1. Spirit Fanfics >
  2. With Love, Yuri >
  3. Os sonhos de Jessica Jung

História With Love, Yuri - Os sonhos de Jessica Jung


Escrita por: Likecream

Notas do Autor


Oiiieeee meus amores, como vocês estão?

Voltei :D

Enfim, sem muita enrolação dessa vez, mais um capítulo bem levinho pra vocês antes das bombas e tretas começarem a surgir. Apreciem mais um capítulo de With Love, Yuri.

Capítulo 29 - Os sonhos de Jessica Jung


Yuri

 

Maio de 2016 – Casa de Choi Sooyoung

— Já escolheram o filme? — Ouvi Soo perguntar assim que adentrou à sala de sua própria casa trazendo os potes de pipoca que havia ido preparar. Eu estava sentada ao sofá enquanto passava os canais de TV procurando por alguma coisa para que pudéssemos assistir enquanto YoonA permanecia sentada ao chão, abraçando suas próprias pernas e totalmente em seu próprio mundo.

Ela estava mal, não que eu estivesse dando pulos de alegria por aí, mas o falecimento de nosso pai no ano anterior havia literalmente abalado ela completamente e eu apenas precisei ficar forte para que a família toda não desabasse de vez.

— Parece que justamente hoje que combinamos uma sessão de filmes, nenhum dos canais resolveu colaborar. — Respondi ajeitando-me ao sofá para que ela pudesse se sentar enquanto pegava um dos potes de sua mão.

YoonA permanecia ao chão, calada e encarando o nada. Soo ofereceu-lhe um dos potes e ela parecia nem ter notado.

— Yoongie? — Soo chamou fazendo-a balançar a cabeça como se tivesse acordado de um transe, pegando o pote logo em seguida. — Quer escolher o filme? — Senti que Sooyoung tentava fazê-la interagir conosco e minha irmã apenas acenou negativamente com sua cabeça, voltando-se para a mesma posição.

Sooyoung e eu nos entreolhamos por alguns segundos antes de vê-la sentar-se ao meu lado. Desde o ocorrido, sempre tentávamos fazer algum programa com YoonA tentando distraí-la e quase sempre era da mesma forma. Terminávamos Sooyoung e eu fazendo qualquer outra coisa enquanto YoonA permanecia isolada.

— Não tem nada interessante passando, de qualquer forma. — Respondi antes de desligar a TV e ver o silêncio se estabelecer.

E mais uma vez, o que tínhamos planejado não estava funcionando. Para variar.

— Na verdade... — Sooyoung começou a dizer. Sua expressão estava diferente e por um milésimo de segundo, cogitei o pior, sabe-se lá o que pudesse ser. — Eu andei pensando... Eu e o Hyukjun não estamos muito bem.

— Como assim? — Questionei enquanto parava de comer e focava no que ela falava.

Parecia realmente importante.

— Ele anda diferente, Yuri. — Sooyoung engoliu a seco e respirou fundo. — Um pouco agressivo e... Eu não estou feliz, entende?

Acenei positivamente e arrastei-me no sofá para mais perto. Eu nunca, de verdade, havia entendido o porquê de Sooyoung ainda gostar de Hyukjun, mas para todos os efeitos, até aquele momento, ele havia demonstrado ser um bom rapaz para ela, mas a partir do momento que ele começou a deixar de ser, eu seria a primeira a apoiá-la seja qual fosse sua decisão.

— Pensa em se separar? — Perguntei e mais a frente, ainda no chão, notei YoonA chorando.

Ela largou o pote de pipoca no chão e encolheu-se, fechando-se ainda mais em seu próprio mundo. Apenas consegui olhar para Soo e por um momento, ficamos sem reação.

— Por que todo mundo sempre vai embora? — Ela disse com certa dificuldade o que apenas nos fez respirar fundo antes de nos aproximarmos dela.

Sooyoung ajoelhou-se à sua frente enquanto sentei ao seu lado e a deixamos chorar por um tempo. Logo, Sooyoung ergueu a cabeça em sua direção para poder olhá-la. Secou as lágrimas que ainda caíam e sorriu levemente.

— Quem disse que eu vou embora? — A ouvimos dizer. Como muitas vezes eu já havia dito, talvez a única coisa boa que Hyukjun havia feito foi trazer Sooyoung para nossas vidas. Éramos muito mais do que cunhadas. — Vão ter que me aturar por muitos anos. — YoonA assentiu, concordando com ela e Soo apenas ajeitou-se no chão e se sentou conosco.

