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História Will you be mine? - Franqueza


Escrita por: Niccha

Notas do Autor


Esse capítulo é mais curto do que os anteriores, mas é melhor do que nada, não?

Capítulo 3 - Franqueza


Todoroki suspirou baixo, mexendo a caneta que segurava entre os dedos e batendo suas extremidades repetidamente no livro sobre o qual se debruçava. Mesmo estando na biblioteca, o fruto de sua impaciência não produzia um som alto o suficiente para incomodar os outros. O único que poderia se incomodar, talvez, era o rapaz de cabelo verde sentado a sua frente, no outro lado da mesa. Mesmo assim, algo dizia a Todoroki que, ainda que ele estivesse incomodado, não iria reclamar.

Midoriya mal abrira a boca durante todo o tempo que estavam ali, salvo durante as pequenas e extremamente resumidas trocas de informações que eram consideradas pertinentes para o avanço do trabalho. Aquilo não devia estar incomodando tanto o meio a meio, já que paz e objetividade não eram exatamente características que ele desprezasse, mas, mesmo assim, não era esse o cenário que ele estava esperando.

Midoriya estava tenso o tempo inteiro, e aquilo era óbvio demais para deixar passar.

O rapaz mais baixo não tirava os olhos do livro que tinha em mãos, mantendo-os ali quase que obsessivamente (o que fazia Todoroki pensar que o objetivo era evitar contato visual a qualquer custo). Além disso, o menor balançava sua perna direita continuamente, mantendo uma postura retesada o tempo inteiro.

Todo aquele desconforto era só por causa da sua presença? Por ele ser um Alpha? Ou talvez por ser ele, Todoroki, especificamente?

Tudo bem. Olhando para trás, Todoroki podia ver que o método de aproximação que levara o outro a aceitar o convite do trabalho em dupla não tinha sido o mais sutil, ou o mais justo, dada a situação. Ainda assim, era frustrante.

Estalando a língua de maneira quase inaudível, Todoroki abaixou a cabeça, sobrancelhas franzidas.

Ele provavelmente não estaria com todas essas neuroses na cabeça se não fosse a reação do outro quando ele se aproximara para que combinassem um local de encontro para o trabalho.

Enquanto saía de sua última aula, na segunda-feira, enviara uma mensagem para o celular do outro, cujo número ele tinha conseguido no mesmo dia da festa, logo depois de receber uma afirmativa para a proposta do trabalho em dupla.

“Está em aula? Se não, pode me encontrar na saída do seu bloco? Vou esperar lá. Quero conversar sobre o trabalho.”

Sua mensagem teve resposta não muito depois, confirmando o encontro.

Quando chegara a porta do bloco no qual ele sabia que Midoriya estava tendo aula, não teve que esperar muito até que o mais baixo cruzasse a porta junto a outros alunos que também tinham acabado de ser liberados.

- Midoriya. – Chamou, se afastando da parede e conseguindo a atenção do outro.

- T-Todoroki-kun... Boa tarde. – Como sempre, o menor mantinha o olhar vagando em direções aleatórias, que não o meio a meio. Mão direita agarrando a alça da mochila firmemente. A essa altura, Todoroki já havia percebido que aquele havia de ser um hábito.

Um maneio de cabeça por parte do mais alto respondeu ao cumprimento do outro. Então, um instante de silêncio incômodo se seguiu antes que Todoroki voltasse a falar, querendo trazer o tópico sobre o qual tinha vindo discutir à tona, já que parecia que o outro não estava disposto a fazer isso.

- Sobre o trabalho, precisamos decidir sobre como vamos fazer.

- Mm... – Midoriya concordou, assentindo brevemente.

Todoroki esperou um pouco, mas, quando o outro voltou a cair no silêncio, prosseguiu, no mesmo tom trivial:

- Bem, eu pensei que talvez pudéssemos fazer partes da pesquisa separadamente, e nos juntarmos algumas vezes pra organizar o que conseguimos e administrar os tópicos. – Quando disse aquilo, Todoroki notou o rapaz a sua frente trocar o peso do corpo de uma perna para a outra. Mesmo assim, continuou. – Você já pesquisou ou preparou alguma coisa?

