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História Wishes In The Dark (HIATUS) - Do You Want a Tattoo?


Escrita por: Killerfrost

Notas do Autor


Boa noite pessoal!
Como maioria, tô em casa de quarentena :c e vamos colaborar pessoal, pra esse negócio passar logo...
Enfim ao menos tive tempo p escrever.

Espero que gostem! Boa leitura :3

Capítulo 3 - Do You Want a Tattoo?


Cada mínima sílaba desferida pelas cordas vocais de Delanay me provocava o mais profundo tédio e desânimo. As aulas de antropologia seriam um sacrifício de ser acompanhadas, principalmente tendo de me manter acordada.

Graças aos céus, ou não, sua aula foi interrompida por uma mulher pedindo licença na sala, pude sentir a energia calma e afetuosa que ela emanava, a atmosfera do ambiente pulou de desconfortável para agradável com sua presença. Um coque loiro perfeito estava preso no topo de sua cabeça, os olhos cor-de-mel rodeados por pequenas linhas de expressão seguem a mesma curvatura de seus lábios, alegres e serenos. O vestido longo e bege parece se fundir ao tom de sua pele, se camuflando entre os braços e pernas.

— Bom dia, queridos! — Seu olhar passa por todos, e logo volta despreocupado até a professora — Onde estão os outros?

— Outros? Hemily me disse que faltavam apenas essas duas alunas novas! — O tom de Delanay muda subitamente, agora é gentil e educado, por mais inofensiva que a outra pareça ser.

— Elas são as únicas alunas novas neste curso, mas a turma tem muitos outros alunos! Estão faltando Íris, Debrah, Jade, Nina… Mas como são veteranos, provavelmente preferiram não te ver na aula introdutória, Delanay! — A mulher ri, deixando a outra sem ter como responder.

— Ninguém quer vê-la! — Castiel exclama sorrindo.

— Mais respeito, Castiel! — Ela pede, mesmo não conseguindo conter a própria risada — Bem, Delanay, você apresentou os veteranos para as alunas novas?

A outra se paralisa, seus braços anteriormente cruzados se grudam às laterais de seus quadris. Ela nega com a cabeça.

— Então vamos lá, vocês duas, muito prazer! Meu nome é Athena. — A mulher encara Chani e eu, sorrindo e juntando suas mãos como se estivesse prestes a fazer um discurso.

— Como o da deusa grega… — Acabo sussurrando, minhas bochechas coram ao notar que ela percebeu.

— Não tão inteligente e guerreira, mas sim, como o da deusa grega! — Seu sorriso me conforta e ameniza a vergonha desabrochando em meu rosto — Sou a fundadora e diretora do Instituto Athenas! Sejam bem-vindas!

Meus olhos brilham ao fitá-la a partir dali, pensar que aquele local é gerido por esta mulher faz-me ter esperança que os dias não sejam tão tortuosos ou repletos de problemas incompreendidos.

— Às apresentações, se não me engano vocês são Rúbia e Pandora, certo? — Athena pergunta e eu confirmo, Chani parece um pouco desconfortável em ser chamada pelo segundo nome, mas não protesta contra — Vamos começar do aluno com mais tempo de casa! Então no caso o primeiro é Lysandre!

Ela aponta para o platinado isolado no canto da sala, e todos os olhares novamente o atingem, causando certo incômodo em seu olhar, sem desgrudar o ombro da parede ele acena para nós, como se dissesse um oi muito tímido. E confesso ter achado fofo.

— Ele chegou aqui com apenas quatorze anos, e atualmente tem dezenove, eu o considero meu filhinho! — Ela aperta as mãos contra o peito, demonstrando grande afeto pelo garoto.

Uma batida em uma das mesas espanta a todos.

— Não acreditem nela! — Rosalya se levanta — Ele é um monstro! Um assassino! Mantenham o máximo possível de distânc…

— Pare!!! — Athena interrompe com a voz mais firme e brava — Ele não é absolutamente nada disso! Continuando… a aluna que chegou pouco depois de Lysandre é justamente ela, Rosalya, e peço que tomem os devidos cuidados ao interagir, pois ela possui esquizofrenia. — Seu tom gentil se manifesta novamente, e ela explica resumidamente o porquê de Rosalya ser tão hiperativa e por certas vezes aparentar ter delírios.

