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História Will you be there? - Consequências


Escrita por: thilover

Capítulo 16 - Consequências


~~David~~

“Tá sabendo que ela já foi atrás de um advogado né?” – perguntei, me tacando no sofá com a garrafa de bebida que eu havia acabado de pegar. Thiago apenas assentiu com a cabeça, continuando a estátua de antes

            Mariana estava mesmo determinada em conseguir afastar a filha do ex-namorado. Ela já foi atrás de arrumar um advogado pra abrir algo na justiça sobre a guarda da menininha – e, sem querer desanimar meu amigo, mas qualquer um sabe que ela ganharia fácil do Thiago na justiça. Faz uns dias que fizemos a recepção de boas-vindas pra Mia na casa de Márcio e, desde então, o Monstro não viu mais a pretinha. Ele está secretamente arrasado por isso.

            Thiago sempre fingiu bem e agora ele continua fingindo, finge que está tudo bem, que vai seguir em frente e deixar o papo pra lá, que a volta da Mari não o afetou em nada. Hm, acha que eu não consigo decifrar além disso (até os outros caras conseguem, até o agente consegue). Nós todos já tínhamos nos acostumados com a rotina de conviver com a Camilla, aprendemos a gostar da companhia e das artes dela. Thiago adaptou toda sua maneira de viver, mudou o lugar em que morava, mudou seus hábitos e horários... Ele se transformou em outra pessoa pela menininha. E é difícil defende-lo depois de ter feito tanta coisa pra Mariana, mas ela também está se negando a perceber tudo que ele fez nos últimos tempos.

            Eu mesmo não sei bem o que fazer nessa situação. Não queria que a relação que Thiago travou com Milla se perdesse, mas não sei como evitar isso. Raquel (com quem continuo me encontrando, claro – e com maior frequência, inclusive) é minha informante; ela me conta os planos da amiga e como vai o dia a dia da Coisinha, mas não é nossa apoiadora, ela acha que Mia está certa em afastar a bebê. Eu aposto que a pretinha deve estar sentindo falta do pai que havia acabado de conquistar, mesmo que Mariana ou Raquel não admitam isso. Márcio deu umas ‘férias’ pra Mari pra que ela pudesse se recuperar e então não a vimos muito, ela voltou a se hospedar junto da amiga.

“Olha, cara...” – cortei o silêncio insuportável do cômodo. Em alguns minutos sairíamos pra pegar mais um avião (com a recuperação da Mariana e o fato de Thiago não estar mais cuidando da Camilla, nossa rotina está começando a voltar ao normal) – “Com essa sua cara vai espantar todas as pessoas do aeroporto hoje”

“Acha mesmo que eu estou com vontade pra viajar?” – ele finalmente se pronunciou, parecendo mais angustiado do que eu imaginava

“Você já não falou com o Michael?” – Mike era nosso advogado de sempre, ele tentaria acertar o lado de Thiago na justiça no processo de guarda da Milla – “Ele vai conseguir alguma coisa, sabe disso”

“Alguma coisa significa uma visita mensal” – retrucou, irritado – “Que é quase nada. A Camilla vai ficar com raiva de mim e a Mariana vai continuar sem olhar pra minha cara... Olha quantos benefícios”

“Mas você também não pode ficar aí esperando um milagre, Thiago” – o encarei, enquanto ele arqueava as sobrancelhas – “Mariana não vai te perdoar assim de uma hora pra outra, você tem que reconquistar a confiança dela. E não vai ser fácil, já adiantando”

“Eu sei disso, mas... Como? Como tentar me aproximar dela se ela não quer me ver na frente?” –se levantou assim que ouvimos a campainha tocando. Os meninos chegaram mais cedo que o combinado

“Dê tempo ao tempo, Monstro. Tenho certeza que vão se acertar”

~~Mariana~~

            Eu não aguento mais isso. Não sei como agir, não sei como resolver. Raquel e Giovana vem me ajudando muito, mas é algo que vou ter que consertar sozinha. Tenho a preocupação de reaprender a fazer tudo de novo (desde andar até falar direito) e ainda tenho que pensar no caso da minha pequena Milla. Ela me perguntou praticamente todos os dias sobre o papai; eu não sei o que dizer. Ela sente falta dele, mas eu não quero que isso aconteça – foi a falta dele que dilacerou meu coração anos atrás, minha filha não pode passar pela mesma coisa, ainda tão pequenina. E a solução definitivamente não é permitir que eles continuem próximos... Fora de cogitação.