— Aproveitando a pequena reunião... — Dessa vez fui eu quem quebrou o silêncio fazendo até com que YoonA passasse a prestar atenção em mim. — Acho que deveria voltar para a faculdade. Fazer alguma coisa e se distrair... Acho que pode te ajudar.

YoonA respirou fundo enquanto eu passava minhas mãos pelo seu rosto para tirar qualquer resquício de choro que ainda pudesse existir ali. Não queria vê-la chorando, mesmo que não fosse fácil.

— Eu não sei se consigo. — Ouvimos ela responder. — Perdi a motivação.

— E se você trocar o curso? — Sooyoung sugeriu e YoonA pareceu se interessar. — Você gostou muito de ter ido comigo e ter sido minha fotógrafa por um dia.

Realmente tentamos de tudo para distrair YoonA nos últimos meses, até mesmo tirar ela de casa para ser fotografa freelance para a editora que a Soo trabalha. Talvez, no fundo, tenha sido realmente o único trabalho que ela literalmente gostou de fazer.

— Eu...

— Quando perdemos a motivação no que fazemos, nós arranjos coisas novas para nos motivar. — Encarei Soo totalmente incrédula com sua repentina frase filosófica, mas por um momento, pareceu funcionar. Vi o brilho nos olhos de YoonA voltar e eu estava realmente muito feliz por isso.

— Temos economias o suficiente para pagarmos sua matrícula e todo o curso até o fim. — Completei tentando incentivá-la ainda mais a prosseguir. Talvez, finalmente, tivéssemos encontrado uma forma de motivá-la e fazê-la reagir a tudo aquilo que estava acontecendo desde que o mundo a nossa volta resolveu desmoronar.

[…]


Atualmente – Aeroporto Internacional de Incheon

 

— Como sabiam que eu viajaria hoje?

Assim que eu ouvi Jessica pronunciar enquanto inclinava-se sobre mim para olhar pela janela do carro que havia ido nos buscar, encolhi-me no banco e evitei contato visual com ela, afinal, eu havia pedido para Sooyoung publicar aquela informação como uma forma de fazer Siwon se acalmar e talvez nada pudesse me fazer sentir tão estranha como estava sentindo.

— Eles sempre sabem, Jess! — Tiffany respondeu a ela enquanto o silêncio voltava a se estabelecer.

Eram por volta das 7h da manhã quando o motorista adentrou às dependências do aeroporto. Foram necessários um carro e duas vans para acomodar todos que iriam na viagem e eu, certamente, não tinha noção do quão louca era essa rotina até, literalmente, começar a vivê-la. E, entre bocejos e olhos marejados de sono, eu ainda conseguia manter-me acordada, pelo menos.

Essa vida era literalmente uma loucura.

Como as vans haviam partido primeiro do que nós, estacionaram primeiro. A aglomeração de repórteres e fãs que estavam espalhados por todo o pátio cercou-as imediatamente na esperança de que Jessica estivesse em seu interior e por conta do vidro escuro de nosso carro, passamos por eles sem muitos problemas, parando mais à frente.

Analisei a janela do carro por um tempo. As dançarinas e todo o pessoal da equipe já desciam da van e caminhavam para o aeroporto conseguindo passar por eles sem muitos problemas, mas no fim, eu queria evitar que Jessica enfrentasse um problema que eu havia causado.

— Dê a volta. — Ordenei ao motorista, quebrando o silêncio no interior do veículo e fazendo com que todos me olhassem.

— Unnie? — Seohyun, que estava sentada no banco da frente, questionou.

Eu apenas retirei meus olhos da janela onde eu encarava toda a multidão lá fora e passei a observá-las, retribuindo os olhares.

— Entrada privada. — Respondi. — Não vou deixar Jessica passar... — Apontei e antes que eu pudesse terminar de dizer, ela – que estava sentada ao meu lado – me interrompeu, atraindo minha atenção.

— Ei! — Jessica disse tornando um clima mais sereno. — É o meu trabalho e eu já estou acostumada. — Jessica apenas sorriu, tranquilizando-me enquanto encarava-me. — Afinal, eu sou Jessica Jung por causa deles.

