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História Wolf Moon - Chapter 1


Escrita por: KerinaLannister

Notas do Autor


Oi pessoal, tudo bem? Acabei me viciando na fic Dominante, li tantas vezes que, quando a inspiração veio, decidi fazer uma fic paralela de Dominante!

19/05 Edit*: Antes, a fic era, sim, paralela à Dominante, mas, por motivos de direitos autorais com a editora do livro da Aella e para poder continuar com a história sem atrapalhar ninguém, ela foi separada do universo Dominante. Os outros capítulos também estão em processo de alteração.

Por enquanto só esse cap ficará postado, os outros eu estou fazendo no word e to revisando, só pra ter certeza de que estão bons.

Bom, eu to meio nervosa, essa é minha primeira fic sobrenatural kk chega de enrolação, boa leitura pra vcs ^^

Capítulo 1 - Chapter 1


Fanfic / Fanfiction Wolf Moon - Chapter 1

 

Acordei.

 

Levantei e sentei-me na cama. Eu estava no meu quarto com as roupas do dia anterior, uma bermuda jeans azul clara e uma camiseta de manga curta branca, e com o cabelo todo bagunçado mas fora isso estava tudo normal. Passei minha mão esquerda pelo mesmo lado na minha cabeça e ao final esfreguei as costas de meu pescoço. É algo que eu, Charlotte Murray, faço com frequência, é uma mania que eu tenho.

 

Soltei um suspiro aliviado e ao mesmo tempo cansado, a noite passada tinha sido meio... Agitada, digamos assim. Ontem eu tinha chegado quase 1:00 da manhã e a recepção que tive não foi das melhores não. Acho que qualquer um teria tido a mesma reação que eu! Quando cheguei noite passada encontrei a minha madrasta Giovanna - uma piranha detestável - junto de suas três amiguinhas se esfregando em dois homens seminus no meio da sala, com roupas masculinas espalhadas pelo chão e vários cigarros apagados na mesinha de centro da sala.

 

O que eu podia fazer? Era a milésima vez que ela dava suas “festinhas” na minha casa. E a pior parte era que o babaca do Carl, meu pai, não fazia porra nenhuma! E a Dora, minha irmã, era muito cagona e certinha, nunca teve coragem de enfrentar aquela vadia. Foi a gota d’água para mim, e sem mais paciência - algo que nunca tive com Giovanna - dei um tapa de mão aberta na cara dela, e deu pra ouvir claramente o barulho do estalo - foi até terapêutico dá na cara daquela vadia -, todos ficaram espantados com o que fiz e mandei todos eles saírem da minha casa e eles saíram na hora sem falar nada. Talvez tivessem percebido o uso excessivo de rigidez que usei em minha voz. Eu e Giovanna discutimos sobre o tapa e sua “festa”, mas nós duas perdemos a discussão quando Carl interviu. Tirei depressa essas imbecis lembranças de minha mente, não gosto nem um pouco de pensar coisas ruins pela manhã.

 

Olhei para meu relógio de parede, eram 09:15 da manhã, faltavam 30 minutos pro meu trabalho.

 

– Puta merda. – Xinguei e saí da minha cama apressada. Coloquei uma calça abrigo preta e a camisa uniforme do meu trabalho que era amarela e tinha o logotipo do drive-thru Great Burger, onde eu trabalhava, Ô nomesinho idiota! Coloquei meu All Star azul marinho escuro, penteei e prendi meu cabelo em um rabo de cavalo desajeitado, com algumas mechas laterais caindo. Bom, pra quem tinha acabado de acordar, eu estava ótima.

 

O Great Burger era, como já tinha falado, o drive-thru onde eu trabalhava. O salário não era lá grande coisa mas ajudava em casa, e comparado com o salário do Carl, que era faxineiro, era muito melhor! Pra ser honesta, nessa casa praticamente só eu trabalho. Porque a Giovanna só dá prejuízo, sempre gastando nosso dinheiro, meu dinheiro, nas suas festinhas pornográficas! E o bunda mole do Carl ainda mantinha aquela piranha dentro de casa. Af!