Midoriya deu então um pequeno sorriso sem graça, balançando a cabeça negativamente enquanto respondia, parecendo desconcertado.

- Ainda não... Não tive tempo. Desculpe. Você já...?

Todoroki balançou a cabeça junto, querendo dizer que não havia problema.

- Tudo bem, também não fiz nada, ainda.

- Ah, isso me deixa um pouco mais aliviado, então. – Midoriya declarara, dando uma pequena risada envergonhada enquanto esfregava a nuca com a mão livre. Ele parecia menos tenso, e aquilo deixou o meio a meio confortável.

- Quanto a onde vamos nos reunir, podemos decidir um lugar antes, por mensagem. Não tenho preferências, quanto a isso. Tem a área de estudos da biblioteca, algum café ou lanchonete... minha casa também tem espa-

Todoroki estava enumerando as possibilidades de maneira mecânica quando a voz do outro o cortou, soando alto o suficiente para fazer o mais alto ser pego de surpresa por um instante.

- Não! – Disparou o menor, olhando diretamente para Todoroki pela primeira vez desde que tinha chegado, sobrancelhas arqueadas e um semblante alarmado em seu rosto. Em seu pequeno estado de choque, o Alpha piscou algumas vezes, atônito. Coisa que Midoriya pareceu perceber, passando então a franzir as sobrancelhas e levantar as mãos, agitando-as enquanto começava a se explicar de maneira nervosa – Q-Quer dizer... a biblioteca ou um café são bons o bastante! Com certeza vamos conseguir terminar a tempo! Além disso, podemos pegar os livros da biblioteca a qualquer momento enquanto estivermos lá e isso pode ser muito útil na pesquisa! Então...

Diante da chuva de palavras que tinham acabado de ser disparadas em sua direção, Todoroki apenas franziu as sobrancelhas, assentindo brevemente. “Lá se vai o Midoriya relaxado.”, pensara na hora.

Agora, frente a frente com o Omega evidentemente desconfortável, não conseguia evitar de pensar que tinha, desde o início, frustrado as próprias chances de ter qualquer interação descontraída com o outro.

Perdido em pensamentos, ele não tinha percebido que estivera encarando o outro agora por deus sabe quanto tempo, apenas voltando a si quando um pigarro por parte do Omega chamou sua atenção, fazendo-o endireitar a postura na cadeira e parar de bater a caneta.

~.~.~.~

- Todoroki-kun...? – Chamou o esverdeado, franzindo as sobrancelhas levemente enquanto fitava a mesa, incomodado com o olhar contínuo que o outro mantinha sobre ele. No final da mesa, a única outra ocupante recolhia suas coisas e se levantava, indo embora. – Acho que o terceiro parágrafo é importante, poderíamos usar como citação. – Continuou, querendo dar um motivo a sua interação, que não apenas fazer o outro parar de encará-lo.

Midoriya então empurrou o livro que lia em direção a Todoroki, o virando na direção do outro e se inclinando levemente para apontar o parágrafo ao qual se referia. Todoroki assentiu, correndo os olhos díspares pelo livro no parágrafo indicado antes de começar a tomar anotações em seu caderno. Enquanto o mesmo fazia isso, Midoriya o observava, desconfortável. O Alpha estava incomodado com algo, e ele sabia disso. Por mais que quisesse evitar engajar qualquer diálogo que não fosse pertinente a tarefa que executavam, ele não conseguia deixar de sentir que havia algo errado. Como se houvesse um enorme elefante branco sentado na mesa, entre os dois, deixando o ar pesado, e aquela sensação era ainda pior do que o estado de alerta constante no qual Midoriya ficava quando estava com o Alpha. Passando a língua pelo lábio inferior brevemente, ele pigarreou mais uma vez antes de voltar a desviar o olhar, mais uma vez se pronunciando.

