Jeongguk fungou e deixou o pátio da escola, procurando um lugar mais isolado. Segurava as lágrimas, transformando a dor em um nó na garganta, que ardia intensamente. Ele ansiava pela presença reconfortante de um de seus melhores amigos, então começou a procurar por eles. Uma breve onda de alívio percorreu seu pequeno corpo ao avistar três figuras conhecidas sentadas não muito longe. Apressou-se em direção a eles.
— Minnie — chamou Jeon, fazendo com que o alfa voltasse seu olhar para ele.
Jimin estava sentado na grama, próximo a uma árvore, ao lado de Hoseok e do namorado deste, Min Yoongi. Park levantou-se e se dirigiu ao menor, abraçando-o ao perceber a expressão chorosa, sentindo a preocupação apertar seu peito.
— O que aconteceu, coelhinho? — indagou em tom suave, pedindo a Hoseok para ficar ali com um gesto de mão, pois o mesmo estava nitidamente preocupado.
Sem receber resposta, o alfa pegou o ômega no colo, dirigindo-se até a árvore e sentando-se ali, permitindo que Jeon chorasse em seu ombro. Ele acariciou seus cabelos e afagou suas costas pacientemente, permanecendo ali até que o menor se acalmasse.
— Me conta o que aconteceu — disse suavemente, continuando a acariciar os cabelos negros e macios, buscando transmitir segurança, sem perceber que seu toque e sua voz doce, por si só, já acalmavam a situação.
— Eu... Eu tô triste — fungou, apertando-se contra o corpo do alfa, buscando proteção contra qualquer coisa que pudesse machucá-lo, refugiando-se nos braços do melhor amigo.
— Por quê? — prosseguiu com os carinhos, consciente de que Jeon se sentia melhor ao expressar seus sentimentos, encorajando-o a falar.
— Porque eu... eu não quero ser só mais um — soluçou, causando uma leve dor no peito— Eu não quero ser apenas um ficante para ele — a voz trêmula e entrecortada pelo choro doloroso apertou o coração do alfa.
— Gguk — Jimin respirou fundo, ciente de que não podia parecer insensível, mas precisava ser honesto com o ômega — Você precisa parar, sabe que ele nunca iria te forçar a nada.
— Eu não vou parar — fungou, afastando-se apenas o suficiente para olhar nos olhos do amigo — se a única maneira de tê-lo for assim, eu não me importo. — Suspirou, retirando os óculos para poder passar as mãos livremente pelo rosto, secando as bochechas coradas — mas eu não consigo evitar ficar triste. Eu queria poder beijá-lo, sabia? — o maior assentiu — mas eu não posso, porque sou apenas mais um para ele — as lágrimas voltaram a escorrer, e Jimin voltou a abraçá-lo, frustrado por não poder mudar a situação do amigo, enquanto Jeongguk se afundava ainda mais no abismo do sofrimento silencioso, esse não era desencadeado apenas pela ausência de reciprocidade em seus sentimentos.
O choro nos braços do amigo não deu muita continuidade, já que o ômega percebeu que tinha que ir para casa, pediu desculpas ao amigo por atrapalhá-lo, e foi respondido com um abraço e um murmúrio afirmando que ele nunca atrapalhava. Colocou seus fones de ouvido e andava cabisbaixo até o ponto de ônibus, sorrindo minimamente ao achar um lugar para se sentar. Passou a viagem olhando a paisagem de Seul, enquanto ouvia as belas melodias produzidas por pianos em seus fones de ouvido, em uma playlist que ouvia apenas quando estudava.
Quando chegou em casa, comprimentou sua mae, subindo as escadas e sendo rápido em entrar no banho, querendo que a água quente lavasse todas as suas preocupações e angústias e as levassem consigo pelo ralo. Passou seu tônico no rosto, e depois sua vitamina C, passou seu sérum diurno e depois seu hidratante para o rosto e por último o hidratante labial. Tirou a umidade dos fios escuros com a toalha e passou seu óleo na mão antes de levá-las aos fios macios, sorriu para sua própria imagem no espelho, com o pensamento de que tudo ficaria bem.