 

Fui correndo até o banheiro, estava mesmo com muita pressa para ir pro trabalho - e eu tava me mijando também - entrei correndo, impaciente. Fiz toda minha higiene rapidamente e saí do banheiro correndo até a cozinha, talvez desse pra comer uma fruta antes de sair. Ao entrar na cozinha, encontrei Dora lavando a louça do café. Ela se virou pra mim e deu um de seus sorrisos de deboche. Pfft! Como se precisasse de mais de um pra demonstrar isso.

 

– Olha só quem acordou! – Dora disse enquanto secava suas mãos num pano. Isadora é minha irmã mais nova, só tínhamos 3 anos de diferença - ela com 15 e eu com 18. Ela era a única que não me perturbava com frequência naquela casa, justamente porque ela morava com nossa avó, Abbie, e me visitava apenas quando era permitido ou quando a velha estava ocupada demais com o poker semanal e não queria ela por perto.

 

– Você podia ter me acordado né? – Resmunguei.

 

– Bom dia pra você também. – Ela falou rindo e eu não pude conter um sorriso, ela sempre conseguia me animar até mesmo quando ficava de mau humor. – Pensa rápido! – Ela me jogou uma maçã e eu peguei. Maçã era uma das frutas que eu mais gostava e era a última em nosso estoque. Olhei pra maçã e depois pra Dora, que logo sorriu – Isso foi a última coisa que sobrou do café. Sua mochila tá ali perto da porta. – Pois é, eu ia de mochila para meu trabalho. É que ela, além de ser uma mochila de acampamento e ter mais espaço do que bolsas, era muito especial pra mim.

 

Minha mãe, Natalie Angus, havia me dado quando eu tinha 7 anos, foi a primeira e última demonstração de carinho que ela me deu. Não que ela não gostasse de mim é que a gente nunca se via e quando nos víamos ela nunca queria conversar nem nada, estava sempre exausta por causa do trabalho, pelas agressões do Carl e deprimida pela sua doença - ela tinha câncer no pulmão, pois vivia fumando e bebendo pela casa. Ela nunca nem sequer me disse um “Eu te amo” na vida, mas essa mochila foi quase isso da parte dela.

 

- Valeu Dora, eu preciso ir. – Falei enquanto dava uma mordida na maçã. Estalei os dedos. - Liga pro Tony pra ver se ele já me arranjou aquela casa em Lewiston.

 

Anthony Hudson - Tony, como o chamo - é meu melhor amigo. Eu o conheci com 9 anos, ele tendo 12 na época. Ele morou aqui em Kansas City até os 17 anos, mas ganhou um trabalho muito melhor em Lewiston, Idaho, e se mudou pra lá; apenas eu sei seu segredo. Ele é um lobisomem, ­foi transformado com 17 anos pelo seu próprio pai, e esse foi outro motivo de ter ido embora daqui. Ele me contou tudo sobre os lupinos quando veio com 19, desde as alcateias até todo o processo da transformação, comentou, inclusive, sobre os chefões poderosos dos lobos que chamam de "alphas" – foi a única coisa que não fui muito com a cara. Me apaixonei por suas histórias, mas a melhor parte foi quando ele me mostrou sua forma de lobo, e ele era mais bonito daquele jeito - tô brincando, claro. Dora soltou um suspiro irritado e baixou um pouco o olhar, trazendo-me de volta à realidade.

 

- Ainda acho que você não devia ir embora. – Suspirei com a afirmação da garota. Já não bastava estar atrasada para o trabalho, agora tenho que lidar com a teimosia de minha irmã?