- Todoroki-kun... está tudo bem com você? – Perguntou, tão alto quanto seu próprio receio permitia. De qualquer forma, foi alto o suficiente para que o outro ouvisse, levantando o olhar do que estava fazendo e passando a encará-lo.

O meio a meio permaneceu em silêncio por algum tempo, parado na mesma posição em que estava, caneta detida em meio a um movimento que completaria a palavra que era escrita no papel. Parecia ponderar a questão do Omega, que estava mais e mais arrependido da própria atitude a cada segundo, até que, enfim, Todoroki suspirou, pousando a caneta no caderno antes de declarar simplesmente:

- Você não se sente confortável perto de mim.

A resposta definitivamente não era algo que Midoriya pudesse estar esperando, e aquilo o fez se voltar para o outro, surpresa e confusão misturadas em sua expressão. O meio a meio apenas o fitou, em silêncio. Quando finalmente foi capaz de transformar sua reação em palavras, o fez, incrédulo.

- O que?

- Você não se sente confortável perto de mim. – Repetiu o outro, seu rosto tão inexpressivo quanto o usual, voltando a cair no silêncio em seguida.

Midoriya apoiou uma das mãos na mesa, tão confuso quanto antes enquanto olhava para os papéis a sua frente, esperando que talvez os mesmos fossem trazer algum sentido a declaração do outro.

- Mm, eu... – Começou, sem saber ao certo o que dizer, mas foi interrompido pelo outro, assim voltando a olhá-lo.

- Você fica tenso sempre que estamos juntos, e não fala quase nada. Não que isso seja um problema, mas acho que isso é algo comigo, especificamente, não? Além disso, você evita me olhar nos olhos quase o tempo todo, menos quando eu consigo prender sua atenção de surpresa, como agora. – Comentou, impassível, fazendo Midoriya recuar em surpresa, apertando a borda de madeira da mesa enquanto sentia suas bochechas esquentarem.

- E-Eu não...!

- Isso é medo? Desconfiança? – Continuou o outro, não deixando o Omega seguir com qualquer que fosse a desculpa esfarrapada que começara a dizer. – É porque sou um Alpha? Ou talvez pelo jeito que nos encontramos pela primeira vez? Ou até mesmo pela minha aparência? Uma mistura de tudo? Eu me pergunto... Acha que eu estou preparando um ataque? – Na última parte, Todoroki estreitou os olhos por trás dos óculos, se inclinando na direção de Midoriya e abaixando a voz para continuar, o que dava a sua voz já grave um tom ainda mais lascivo – Acha que estou o cercando aos poucos, tentando te levar pra algum tipo de armadilha... – Com olhos bicolores cravados nos seus, Midoriya encolheu os ombros, engolindo em seco e sentindo seu rosto e as pontas de suas orelhas esquentarem ainda mais. Com aquela reação por parte do menor, Todoroki suspirou, voltando a sua expressão indiferente enquanto se recostava na cadeira, voltando a falar em seu tom de voz normal. Ele parecia desapontado. – É isso, então.

O Alpha então desviou o olhar para um ponto qualquer, rolando a caneta que estava sobre o caderno para cima e para baixo com as pontas dos dedos.

O Omega, que até agora só fora capaz de ouvir o outro em silêncio, se forçou a sair de seu estado de choque para providenciar uma resposta. Depois de um confronto tão direto (e inesperado) por parte do outro, Midoriya se viu obrigado a ser sincero em sua réplica, que trouxe a atenção do outro de volta para si:

