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História Will you be mine? - Significado


Escrita por: Niccha

Notas do Autor


Cap curto, tô toda enrolada com um milhão de prazos de coisas diferentes. Tá doido o negócio, espero que possam me perdoar. Enfim, cap~

Capítulo 14 - Significado


Até onde as escolhas de alguém pertencem de fato a essa pessoa?

Era uma pergunta difícil, na qual ele não pensava com frequência. Preferia não pensar.

Não escolhera ser um Omega, mas tinha escolhido ir contra essa parte de si. Não escolhera encontrar Todoroki, mas fora sua a decisão de não se afastar.

Certo? Podia ser assim, tão simples?

Se aquilo não tivesse acontecido no colégio, ainda seria tão ruim ser um Omega? Se ele não fosse um Omega, e Todoroki não fosse um Alpha, eles ainda seriam próximos?

Tinha medo que, caso fosse parar para pensar em tudo que o levara a tomar toda e qualquer decisão em sua vida, descobriria que nenhuma de suas escolhas tinham sido suas de fato. Instintos, vontades, decisões, influências. Quais eram as proporções de cada um desses fatores em sua vida?

Era exaustivo.

Sua mente estava nublada, e nada disso parecia coeso naquele momento, apesar de estar ali. Tudo o que havia era uma confusão dolorosa que o fazia se sentir mal de diversas de maneiras diferentes.

Ele não conseguia organizar qualquer pensamento que fosse, de fato. Sua cabeça rodava e seu corpo queimava.

“Você não precisa pensar.”

A sua frente, Todoroki aguardava, desfocado em seu campo de visão. A essência do Alpha tão pesada no ambiente que fazia Midoriya se sentir tonto. Ele estava esperando pela resposta.

Midoriya se sentia drenado demais para aquilo. Não queria pensar.

Mordendo o interior do lábio inferior, ele cobriu os olhos com um dos braços e virou a cabeça para o lado. Essa decisão era dele? A essa altura, provavelmente não importava.

E confirmou com a cabeça.

~.~.~

Todoroki engoliu em seco. A chuva que fustigava a janela agora mal podia ser registrada por seus sentidos, os barulhos de seus próprios batimentos cardíacos retumbando em seus tímpanos. O Alpha nunca se considerara alguém com problemas de autocontrole, mas aquilo definitivamente estava sendo desafiador.

Midoriya acabara de lhe dar permissão.

De novo e de novo, o meio a meio tinha que repetir para si mesmo o motivo de estar fazendo aquilo. Ia ajudar Midoriya em uma situação difícil. Apenas isso. Ele não tinha ideia do que podia estar passando pela cabeça do outro naquele momento, mas sabia que ele provavelmente estava pensando demais no que quer que fosse, se colocando numa situação ainda pior enquanto se torturava.

Todoroki não tinha como saber no que ele estava pensando, nem como resolver aquilo. Mas sabia uma coisa que podia fazer, agora. Por ser um Alpha.

Finalmente afastando o olhar do rosto do outro, Todoroki deixou sua visão percorrer o corpo do mais baixo, descendo. Ele podia sentir como a pele de Midoriya estava quente sob suas mãos, e como cada movimento de seus dedos, por menor que fosse, fazia o outro suspirar de leve.

Todoroki sabia que Midoriya devia estar no próprio limite, e não pretendia fazê-lo esperar muito mais.

~.~.~

Midoriya se sentia nervoso. Agora mais do que nunca.

Seu coração batia tão forte contra suas costelas que era difícil respirar. Mantivera os olhos fechados desde sua resposta, mas não tinha certeza se aquilo ajudava ou apenas piorava as coisas. De qualquer forma, ainda conseguia sentir a movimentação do outro, tão próximo dele.

Ele sentiu quando as mãos de Todoroki deixaram de tocá-lo, e ouviu o som de tecido sendo arrastado que veio depois disso. Ele não sabia ao certo quanto tempo havia passado, mas lhe parecia tempo demais. Cada segundo servindo para estocar mais e mais ansiedade nervosa dentro de seu peito.

Quando finalmente sentiu uma das mãos do maior voltar a tocá-lo, segurando sua coxa por baixo e a empurrando para cima, Midoriya inspirou em surpresa, abrindo os olhos em reflexo com o coração dando uma cambalhota em resposta. Por instinto, sua própria mão vagou até o pulso do outro, olhando para baixo com as sobrancelhas franzidas por um segundo antes de fitar o rosto do Alpha.