 

- Dora, eu já lhe falei por que tenho que ir, não me faça explicar de novo! Vai ser bom pra nós. Teremos como pagar nossas dívidas! E assim que nos livrarmos daquela puta, tudo vai ficar bem. – Ela apenas suspirou de cabisbaixa, eu irei me mudar e nada me fará decidir o contrário. Sem perder mais tempo, peguei minha mochila ao lado da porta e saí sem mais nem menos.

 

Fui a passos largos até meu carro – um 1973 Oldsmobile Delta 88 verde – estacionado em frente à casa. Ele era do meu avô e, quando se cansou dele, deu-o para mim. Por fora parecia uma sucata velha – por dentro não era muito diferente –, contudo, não quebrava o tempo todo, o que facilitava e muito a minha vida. Destravei-o e entrei com mil pensamentos perambulando em minha mente. Dora precisava aceitar os fatos, eu tinha que ir, mesmo sendo muito longe do Kansas ela tinha que entender que tudo isso era por um bem maior! O pai do Tony, meu padrinho, conseguiu pra mim, com um amigo dele, um emprego na TECC – Centro de Cursos Técnicos e Extracurriculares – e o salário é muito melhor se comparado , tinha uma oportunidade de ouro. Poderia levar alguns anos para voltar, mas, apesar de longe, poderia ajudá-los. Tirei esses pensamentos da minha cabeça, liguei o carro e saí.

 

~X~X~X~

 

- Tá atrasada sabia? – Meu colega de trabalho perguntou com um sorriso sarcástico no rosto enquanto anotava alguma coisa em seu caderno, possivelmente o pedido de alguém. Ele tinha 17 anos e trabalhava comigo há pouco tempo.

 

- Ben, eu não estou pra brincadeiras hoje. - Falei frustrada com o mau inicio do meu dia, ele deu de ombros. – Diz aí, o que eu perdi?

 

- Nada demais, agente abriu um pouco antes de você chegar. Ou já se esqueceu do novo horário? – Ele perguntou enquanto preparava um sanduíche de frango.

 

- Não, eu não esqueci, só perguntei por perguntar mesmo. A propósito, o chefe vai fechar a loja mais cedo hoje? – Questionei-o enquanto cuidava das frituras. Ben foi até a janela do prédio e entregou o sanduíche para um cara que estava em um Volkswagen preto – deve ter sido ele que havia feito o pedido.

 

- Vai, sim. Pelo que ele me disse, aquele grupo de animais está atacando lugares aqui no nosso bairro só que agora mais perto do prédio. Então, pra não correr riscos de todo estoque ser comido, vamos fechar mais cedo durante um tempo. – Em resposta, murmurei um “hm” e tirei as frituras do óleo e as coloquei num saco de papel com o logotipo da Great Burger. Esses animais que estavam atacando e matando inúmeras pessoas me preocupavam, ainda bem que fecharemos mais cedo, especialmente porque agiam na parte da noite, de acordo com as notícias.

 

- Mas, e aí. – Ele começou de novo. – Tá a fim de sair hoje? Depois que a loja fechar, a gente podia ir naquele clube noturno. O que você acha?

 

- De novo não... – Reclamei cansada. Era a milionésima vez que ele me chamava pra sair desde que começou a trabalhar aqui, nunca vi um cara tão insistente! Já estava de saco cheio. – Você sabe muito bem que eu faço hora extra aqui pra poder pagar as contas lá em casa. Eu não gosto nem um pouco de ir a clubes noturnos ou baladas! E terceiro: Não me leve a mal, mas não estou interessada. – Ele deu um longo suspiro, parece que entendeu o recado, mas aguardei sua reação para ver se realmente tinha se tocado.

 

- Tudo bem, então. – Ele falou como se nada que eu disse o tivesse afetado. Voltei minha atenção ás frituras, entreguei-as para um cara que estava parado na janela do prédio. Depois das 11:15 da manhã o movimento na Great Burger aumentou bastante, meu colega e eu permanecemos em silêncio um com o outro, apenas trabalhando pelo longo dia que seria aquele.