Estendeu a toalha, e voltou para o quarto, colocou os fones de ouvindo, escolhendo a playlist de músicas tocadas em violinos, e abriu seu caderno na matéria de história, suspirando antes de ligar seu computador para acessar o livro no modo virtual, já que tinha deixado o físico no armário da escola.
Não percebeu o tempo passar, mas já tinha mudado de matéria e seu irmão mais velho havia chegado em casa, como de costume, após ter tomado um banho depois de ouvir algumas reclamações do irmão mais novo, o alfa estava deitado na cama de casal do omega, mexendo distraidamente no celular enquanto o dono do quarto agora revisava o conteúdo de geografia, quando sentiu seu celular vibrar, estranhou, já que avisou ao Jimin que estava bem assim que chegou em casa, e não pode evitar o pequeno sorriso ao ler o nome na barra de notificações, se apressando em desbloquear o aparelho e entrar na conversa
Tae-Hyung
|Gguk
|Tá ocupado?
18:34
Gguk
Oi|
Eu tava estudando|
Mas não é nada importante|
18:34
Tae-Hyung
|Certeza?
18:34
Gguk
Sim|
18:35
Tae-Hyung
|Seria abuso por parte desse alfa fudido pedir uma foto sua?
18:35
Gguk
kk|
Meu irmão tá aqui, espera um pouquinho|
18:35
Tae-Hyung
|Se eu estiver incomodando, me avisa
|Sério
18:36
Gguk
[foto] |
18:39
Tae-Hyung
|Merda Jeongguk
18:39
A foto era de suas coxas branquinhas, exibindo a pele pálida e macia, livre de marcas e com pelos claros ralos, usava apenas um shortinho azul bebê, que Taehyung julgou corretamente ser seu pijama.
Gguk
Meu irmão não saiu daqui, foi o que eu consegui|
18:40
Tae-Hyung
|Você é um gostoso
|Merda
|Essas pernas...
|Como eu queria poder apertar e beijar elas agora
18:44
|ta com vergonha, não tá?
|Como eu queria apertar suas bochechas agora
18:45
Gguk
Hyung!|
18:45
Tae-Hyung
|fofo
18:46
Jeon corou intensamente, desenhando um sorrisinho tímido enquanto fixava os olhos na tela do celular. Sua reação não escapou à atenção de seu irmão mais velho, que achou encantador ver o lado mais suave de um irmão que geralmente parecia sério. Isso contrastava com as ocasiões em que Jeon se refugiava em seu quarto e, consequentemente, em seus braços, para chorar durante a noite - geralmente após desentendimentos do pai com eles ou com a mãe de ambos.
Vê-lo sorrindo dentro de casa era algo raro e, com certeza, devia ser apreciado.
— Como você tá com aquele alfa lá? — perguntou, observando o mais novo o encarar corado. Um sorriso involuntário brincou nos próprios lábios; seu irmão ficava adorável quando falava sobre o capitão do time de basquete.
— Ah, continuamos na mesma, infelizmente — sorriu timidamente, decepcionando um pouco o irmão mais velho, que sabia do profundo sentimento do ômega pelo alfa desconhecido.
— Relaxa, Gguk, você é incrível. Ele vai se apaixonar rapidinho — afirmou, sorrindo ao ver o irmão corar ainda mais.
Ele o amava intensamente, considerando-o a pessoa mais querida em seu mundo. Desejava ardentemente poder guardá-lo em um potinho e protegê-lo de todas as adversidades, especialmente do próprio pai. No entanto, não podia negligenciar sua própria saúde mental em prol do irmão mais novo. Quando a oportunidade de ficar nos dormitórios da faculdade surgiu, aceitou de imediato, escapando das garras opressoras do pai, e nunca mais voltaria para aquela casa se não fosse por Haenul, então, por ele, passava algumas noites na casa
O chamado da mãe de ambos veio, cerca de meia hora depois, e os irmãos Jeon desceram juntos, indo até a sala de jantar. Jeongguk se sentou à mesa, segurou a mão de seu irmão e da mãe, fechando os olhos em seguida.