A reação da platinada foi o contrário da esperada, seu semblante murchou como uma bexiga se esvaziando muito rapidamente, se sentou na cadeira que já ocupava minutos antes e se calou. Envergonhada? Ou apenas triste?

— Depois de Rosalya… Alex ou Alexy? — Athena pergunta ao garoto de cabelos tingidos de azul claro.

A pergunta me confunde, se ele é um veterano, por que ela não sabe como chamá-lo? A resposta vinda do garoto faz a pani se instalar em minha mente.

— Alexy. — Seu sorriso simpático não se fechava nem um segundo.

— Certo, Alexy chegou aqui há mais ou menos dois anos, e perguntem como devem chamá-lo, ele tem dupla personalidade! — A diretora explica com tanta gentileza que as palavras não incomodam nem um pouco os alunos, porém seu tempo parece ser curto afinal apressou as apresentações a partir dali — Depois dele, Castiel chegou aqui por conta de alguns incidentes referentes a seu transtorno bipolar, e Violette não possui transtorno mental, contudo é bem introvertida, respeitem isso nela!

Delanay limpa a garganta, dando um passo a frente para ter espaço de fala.

— Athena, me desculpe interromper, mas… minha aula está acabando.

— Oh! Eu sei! — A loira sorri e volta a nos fitar — Caso precisem de algo, me procurem, meus jovens! Podem ir almoçar!

Em menos de cinco segundos TODOS saíram da sala, com exceção de Chani, as duas adultas e a mim. Percebendo que Delanay estava iniciando uma discussão com Athena, a qual mantinha a calma e pouco se importava com as reações da outra, me levantei antes que Chani me puxasse para fora.

Seguimos os outros alunos.

— Não acredite no que ela disse… — A boneca gótica viva ao meu lado se pronuncia — Eu nunca mataria animais para rituais, eu tentei evitar que isso acontecesse, acabei sendo pega e considerada culpada injustamente.

Dei risada, evitando fazer com que o clima ficasse pesado entre nós.

— Então estamos em situação parecida! Tenho cara de quem venderia drogas no primeiro dia de universidade para você? — Aponto para meu próprio rosto, simultaneamente fazendo careta.

— Nem um pouco! — Chani sorri, sinto que nossa aproximação está evoluindo aos pouquinhos, com passinhos de formiga, mas essa formiga está correndo — Também armaram contra você?

Afirmo com a cabeça, mas não me permito abalar por conta disso. Já estamos no refeitório e visto pela localização dos demais precisamos entrar na fila, de automático nos encaixamos na tal, observando o que os outros faziam a fim de não passar vergonha ou ficar perdidas no meio do espaço.

Vários alunos já ocupavam algumas mesas, contudo o local ainda estava consideravelmente vazio, e isso me confortou, não gosto de aglomerações.

O sistema para se servir era o básico de um self-service: pegar uma bandeja, os talheres e recipientes desejados, se servir e escolher uma mesa. O cardápio é desprovido de variedades, então acredito que ele deva mudar diariamente, caso contrário qualquer um enjoaria em uma semana ou menos. Duas mulheres uniformizadas faziam vista grossa enquanto os estudantes se serviam.

Não arriscando comer demais e causar desconforto ao meu estômago sensível, decido me servir apenas com um pouco de arroz, carne e salada, além de um suco de abacaxi tão amarelo que com certeza era cem por cento artificial, só irei tomar porque já servi meio copo. Chani encheu seu prato de salada, arroz, feijão e carne cozida, sem se preocupar.

Quando terminamos de nos servir, olho para Chani e para as mesas, pedindo em silêncio para que ela escolha um lugar.

— Hmm… Vamos tentar não ser tão antissociais! — Ela sugere e eu respondo com um sorriso pequeno, a seguindo até uma mesa próxima das janelas.

Nos acomodamos na ponta dela, uma de frente para a outra, deixando um espaço no meio para respeitar os outros dois que já habitavam a mesa, só fui identificar suas faces e vozes depois de alguns segundos. Castiel e Lysandre.

— Acho que algumas partes ficaram apagadas depois de cicatrizar… e a das costas por ser antiga a parte branca está sumindo. — A voz de Lysandre é baixa e gentil, mas ele parecia estar a contendo, forçando para que fosse baixa daquele jeito, evitando chamar atenção.

E surpreendentemente isso chama muito a minha atenção. É fofo.

Acho que já tive a mesma sensação sobre ele antes, é como um déjà-vu de percepções.

