História Wishing I Was 23 - Capítulo 10

So don't call me baby

Unless you mean it

Don't tell me you need me

If you don't believe it

So let me know the truth -Ed Sheeran (Dive)

***

Meus dedos dançavam em seus fios loiros enquanto lhe fazia cafuné. Seu rosto estava sereno, mas ainda parecia tão cansado pela noite mal dormida. Olhei ao redor, para meu quarto, mesmo depois de se passarem cinco horas, Austin continuava a dormir enrolado no meu lançol, no meu corpo e sentindo meu cheiro.

Estava chateada pelo simples fato de Bianca estar na porta da frente ao meu quarto, mas ao mesmo tempo me sentindo vitoriosa por ele preferir a mim agora. Deveria me sentir uma cretina por ter esse pensamento, a propósito eu sou aquela que ele não assume, sou a outra. Sou aquela que está pegando o que não é seu. Mas o que tem de mal em querê-lo?

Ouço leves batidas na porta, Austin se mexe apenas para se aconchegar mais em meus carinhos. A pessoa era insistente, logo começa a bater com força diversas vezes.

-Por que será que eu não posso dormi?- choramingou Austin.

-Quer ignorar?- sussurrei.

-Não vai adiantar, acho que meu esconderijo foi descoberto.- ele abriu os olhos, seu olhar encontrou o meu. Sorriu. Sorriu, mostrando a covinha linda e os dentes perfeitamente alinhados. Mas ainda melhor, sorriu com os olhos. Eu estava com o coração acelerado.- Oi.- falou calmo.

Ele se aproximou e tocou meu lábio, ele havia acabado de acordar, poderia está com mau hálito, mas eu não ligava. Queria ser beijada por ele.

Quando seus lábios encostaram os meus de leve, as batidas na porta sumiram, o mundo sumiu. Só havia eu, ele e as batidas descompensadas dos nossos corações. Ele me fazia carinho e eu adorava. Não era nada intenso, parecia que não nos víamos há meses, era um beijo repleto de saudade.

A decepção logo apareceu quando seus lábios se afastaram. O mundo voltou e as batidas também, ainda piores.

-Ally, por favor, eu sei que o Austin está com você.- chamou Mimi.

-Acho que tenho que ir.- falou triste e me deu um selinho.- Já vai! - gritou, respondendo a mãe.- Princesa, você pode deixar sua porta destrancada essa noite? Eu venho ficar com você.

Eu estava feliz demais quando concordei, mas minha felicidade sumiu quando ele não apareceu.

Amanheceu e eu não dormi, apenas cochilei estava ansiosa pela presença dele.

Durante toda semana foi assim, nos falávamos pouco e mal nos beijávamos. No fim da aula na sexta, o encontrei com Bianca , saindo da escola em direção ao estacionamento do colégio.

Elliot rodava as chaves do carro no dedo indicador enquanto assobiava. Trish havia perdido a hora e não tinha vindo ao colégio. Queria ter tido essa sorte, assim não precisava olhar para Logan.

- Vocês tem se falado?

-Não. Bianca morando lá está insuportável. Acho que estou começando a odiar uma pessoa que ainda nem nasceu.

-Sinto muito.- ele abriu a porta do carro para mim, entrei e me acomodei, logo Elliot estava ao meu lado no banco do motorista.- Você vai para a inauguração da boate amanhã?

-Eu não sei, Elliot...

-Por favor, garotinha, nem vamos precisar da identidade falsa. A boate é do meu tio, ele deixou uma bolha livre para nós.

A boate do tio do Elliot estava pronta e, inacreditavelmente, era a melhor da redondeza. Era composta por térreo e primeiro andar, havia três bares e um lugar muito legal para guardar casacos. No primeiro andar, havia umas salinhas que eram chamadas de bolhas, seis no total, eram salas vips revestidas por vidros, e quando a luz de dentro é ligada quem está fora perdia toda visibilidade de quem está dentro.

-Trish vai?

- Claro, ela só não vem para a escola. Aquela malandrinha.- ele fez um estalo com a língua quando paramos no semáforo fechado.- Meu tio achou legal fazer uma inauguração temática, usaremos máscaras. Tudo bem?

-Não tenho uma.- falei procurando meu celular na bolsa.- Merda! Acho que deixei meu celular na escola. Será que tem alguém lá?

-Soube que o diretor demora um pouco para ir embora, quer tentar ir lá?

-Faria isso por mim?

-Claro, florzinha, tudo por você. A propósito minha prima tem uma máscara dourada, ficaria bafônica com aquele seu vestido vermelho.

-O que vesti no aniversário do Austin ano passado?

-Sim, nunca te vi vestida pessoalmente com ele, mas na foto do seu Instagram está maravilhoso.

-De jeito nenhum.

-Bom, foi apenas um palpite, você pode optar por suas roupas sem graça então.

-Elliot!- O repreendi e ele apenas sorriu.

Cinco minutos depois estávamos no estacionamento, agora quase vazio, do colégio. Abri a porta do carro e desci. Elliot fez o mesmo.