      

~X~X~X~

 

O Drive-Thru já estava vazio, era final de tarde e o sol já havia quase sumido, deixando o céu com o aspecto rosado que tanto adoro. Estava varrendo o chão onde tinha algumas mesas com os copos de plástico jogados, muitas delas sujas de temperos das comidas. Era bom ficar sozinha, me sentia bem quando não havia um monte de gente falando o tempo todo.

 

De repente, vi um carro se aproximando em direção à calçada e parei de varrer logo que reconheci o veículo. Assim que parou, Dora desceu do lado do carona e veio correndo até mim abraçando-me de leve, alegrando meu dia. Minha felicidade durou pouco... Logo que ela me soltou, pude ver que Carl desceu do banco do motorista e vinha até mim, porém, quando chegou perto, afastei-me na hora. Contato físico dele era o que eu menos queria na face da terra.

 

- Não encosta em mim. – Ele imediatamente parou de avançar com meu aviso frio e rijo.

 

- Lotte, o-

 

- Não. – Interrompi-a. - Já disse para não se meter nisso. – A morena apenas abaixou o olhar e meneou a cabeça com fraqueza, deixando-me resolver o assunto com Carl.

 

- Eu sei que fui horrível com vocês duas por todos esses anos e que é por isso que você não... Não me chama mais de pai. – Ele instantaneamente ficou cabisbaixo e desviou o olhar, sofrendo por minha renegação de sua paternidade. Não demonstrei fraqueza, mantive-me firme. Jamais o aceitaria de volta... Não depois do que fez com minha mãe.

 

Quando eu tinha 10 anos, numa tarde minha mãe chegou mais cedo do trabalho. Algo que raramente acontecia naquela época. Ela estava falando com um cliente, um homem pra ser mais exata. Estava discutindo algo sobre tarefas que teria que fazer no quarto da casa dele - ela era decoradora -, entre outras coisas. Meu pai chegou e ouviu praticamente a conversa toda e presumiu que ela estivesse falando com seu “amante”, ele arrancou o telefone da mão dela e ficou agredindo-a fisicamente e verbalmente. Eu presenciei tudo e tentei ligar pra policia mas Carl me deu um chute muito forte no estomago, me impedindo momentaneamente. Consegui ligar pra policia no final e quando eles vieram, detiveram Carl e o prenderam.

 

Levaram eu e minha mãe para o hospital, mas ela sofreu, de tanta pancada que levou na cabeça, um gravíssimo traumatismo craniano e acabou não resistindo. Eu, por outro lado, só fiquei com um hematoma na barriga que curou com o tempo. Jamais o perdoei por ter matado minha mãe, ele ficou preso por um tempo e Dora e eu ficamos morando com o Tony e seu pai - eles ainda não tinham se mudado na época - e depois de alguns meses Carl saiu da prisão e, de alguma forma, retomou nossa guarda.

 

– Tem algo de útil pra dizer ou não?

 

– Expulsei a Giovanna de casa... – Suspiro no final, tudo o que consegui fazer foi arregalar os olhos com esta informação.

 

- Sério? Ela foi embora mesmo? – Perguntei o óbvio com um sorriso enorme no rosto, estava muito contente com a informação.

 

- Foi sim! – Minha irmã mais nova interviu com um sorriso cheio de vida. - Agora que ela foi embora, você não precisa mais ir para Lewiston. Vai poder ficar aqui! – Sua felicidade era contagiante, entretanto, tinha de trazê-la para a realidade.

 

- Dora, eu vou sim pr- De canto de olho, percebi um estranho vulto marrom escuro passar no lado oposto da rua, onde tinha algumas árvores que esconderam-no um pouco. – Vocês viram aquilo?