Encarei-a por certo tempo sentindo algo diferente dentro de mim. Respirei fundo, engoli a seco, encarei a multidão mais uma vez e apenas concordei com a decisão dela.

O silêncio se estabeleceu e um clima estranho surgiu. Eu encarava Jessica e ela me encarava de volta. Tiffany ao nosso lado tentava conter seu sorriso e Seohyun à nossa frente nos olhando pelo espelho retrovisor enquanto o motorista fingia não olhar. Por um segundo, fiquei sem ação.

— Então... — Tiffany disse, cortando o clima estabelecido e sorrindo maliciosamente. — Acho melhor irmos, ou o avião partirá sozinho.

Ela abriu a porta do carro e saiu sendo seguida por Jessica logo depois. Por conta do carro, e claro, a van parada adiante, ninguém as tinha visto ainda o que eu não poderia garantir que continuaria assim.

Respirei fundo tomando coragem para enfrentar a multidão e quando ameacei sair do veículo, a voz de Seohyun ecoou fazendo-me recuar.

— Unnie? — Ela disse enquanto virava-se para trás e entregava-me o passaporte de Jessica junto ao meu e às passagens. — Aqui estão as passagens e os passaportes. A volta também já está acertada. Mantenha-me informada de qualquer problema, fique atenta ao Ipad e aos e-mails.

— Você não vai? — Perguntei tão lentamente que quase soletrei minha frase ainda incrédula com sua declaração.

— Preciso resolver algumas coisas na Coridel. Jessica Unnie está sob sua responsabilidade. Acha que consegue cuidar dela, Unnie?

Eu apenas virei meu rosto, encarando a porta ao lado onde Jessica e Tiffany já estavam fora do carro e apenas esperando por mim. Eu a olhei por alguns milésimos de segundos e sorri enquanto pegava os documentos que Seohyun estava me entregando.

— É claro. — Respondi, saindo do carro em seguida.

Bati a porta do carro e observei o motorista dando ré e, possivelmente, voltando para os prédios da Coridel. Ao longe, os fãs e repórteres já haviam nos notado e alguns já corriam em nossa direção dando-me tempo apenas de dar dois passos para perto de Jessica.

Taeyang e G-dragon que saíam da minivan adiante logo ajeitaram seus ternos e começaram a caminhar em nossa direção para nos ajudar a passar por toda aquela imensidão de fãs e repórteres.

— Tem certeza de que fez a escolha certa optando por essa entrada? — Cochichei, inclinando-me para Jessica tentando fazer com que apenas ela me ouvisse.

Jessica sorriu, ergueu sua cabeça e apenas respondeu:

— Absoluta. — E logo fomos cercadas por fãs e repórteres por todos os lados.

Flashes nos cercavam, assim como chamados e gritos histéricos. Alguns fãs forçavam a passagem por entre os seguranças que os tentavam conter. Jessica permanecia no meio enquanto os seguranças estavam à frente e Tiffany e eu estávamos atrás.

— Noona, um autógrafo, por favor. — Um rapaz gritou à nossa esquerda. Passaríamos direto se Jessica não tivesse parado e segurado o que o garoto tinha em mãos. A vimos pegar o seu álbum das mãos de seu fã e assinar seu nome, dando-o um sorriso e devolvendo-lhe em seguida.

Demos mais uns passos adiante até notarmos um grupo de garotas usando uniforme escolar enquanto agiam histericamente à presença de Jessica.

— Unnie. — Uma delas gritou e Jessica, curiosamente, olhou.

Vi-a analisar as meninas por alguns segundos antes de pararmos de andar.

— Vocês não deveriam estar na escola?

As meninas reagiram sabendo que Jessica falava diretamente com elas e assistir a toda aquela cena era engraçado por diversos motivos. Primeiro, pessoas que sequer a conheciam pessoalmente, a amavam incondicionalmente; segundo, Jessica tentava dar atenção a eles tanto quanto davam a ela.

Era incrível, eu admito.

Ela é incrível,

— Queríamos vê-la, unnie. — Outra menina respondeu.

Jessica fez uma cara incrédula antes de responder.

— E como sabiam que eu viria hoje?

— Somos ninjas. — A terceira garota respondeu por fim.

Jessica apenas fez uma expressão engraçada antes de continuarmos a andar. Demos mais uns três passos à frente até Jessica ser chamada, mais uma vez.