— Dignai-vos, Senhor, abençoar o alimento que vou tomar, para melhor vos servir e amar. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém — pronunciou o alfa mais velho.
— Amém — Todos repetiram, começando a se servir.
Jeongguk pegou um pouco mais de comida do que o normal, mas não muita coisa. Começou a comer calmamente, percebendo o punho fechado de seu pai sob a mesa; ele estava irritado com algo.
— Hajun, como foi seu dia? — Perguntou olhando para o filho mais velho.
— Normal, eu fui pra faculdade de manhã e depois vim pra casa — Falou simplista, vendo o mais velho assentir.
— E você, Jeongguk, o que fez? — Focou sua visão em seu filho caçula, que engoliu em seco.
— Eu fui pra escola de manhã, fiz algumas coisas no clube de jornalismo e depois vim pra casa, fiquei estudando — Falou tentando manter a calma, mas seu olhar traía um desespero contido, enquanto segurava para não deixar os olhos marejarem.
— O que fez no jornalismo? — O olhar cortante do pai fez Jeongguk se encolher ainda mais.
— Nós começamos a nos orga.organizar para fazer u.ma matéria sobre o time de Basquete — Falou baixo, a gagueira aumentando, seu desespero revelado, enquanto segurava para não deixar os olhos marejarem.
— Repita, sem gaguejar!
— Nós começamos a nos orga.organizar para faz.zer uma matéria sobre o time de Basquete — Tentou controlar a respiração, mas a ansiedade crescia, segurando ainda mais para não deixar os olhos marejarem.
— De novo! Se gaguejar, resolveremos isso de outro jeito — apertou o punho, intensificando o desespero em Jeongguk, que continuava segurando para não deixar os olhos marejarem.
— Nós começamos a nos organizar para fazer uma matéria sobre o time de Basquete — Suspirou ao conseguir falar, mas o desespero persistia em seus olhos, mantendo o esforço para não deixar as lágrimas escaparem.
— E como você está indo para a escola? Lembro-me de uma vez que tentou ir com aquela blusa completamente inadequada.
— Eu to indo certinho — Falou, relembrando o dia em que quase apanhou por ter tentado sair de casa usando uma blusa que mostrava sua barriga.
— Certinho como? — O alfa olhava sério para o filho.
— Tudo coberto — Saiu quase em um sussurro.
— Ótimo — Sorriu.
Jeongguk suspirou aliviado pela conversa ter se encerrado. Sempre era a mesma aflição nos jantares, todos os dias, sem falta. Era sempre aquele desespero, aquela vontade maluca de sair correndo e chorar, mas sabia que apanharia se fizesse isso. Além disso, sua família era extremamente religiosa e preconceituosa, com missas todos os domingos, orações antes das refeições e uma lista de proibições divinas. Era um verdadeiro inferno para o pequeno ômega, que não compartilhava das crenças religiosas da família, mas continuava a cumprir todas as práticas por causa do pai extremamente rigoroso.
Quase todos os dias, Jeongguk precisava reforçar para si mesmo que a culpa de tudo aquilo era de seus pais e não da religião que diziam seguir. Tentava se convencer de que a opressão, os padrões estritos e as regras sufocantes eram fruto de uma interpretação distorcida e fanática, não uma verdade incontestável.
— Algum alfa boa linha te cortejou? — Sua mãe perguntou em um tom baixo, o tom considerado certo para ômegas.
— Não, mamãe. — Respondeu Jeongguk, sua resposta ecoando com uma ponta de melancolia, enquanto tentava esconder o desespero que sempre o acompanhava nessas situações.