 

Ambos me olharam confusos, claramente não o viram. Decidida, andei até o local onde vira tal coisa, precisei remover alguns galhos, cobriam boa parte da minha vista do local, entretanto, não havia nada lá. Não foi brincadeira da minha mente, sei que vi algo bem aqui e esta coisa deve estar por perto. O problema é que já estava anoitecendo, não tinha tempo para procurar "sombras" ou qualquer coisa parecida, principalmente no escuro e com animais raivosos por aí.

 

– Vamos embora. – Irrompi o silêncio que se instalara e voltei para meus familiares, ignorando meus receios sobre o borrão estranho. – Quero aproveitar para relaxar, agora que a Giovanna não mora mais com a gente. – Dora sorriu em resposta e entramos no carro, Carl o ligou e, por fim, saímos daquele lugar.

 

~X~X~X~

 

Honestamente, eu estava mil vezes ótima nesta noite; sem aquela piranha atormentando-nos, tudo ficou melhor. Carl estava mais tranquilo, Dora me contou que conseguiu marcar uma entrevista para um trabalho - sem deixar de estudar, claro, o que me deu muito orgulho de minha irmãzinha. É assim que gosto, atitude e compromisso, ainda mais se tratando de algo para ajudar nossa família.

 

Carl estava dormindo que nem uma pedra no seu quarto. Compreensível, depois de um dia inteiro limpando um prédio de 4 andares de cima a baixo, qualquer um estaria esgotado. Dora estava na sala, estudando para a entrevista que fará na segunda-feira e eu preparando um macarrão com molho branco para o jantar. Não cozinho tão bem quanto minha caçula, mas minha comida não é nenhuma gororoba! De certa forma, até que é boa. O molho, do nada, parou de ferver, olhei a boca do fogão. O fogo havia se apagado – que ótimo. Tentei ligar, porém, não deu certo, o gás deve ter acabado ou se soltou de novo.

 

- Mana, me faz um favor? – Ela não pareceu me ouvir, cheguei mais perto e percebi seus fones de ouvido e seu olhar distraído, até notei qual música tocava de tão alto que o som estava – era da Demi Lovato. Estalei meus dedos na frente dela para acordá-la, funcionou na hora; recebi um olhar mal humorado por isto e pouco me importei, não me afeta em nada. Ela ajeitou seus longos e castanhos cabelos cacheados e tirou seus fones e, finalmente, prestou atenção. - Me faz um favor e vai lá fora trocar o gás?

 

- Eu, não, tá escuro lá fora.

 

- Não vai me dizer que tem medo de escuro? – Zombei de minha consanguínea preguiçosa.

 

-Tenho sim! Vai ter que fazer isso pra mim. - Eu a olhei indignada, entretanto, decidi entrar no seu jogo dela e dei risada.

 

- Tudo bem, – Comecei - Vai lavar toda a louça essa semana. – Dessa vez ela me olhou indignada, lhe retribui com um sorriso devasso e voltei para a cozinha para pegar uma lanterna e um alicate, para o caso do gás ter se soltado outra vez, aconteceu tantas vezes que era bom me precaver. Com tudo em mãos, saí pela porta dos fundos, presente ali na cozinha mesmo.

 

O quintal se encontrava bem difícil de enxergar mesmo, como Isadora apontou, e como a casa ficava praticamente no meio do mato, tudo contribuía para o ambiente se tornar ainda mais escuro – sorte que estava com a lanterna, não dava pra enxergar nada sem ela. Caminhei até aonde o gás estaria, mas, para minha surpresa, ele estava caído no chão um pouco mais longe de onde deveria estar.

 

... Como ele foi parar ali?

 

Dei de ombros e fui até o gás, e, ao colocar minhas mãos nele, comecei a rolá-lo de volta para seu lugar. Mas... Uma sensação incômoda me invadiu. Senti que alguém me observava de dentro da mata. Olhei a minha volta mas não havia nada além de mim ali.