— Jessica Unnie. — Chamou uma garotinha.

Ela deveria ter uns 10 anos embora aparentasse um pouco menos por conta de sua estatura. Assim que Jessica pôs seus olhos na menininha à sua frente, imediatamente parou fazendo com que Taeyang e G-Dragon liberassem o bloqueio que faziam para que a menininha passasse.

O sorriso no rosto de ambas era indescritível.

A mãe da menina também aproximou-se ficando perto e apenas observamos Jessica abaixar-se para falar com ela segundos antes de receber um forte abraço de sua pequena fã que, incrivelmente, já começava a chorar.

— Calma pequena, está tudo bem. — Ouvi Jessica dizer enquanto ainda a abraçava. — Qual seu nome? — Jessica perguntou afastando-se da garota e secando suas lágrimas. Ainda permanecia abaixada para falar com ela.

— Divine! — Respondeu a menininha, encarando-a de uma forma surpreendente. Eu havia notado os traços asiáticos bem sutis na menina e quando ela revelou seu nome, tive a certeza de que, embora claramente tivesse descendência daquele país, não havia nascido ali.

Jessica sorriu, levantando-se para pegar os álbuns que estavam na mão da mãe da menina para autografar assim como cumprimentou-a, voltando-se logo em seguida para sua pequena fã.

— É um lindo nome. Foi um prazer te conhecer, Divine.

— Meu sonho era te conhecer, Unnie. — O sotaque também denunciava que a menina era, talvez, americana e tenho certeza que Jessica também percebeu. — Quero ser Idol.

Jessica olhou rapidamente para a mãe de sua fã que confirmou, com um aceno de cabeça, tudo o que a pequena falava.

— Por isso nos mudamos para cá. — A mulher completou.

Jessica sorriu gentilmente, voltando-se para a pequena à sua frente e dando a ela mais um abraço antes de colocar-se de pé novamente.

— Não é fácil, mas se quer mesmo, não desista. Ok? — A menina acenou freneticamente com a cabeça concordando com ela. — Fighting! — Jessica terminou despedindo-se de sua fã e voltando a caminhar.

Estávamos próximas à porta quando Jessica, agora, parou para dar atenção aos repórteres que a abordavam e a fotografavam desesperadamente.

Neles, em especial, eu não queria prestar atenção e apenas dei dois passos para trás para deixá-la aparecer sozinha nas fotos. Olhei ao redor analisando todos os fotógrafos e qualquer um que estivesse ali presente na esperança de não encontrar Chanyeol.

Avistei Taemin ao longe que me cumprimentou com um aceno de cabeça e, para minha surpresa – e alívio – o fotógrafo representando a Dismatch era Xiumin e não Chanyeol, e mesmo que não pudesse afirmar com toda a certeza, Sooyoung tinha algo a ver com essa troca. Talvez seu romance com Minho estivesse cada vez mais encaminhado para algo concreto.

Acabei, por fim, me distraindo enquanto olhava os repórteres e só notei que Jessica já havia entrado no aeroporto quando a voz de Tiffany soou.

— Kwon! — Ela me chamou, trazendo-me de volta ao mundo real e fazendo-me acompanhá-las.

[…]

— Até que não foi tão difícil. — Jessica pronunciou, por fim, aproximando-se de mim enquanto ainda aguardávamos pela chamada de nosso voo para Taipei.


 

A segurança do aeroporto garantiu que toda a aglomeração de pessoas histéricas ficassem do lado de fora, o que nos proporcionou um momento de alívio enquanto apenas aguardávamos para nossa partida.

Eu não fazia ideia do que se passava em minha mente naquele momento. Talvez tudo e talvez nada, mas entre um pensamento e outro, apenas me distraí e só voltei a mim quando ela veio falar comigo.

As dançarinas estavam sentadas adiante, conversando sobre algo enquanto Tiffany e Hyoyeon também falavam à frente. Solji estava pendurada em seu celular enquanto o resto da equipe entre maquiadores e cabeleireiros, técnicos de som, e seguranças permaneciam dispersos pelo lugar.

— O quê?

— Passar pelos fãs. — Jessica respondeu fazendo sua cabeça cair sobre meu ombro.

Automaticamente, recuei enquanto olhava ao redor e, aparentemente, ninguém parecia ter reparado naquele pequeno ato e eu consegui respirar aliviada, embora ainda estivesse tensa.

