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História Will you be there? - Não vai acontecer!


Escrita por: thilover

Capítulo 13 - Não vai acontecer!


~~Thiago~~

 Comemoramos o aniversário da Camilla ontem, em casa mesmo. Ainda estou sentindo o efeito da festinha – ou melhor, a bagunça e a sujeira ainda estão bem aparentes. Minha sorte é poder contar agora com a ajuda da maravilhosa dona Margareth, a nova ‘governanta’ desse lugar que me ajuda a não ficar maluco (tive que contratar alguém pra me ajudar com a casa e com Milla já que estou em casa mais tempo do que costumava ficar). Explicando a coisa de ficar de molho... Desde que tudo aconteceu com Mariana eu tinha parado com os jogos, dado um tempo. Márcio queria que eu colocasse as coisas no lugar e fiz isso. Agora estou tentando voltar aos treinos e aos gramados, mas aos poucos, de um jeito que eu não tenha que me afastar muito da coisinha.

 Ainda é um tanto estranho pra mim pensar na parte ‘minha filha’, mas já posso dizer que Camilla e eu viramos uma boa dupla. Ela me distrai de vez em quando e irrita os meninos durante nossas reuniões e treinos, o que é bem legal (alguns exemplos como ficar berrando ou tagarelando, derrubar coisas, dormir no cantinho favorito de alguém, destruir esquemas táticos, invadir o campo...). Eu estou num progresso bem rápido em relação a aprender as coisas que um pai deve saber; meu rabo de cavalo não é mais tão torto – e o cabelo dela cresceu, aliás – e nem preciso mais de vários testes pra atingir a temperatura certa do leite. Já sei quais desenhos ela prefere, que dia é melhor pra ir pro parque, qual brinquedo é perigoso, qual comida ela deve ou não comer. Às vezes eu até escrevo certas coisas pra não esquecer ou perder o rumo.

 Margareth também virou uma parceira essencial; ela me lembra de tudo e cuida muito bem da coisinha quando preciso – nas vezes que estou no gramado e viajando. Eu adorava viajar com os garotos, adorava rodar o mundo, achar novas pessoas, encontrar as fãs malucas, aproveitar as viagens com algumas delas. Hoje já não tenho mais a mesma vontade. Toda vez que vamos pra longe tenho que deixar Camilla pra trás, com Margareth, Raquel, Giovana. E fico contando os segundos pra poder voltar e matar as saudades dela – não fiquei mais de quatro dias fora nesses últimos tempos, volto nem que tenha apenas umas horas em casa. E eu sei que quando saio ela fica chateada, ela sente minha falta. A pequena sempre chora quando pego as malas e sempre corre feito uma doida quando me vê de volta no portão. Não consigo descrever o que sinto em todas essas vezes, quando a deixo e quando volto pra casa e aproveito cada segundinho do seu lado.

 Camilla me lembra tanto Mariana, muito mesmo. Nós dois sentimos falta dela, Milla já me perguntou sobre ela tantas vezes; a bebê sabe que tem algo de errado. Nossas visitas ao hospital não acabaram; eu e a Coisinha fomos várias outras vezes ver a mamãe, que continua lá ‘dormindo’. Me sinto um pouco desconfortável quando estou naquele quarto com Mariana e a pequena; afinal, fui eu quem causou o acidente, eu abandonei a Mia com a bebê, eu estou fazendo a pretinha sofrer com a falta da mãe dela.  Tento compensar sendo o máximo atencioso e presente que consigo, mas talvez nem seja suficiente. Eu não tenho certeza se Mari vai me perdoar quando acordar, a magoei muito – e ela tinha raiva de mim, com razão.

 E é tão estranho tudo que ando sentindo nesses meses. Depois de dois anos sem ver a Mariana, ela volta do nada, com uma criança nossa, entra na minha vida outra vez, sem avisar. Claro, quando eu resolvi acabar com o nosso namoro, foi sabendo que eu ainda gostava dela; foi achando que conseguiria seguir e melhorar minha vida longe do meu passado ‘amoroso e apaixonado’. Nunca fui um cara frio, as vezes só finjo ser – digamos que eu tenha me obrigado a guardar tudo quando deixei a única pessoa que me dava conforto, a única com quem eu podia contar. A partir do momento que decidi deixar Mariana eu sabia que estava deixando a única pessoa que me apoiava, que torcia por mim de verdade, que queria meu bem e meu sucesso.