            Eu não quero ter que olhar pra ele de novo, já passei tanto tempo remoendo o passado e perdi todos esses meses no hospital por culpa do idiota com sobrenome Silva. Sei que a Mi sente falta dele, mas ela ainda é bem pequena, vai acabar esquecendo com o tempo. Minha pequena me enche de orgulho; ela cresceu tanto, está uma tagarela, brincalhona, esperta como nunca. As vezes tenho que admitir que pelo menos Thiago a ajudou a se desenvolver bem nesse tempo em que estive fora, melhor do que eu imaginaria. Todas as pessoas vêm tentando colocar em minha cabeça que ele foi um ótimo pai, que cuidou muito bem dela, que fez isso e aquilo... Apenas não me desce. E mesmo que tenha sido, não muda nada.

“Você sabe que se essa história cair na mídia vai virar um rolo tremendo né” – Gio me ajudava a arrumar umas coisinhas da Camilla que havíamos trazido de volta pro novo apartamento da Quel (agora, com nós duas empregadas, já dava pra arrumar um lugar aceitável)

“Seria ótimo pra ferrar o bonitinho” – Raquel respondeu, gritando da cozinha

“Pra ele seria ótimo mesmo” – retruquei – “Mas pra mim seria um inferno. Dá até pra imaginar todos os fotógrafos, jornalistas, fãs e fofoqueiros atrás de mim pra conseguir alguma coisa”

“Bom, isso é verdade” – Raquel concordou, voltando pro quarto com mais uma caixa – “E o que vai querer fazer com isso?”

            Era a caixa de fotos que tínhamos resgatado da casa da D. Elena. Quando minha amiga jogou aquilo tudo em cima da cama Camilla correu pra mexer nas fotografias – e ela ficou bem feliz identificando o papai e a mamãe em todas elas. Milla agarrou uma que deve ter achado especial e saiu correndo pela casa; nem fui resgatar a foto ‘escolhida’, afinal, ela provavelmente acabaria rasgada nas mãos da minha princesa. Raquel ficou me encarando e eu encarando a caixa cheia de lembranças...

“Joga fora” – respondi, voltando a me concentrar em guardar as coisinhas da pequena – “Ou devolve pro dono se quiser”

“Tem certeza?” – Giovana estava com pena de se livrar das fotos, mesmo que ela esteja, todo esse tempo, do lado contrário ao meu ex-namorado. Eu e Raquel a encaramos, sem entender muito bem o porquê da proteção dela – “É que é tanta coisa que dá dó de jogar fora”

“Não precisaríamos jogar as fotos fora se o cafajeste não tivesse jogado a pessoa fora” – Quel tirou as palavras da minha boca. Apenas concordei e entreguei a caixa pra Gio pra que ela desse um fim naquilo.

Parecia que um peso enorme estava sendo tirado de mim. Eu sinto que, aos poucos, vou conseguir tirar as marcas ‘Thiago Silva’ da minha vida; devagar, assim como estou reaprendendo a caminhar normalmente. Planejo sair da cidade quando puder, arrumar outro lugarzinho com minha pequena, longe dessa confusão toda. Antes só preciso esperar todo o processo judicial se encaminhar, preciso agradecer muito a Márcio e criar coragem pra recomeçar a vida do zero. Ah, e eu e minha advogada não estamos atrás só da guarda da Camilla, mas também de tudo a que ela tem e teve direito. Chega dessa vida de ter que negar as coisas pra ela por falta, por que o paizinho não quer colaborar. Daqui pra frente, ele querendo ou não, vai ter que assumir as responsabilidades sobre ela.

“Mia, eu só não acho que você vai conseguir a guarda completa dela” – Giovana se sentou em minha frente, encarando Millinha, que ainda brincava com a foto que pegara no monte (pra ela parecia ser o brinquedo mais divertido do mundo) – “Ele é o pai, vai ter os direitos também... A gente querendo ou não”

“Eu vou dar um jeito nisso” – respondi, me sentando ao seu lado – “O quanto menos os dois estiverem juntos, melhor”



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