— O que está fazendo? — Perguntei, como forma de um cochicho apontando ao nosso redor.

Mas Jessica não pareceu ter se importado, voltando a repetir o ato.

— Estou com sono. — Ela disse, fazendo sua cabeça cair sobre meu ombro novamente e dessa vez, não recuei. Observei-a fechar os olhos instintivamente e eu percebi que ela estava com tanto sono quanto eu. Havíamos acordado muito cedo. — Minha equipe não liga para isso e eu faço isso até nela. — Jessica apontou.

Tiffany que estava sentada à frente apenas acenou com a cabeça, concordando com o que ela dizia, mas logo, desviou o olhar.

— Achei que deveríamos evitar contato físico em público se não fosse profissional.

— Mas é profissional. — Ela abriu os olhos e eu pude olhá-la segundos antes de vê-la sorrir. — Você está servindo de apoio para sua chefe com sono. — Ok, eu poderia considerar aquilo extremamente profissional e ela apenas voltou a aconchegar-se em meu ombro.

— Gostei de como agiu com a menininha. Você é quase uma heroína para ela.

— Eu adoro crianças, elas são puras e ingênuas, capazes de sentir puramente o amor sem questioná-lo.

Deitei minha cabeça sobre a cabeça dela no minuto exato que houve um alto som nos alto-falantes antes da voz grave soar, atraindo nossa atenção enquanto anunciava o nosso voo para Taipei enquanto pedia para que nos direcionássemos para o portão anunciado.

Jessica ergueu sua cabeça de meu ombro e nos recompomos. As bailarinas e toda a equipe começaram a se direcionar para o local indicado. Tiffany pôs-se de pé enquanto caminhava um passo em direção à Jessica e ouvi-as conversar sobre algo que provavelmente me incluía pela forma como Tiffany me olhava.

E quando ameacei começar a segui-las, sentir o celular em meu bolso vibrar e recuei uns passos. O visor mostrava que era uma chamada restrita e mesmo sem identificador, eu sabia exatamente quem era.

— Hyukjun. — Respondi, furiosa, assim que atendi o telefone.

Ele gargalhou do outro lado da linha.

— Ora, ora, ora... Vejo que já me conhece.

— Me deixe em paz, Hyukjun.

— O tempo está acabando, Yuri. Eu quero meu dinheiro por bem ou por mal.

— Eu não vou dar nada a você.

— Então já vi que será por mal.

A linha tornou-se muda no segundo que Jessica caminhou até mim e eu simplesmente não pude explodir como queria. Apenas engoli a seco, respirei fundo e sorri tentando não demonstrar nada enquanto torcia para que todas as ameaças dele fossem apenas uma falha tentativa de me intimidar. Até porque, eu não saberia como agir se fossem verdades.

— O que houve? — Ela perguntou no minuto que mais um chamado para nosso voo ecoou pelo aeroporto.

— Nada. — Disse sorrindo. — Vamos, está na hora.

[…]

Jessica já estava sentada na primeira poltrona quando passei por ela procurando pelo assento indicado na minha passagem o qual estava marcado a, exatamente, duas fileiras atrás dela. Eu não sabia se a distribuição das passagens havia sido aleatória, mas pelo visto, parecia que eu não sentaria perto dela.

Hyoyeon já estava sentada à janela quando cheguei e eu apenas a cumprimentei, sentando-me ao seu lado. Notei que Jessica, por um segundo, inclinou para trás e eu não sabia muito bem como agir diante da situação, mas certamente, não havia o que fazer.

— Achei que ficaria com a Jessica. — Hyoyeon disse enquanto ajeitava-se ao banco, inclinando-se para trás e preparando-se para ver TV.

— Eu também. — Respondi fraco ajeitando-me ao banco enquanto preparava-me para o voo.

Inclinei minha poltrona e fechei os olhos por um segundo, acomodei-me e voltei a abri-los no momento que Tiffany entrou e caminhou diretamente até Jessica. Conferiu sua passagem com o assento e comentou algo que não consegui ouvir, mas não demorou muito para vê-la caminhando em minha direção.