Por um segundo, Midoriya abriu a boca para falar algo que ele mesmo não foi capaz de descobrir o que seria, pois a voz de Todoroki soou, no mesmo tom rouco que fez o Omega prender a respiração. Se não estivesse no estado em que estava, talvez o menor tivesse sido capaz de registrar o quão concentrado o Alpha parecia, ombros tensionados e olhar fixo, baixo.

- Apenas tente relaxar o corpo. – Instruiu, mal dando tempo para Midoriya processar o que ele falara antes de começar a empurrar o próprio quadril para frente, devagar.

Arqueando as sobrancelhas, o Omega arquejou, apertando a mão em volta do pulso do meio a meio e emitindo um pequeno som que expressava sua surpresa.

Erguendo os braços, ele os cruzou na frente do rosto, se escondendo. A sensação estrangeira fazendo-o ficar com a respiração entrecortada. Era completamente diferente dos dedos que estiveram ali, antes. Todoroki estava claramente sendo cuidadoso, tomando seu próprio tempo e tornando quase impossível para Midoriya fazer qualquer coisa além de tentar conter os sons engasgados que insistiam em querer escapar de sua boca. Era difícil não se concentrar na sensação e “relaxar”, como o outro dissera. Se sentia extremamente envergonhado por diversos motivos. Por estar naquela posição, exposto daquela forma. Por não saber que tipo de expressão podia estar fazendo. Por ser tão difícil controlar a própria voz. E, principalmente, por ser quase ainda mais difícil não pedir para que o outro se apressasse. Aquilo era tortura.

Como ele podia ter acabado naquela situação? Se sentia ridículo.

“Ele estava certo.” Pensou, em algum lugar de sua mente, o mesmo par de olhos que vira no sonho cruzando sua mente pela milésima vez. Midoriya não passava de um Omega patético.

Uma lágrima escorreu pelo canto do seu olho, e ele comprimiu os lábios. Se sentia engasgado e sem fôlego, provavelmente por estar respirando de maneira tão descompassada, prendendo o ar constantemente.

- Midoriya. – A voz de Todoroki soou, dessa vez um pouco mais próxima, e só então o Omega percebeu que ele tinha parado. – Olhe pra mim.

O menor sentiu uma mão encostar em um de seus antebraços, o empurrando de maneira gentil, como se quisesse afastá-los. Aquilo o encheu de ansiedade. Não queria que o outro o visse daquela forma, e tampouco queria ver sua reação quando o fizesse. Entreabrindo os olhos, Midoriya encarou o meio a meio com as sobrancelhas franzidas, abrindo a boca para falar o que com certeza seria um pedido de desculpas, mas não foi capaz de vocalizar seus pensamentos.

Midoriya quase nunca conseguia entender perfeitamente o que se passava na cabeça de Todoroki, apesar de sua sinceridade. Era difícil decifrar suas expressões, e ainda mais difícil compreender o que vinha por trás de seu olhar.

Entretanto, quando ele abriu os olhos para ver que Todoroki havia se inclinado sobre ele, o rosto agora mais próximo, o Omega se viu prender o ar por um motivo diferente.

No par de orbes bicolores que o encaravam de maneira tão incisiva, não havia qualquer traço de repulsa ou desprezo. Havia desejo e intensidade, com as pupilas dilatadas que não deixavam espaço para dúvidas sobre quanto os instintos do outro estavam em alerta naquele momento. E, apesar disso, havia uma sombra tão calorosa que fez o peito de Midoriya doer. Ele nunca pensara que um Alpha poderia fazer uma expressão como aquelas em uma situação assim.

Subitamente, Midoriya se sentiu mais relaxado, como se algo muito pesado tivesse sido levantado do seu peito. Ele deixou que Todoroki afastasse seus braços, dando um pequeno suspiro. Não queria pensar, e naquele momento sentiu como se tivesse permissão para isso.

- Eu vou começar a me mover. – Avisou o mais alto, e o Omega sentiu a bola de ansiedade em seu estômago revirar mais uma vez.

Todoroki o fitou por mais um segundo antes de abaixar o próprio olhar mais uma vez, começando a fazer o que tinha dito. Com uma mão apoiada no colchão, ao lado do corpo de Midoriya, e a outra ainda segurando sua coxa, o Alpha recuou os quadris de maneira cuidadosa. E foi quando o pensamento de que aquele ritmo não passava de nada além de suplício estava começando a se formar na mente do Omega que o meio a meio voltou a empurrar o quadril para frente com tudo, de forma completamente contrária a como tinha agido antes.