— Os alfas nessa idade só querem saber de diversão, aproveitar a vida, eu era assim — o homem falou — os ômegas têm que se manter na linha, para conseguirem bons alfas — olhou para o filho caçula, querendo reforçar a mensagem — Certo?
— Sim, papai — Concordou, sentindo um nó se formar em sua garganta.
— Nenhum alfa iria querer se casar com um ômega que não é "puro", isso seria um absurdo — falou como se fosse óbvio — para isso que lhe criamos tão bem — fixou um olhar firme em Jeongguk, impondo sua autoridade.
— Diga, meu querido — Sua mãe pediu, sabendo que era o que o marido queria ouvir.
— Seja um bom garoto, se guarde para seu alfa e o respeite — Jeongguk repetiu o que já estava cansado de ouvir.
— Isso — seu pai sorriu, agora satisfeito com a resposta — Seja um bom garoto.
Jeongguk suspirou, sentindo a pressão aumentar à medida que a autoridade do pai se fazia presente. Mesmo cansado das expectativas impostas pela família, ele carregava consigo a determinação de não deixar que isso definisse completamente sua vida e suas escolhas.
O ômega dormiu junto de seu irmão naquela noite, depois daquela conversa no jantar. Sabia que ele não voltaria mais naquela semana, então aproveitou para ficar mais um pouco junto da única pessoa que parecia carregar algum carinho por si naquela casa, a única pessoa de sua família que lhe trazia conforto.
Jeongguk acordou mais cedo que o irmão e correu até o seu quarto para poder tomar um banho e se arrumar para mais um dia na escola, seguindo sua rotina habitual de cuidado com a pele, com os cabelos, a maquiagem leve, as roupas confortáveis, e a checagem de sua mochila, descendo para o café da manhã em seguida.
Ficou decepcionado quando Hajun apareceu rapidamente na cozinha, deixando um selar rápido sob seus cabelos antes de sair da casa quase correndo, e então comeu sozinho com seu pai, no silêncio que normalmente ficavam durante a manhã. Jeongguk respirou fundo após colocar o seu prato na pia, virando-se para o pai e andando até ele. Ajeitou os óculos e respirou fundo mais uma vez, criando coragem.
— Papai? — Falou com um tom de voz baixo, vendo o homem lhe encarar — O Namjoon me pediu ajuda para estudar, posso dormir na casa dele? — perguntou de cabeça baixa, não sentindo um pingo de culpa por mentir para o pai.
— Namjoon é o alfa? — Ele arqueou uma das sobrancelhas, parecendo pronto para negar o pedido.
— Não! É um ômega um ano mais novo, nunca dormiria na casa de um alfa, papai — Falou apressadamente, não sentindo um pingo de culpa por mentir.
— Tudo bem então — Deu de ombros, voltando a se focar no celular; ele devia estar de muito bom humor naquela manhã.
— Obrigado — Se curvou levemente.
Foi para seu quarto pegar a mochila com algumas roupas e pertences pessoais, já havia arrumado ela na noite anterior. Desceu as escadas, pegou a mochila com o material escolar no fim da escada e saiu de casa, já sofrendo pelo peso das duas mochilas em suas costas. Tentou ser rápido no caminho até a escola, para que pudesse se livrar logo de todo aquele peso.
Suspirou ao adentrar o local, passando pelo corredor, querendo ir até o seu armário. Levou um susto ao sentir alguém pegando uma de suas mochilas, a tirando de si. Se virou e encontrou o sorriso quadrado característico de Taehyung que fazia seu coração disparar.
— Não devia carregar tanto peso, Gguk — falou com um tom ameno, ajeitando a própria mochila nos ombros — Gente, eu vou com o Jeongguk, temos a primeira aula juntos, e ele vai acabar tendo um problema nas costas se continuar carregando esse peso — falou simples, arrancando um sorrisinho de Yoongi.
— Você veio andando até aqui com isso? — Jimin perguntou com os olhos arregalados.
Jeon abriu a boca para reclamar de toda aquela preocupação que julgava ser desnecessária, mas foi interrompido por um alfa, que apareceu entre Jimin e Hoseok.