— Pode ser hoje? Eu tô com tempo vago na agenda, dá pra retocar a tatuagem das costas e do abdômen. — Castiel dizia, enchendo a boca de batatas fritas em seguida, sua bandeja estava cheia de tudo de gorduroso e nada saudável que tinha disponível no cardápio de hoje.

Seu cabelo de tom rebelde lhe dava um charme adicional, e somado aos olhos finos e acinzentados, o maxilar marcado e o estilo meio grunge, meio metaleiro, formava a equação perfeita de bad boy que conseguia ficar com a menina que quisesse. O analiso de cima a baixo, sua postura desleixada era totalmente divergente à de seu amigo.

— O que foi, bonitinha? — Ele percebe meu olhar. Quero morrer. Lysandre continua comendo, sem sequer virar a cabeça para nos encarar — Quer fazer uma tatuagem também?

Tatuagem. Então é sobre isso que eles falavam. E sinceramente, eu sempre quis fazer uma, meus pais nunca permitiram, e mesmo tendo dezoito anos, eu seria afogada em água benta e depois queimada numa fogueira caso aparecesse em casa com uma tatuagem. Observei as mãos do ruivo, ele tinha um crânio desenhado em uma delas, o traço era fino e muito bonito, não pude negar o interesse.

— Eu quero sim. — Respondo, sem querer acabo fazendo uma cara de cachorrinho pidão, imaginando que desenho eu gravaria em minha pele para o resto da vida.

— Pandora! — Chani me repreende — Você nem conhece ele direito e já vai dar confiança para fazer uma tatuagem em ti?

Será que eu sou tão ingênua assim? Poxa, já estava animada com a idéia.

— Ela já é bem grandinha, deve saber em quem confiar ou não, e não há problema nenhum! Afinal estaremos na mesma classe por quatro anos, temos de nos conhecer! — Castiel sorri encarando a loira de maneira irônica, enchendo a boca novamente.

Sinto que os dois não vão se dar muito bem.

— Por incrível que pareça, podem confiar nele. — A voz bela e afinada se manifesta novamente, ainda encarando seu prato já vazio, Lysandre mexe nos cabelos e nos informa — Ele pode ser meio estressadinho as vezes, mas é um cara legal.

Chani dá de ombros, voltando a comer.

— Eu sou foda pra caralho, só isso que você precisa saber. — Castiel me encara e começa a esvaziar o bolso de sua jaqueta, de onde saíram uma palheta vermelha, um maço de cigarro, isqueiro, e algumas folhas de papel de seda — Merda, esses eu não posso usar pra isso… Lysandre… ?

Após alguns segundos de silêncio, o platinado retira do bolso acima de seu peito um bloquinho de notas e uma caneta prateada, sua face estampava uma porcentagem de zero vontade de emprestar aquilo ao amigo, ainda assim, estendeu os objetos. O imaginei como um contador retirando coisas daquele bolsinho, assim como o senhor Félix, meu professor de contabilidade da época de curso técnico, o velhinho sempre estava com uma camisa estampada diferente, a única semelhança entre elas era o bolso do lado esquerdo do peito, onde ele colocava uma calculadora e quantas canetas o tecido suportasse carregar.

O ruivo retira uma folha do bloquinho e aperta o botão da caneta, me estende o papel após escrever os algarismos 315 nele.

— É o número do meu quarto, apareça lá mais tarde! — Ele pisca um dos olhos cinzentos para mim — Estarei trabalhando, ou seja, tatuando, tu pode ver alguns dos meus trabalhos e decidir se quer fazer ou não!

Enquanto ele tagarela de forma galanteadora e irônica de uma forma irritante, Lysandre apenas recolhe seus pertences, discreto, e se encolhe na cadeira como se quisesse escorregar para baixo da mesa.

Fofo.

Chega, Pandora, foco.

— Vou pensar no caso. — Respondo, lembrando imediatamente da experiência que tive nesta manhã. Não devo entrar no quarto dos outros sem saber de quem se trata, e devo ler tudo! Assim como Hemily me alertou.

Mais importante que isso, como Castiel tinha tantos itens proibidos no bolso? Hoje mesmo os dois estavam tendo uma pequena discussão com Hemily, minutos antes do meu querido celular ser jogado naquela caixa velha. Chani parece compartilhar do mesmo pensamento, pois pergunta:

— Por que você tem isqueiro, cigarros e essas coisinhas que claramente não podemos obter aqui dentro?

