História Will I Love You? - Trinta e quatro

CAPÍTULO 34

ALÍCIA

O baile foi um marco na história do colégio. Mesmo sendo uma tradição que se repetia há anos ali, acho que nenhum havia sido tão bom quanto aquele. Qualquer pessoa que estivesse ali presente levou consigo uma lembrança que jamais iria se esquecer. A minha foi a minha volta com o Paulo, é claro.

 E após isso, as coisas começaram a passar numa rapidez absurda. Primeiro veio o Natal, onde eu e minha família passamos na casa de Paulo. Depois o Ano Novo, onde também passamos todos juntos, mas na minha casa. E uma semana depois foi a formatura de Jaime e Paulo.

 Tudo estava mais do que perfeito. Meu namoro com Paulo ia cada vez melhor, nossas famílias se adoravam, eu já me dava muito bem com a Marcelina. Jaime também estava muito feliz pois, embora estivessem indo devagar, a relação dele com a Valéria parecia estar dando certo também. E a felicidade de todo mundo aumentou quando ficamos sabendo que Paulo e Jaime haviam passado no vestibular.

 Meu pai fez questão de dar um festinha em casa para comemorar a vitória dos dois. Eu não podia estar mais feliz. Mas sentia também uma apreensão tomando conta de mim. Tudo aquilo significa que eu teria que aprender a ficar longe de Paulo, já que sua faculdade era no interior. Não sabia se eu seria capaz de suportar aquilo...

DIAS DEPOIS 

Apoiei a cabeça em minha mão e encarei Paulo, que estava deitado ao meu lado com os olhos fechados. Achei que ele estivesse dormindo, afinal já se passava das duas horas da manhã, por isso não falei nada, só fiquei o admirando.

Era final de janeiro. Aquela seria a última noite que Paulo passaria em casa, antes de ir morar no interior por causa da faculdade, e por isso eu estava ali, junto com ele tentando aproveitar aquelas preciosas horas.

Já tinha tirado da cabeça a ideia de que não conseguiria aguentar a distância. Era meu dever aguentar! Paulo estava tão feliz com a nova etapa que se iniciaria em sua vida, eu não podia estragar isso. E a qualquer indício de tristeza minha, ele perceberia e aí já estaria tudo estragado. Por isso, se em mim ainda houvesse qualquer sentimento ruim em relação a sua partida, eu estava escondendo o máximo que podia. Mas ali, em plena madrugada o observando, era difícil esconder a melancolia e a saudade antecipada. Quando me dei conta, estava em meio a um choro grosso e silencioso.

- O que houve, coração? Por que está chorando? - Paulo perguntou, me fazendo tomar um susto.

- Achei que estivesse dormindo!

- Que nada, acho que não vou conseguir dormir nada hoje. Estou ansioso. E com saudade de tudo isso aqui também.

- Mas você deve dormir - respondi limpando as lágrimas que cismavam em cair. - Você tem que estar descansado pra viajar hoje cedinho.

- Nas outras noites eu vou ter tempo para dormir, mas só hoje eu tenho você aqui. Não posso desperdiçar isso. Agora me conta, por que você tá assim?

Me deitei em seu peito e comecei a fazer um carinho em seu braço. Pensei se deveria ou não dizer o que eu estava sentindo.

- Já estou com saudade de você - falei sem medo. - A gente passou por tantas idas e vindas, tantos dias separados... Acho que não aproveitei direito os momentos em que podia ter você o tempo todo comigo.

- Oh meu amor - Paulo falou acariciando meus cabelos. - Eu também penso isso, sabia? Mas também penso que a partir de agora nada mais vai nos separar. Ta... Vamos estar um pouco distantes durante a semana, mas vamos estar juntos mesmo assim.

Minha sensibilidade estava tão grande, que àquela altura eu já estava quase soluçando.

- Alícia, o que eu quero que você entenda é que a distância não vai mudar em nada a nossa relação, ok? Não importa onde eu esteja, você sempre vai ser a dona de todos os meus pensamentos, e do meu coração. Aliás, você já é a dona de tudo isso desde que eu tinha treze anos. Esperei por todos esses anos para te ter comigo, e você acha que agora, quando eu finalmente tenho, vou deixar que alguns quilômetros estraguem isso? Jamais.

- Você promete? - perguntei levantando a cabeça para olhar em seus olhos.

Paulo abriu um sorrisinho e bateu o dedo na ponta do meu nariz.

- Claro - respondeu. - Você não vai se livrar de mim nem tão cedo, coração. Até porque a gente vai casar, não vai?

Sequei o restante das lágrimas e me sentei, sorrindo junto com ele.

- Está me pedindo em casamento, é?

- Ainda não - Paulo falou rindo. - Mas você sabe que não vai demorar muito pra eu fazer isso. Todo mundo sempre soube que meu sonho é casar com aquela líder de torcida estabanada que chegou meses atrás e chamou a atenção de todo mundo do time, mas principalmente a minha.

Abri um sorriso enorme, sentindo meu coração pulsar forte enquanto eu recordava tudo que tinha acontecido desde a minha entrada no time do colégio. Se eu não tivesse aceitado o convite de Paulo para ser uma líder, provavelmente estaria no fundo do poço, sofrendo por coisas que não valiam a pena e me sentindo a pior pessoa do mundo.

Mas, ele apareceu e mudou tudo...

- Obrigada por ter me salvado quando eu mais precisei - falei passando a mão por seu rosto.

Seus olhos brilharam ainda mais depois daquelas palavras. Paulo me puxou pela cintura e ficamos ali, deitados e abraçados ouvindo a respiração um do outro. Eu já estava quase pegando no sono, quando o ouvi sussurrar

- É você que me salva todos os dias, Alícia.

Aquela frase foi tudo que eu precisei escutar para ter a certeza de que amava Paulo mais do que tudo no mundo. E que ele me amava também. E assim, qualquer preocupação minha foi embora. Afinal, com tanto amor assim, não importava a distância, jamais estaríamos longe.