, queria até anotá-lo num caderno ou coisa assim... Mas seria uma perda de tempo. Assim como foram todos esses dias que passei achando que você estaria comigo nessa. Como você é idiota, Valéria, absolutamente idiota.

Fingi que não escutei nada daquilo, dei de costas e sai andando. Porém outra fala sua me fez parar.

- Tudo bem, Valéria. Idiota fui eu em pensar que precisava de alguém para me ajudar em alguma coisa. Posso fazer tudo isso sozinha, e farei. Em poucos dias sua amiguinha já estará fora do time, ou quem sabe, até fora do colégio. E aí você verá que a sua compaixão não serviu de nada - ela deu uma risadinha. - Tenha um bom dia.

Então Clementina que deu as costas dessa vez e foi embora.

Não sei como consegui pensar tão rápido, só sei que em questão de segundos eu já estava novamente na sala do comitê, assustando Adriano com a minha entrada afobada.

- Eita, vai com calma - ele disse. - Esqueceu alguma coisa?

- Não. Preciso falar com você, é urgente. Você já terminou as coisas do site?

- A maioria, sim. Mas ainda faltam algumas coisas.

- Pode deixar que eu faço - falei imediatamente. - Eu tenho um trabalho muito mais sério e mais importante para te pedir.

Adriano franziu as sobrancelhas, completamente confuso com tudo. Eu também estava um pouco, nem sabia se fazia sentido o que eu estava pensando, mas ainda assim precisava tentar.

- Valéria, eu...

- Você precisa hackear o celular da Clementina e apagar uma foto que tem lá.

A surpresa tomou conta de seu rosto e logo tratei de explicar tudo pra ele. Eu e Adriano não éramos exatamente próximos, mas eu confiava nele, então não me importei em contar tudo que estava acontecendo e pedir aquele favor.

- Mas eu nem sei se vou conseguir fazer isso, Valéria, sem contar que é algo bem errado, né?

- Errado é o que ela quer fazer para ferrar com a Alícia. Por favor, Adriano, você consegue, sim, você é fera em tudo isso.

Fiz a cara mais fofa que podia na tentativa de que ele aceitasse fazer aquele favor para mim, e sorri abertamente quando ele disse  

- Certo. Acho que amanhã Clementina já não terá mais foto alguma no celular dela.


Notas Finais


Obrigada por ler 💖


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