— Kwon, o que está fazendo? — Ela questionou, abordando-me furiosa. Peguei minha passagem em meu bolso na intenção de mostrar a ela. — Você é a assistente pessoal de Jessica, deve estar ao lado dela. — Tiffany completou, arrancando a passagem de mim, trocando imediatamente pela sua e um sorriso malicioso brotou em seus lábios. — Vai! — Apenas ordenou quando constatei que sua passagem era aquela ao lado de Jessica.

Atraíamos olhares de toda a equipe. Alguns apenas desviaram logo em seguida, outros pareceram não entender, mas alguns como Hyoyeon ao meu lado, eu tinha a certeza de que sabiam o que estava acontecendo ali e por um segundo, aquilo me deixou incomodada. Eles deveriam saber? Afinal, todos trabalhavam na Coridel e as chances de o senhor Jung descobrir aumentavam cada vez mais.

— Ainda acha que foi uma péssima ideia a Tiffany saber? — Jessica questionou enquanto eu apenas me virava para trás e via Tiffany sentando-se junto a Hyoyeon. Ela parecia realmente contente com a atitude de Tiffany, mas algo não parecia certo.

— Talvez? — Comentei, sentando-me à poltrona. — Achei que deveríamos manter segredo. — Cochichei enquanto inclinava-me na direção dela tentando fazer com que não fôssemos ouvidas.

Na poltrona de trás estavam duas de suas bailarinas que, aparentemente, não prestavam atenção em nós. Mas eu ainda estava apreensiva, olhando para todos os lugares checando se nenhuma das pessoas em sua equipe nos olhavam de uma forma diferente.

— Ei. — Ela me chamou, pondo suas mãos em mim e atraindo minha atenção para ela. — Relaxa. — Jessica disse assim que nossos olhares se cruzaram e soltou um leve sorriso tentando me tranquilizar. — Está tudo bem.

Respirei fundo enquanto ainda a olhava e retribui o sorriso, ajeitando-me na poltrona, relaxando como ela havia pedido.

— Eu só não quero te causar problemas.

— Não vai. — Sua voz saiu serena e cada vez mais, tranquilizava-me. As pessoas não nos olhavam e embora estivéssemos em público, ainda parecíamos em nosso próprio mundo. — Confie em mim.

— Então todos eles sabem? — Apontei, discretamente, mostrando todos à nossa volta.

Como estávamos na primeira classe daquele voo, somente a equipe de Jessica estava ali, ocupando todo o espaço, o que nos dava certa privacidade.

— Não. — Olhei-a, assustada. — Uns não sabem; outros não ligam e alguns me acompanham desde quando eu estava na SM. — Minha respiração ficou mais pesada e ela tentou tranquilizar-me mais uma vez. — Está tudo bem, Kwon. Confie em mim. — Ela voltou a responder fazendo o silêncio se estabelecer.


 

[…]


 

O piloto e as comissárias de bordo deram todas as instruções necessárias antes de começarem a preparar o avião para levantar voo. Eu apertei meu cinto e olhei para o lado enquanto aguardava. Jessica permanecia com sua cabeça encostada à poltrona enquanto encarava o teto do avião e eu não pude evitar sorrir.

— Está pensando em quê? — Perguntei, chamando sua atenção para mim e Jessica sorriu ao me olhar, fazendo-me retribuir seu sorriso imediatamente.

— Pensando na Divine... Sobre o sonho dela. — Jessica pareceu pairar em uma realidade paralela por algum tempo. — Qual seu sonho, Kwon?

Virei-me para frente por um curto período de tempo enquanto pensava em sua pergunta e obviamente, em minha resposta. Minha mão estava esticada ao longo do braço da poltrona em que eu sentava e eu apenas sentir os dedos de Jessica percorrerem pelo meu braço até se encaixarem perfeitamente em meus dedos e eu voltei a olhá-la.

— Publicar um livro. — Respondi, de repente, após respirar fundo e a reação de Jessica foi totalmente insana.

Ela parecia maravilhada com minha declaração.

— Você escreve? — Perguntou alegremente. — Como eu nunca vi você escrevendo?

— Porque eu perdi a inspiração por um tempo.

— Mas não deveria. — Jessica abaixou o tom de sua fala. — Se é seu sonho, deveria correr atrás e realizá-lo. Eu quero ler.

Assenti para ela positivamente. Não imaginava como ela reagiria, mas parecia que eu teria sorte mais uma vez em ter alguém me apoiando, embora cada vez mais parecesse algo distante, eu sentia uma leve inspiração voltando e um enorme desejo de escrever ressurgir.