 

Voltei á empurrar o gás, ignorando qualquer sensação que tivesse enquanto percorria meu caminho. Mas havia algo estranho... Meus instintos me diziam para ficar alerta, mais do que já estava. Batidas lentas e fortes tomaram conta de meu peito, uma desagradável sensação me dizia que algo não estava certo.

 

De repente, um som.

 

Um som amedrontador ecoou pelo local. Parecia um cachorro rosnando, porém, o rosnado era de uma forma bem mais grossa e intensa, provocando-me calafrios pelo corpo. Ia me virar para ver de onde vinha aquele barulho, mas algo me impediu.

 

Era muito grande. Muito grande mesmo. Um lobo saltou sobre mim e por pouco não me pegou, errara o salto e bateu a cara no botijão de gás, agora mesmo gania cabisbaixo e chacoalhava a cabeça, dolorido e atormentado. Iria sair correndo dali e fugir com minha irmã, porém, enquanto ele se recuperava, olhei-o bem e entendi o que ele era. Pelo tamanho anormal, sem dúvidas um lobisomem, isso só aumentou o meu medo. Pra piorar, ele se recuperou mais rápido do que podia imaginar e soltou um rosnado forte, avançando até mim – eu que não vou ficar parada!

 

Disparei para casa com todo o fervor, contudo, a criatura era superior. Pulou sobre mim outra vez, agora com sucesso, e me agarrou. A dor de cair no chão com toda a força do impulso do lupino foi muito aguda, esse bicho é como um touro! Estava em cima de mim, e, velozmente, coloquei meu antebraço direito em seu pescoço e minha mão esquerda pouco abaixo do lugar onde havia pousado o outro, livrando-me das bocadas do animal e impedindo seu alcance, mas com certeza não aguentarei segurá-lo por muito tempo. Em pleno desespero, comecei a gritar por ajuda, era minha única opção!

 

Ele mordia o ar, enlouquecido, tentando a todo custo me alcançar. Nem pensei e tirei o alicate do bolso com a mão esquerda e o atingi no ombro, perfurando sua carne e arrancando ganidos altos de dor do animal, que parou de me atacar. Chutei a cara do dsgraçado bem no queixo e levantei, correndo. Era minha chance, não podia perdê-la! Quase no mesmo instante, Carl e Dora apareceram correndo em minha direção mas antes que pudesse mandá-los sair, fui derrubada de novo, desta vez pela lateral. Que raiva!! Olhei para cima, outro lobo estava imobilizando-me, mas, diferente do outro, apenas me manteve presa ao chão. 

 

– SAIAM DAÍ!!! – Urrei fortemente ao ver mais deles chegando, estava tudo dando errado! Ainda por cima, atacaram Carl antes que ele conseguisse atirar no animal em cima de mim, pegaram-no por trás. Que inferno!! Com lágrimas caindo sem parar e tentativas repetidas e frustradas de escapar, observei com pavor o ataque dos lupinos à minha irmã e Carl. – AAAAAAAAHH!! – Gritar foi tudo o que consegui fazer, sentia que meus pulmões iriam explodir, porém, não me importava. Aquelas bestas malditas os devoravam na minha frente, se deliciavam com a carne e com os urros agonizantes da minha família. Eles não tiveram nenhuma chance e a culpa foi toda minha! Eu que gritei por socorro. Se eu não tivesse feito isso, eles poderiam estar vivos!

 

Remexi-me enfurecida debaixo do lobo, recusava-me a aceitar minha morte, eu tinha que fazer algo! Eu vou fazer algo! Eu queria, mais do que tudo, matar aqueles desgraçados! Sentia as chamas do ódio em minhas veias como jamais senti alguma vez em toda minha vida. De repente, outro lobisomem chegou. Este era significantemente maior do que os outros, surgiu entre as sombras e ao seu lado havia uma figura humana encapuzada, totalmente coberta por roupas.