- B-Bem...! Você não pode me culpar! – Disparou, controlando a própria voz por estar ciente do ambiente no qual os dois se encontravam. Apertando as próprias mãos suadas em punhos. Cenho franzido. – Quer dizer, qualquer pessoa no meu lugar ficaria insegura. Você descobriu por acaso que eu sou um... – Nesse momento, Midoriya olhou em volta, nervoso, abaixando a voz de maneira desconcertada antes de continuar – um Omega. E, depois disso, me chamou pra um trabalho em dupla sem nunca termos nos falado antes. E ainda teve toda aquela cena na festa... – Enquanto ele falava, Todoroki prestava atenção, quieto. – É apenas lógico que eu tenha ficado tenso. Qualquer um pensaria que você está com segundas intenções, afinal, você é um Alpha...! – Foi quando Midoriya se deteve, erguendo o olhar para o outro com receio, sentindo que tinha falado demais.

Um momento de silêncio se estendeu entre os dois, no qual o menor tentava, cuidadosamente, ler a expressão impassível do Alpha a sua frente, que observava a mesa como se estivesse absorvendo tudo que Midoriya acabara de falar. Quando o silêncio finalmente foi quebrado, foi o meio a meio que o fez.

- Afinal, eu sou um Alpha... – A frase do outro não tinha soado como se tivesse sido direcionada a Midoriya, mas mais como se Todoroki estivesse falando consigo mesmo. Por um breve momento, o esverdeado teve a sensação de perceber um traço de melancolia, ou talvez fosse tristeza, na voz murmurada do outro, sendo acompanhada pelo reflexo em seus olhos distantes. Por algum motivo, aquilo fez o coração de Midoriya pesar, fazendo seu peito doer. Quando o meio a meio voltou a falar, sua voz estava mais alta, e propriamente direcionada ao rapaz a sua frente. – Bem, você não está errado. – Midoriya mantinha suas sobrancelhas franzidas, esperando em silêncio o pequeno segundo de quietude que ocorreu depois daquela declaração passar, antes do Alpha concluir sua linha de raciocínio com algo que fez a expressão do menor se transformar em uma de choque, mais uma vez. – Eu tenho segundas intenções com você.

Com as sobrancelhas arqueadas e a boca entreaberta, Midoriya encarou o outro, atônito, por vários segundos, incapaz de reagir de qualquer maneira que fosse.

Contrastando com seu nervosismo, Todoroki, por outro lado, se mantinha completamente tranquilo, expressão inabalável enquanto ele fitava o menor. Se aquilo fosse uma pegadinha, Todoroki realmente era o melhor ator que Midoriya já vira em toda sua vida.

Quando o Omega se mostrou realmente incapaz de dizer qualquer coisa em resposta, Todoroki voltou a falar, tão tranquilo quanto antes, num tom de quem explica um assunto trivial a um colega.

- Francamente, nem eu mesmo sei o porquê, mas fiquei interessado em você. Queria me aproximar de alguma maneira e o trabalho em dupla veio a calhar nesse sentido, achei que seria uma boa oportunidade, e prometo que nunca tive intenção de ataca-lo de qualquer modo, ainda que talvez minhas ações tenham te levado a pensar dessa maneira. Sinto muito se o assustei o se o fiz se sentir coagido. Eu só queria ser capaz de te conhecer melhor. De qualquer forma, tudo isso só levou a uma situação na qual você está claramente desconfortável, e isso não era o que eu queria. Vou entender se quiser cancelar toda essa história do trabalho em dupla, comigo.

Enquanto Todoroki falava, o espaço entre os lábios de Midoriya apenas crescia à medida que ele ficava mais boquiaberto, completamente incapaz de acreditar em toda a cena surreal que acabara de presenciar. Ele não podia acreditar que o outro estava dizendo tudo aquilo. Não podia acreditar no quão sinceras e diretas as declarações do outro eram. E, acima de tudo, não podia acreditar que ele mesmo tinha ficado tão tenso em relação ao outro desde o começo.