Talvez fosse a hora de retomar aquele que eu havia iniciado.

— Mas e o seu? Qual o seu sonho? — Perguntei por fim fazendo-a suspirar enquanto preparava-se para responder como se já tivesse sua resposta na ponta da língua.

— Meu maior sonho é ser eu mesma e ser amada por isso. Quero que os fãs ouçam minhas músicas, e ainda assim, gostem de mim pelo que eu sou. Gostem das músicas independentemente de minha vida amorosa.

Sorri fraco entendo perfeitamente seu sonho e sua dor ao dizer aquilo, afinal, por mais fácil que minha vida tenha sido fácil nesse quesito, eu não estava imune. Onde quer que você vá sempre terá alguém olhando diferente ou sentindo repulsa por algo tão normal quanto beber água. Seres humanos têm sentimentos os quais são impossíveis de compreender e controlar.

Eu sentia tudo que ela sentia e só queria poder amenizar o sofrimento.

— As poucas que eu ouvi, eram boas. — Comentei tentando tornar o clima mais sereno e tecnicamente, mudando de assunto. Eu sabia o quanto aquilo a afetava.

— Você realmente nunca ouviu minhas músicas? — Acenei negativamente. Na verdade, até conhecer Jessica, eu estava apenas preocupada em escrever o que quer que fosse sobre os famosos sem preocupar-me em conhecê-los. E, da mesma forma que eu comentava sobre a drástica mudança de Jessica, eu também havia mudado. — Por que não ouve o resto? — Jessica completou, virando-se para o lado e buscando seu celular em sua pequena bolsa, oferecendo-o a mim.

E obviamente, não poderia recusá-lo. Apenas peguei o aparelho de sua mão para poder ouvir e quando estava prestes a destravar, deparei-me com o código de bloqueio.

— Eu não faço ideia de onde coloquei a senha. — Disse, fazendo-a rir. — Poderia fazer as honras?

Jessica acenou com a cabeça e sorriu sugestivamente.

— Vem cá. — Pegou o aparelho de minhas mãos e sem muitas dificuldades, o destravou. Imaginei que ela voltaria a me entregar, mas em vez disso, Jessica permaneceu mexendo nas configurações por certo tempo até voltar a dirigir-se a mim. Pegou minha mão deixando-me aparentemente sem entender o que acontecia até finalmente colar meu dedo gentilmente no identificador de digital em seu celular. Retirou e colocou meu dedo diversas vezes para que toda a sua extensão fosse captada e assim que terminou, voltou bloquear a tela e direcionou o celular para mim mais uma vez. — Pronto, agora você tem acesso.

— Não acredito. — Eu estava incrédula.

— A propósito, acho que vou voltar a ser mais ativa nas redes sociais e como você é responsável por elas... Fica mais prático destravar o celular e acessar os aplicativos.

Sorri para ela destravando o bloqueio do aparelho, agora, com minha impressão digital assim como ela havia dito.

— Você quem manda.

Mexi em seu celular rapidamente até encontrar seu reprodutor musical, conectei o fone e deparei-me com toda a discografia dela à minha frente e simplesmente travei sem saber por onde deveria começar.

— With Love, J. — Ela sugeriu, apontando para a direção de seu álbum e selecionando-o por contra própria. — Tem os meus mais profundos sentimentos e eu espero que goste.

Retirei um dos fones de meu ouvido e o entreguei a ela enquanto eu já conseguia ouvir as primeiras linhas de Fly.

— Ouça comigo. — Estendi um dos lados do fone a ela que demorou milésimos de segundos para entender o que deveria fazer, sorrindo logo em seguida.

Por fim, nos ajeitamos na poltrona enquanto sentíamos o avião começar a decolar. Jessica uniu nossas mãos mais uma vez enquanto fechávamos os olhos e apreciávamos sua voz soando melodicamente em nossos ouvidos e eu sabia que não havia jeito melhor de viajar se não fosse aquele, ao lado dela, segurando sua mão e ouvindo sua voz.

 

 

 

 

 


Notas Finais


Tiffany é a maior Yulsic shipper!!
Yulsic = tudo pra mim
Comentários? haha

até o próximo que vou começar a escrever agora mesmo :*
Já não posso prometer que será tão calminho quanto esse ....


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...