 

Agora com a lua no alto do céu com sua luz mais forte, pude ver melhor recém chegado. Seu pelo aparentava ser de cor marrom bem escuro, semelhante ao vulto que vi no drive-thru. De alguma maneira, esse aí não era como os outros. Só de olhar em seus olhos vermelho-sangue, um arrepio percorreu minha espinha e meu corpo estremeceu. Ainda assim, não demonstrei fraqueza e não demonstrarei! Encarei-o com fúria pura em meus olhos, porém, ele percebia meu medo e deu, o que parecia ser, um sorriso lupino. Sem dúvida, um sorriso cruel.

 

Ele bufou em meu rosto e transformou-se em humano – estava nu, mas caguei pra isso. Ele era alto, bronzeado, tinha cabelos escuros lisos que iam até os ombros e olhos castanhos, agora contornados com um leve vermelho-sangue. O licantropo se aproximou de mim e agachou na minha frente, penetrando-me com seus orbes, estudando-me, e ignorei-o, voltando a me remexer para escapar das patas do animal me prendendo, mais uma tentativa em vão. Percebi-o se levantar e olhei-o de volta, o puto ainda encarava-me na cara de pau. E que beleza! Outro homem apareceu perto dele, maravilha... Esse outro era bem alto - 1 metro e 80 e poucos, por aí -, dotado de cabelos negros curtos e olhos azuis escuros, esse mesmo sangrava pelo braço esquerdo, acompanhei os filetes até ver um furo no seu ombro se fechando, onde atingira a primeira besta que me atacou. Seu olhar pegava fogo de tanta raiva, por mais que tentasse vir até mim, o outro na forma humana não permitia, se colocava entre nós dois.

 

- Me deixa matar essa vadia, Alpha, por favor! Olha o que ela fez com meu braço! – Rebelei-me mais, forçando minha saída a todo custo. Não serei morta por suas mãos imundas!

 

- Adam. – O homem dos olhos vermelho-sangue, o Alpha, falou com uma voz rouca que me fez arrepiar-me. – Eu sei que está com raiva dessa humana e tem todo o direito de estar. – Ele me encarou de novo por alguns segundos e depois voltou a olhar o tal do Adam. – Mas veja só: você a atacou de surpresa com vontade, e, além de sobreviver, ela lutou contra você e se saiu muito bem. É uma qualidade que eu não vejo há muito tempo. Mesmo para uma humana. Ela tem potencial. - Entendi o que ele quis dizer, e não gostei nem um pouco disso.

 

- Ela furou meu ombro! Não irei viver na mesma alcateia que ela. Eu vou matá-la agora! – O Alpha lançou um olhar mortal para o tal Adam que largou seu porte de valentão.

 

- Acalme-se! Não falei que ia integrá-la à alcateia, Adam. – Ele fez uma pausa para ponderar, deixando o silêncio entre eles reinar. Com um suspiro, tomou sua decisão e fitou-me com um sorriso debochado. – Dê o prêmio dela, Bradley. – O lobo em cima de mim imediatamente obedeceu o comando do Alpha me atacou com voracidade. Não tive como impedi-lo, apenas lutei o quanto pude para, uma ultima vez, tentar salvar minha vida.

 

Ele mordeu e arranhou inúmeras partes do meu corpo, a cada golpe eu sentia uma dor agonizante que se prolongava, minhas roupas foram quase totalmente destruídas. Ele ficou assim por um tempo, enquanto o Alpha e o Adam me observavam de jeitos diferentes, porém. Adam me observava extremamente contente, enquanto o Alpha observava-me sem demonstrar emoção alguma, ele manteve uma expressão séria e fria.

 

- Já está bom. – Assim que o Alpha pronunciou estas palavras, o lobo imediatamente parou de me atacar e saiu de cima de mim. Já havia uma poça de meu próprio sangue me envolvendo, e fui me sentindo cada vez mais fraca. – Satisfeito agora, Adam?- O dito cujo assentiu, completamente satisfeito ao ver-me morrendo aos poucos. O Alpha foi até uma pessoa que eu não consegui ver por dois motivos: Estava fora do meu campo de visão e minha visão estava ficando turva. Eu estava lutando para manter-me viva e isso exigia uma imensa força de vontade, e eu sabia o que ia acontecer se eu sobrevivesse à morte.