Pego de surpresa, Midoriya não foi capaz de conter o gemido engasgado que lhe escapou, arqueando as sobrancelhas e arregalando os olhos de leve com a descarga elétrica que pareceu atravessar seu corpo.

A sensação que lhe cruzou foi tão forte que ele se sentiu zonzo por um instante, franzindo as sobrancelhas logo que o Alpha começou a se afastar da mesma forma que antes. Abaixando a cabeça e levando uma das mãos até o antebraço do outro, ele fitou o rosto do maior ao chamar, tentando conseguir sua atenção, mas mais uma vez sendo incapaz de concluir sua linha de raciocínio.

- T-Todoroki-ku, es... ah! – Jogando a cabeça para trás com mais uma estocada, Midoriya arqueou as costas.

Cerrando os olhos, o Omega apertou a própria mão, arrastando as unhas pela pele do braço do meio a meio. Todoroki estava começando a assumir um ritmo, e cada movimento fazia Midoriya ter mais e mais dificuldade em se concentrar em algo além de tentar conter a própria voz. Ele mal podia acreditar no som que acabara de fazer. Entretanto, ele também mal tinha tempo de se sentir envergonhado. Era como se a cada segundo sua sanidade fosse jogada pela janela, pedaço por pedaço.

Ele já estava com essa sensação antes, mas agora o sentimento apenas se fortalecia. Era como se, aos poucos, todos os seus sentidos fossem sendo gradativamente preenchidos pela essência do Alpha. Como se sua própria existência o engolisse, o envolvendo.

Em outra situação, talvez ele tivesse percebido o quão perigosa era a posição na qual estava. Talvez tivesse percebido como seu corpo estava se rendendo ao toque do outro, e como sua mente estava deslizando para um estado de torpor. Ele não tinha qualquer controle, ali, e não via problema nisso. Aquela sensação podia ser viciante.

Quando uma espécie de suspiro soou, Midoriya entreabriu os olhos. O cabelo de Todoroki caía sobre seu rosto, e o Alpha recolheu a mão que tinha no colchão, correndo os dedos entre os próprios fios repartidos e os empurrando para trás, o peito subindo e descendo enquanto ele respirava fundo. Apesar da pouca iluminação, seus olhos ainda pareciam cintilar, e com o mais alto naquela posição, com a postura ereta suado por causa do esforço, Midoriya podia jurar que nunca achara ninguém tão atraente em toda sua vida. A mera visão sendo suficiente para fazer um arrepio cruzar sua espinha e seu coração falhar uma batida.

E, por um breve momento, um pensamento fugaz cruzou sua mente, dando voz a o que seus instintos levavam daquele momento. Voltando a se inclinar sobre ele, Todoroki levou a mão que usara para arrumar o próprio cabelo até o rosto de Midoriya, numa pequena carícia com as costas dos dedos, fazendo o Omega fechar os olhos.

Logo em seguida, Midoriya pôde sentir a própria mão que tinha solta no colchão, palma voltada para cima logo ao lado de sua cabeça, ser segura. Dedos se entrelaçaram aos seus quando o Alpha retomou seus movimentos, fazendo o menor cerrar os olhos mais uma vez.

Aquilo não condizia com suas vontades, nem com sua maneira de agir. Não se alinhava com seus princípios, nem com suas experiências. Mas, naquele momento, sua mente estava vazia. Não havia nada.

Nada além de Todoroki.