Quando o Alpha finalmente se calou, Midoriya precisou de alguns momentos para organizar os próprios pensamentos, encarando o outro num estado de surpresa que ele mesmo seria incapaz de medir. Enquanto isso, Todoroki esperou pacientemente, dando ao menor o tempo que precisasse para assimilar tudo que ele tinha acabado de dizer. Quando o Omega finalmente voltou a falar, ele ainda não sabia ao certo o que queria dizer, mas começou com uma das preocupações que atormentavam sua mente desde que encontrara o Alpha cara a cara pela primeira vez.

- Então... Quando você me devolveu meu remédio...

- Eu vi quando mexeram na sua mochila, enquanto você estava fora. Normalmente eu não teria dado atenção, mas... Quando você voltou, algo parecia errado. Eu...

- Você foi atrás deles e pegou o frasco de volta, e então foi atrás de mim...? – Midoriya completou, sobrancelhas franzidas em desconfiança. Ainda que Todoroki passasse um sentimento de estar falando a verdade, o menor não podia deixar de se precaver. Afinal, ele não tinha se esgueirado pela vida de Omega por tanto tempo acreditando em qualquer coisa dita por um Alpha ou Beta.

Todoroki assentiu, e Midoriya abaixou o olhar, resignado. O outro realmente não tinha tocado nele, naquela ocasião, mesmo o encontrando em seu estado mais frágil... mas, no fundo de sua cabeça, o pensamento de que aquilo podia fazer parte de um plano extenso e elaborado por parte do outro não parava de zunir, incomodando-o.

- E, na festa, nos encontramos por acaso? – Continuou Midoriya, voltando a fitar o outro de maneira inquisitiva.

Todoroki deu um breve suspiro, balançando a cabeça negativamente em seguida.

- Yaoyorozu mencionou que você estaria lá quando estávamos no laboratório. – Em sua admissão, o Alpha mantinha o olhar no mais baixo, respondendo com franqueza as questões do menor.

Midoriya apertou as mãos mais uma vez, encarando o outro enquanto sua própria mente corria, desnorteada com toda a informação que acabara de conseguir. Ele tentou pesar as considerações rapidamente para chegar a uma conclusão, mas era difícil.

Parando e olhando para trás, Todoroki realmente não tinha se aproveitado dele, mesmo tendo a chance mais de uma vez. Bom, pelo menos não tinha se aproveitado dele radicalmente. Afinal, toda a situação que o levara a aceitar o convite para o trabalho em grupo fora completamente direcionada pelo calor do momento. Aquele pensamento fez Midoriya franzir as sobrancelhas por um segundo, mas logo ele se lembrou do que tinha ocorrido nos últimos minutos minutos, toda a franqueza com a qual Todoroki tinha contado tudo, pedindo desculpa por suas ações e até mesmo dizendo que estaria tudo bem se ele não quisesse mais fazer o trabalho em dupla.

“Eu tenho segundas intenções com você.”

A lembrança da fala do outro fez o rosto de Midoriya voltar a enrubescer. O que ele queria dizer com isso, afinal? Não importava como ele olhasse, a frase não parecia ter sido dita com malícia. Ele se referia a tentativa de se aproximar para conhece-lo, então? É, provavelmente era isso. Olhando de soslaio para o rosto do outro, o menor percebeu que Todoroki, ainda que parecesse ansioso, permanecia inabalável em sua resignação com a espera. De alguma forma, Todoroki fazia Midoriya pensar em algo como um cachorro militar, altamente disciplinado, que espera para descobrir se vai receber uma bronca ou um elogio.

- Porque eu? – Perguntou, por fim, mantendo o olhar baixo e apenas o erguendo outra vez quando o outro deu sua resposta.

- Você é diferente. – Foi o que ele disse, depois de um segundo. – Pelo menos é isso que eu sinto.