— Vai ter festa lá em casa hoje, e é obrigatório que as estrelas do colégio vão, então Taehyung, Jimin, Yoongi, Namjoon e Hyuna são obrigados a irem — Jihoon falou, apesar de saber que os últimos dois citados não estavam ali — O resto tá convidado — Olhou para Hoseok — Se você não for, eu vou ficar magoado, lindinho — Sorriu debochado, e o Jung revirou os olhos, rindo no final — Você eu nunca conversei — Analisou o ômega mais baixo dali — Tá convidado também, fofinho — E saiu.
— Quanta energia — Jeongguk murmurou, começando a andar em direção ao seu armário.
— Você vai? — Taehyung perguntou, se apoiando nos armários, vendo o menor começar a abrir o seu.
— Eu vou dormir na casa do Jimin, se ele for, eu vou ter que ir — Suspirou, pegando os livros que precisaria para aquela manhã no próprio armário.
— Você sabe que ele vai, não é? — O Kim perguntou risonho, vendo o ômega assentir, fazendo uma careta, não estava feliz com aquilo.
— Quem mandou eu ser amigo das pessoas populares — murmurou, revirando os olhos, e o alfa sorriu, entregando a mochila quando o outro pediu, observando-o guardá-la no armário.
— Vai ser divertido, sempre tem bebida nas festas do Jihoon — tentou animar o mais novo, que o olhou feio.
— Álcool, música, maconha e provavelmente coisas mais pesadas, por que não? — debochou enquanto tentava ajeitar sua segunda mochila no espaço pequeno.
— A parte da maconha e coisas mais pesadas eu não gosto — Taehyung deu de ombros — Vai ser divertido.
— Eu realmente não gosto dessas festas, não gosto de dançar e não bebo, então não me divirto — Olhou para o alfa — E com certeza eu vou ter que cuidar dos meus amigos bêbados no final — Taehyung riu.
— Eu cuido deles com você — sugeriu, sorrindo.
— Isso se eu não tiver que cuidar de você junto — O alfa gargalhou, afinal, aquilo provavelmente aconteceria.
— Joon — Jeon chamou, o omega mais novo ao o ver passando pelo corredor, correndinho até ele — eu falei para os meus pais que ia dormir na sua casa — falou, não precisando de mais nada para o outro entender
— Tudo bem, se eles ligarem lá eu confirmo — Sorriu, mostrando as covinhas que possuía.
— Obrigado — sorriu de volta, se virando para Taehyung, que parecia pronto para provocá-lo por estar mentindo para os próprios pais
—Hey, você vai pro clube de jornalismo agora ou tem aula com o Jaein? — Namjoon perguntou.
— Eu tenho aula com ele agora — respondeu, concordando com a cabeça.
—Fala pra ele ligar o celular? To mandando mensagem pra ele faz séculos — falou com um biquinho.
—Tudo bem — Jeon sorriu largo, vendo Taehyung se aproximar para apertar as bochechas do outro omega, já que também eram amigos.
— Que rebelde você, mentindo para os pais que vai dormir na casa de um amigo para ir em uma festa — Taehyung provocou, rindo, e Jeongguk revirou os olhos.
— O plano não era eu ir em uma festa, idiota — respondeu, continuando a andar até a sala, sendo seguido pelo alfa, que ria.
As aulas se passaram como todos os dias, um pouco entediante, mas Jeongguk anotou tudo, tanto os slides quanto o que os professores falavam, também, checando sua agenda em relação às provas e aos vestibulares. Ao final da aula, ele foi junto de seu amigo andando para a casa deste, já que era perto da escola, passaram a tarde comendo besteiras e assistindo filmes da Marvel. E foi ao final da tarde que o ômega começou a choramingar, sendo arrastado para se arrumar para ir na festa que não queria ir.
— Minnie — Jeongguk reclamou ao sair do banheiro.