Midoriya quis pertencer a ele.

~~~

Quando Midoriya abriu os olhos no dia seguinte, não havia barulho de chuva, e tudo que ele podia ouvir era o tique-taque de um relógio que ele não sabia dizer onde estava. As cobertas sobre ele estavam quentes, e ele se sentia muito confortável. Além disso, havia um mesmo cheiro que preenchia todo o ambiente, fazendo-o se sentir acomodado. Levou alguns segundos confusos para que ele processasse que não estava no próprio quarto.

Piscando algumas vezes com a claridade que entrava pela janela, ele franziu as sobrancelhas, erguendo uma das mãos e esfregando os olhos. Sentia que eles estavam um pouco inchados.

Afastando um pouco as cobertas e apoiando uma mão no colchão, ele se sentou, olhando em volta. Subitamente descoberto, Midoriya sentiu uma sensação incômoda de frio da cintura para cima. Não estava usando camisa. Na verdade, não estava usando roupa nenhuma.

Uma bola de gelo pareceu começar a se formar em seu estômago à medida que a realização de onde ele estava começou a atingi-lo, junto às memórias da noite anterior. Agora com uma sensação de ansiedade desconfortável, ele fixou os olhos no espaço vazio ao seu lado, na cama. Não havia mais ninguém no quarto.

Tentando controlar o nervosismo que crescia dentro de si, Midoriya escaneou o ambiente, reparando propriamente no quarto do Alpha pela primeira vez desde que chegara ali. No geral, tudo estava limpo e bem organizado. Uma escrivaninha jazia contra a parede, com o laptop fechado e alguns livros perto dele. A bolsa do meio a meio estava pendurada em um cabide na parede.

Aos seus pés, na cama, havia algumas roupas dobradas, assim como uma toalha que parecia limpa. Todoroki provavelmente deixara aquilo ali para ele. Entretanto, o Alpha em si não estava por perto.

Por algum motivo, aquilo fez um nó se formar na garganta de Midoriya.

“Relaxe.” Disse a si mesmo. Não tinha como Todoroki ter fugido da própria casa. E, mesmo se não estivessem na casa do mais alto, ele não faria isso.

Mesmo assim, era difícil não se sentir apreensivo. As coisas tinham fugido do controle, na noite anterior. Midoriya não achava que fosse apenas um alvo para o Alpha, mas era inevitável sentir a tensão que se formava com a perspectiva de poder ter perdido o que quer que fizesse Todoroki ter interesse nele.

Cobrindo o próprio rosto com ambas as mãos, o Omega respirou fundo, a essência do meio a meio invadindo seus sentidos. Aquilo o tranquilizou um pouco, e ele sentiu seus ombros caírem, mais relaxados. Olhando para o lado, ele viu uma garrafa d’água pousada sobre uma mesinha de cabeceira. Só então Midoriya reparou em como estava com sede.

Quando terminou de beber, ele encolheu as pernas, as abraçando e apoiando a lateral do rosto nos joelhos ainda cobertos, com a garrafa agora vazia em uma das mãos. Fitando nenhum ponto específico, ele se deu algum tempo para sentir o estado do próprio corpo. Se sentia exausto, mas, ao mesmo tempo, extremamente leve. Era estranho. Seus períodos de heat sempre vinham seguidos de uma fase de cansaço e uma estafa da qual era difícil de se livrar, independente do método que ele usasse para cuidar da situação: supressivos ou ele mesmo.

Estava assim por ter feito com um Alpha?

O pensamento fez seu rosto esquentar, e ele o escondeu entre os joelhos, apertando o abraço. E foi quando ele percebeu mais um detalhe. Não se sentia exatamente sujo, em nenhum lugar. Não estava pegajoso, nem nada assim. Um pouco surpreso, ele levantou a coberta, dando uma olhada nas próprias pernas.

A imagem o fez sentir o calor que já estava em sua face se espalhar com violência. De fato, ele não estava sujo, mas entre suas coxas haviam diversas pequenas marcas, algumas de dentes.

Todoroki o tinha limpado? Ele não conseguia lembrar.

Na verdade, era difícil lembrar com exatidão qualquer coisa que acontecera após ele deixar o banheiro. No geral, ele conseguia se lembrar da sensação. Da figura de Todoroki... Do prazer.

E, então, da inconsciência.

Era um pouco vergonhoso pensar que ele só tinha “desmaiado”, depois de tudo.

Ele ainda estava se martirizando com esse pensamento quando o som de passos o fez desviar o olhar para a porta do quarto. Em uma camisa simples e calças de aparência confortável, Todoroki apareceu, arqueando as próprias sobrancelhas ao ver o Omega acordado. Entretanto, para variar, o Alpha não sustentou o olhar, desviando sua atenção para um ponto qualquer e falando:

- Ah, bom dia.

- B-Bom dia... – Cumprimentou de volta, também desviando o próprio olhar. Midoriya tinha certeza de que estava muito vermelho. Aquilo era estranho. Não sabia como devia se comportar. Em alguma parte de sua mente, o mais baixo se lembrava do outro mencionando que ele poderia fingir que nada tinha acontecido, caso assim quisesse, mas isso era sequer possível?

~.~.~

Esfregando a nuca, Todoroki inclinou a cabeça para o lado antes de se endireitar e seguir até a própria cama, sentando na borda próximo a Midoriya, que moveu os pés sob as cobertas. O cabelo verde do outro estava bagunçado e meio amassado de um lado, o que o Alpha achou adorável. Além disso, ele estava corado, coisa que o meio a meio havia previsto. Se perdendo por um segundo, ergueu uma das mãos, tocando o rosto do menor com as costas dos dedos de leve, enquanto o avaliava. Seus olhos estavam vermelhos e um pouco inchados, provavelmente por causa de todo o choro da noite anterior.

Para sua surpresa, Midoriya não recuou perante a carícia. Na verdade, o ômega inclinou o rosto na direção dos dedos do Alpha, encolhendo os ombros parecendo envergonhado, mas satisfeito.

- Como se sente? – Perguntou, depois do pequeno período de silêncio que se estendeu.

- Bem, eu acho. – Respondeu Midoriya, dando de ombros. Ele continuou a evitar o rosto do Alpha por mais alguns segundos antes de levantar um olhar acanhado naquela direção.

Desviando o olhar para a garrafa vazia que o outro tinha em mãos, Todoroki confirmou com a cabeça. Tinha deixado aquilo ali na noite anterior, depois de limpar o Omega desacordado da melhor maneira que pudera se locomover para a sala, onde dormira. Todoroki tivera medo de qual poderia ser a reação de Midoriya caso acordasse ao seu lado. Ele não tinha como saber como ambos iam encarar aquela situação, afinal.

- Não tinha muita coisa na geladeira, então saí pra comprar algumas. – Explicou. – Então, se estiver com fome... Eu também coloquei suas roupas na máquina, mais cedo. Elas já estão secando, agora. Separei algumas caso você queira usar enquanto espera.

A frase morreu no ar, e Midoriya apenas confirmou com a cabeça. Todoroki se sentia um pouco ansioso. Tinha medo do que ia acontecer a partir dali. Ele gostaria de simplesmente perguntar, mas tinha receio do que podia poderia ouvir. Olhando para o Omega, agora, mal podia acreditar que tinha conseguido manter o controle sobre si mesmo. Perdera as contas de quantas vezes tivera que empurrar o impulso que lhe dizia para marcar o menor para o fundo de sua mente. Midoriya nunca lhe perdoaria, se fizesse aquilo. Não tinha como saber nem se estava bem com o que tinham feito.

Quando o silêncio começou a se estender em demasia, Todoroki puxou o ar.

- Então –

- Todoroki-kun –

Disseram ao mesmo tempo, e pararam.

- Ah, desculpe. – Começou Midoriya, arqueando as sobrancelhas.

Todoroki negou com a cabeça.

- Tudo bem. Pode falar. – Encorajou, e o Omega comprimiu os lábios por um momento.

- B-Bom, eu... Eu não sei bem o que falar, na verdade. – Admitiu, olhar baixo. Parecia estar fazendo um grande esforço para falar aquilo. - Acho que nunca senti tanta vergonha. – Um suspiro. – Mm, eu... Sinto muito. Por ontem...

- Não sinta. – Cortou Todoroki, mais rápido do que conseguiu pensar. – Quer dizer, o que eu falei ainda está valendo. – Disse, ainda que a ideia o fizesse se sentir péssimo. – Vou aceitar qualquer que seja a sua decisão, mas... eu não entendo por que você deveria pedir desculpas.

Midoriya escondeu o rosto, fazendo Todoroki recolher a própria mão.

- Você deve estar bem desapontado comigo. – Murmurou, voz um pouco abafada. - No final, eu só te usei como válvula de escape. – Falou ele, num tom que trazia um ar de humor seco. – Mesmo depois de tudo... – Um suspiro. - Eu vou entender se não quiser mais olhar na minha cara. Você não precisa fazer isso.

Todoroki franziu as sobrancelhas.

- Esse é o seu jeito de cancelar o nosso encontro? – Perguntou, e Midoriya ergueu o rosto, parecendo confuso.

- O-O que?

- Nada mudou, sobre como eu me sinto. Por isso o que você fala não faz sentido pra mim.

- Mesmo eu não passando de um Omega patético, afinal de contas?