 Uma coisa que está me deixando feliz é a notícia da semana: Mia está melhorando, depois de quase três meses sem nenhum diferença clínica. Mais que nunca tenho a certeza de que ela vai acordar logo e todo esse pesadelo vai acabar. Vou poder falar com ela de novo, sem a estupidez e a idiotice de antes; pedir perdão; recomeçar. Tenho certeza que vai ficar orgulhoso com tudo que Camilla aprendeu, com como ela começou a tagarelar agora (e, falando nisso, desde que aprendeu o ‘papai’ eu escuto essa palavra a todo instante. Confesso que é bem gostoso). Acho que ela teria adorado a festinha que fizemos pra Milla com Raquel, David, Giovana, Márcio, Margareth... Muita comida, brinquedos, palhaçadas e musiquinhas felizes.

“Deixa eu adivinhar...” – David se jogou na poltrona em minha frente. Eu estava distraído e demorei uns minutos pra perceber a presença dele – “Alguma notícia da Mari?”

“Sim” – respondi, rindo – “Por que?”

“Você só fica bobo desse jeito quando tá pensando ou falando dela” – ele retrucou, me jogando uma almofada – “Qual a notícia?”

“Os médicos me falaram que ela melhorou muito nesses dias, pode acordar logo” – falei, sentindo tudo se revirar dentro de mim (como será daqui pra frente?!)

“Raquel vai ficar louca quando souber” – concluiu, sorridente. Tinha esquecido de mencionar que eu não sou o único homem bobo por uma garota por aqui; este ser está caidinho pela amiga da Mariana, isso porque eles começaram a namorar faz só algumas semanas

“E como vai o rolinho de vocês dois?” – o provoquei, devolvendo a almofada que ele havia jogado – “Seus últimos relacionamentos não duraram mais de 1 mês”

“Não precisa se preocupar, coleguinha, está tudo bem entre a gente” –retrucou – “E já faz mais de um mês”

“Ah é?! Um mês e dois dias?” – brinquei, enquanto ele bufava. No fundo eu sabia que aquele não era só mais um dos rolinhos de David, eu via como ele falava e olhava pra Raquel; mais ou menos como acontece/acontecia comigo e Mia

“Thiago...” – Marcelo aparece na salinha, parecendo sério (algo que ele normalmente não é). Fazia um bom tempo que não nos víamos e ele reapareceu pra conversa sobre os próximos jogos da seleção – “Márcio quer falar com você”

“Ok” – respondi, sem imaginar qual seria a bronca do dia.

 Eu não tinha feito nada de errado, não tinha dado nenhuma entrevista, não tinha esquecido Camilla em casa. Não sabia de nada que pudesse me encrencar. E meu agente só me chama pra conversar a sós quando eu aprontei alguma e ele preparou uma bronca (ás vezes ele exagera e acaba parecendo um discurso de pai). Isso ocorre com certa frequência e, se aconteceu alguma coisa com o time, normalmente sou eu mesmo quem fez a burrada. Portanto, já estou acostumado aos papos morais, só que dessa vez realmente não sabia o que tinha feito.

“Não fui eu dessa vez” – me livrei das acusações antes mesmo de ouvi-las – “Talvez tenha sido David, ele anda meio distraído esses dias”

“Thiago, eu te chamei por outro assunto” – nosso agente me respondeu, parecendo tão sério quanto Marcelo naquela hora (entretanto, ele sempre está sério então não dá pra ver tanta diferença). Só que seu ‘sério’ estava mais pra preocupado agora

“O que foi? Alguma coisa os jogos?” – perguntei, o encarando

“Não” – retrucou, cutucando o canto da mesa e encarando o chão antes de me encarar – “Acabaram de ligar”

“De onde?” – o interrompi antes mesmo que terminasse. Seu olhar meio apavorado estava me deixando aflito e eu odeio esse tipo de suspense

“Do hospital” – respondeu, se levantando – “É a Mariana...”

“O que tem ela? Já acordou?” – eu tinha esperanças que ele fosse dizer que sim, mesmo que sua expressão terrível me indicasse o contrário

“Ela piorou, Thiago” – Márcio foi direto ao ponto, descruzando os braços e voltando a cutucar a mesa – “Voltou pra UTI e não está nada bem”

“Mas... Ela estava bem, ficando melhor, hoje mesmo eu” – não consegui entender. Como alguém poderia piorar tanto de uma hora pra outra? E eu também não queria acreditar – “Disseram que a Mariana ia acordar!”

“O quadro dela piorou muito em poucas horas, você tem que entender que...” – Márcio mesmo se perdia nas palavras. Eu sabia muito bem o que ele estava querendo dizer – “Tem que se preparar caso aconteça”

“Não vai acontecer!” – o interrompi, sentindo meu sangue ferver – “Eu não vou perde-la!” 



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