Como não tinha planos de comparecer a nenhuma festa, Jeongguk não trouxe roupas adequadas, ficando apenas com um pijama e uma blusa simples. Jimin, insatisfeito com a ideia de deixar a festa passar em branco, persuadiu Jeongguk a vestir a calça preta justa que usava na escola, complementando com uma de suas blusas sociais. Embora a camisa tenha ficado um pouco grande, Jimin a enfiou por dentro da calça de cintura alta, ajustando-a para um visual charmoso. A clavícula delicada ficou à mostra, conferindo um toque sensual, mas as mangas dobradas e os óculos redondos mantinham um ar adorável.
— Você está incrível, Ggukie, não reclama— disse Jimin, ajustando seus próprios tênis.
— Eu vim aqui para assistir a filmes e comer besteiras, não para ir a uma festa onde você vai beber até cair! — resmungou, emburrado, cruzando os braços diante do peito, não impedindo o biquinho que se formou em seus lábios
— Eu não vou te deixar sozinho aqui, e todos os nossos amigos vão. Vai ser divertido! — tentou animar o menor, que apenas fez um biquinho emburrado e cruzou os braços.
— Eu vou, mas é porque eu não tenho opção. Odeio essas festas — deixou claro, apontando para o rosto do alfa, que riu e o abraçou
❄��
Jeongguk já havia perdido completamente a noção do tempo enquanto permanecia afundado no sofá, suspirando com desânimo ao testemunhar Jimin preenchendo mais um copo com álcool. A atmosfera pesada tornava-se insuportável.
Num impulso, ele se levantou e decidiu explorar a casa, saturado com a cena ao seu redor, onde corpos se moviam em sincronia com uma música sensual. Seus olhos encontraram uma escada, e ele subiu, curioso para espiar o que acontecia no andar superior.
Ao chegar lá, percebeu que eram essencialmente quartos, a maioria com portas fechadas, indicando ocupação. Jeongguk continuou andando até avistar um quarto com a porta entreaberta, dirigindo-se até lá, mesmo que tenha se arrependido instantaneamente.
A visão de Hyuna completamente nua, dominando Taehyung em uma cena íntima, cravou-se brutalmente na mente de Jeon. Instintivamente, ele cobriu a boca com a mão, contendo qualquer som que ameaçasse escapar. Saindo às pressas, dirigiu-se ao banheiro, sentindo algo revirar intensamente dentro de si.
Jeongguk teve tempo apenas o suficiente para abrir a tampa da privada antes que as ânsias de vômito o atingissem com força. Ofegante, ele se levantou, deu descarga e sentiu o amargo persistente da bile em sua boca. Lavou o rosto de maneira intensa e fez gargarejo várias vezes, numa tentativa desesperada de afastar o mal-estar deixado pelo vômito.
Respirou fundo ao sair do banheiro, regressando ao sofá, aquele que ele jamais deveria ter abandonado. Encolhido ali, lutava para segurar as lágrimas, enquanto a ardência na garganta ecoava como uma lembrança brutal do desconforto.
— Tudo bem? — Jeongguk se assustou ao ouvir uma voz grave próxima a ele, percebendo que se tratava de um alfa.
— Sim, está tudo bem — ele tentou sorrir, mas sabia que suas feições não estavam convincentes, deviam parecer péssimas.
— Talvez você se sinta melhor — o alfa tirou o moletom branco fofo que estava amarrado em seu quadril — Pode me devolver na segunda-feira — sorriu enquanto estendia a peça para o menor.
— Obrigado — o ômega falou sinceramente, pegando o moletom e vestindo-o.
— Eu sou o Jongin — ele sorriu novamente, afastando-se e indo em direção a um grupo de amigos.
Jeongguk sorriu timidamente, profundamente grato pela gentileza do alfa desconhecido. Ao vestir o moletom, encolheu-se dentro dele, ignorando a sensação de frio que o envolvia. Absorveu o calor do aroma acolhedor de café impregnado na peça, embora seus pensamentos ainda buscassem pelo reconfortante cheiro de chuva de Taehyung.