- “Diferente” ... – Repetiu, mordendo o interior do próprio lábio. Enquanto pensava, mais uma vez Todoroki se resignou a esperar em silêncio, e Midoriya ficou grato com isso. Quando finalmente chegou a uma conclusão, fitou os olhos díspares do outro com determinação. – Todoroki-kun, eu realmente não acho que sou tão excepcional quanto você pensa, e também não posso dizer que confio completamente em tudo que você acabou de me dizer, mas... também sinto que você está sendo sincero, de certa forma. – Todoroki se mexeu na cadeira, incerto sobre o que viria a seguir. – Então... Acho que nós dois vamos ter a oportunidade de descobrir se estamos certos. – O rapaz do outro lado da mesa arqueou as sobrancelhas levemente com aquela declaração, enquanto o menor esfregava a própria nuca com uma das mãos por um segundo, antes respirar fundo e continuar. – Acho que não vejo problema em continuarmos como uma dupla, se é esse o caso... se tudo que queria era fazer uma amizade, podia ter sido mais direto quanto a isso... – Ao dizer a última parte, Midoriya desviou o olhar brevemente, antes de voltar a encarar o outro com determinação desafiadora.

    - Bem, acho que você não teria acreditado em mim, mesmo se eu tivesse sido direto, não? – Respondeu o outro, sem perder tempo.

A resposta do outro fez o menor encolher os ombros, ciente de que o Alpha estava certo.

- Bem... provavelmente é verdade... – Murmurou Midoriya, derrotado, mas logo balançando a cabeça e retomando sua postura. – De qualquer forma, agora estamos aqui. Se vamos continuar no trabalho juntos, sob essas circunstâncias, espero que possamos conviver bem... conto com você.

Ao ouvir isso, Todoroki ergueu minimamente um dos cantos dos lábios, num sorriso contido demais para ser perceptível. Estendendo a própria mão, o mais alto esperou enquanto um desconfiado Omega avaliava a situação por um último instante antes de retribuir o gesto, assim apertando as mãos.

- Tudo bem. Midoriya, conto com você.

Quando soltaram as mãos, o Alpha voltou a pegar a própria caneta, retomando a anotação que interrompera anteriormente. A sua frente, Midoriya comprimiu os próprios lábios juntos, observando o outro. Como aquilo tinha acabado de maneira tão estranha?

O meio a meio finalmente parecia mais tranquilo, e Midoriya se perguntou se ele mesmo seria capaz de relaxar também. Ele obviamente não tinha planos de baixar a própria guarda completamente, mas, ainda assim, talvez ele fosse capaz de se desarmar pelo menos um pouco, afinal...

Se antes era Todoroki que o encarava, perdido em pensamentos, agora era a vez de Midoriya, que apenas voltou a si quando a voz do mais alto voltou a soar, depois de poucos minutos, celular em mãos enquanto ele checava a hora.

- Preciso ir. – Declarou, tocando duas vezes na tela do aparelho para fazer a mesma desligar outra vez, guardando o objeto de volta no bolso e fitando Midoriya enquanto fechava os livros. – Vai pra estação agora?

- Ah, não. Uraraka ainda está no laboratório, então vou ler mais um pouco enquanto espero. – Explicou Midoriya, tentando soar casual. Ele tinha que tentar começar a ver o outro com mais naturalidade, afinal.

- Tudo bem então. – Confirmou Todoroki, se levantando e guardando os próprios materiais em sua bolsa antes de empurrar a cadeira de volta para o lugar. – Vou indo então. Obrigado por hoje.

- Obrigado por hoje. – Respondeu Midoriya com um pequeno maneio de cabeça, observando enquanto Todoroki se virava e caminhava para longe, até sumir de seu campo de visão.

O rapaz piscou algumas vezes antes de abaixar o olhar de volta para os livros, voltando a ler e, sem surpresa, notou ser incapaz de se concentrar.

Suspirando, Midoriya então cruzou os braços sobre o livro, apoiando a cabeça nos mesmos em seguida, fitando um ponto qualquer da biblioteca cada vez mais vazia.

Vai dar tudo certo.”, pensou. “Só tenho que sobreviver até a entrega do trabalho.


Notas Finais


Então, é isso. Um capítulo curto pra começar a engatar.


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