 

- Acha que ela vai aguentar a transformação? - Perguntou outro deles que também estava nu, mas eu não consegui o ver direito e minha audição estava ficando falha.

 

- Ela gastou muita energia na “luta” contra o Adam e tentando fugir. A morte é um presente para ela, depois do que fez. Não tenha dúvidas disso. – Falou o Alpha com uma certeza enorme em suas palavras e ele estava certo. Eu gastei energia demais lutando contra o Adam e tentando sair debaixo do lobo Bradley.

 

- Vamos embora Lionel! – Foi o que consegui ouvir de uma voz feminina que eu supunha ser direcionada ao Alpha, o tal Lionel. – Já terminei de me alimentar e, honestamente, eu não estou com vontade de ver uma humana morrer. Eu tenho muita coisa pra fazer, sabia? – Não pude deixar de notar que a última frase dela foi mais brincalhona, mesmo me encontrando em um estado moribundo. Depois disso, só ouvi um comando e, por fim, apenas o silêncio. Finalmente saíram...

 

Agora vejamos... Eu estou sozinha. No meio da mata. Ninguém me socorrerá. Não paro de sangrar e com certeza estarei morta em poucos minutos. Minhas chances de sair viva dessa eram inexistentes. Não havia como eu sair dessa...

 

Minha respiração estava pesada, o corpo todo doía. Doía muito. Havia rasgos, mordidas e arranhões por tudo, e ardia pra cacete! Parecia que estava pegando fogo! Tony me contou como a transformação funcionava e... Como muito mais da metade das mulheres morriam no processo. A pessoa tinha que estar “bem” e “forte”, de certa forma, para a transformação ocorrer, e ela só ocorreria se os ferimentos se curassem, mas claramente isso não estava acontecendo comigo. Eu só continuava a sangrar mais e mais. Não iria sobreviver.

 

Olhei uma última vez para véu negro da noite. Olhei para as estrelas e, principalmente, para a lua. Aquela bela lua cheia brilhante e encantadora lá no alto iluminando meu corpo quase sem vida. Ela era minha única companheira. Ela era a última coisa que eu veria antes de partir desse mundo e, por mais estranho que pareça, eu sorri. Devia estar delirando um pouco por causa da minha cada vez mais próxima morte. Fiquei ali fitando a lua durante um tempo, a única coisa que estava ali presente comigo. Estranhamente, eu estava bem. Eu me sentia bem. Sei que parece um absurdo, mas é. Olhei para meu corpo. Eu estava...

 

Me curando!

 

Ao olhar mais uma vez para a lua percebi que a minha real companheira ali não era ela. Sorri outra vez. Ainda bem que fui muito intrometida e enchi o Tony de perguntas! A sensação de estar pegando fogo foi se esvaindo, as dores insuportáveis também. E outra sensação me invadiu, mas diferente das outras... Essa era boa - meio esquisita, mas boa.

 

Minha loba nasceu.

 

Fiquei tão em paz quando a senti crescer dentro de mim. Queria que aquela sensação durasse para sempre. Adormeci ali mesmo no chão, onde meu sangue, o sangue de minha irmã e de meu pai havia sido derramado; onde a vida deles havia sido tirada. Mas era nesse mesmo chão, onde eu havia renascido; Onde minha loba tinha nascido. Onde havia me tornado, e pela eternidade seria, uma lupina.

 


Notas Finais


Bom, tá aí!
Sei que ficou meio grandinho comparado com os capítulos da minha outra fic, mas eu queria dar uma caprichada no meu jeito de escrever! Digam o que acharam e até o próximo capitulo! ;)


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