— Jeongguk? — Sua atenção foi capturada por Min Yoongi, o ômega, namorado de Hoseok e melhor amigo de Taehyung.
— Oi — respondeu timidamente.
— Eu tenho isso — Yoongi tirou do bolso uma caixinha de fones de ouvido — São do Hoseok, na verdade — ele sorriu sem jeito — Bloqueiam o som ao redor, e eu só queria descansar um pouco — sentou-se ao lado de Jeongguk — Pode dormir, eu prometo te acordar quando formos embora.
— Ah... não vou negar que estou cansado — Jeongguk sorriu timidamente — Agradeceria muito — o outro lhe entregou os fones.
— Você é como um irmão mais novo do meu namorado, além de ser adorável, não será nenhum problema fazer isso por você — Yoongi sorriu.
Jeongguk colocou os fones e suspirou ao perceber que a música estava suavemente presente. Ajeitou o capuz do moletom, encolheu-se mais, fechou os olhos. Decidiu manter os óculos, acomodou-se no sofá, e mal percebeu quando mergulhou em um sono profundo.
Jeon abriu os olhos ao sentir alguém apertando sua bochecha, encontrando Hoseok diante dele. Tirou os óculos, passou as mãos pelo rosto na tentativa de despertar, recolocou o objeto no rosto e retirou os fones de ouvido, adentrando no ambiente barulhento. Dormir naquele local não era apenas arriscado, era uma atitude irresponsável.
— O Yoongi estava prestes a cochilar, então estamos indo para casa — o alfa informou, estendendo um copo com um líquido verde neon — É soda de maçã verde, sem álcool.
— Obrigado — Jeongguk aceitou a bebida, entregando os fones ao amigo.
— Boa noite, pequeno — Hoseok bagunçou seus cabelos escuros e se retirou.
O ômega consumiu a bebida rapidamente, agradecendo mentalmente por estar ingerindo algo. Levantou-se, depositou o copo na mesa da frente e, olhando ao redor, buscou por Jimin. Caminhando, procurou pelo amigo, mas a única figura que encontrou foi Taehyung, pálido e apoiado em uma parede. Jeongguk não hesitou em se aproximar, preocupado com o estado do alfa.
— Tae? — Jeongguk chamou alto, elevando a voz devido à música alta ao redor.
— Ggukie — Taehyung respondeu de forma estranha, fazendo Jeon suspirar ao perceber que ele estava completamente embriagado — Acho que preciso vomitar — disse com um tom sofrido.
— Quer ajuda para ir até o banheiro? — Jeongguk perguntou preocupado, vendo o outro assentir.
O ômega ajudou Taehyung a chegar ao banheiro, servindo de apoio para que ele alcançasse o local necessário. Assim que chegaram, Taehyung se ajoelhou em frente à privada e vomitou, recebendo carinho nas costas de Jeongguk. Taehyung vomitou mais duas vezes antes que o enjoo diminuísse. Lavou a boca na pia e aceitou a ajuda do outro para retornar ao sofá, onde se sentou e depois deitou, usando as pernas de Jeon como travesseiro.
— Esse cheiro é do Jongin — Taehyung falou enquanto brincava com os dedos do ômega, que acariciava seus cabelos loiros com a outra mão — Não sabia que vocês ficavam... achava que ele estava tentando algo sério com o Kyungsoo— disse com um biquinho nos lábios.
— A gente não está ficando, ele só percebeu que eu estava com frio mais cedo — Jeongguk falou, deixando transparecer um toque de desapontamento em sua voz.
— Ele é legal — Taehyung murmurou antes de fechar os olhos, apagando no colo do menor.
Jeongguk permaneceu ali, fazendo carinho em Taehyung, mas o desapontamento ecoava em seus pensamentos enquanto refletia sobre o quanto era apaixonado pelo alfa. A noite, que deveria ter sido uma simples festa, agora pesava em seu coração com uma sensação amarga de desilusão.
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