-Você pode ficar se preferir, já estou te dando muito trabalho.

-De jeito nenhum, pode ter um tarado aí no colégio pronto para tirar o que é do senhor gostoso Moon.

Sorri e caminhei ao lado dele. Eu não repreenderia meu amigo, estava com receio de entrar só e tinha que concordar que Austin é realmente gostoso.

Ao chegarmos na sala de biologia I, ouvimos gemidos femininos e suspiros fortes masculinos. Elliot sacou o celular e ligou a câmera. Imaginei que ele queria fazer um flagrante e espalhar por toda escola o casal, mas agora não tinha tanta certeza que era isso que ele queria.

Esparramada na mesa, estava Lulu, a líder de torcida, e o Tony do Elliot, com as calças abaixadas, socando Lulu tão profundo que duvidava que aquilo fosse possível.

-Vamos embora.- pedi, puxando meu amigo.

Eu não ligava mais para o celular, queria apenas tirar Elliot dali. Eu compraria um celular novo se fosse preciso.

-Não é necessário.- falou, sorrindo.

Tony parou e Lulu levantou, ela nos encarava de olhos arregalados. Tony virou nos dando uma bela visão de tudo o que Elliot vive falando.

-Eu posso explicar...- falou Tony mais Elliot , o cortou.

-Garotinha, vá pegar seu celular. – ele olhou para Lulu que se vestia.- Então, Lulu, você gostou do pau dele? É uma loucura, não é?

-Hã? Do que está falando, sua bicha?- falou Tony, cuspindo ódio.

-Bicha? Ai, Anthony, ontem mesmo eu era seu amor quando você estava engolindo meu pau na sua casa.- rebateu.

Encontrei meu celular e voltei para o seu lado.

-Você é gay?- perguntou Lulu com cara de nojo.

-Claro que não, essa bicha me quer faz tempo.

-Gay é tudo igual mesmo.- debochou a garota.

-Escuta aqui, garota...- gritei, mas Elliot me corta. Calmo e com muita classe.

-Tudo bem, Lulu. Pode ficar com ele.- ele se virou e me puxou, mas voltou a olhar o casal.- Ah, é uma pena que você não possa comer o bumbum dele, é maravilhoso. Ele geme igual a uma menina, acho que igual a você há alguns minutos atrás.

***

Desde que saímos da escola, Elliot se manteve em silêncio. Estava me sentindo culpada por tudo isso, afinal eu o fiz voltar para pegar o celular.

-Sinto muito.- falei quando paramos em frente a minha casa.- Se eu não tivesse feito você voltar...

-Não se culpe, Tony foi um covarde traidor.

-Você quer entrar?

-Não, acho que vou para casa. Pensar. Talvez editar aquele vídeo.

-Elliot, não faz nada que vai se arrepender depois.

-Pode deixar, garotinha. A noite te ligo, aí você me responde se vai à boate do meu tio. Ok?

-Claro.- me aproximei dele e beijei sua bochecha.- Se cuida.

-Pode deixar.- ele sorriu.

Desci do carro e caminhei em direção à minha casa. Elliot estava sorridente, mas no fundo, eu sabia o quanto ele estava sofrendo em silêncio e eu odiava isso.

Ao abrir a porta de casa, sou atacada e beijada imediatamente. Austin me abraçava e me apertava.

-Ei, a Mimi está em casa.- falei, tentando me separar, mas ele me aperta mais.

-Não está, deixei ela e a Bianca no shopping, só tem eu e você.

-Ah.- ele me beijou novamente.

-Por que você chegou agora? Te vi sair com o Elliot.

-Tive que voltar na escola.- ele me largou e me olhou com raiva.- Qual foi o problema?

-Você foi ver o Logan?

-Quem? Você falou isso mesmo? Tem certeza que não está brincando?

-Então, por que você voltaria? Eu ando ausente demais...

-Está insinuando que vou voltar com o Logan, porque você está me evitando? O que você pensa que eu sou, uma vadia?

-Eu não falei isso.

-Mas foi o que pareceu. Eu estou sentindo sua falta sim, mas não pense que eu desceria tão baixo a ponto de ficar com Logan novamente.

-Me desculpa.

-Não desculpo, sabe por quê? Eu estou cansada dessa merda de situação, por que trouxe a Bianca para morar aqui?

-A gravidez agora é de risco. Não quero está longe do meu filho. A mãe da Bianca é ocupada demais.

-Dane-se, a gente mora na merda da mesma casa e estamos tendo um caso, mas nem com você eu posso ficar. Acho que assim não vai dar.

-Você está terminando? – concordei, sentindo as lágrimas invadirem meus olhos.- Não, princesa, não faz assim. Juro te dar mais atenção.

-Não quero assim. Quero a Bianca fora daqui.

-Ally...

-Ou é isso, ou não vamos dar certo. – respirei fundo, eu seria forte como Elliot agora.- Vou para o meu quarto.- Andei até a escada e voltei a olhá-lo. - Pela primeira vez na semana, minha porta está fechada para você.