- Você é você, e isso é tudo com o que eu me importo. Além disso... Omegas são patéticos? – Questionou, e Midoriya ficou em silêncio. – Parando por um segundo, Todoroki fitou a janela enquanto pensava, voltando a falar com o olhar baixo. – Eu entendo que ter esses instintos te coloca em uma posição ruim. Sempre fui ensinado a ver Omegas como inferiores, feitos para servir. Não fazia sentido, mas todos ao meu redor sempre agiram de acordo. – Ao seu lado, Midoriya encolheu os ombros, desviando o olhar. – Ontem... foi a primeira vez que eu me senti feliz por ser um Alpha. – Declarou, voltando a olhar o menor, que também retornou sua atenção para ele, parecendo surpreso. – Foi por ser um Alpha que eu pude fazer você se sentir bem. É verdade que Omegas conseguem satisfazer Alphas, nessa questão, melhor do que Betas. Mas a recíproca também é verdadeira, não? Alphas servem os Omegas, tanto quanto os Omegas servem para os Alphas. – Uma pausa. – Pelo menos é isso que eu acho, agora.

Ele não tinha certeza se tinha sido claro o suficiente. Ele mesmo acabara de chegar àquela realização, e esperava que tivesse sido o bastante para que o outro entendesse o que estava pensando.

- Então, Alphas e Omegas estão no mesmo nível? – Perguntou Midoriya. Ele parecia um pouco incrédulo. Todoroki confirmou com a cabeça.

- Bom, a diferença entre marcar e ser marcado ainda é uma desvantagem, entretanto. – Admitiu.

- Alphas servem para satisfazer Omegas. – Murmurou o mais baixo, parecendo testar a sonoridade das palavras. Suas sobrancelhas estavam franzidas. – Acho que eu nunca ouvi nada parecido.

Então, uma pontada cruzou o peito de Todoroki, fazendo franzir o cenho e inclinar o corpo na direção do outro, o encarando nos olhos e segurando uma de suas mãos. O mais baixo o olhou de volta, parecendo um pouco surpreso com a súbita mudança de postura.

- Eu não vou retirar o que eu disse, mas, eu quero ser o único.

- E-Eh? – Olhando o Alpha de maneira desconcertada, Midoriya recuou um pouco, as pontas de suas orelhas ficando vermelhas.

- Quero ser o único que pode te ajudar. A única pessoa na qual você consiga pensar, caso precise de ajuda nisso.

- “N-Nisso”...

- Mm.

O semblante do menor se tornou receoso, e o meio a meio reparou quando o mesmo engoliu em seco, desviando o olhar e recuando, falando num tom incerto.

- E-Eu ainda não quero ser marcado...

Todoroki suspirou, balançando a cabeça em negativa.

- Não é isso que eu quero dizer. Não é como se eu não quisesse, mas não vou te marcar a não ser que você queira. – Explicou, e Midoriya voltou a se aproximar, ainda parecendo um pouco nervoso, esperando que ele continuasse. – Mas eu ainda poderia te ajudar, independente disso.

Midoriya estava cada vez mais vermelho.

- E-E com “ajudar” você quer dizer...

- Eu posso ser sua válvula de escape, sempre que quiser. – Explicou, simplesmente. – Estou dizendo que pode me usar.

Midoriya agora o encarava com os olhos arregalados, aparentemente incapaz de responder qualquer coisa, então o Apha continuou:

- Não é da minha conta, e a escolha cabe somente a você, mas usar supressivos nesse ritmo acaba tendo mais contras do que prós, não? Quanto mais se usa, mais resistente a eles você se torna, e mais alta tem que ser a dosagem. Além disso, os períodos de heat também acabam ficando mais intensos. – Ele falou isso em um tom monótono de explicação. Aquelas informações eram conhecimento público, afinal. - De novo, vou aceitar independente de qual seja sua escolha sobre como lidar com o que aconteceu, mas quero que saiba que pode pensar em mim como uma alternativa. Não precisa me dar uma resposta.

- V-Você... – Começou Midoriya, desnorteado.

- Entretanto, tem uma coisa que eu preciso saber, afinal. – Falou, e o mais baixo se calou, passando a aguardar em expectativa. – Você me odeia, agora?

Midoriya o olhou por mais um segundo antes de esconder o rosto com um braço, se encolhendo no lugar, tão vermelho que Todoroki quase podia sentir o calor irradiando dele. O Alpha sentiu sua mão sendo apertada, e a fala do menor veio depois de um longo suspiro cansado.

- Como eu poderia?

Todoroki abriu um sorriso quase imperceptível.

Aquilo era o suficiente.


Notas Finais


Sim foi um cap só pra ter coisa pra vocês lerem mesmo, mas vem muita conversa por aí. (meio que esse cap acabou sendo um fragmento do que seria o cap completo, perdão) Palpites sobre o futuro?


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