Pela primeira vez diante daquele mesa, o rosto de Lysandre se mostra em nossa direção, me deleito em vislumbrar os detalhes de sua heterocromia e o corte assimétrico dos fios brancos tingidos de preto nas pontas, enquanto algumas mechas terminavam bem acima de suas sobrancelhas, outras iam além do queixo marcado, ele parece me conhecer visualmente só agora, pois suas pupilas passeiam por mim de forma incansável, fazendo-me corar. Quem responde, novamente, é Castiel:

— Por ser amigo do queridinho da diretora. — Ele aponta para o outro — Acabo tendo alguns privilégios, como fazer compras online e ganhar materiais para trabalhar com as tatuagens! A própria Athena aprovou isso como um "empreendimento"! E queria que eu me matriculasse no curso de gestão financeira… mas eu não quis.

— Ah, então por isso você é tão temido por todos? Pela diretora te considerar como filho? — Chani tenta puxar assunto com o platinado.

Ele não responde, sua face se entristece.

— Se for, é idiotice deles, julgar alguém sem conhecê-lo propriamente é a pior coisa! — Refuto, usando meus próprios princípios para embasar a fala.

Eu não imaginava receber uma resposta tão inesperada e linda, mas acabo de me preocupar muito com meus batimentos acelerando de maneira crescente. Tal resposta não foi falada.

Lysandre sorriu para mim, concordando. Sem mostrar os dentes, a curvatura dos lábios e o brilho nos olhos me fizeram hipnotizar em seu rosto.

— Não acreditem no que os outros disserem sobre o Lysandre, simples assim. — Castiel cruza as pernas e organiza os recipientes vazios e guardanapos sujos em sua bandeja, terminando a refeição.

— Também não acreditem no que foi dito na sala sobre mim e Chani! — Me abaixo um pouco e sussurro para eles como se fosse um segredo muito mau. — Armaram contra nós. Ela nunca matou animais. E colocaram drogas na minha mochila para me incriminar…

— Poxa, que pena! Pensei que você fosse me fornecer umas boas! — O ruivo interrompe com um sorriso triste e um olhar psicótico. Seus olhos só voltam a piscar quando ele leva um soco no ombro, vindo de Lysandre — Qual é?! Seria legal ter uma fornecedora aqui dentro, eu não precisaria buscar lá fora…

— Por que não tentaram provar sua inocência e evitar vir para cá? — Lysandre ignora completamente Castiel e continua o assunto, natural e calmo.

Um filme se passa reduzido por cinco segundos em minha mente, lembrando-me da minha relação familiar. Permiti que Chani respondesse primeiro.

— Eu achei que seria uma experiência interessante, quando sair daqui quero me tornar psiquiatra! Então não agi contra. — Ela parece conformada com a idéia de passar quatro anos trancada neste lugar.

Os três me cercam com seus olhos, exigindo uma resposta. E lá vamos nós.

— Meus pais são muito religiosos, sempre tive muitas discussões com eles, porque independente do quão esforçada e obediente eu seja, eles não aceitam meus gostos pessoais, desde músicas até a maneira que me visto e me comporto. Eles não acreditaram em mim sobre a armação das drogas na mochila, e estão pagando para que eu estude aqui. — A reação deles é a esperada, surpresa e incredulidade — Mas eu estou bem quanto a isso, não façam essas caras!

— Bem, já terminei, preciso trampar antes da aula noturna! — Castiel se levanta, levando sua bandeja consigo.

Lysandre o segue, sem dizer mais nem uma palavra.

— Vamos também? — Pergunto e Chani recusa.

— Está bem distraída, hein?

— Por quê? — Fico sem entender.

Chani aponta para a mesa, quando abaixo o rosto, vejo meu prato ainda cheio. Eu não tinha dado sequer uma garfada…

Apenas dei risada da situação e comecei a comer, estava quase esfriando, mas a comida era boa. Chani riu também e me esperou pacientemente.

Pelo que parece não sou tão ruim assim em me enturmar, sinto que acabo de fazer minhas primeiras amizades.



Notas Finais


E aí? O que acharam? :3 os coments me motivam bastante e podem me dar idéias do que fazer na fic mais pra frente!

Até o próximo! E se cuidem hein, muito álcool gel, sabonete, e ficar quietinhos bunitinhos em casa!
Bjs


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