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História Wolf Pack - Capítulo 6


Escrita por: NekoDLully

Notas do Autor


Meu computador tá me fodendo e não quer funcionar algumas teclas. então provavelmente que eu não consiga escrever capítulos por enquanto. Essa ainda tem mais alguns caps prontos a frente, mas não sei por quanto tempo meu comp vai me foder, então já deixar o aviso
Espero que gostem!

Capítulo 7 - Capítulo 6


Wolf’s Pack

John estava cansado. Tanto mentalmente como fisicamente.

Não tinha conseguido dormir direito nas ultimas três noites, seus sonhos repletos de pesadelos sobre sua falecida esposa, porque, aparentemente, ter de volta seu filho, depois de tantos anos procurando incansavelmente por ele, na forma de uma bela mulher tão semelhante a sua esposa durante os períodos em que se conheceram não era muito favorável para evitar antigos pesadelos. Quem diria, certo?

E agora ele começava a soar como Stiles. Ou Skye.

Deus isso era confuso.

Ele não acreditava que qualquer pai teria que lidar com algo parecido com isso, ou qualquer pessoa na verdade. Mas ao mesmo tempo ele deveria ter imaginado que algo similar estaria acontecendo se tratando de seu filho (filha). Stiles sempre foi diferente, tanto que, de todas as coisas em que ele poderia ter se metido para começar a mentir horrivelmente para ele, definitivamente seria algo sobrenatural e perigoso ao ponto de dar-lhe um derrame ao descobrir. Ele tinha sentimentos mistos quanto a isso, com toda sinceridade. O fazia lembrar-se muito de Claudia.

Deus, e como ele parecia com ela agora.

Stiles sempre foi a imagem de sua mãe. Desajeitado de pele pálida e olhos castanhos cor mel, quase dourados, de sorriso brilhante e atitude atrevida. Pouco havia levado dele, mas talvez por causa do gênero não era tão óbvia a associação, ainda que muitas vezes lhe foi difícil dividir uma imagem da outra. Agora, porém, que Stiles era Skye, uma menina de todas as coisas, era inegável a semelhança óbvia. Era quase como ver um fantasma.

Ele não sabia ao certo porque pensou que tudo voltaria ao normal depois de recuperar seu filho. Uma parte dele tinha a esperança, queimando mais forte do que imaginava ou se deixava admitir, que tudo voltaria a se encaixar no lugar depois da chegada de seu filho. A parte vazia da casa seria novamente ocupada, apenas tendo que esperar Natalie retornar e a família estaria completa. Provavelmente com seu filho apenas tendo que se ajustar a rotina novamente e acostumar-se a ideia de ter sua antiga paixão como uma espécie de irmã postiça.

Mas obviamente não seria assim. Agora ele podia ver como era tolo de sua parte pensar de forma parecida, mesmo que por um mero segundo.

Stiles havia envelhecido, criado uma vida para ela, uma sem eles. Ela não parecia abusada de qualquer forma, pelo contrário, tratada tão bem que sua confiança estava no teto, tão confortável em seu próprio corpo que se refletia em seus movimentos, o sorriso tão brilhante como nunca, travesso dentro da maturidade adjacente. Linda. Uma mulher tão bela que ele não duvidava nem por um momento que, se caso se aventurasse para fora do quarto, ela faria todos pararem um momento para apenas observá-la caminhar.

Havia algo de realeza nela agora.

Isso o fazia se perguntar, muitas vezes, se Lydia estava certa e Scott estivesse apenas se recusando a ver a verdade, forçando algo que Stiles não queria. Talvez ela realmente saiu por vontade própria, talvez ela não estivesse sendo controlada, talvez ela realmente estivesse feliz onde estava e eles estavam privando-a disso, fazendo uma família inteira sofrer com sua falta.

Uma outra parte dele, porém, questionava-se... E se Scott estava certo e Stiles estava sofrendo sem saber? Relacionamentos abusivos aconteciam sem que a pessoa abusada percebesse que estava acontecendo. E se estavam fazendo o certo e o sofrimento inicial de Stiles fosse penas um pequeno preço a se pagar para sua recuperação? Ele não queria que seu filho sofresse, mas recuperações eram difíceis, certo? Ele não entendia nada sobre como toda essa coisa Alfa, Beta e Ômega funcionavam, mas Scott não mentiria sobre esse tipo de controle, certo? Aparentemente ele passou por isso, com Peter Hale, bem no começo. Scott era um péssimo mentiroso, definitivamente não era mentira. Mas realmente poderia ser o suficiente para seu filho aceitar se submeter a todas as vontades de alguém? Ele sempre foi tão teimoso...

Tudo era tão confuso e John não sabia como iria terminar. Stiles (Skye) não saia de seu quarto em momento algum e quase não comia o que deixava para ela na porta. Melissa fez revisões e tanto ela como Deaton dizia que sua saúde estava bem, mas por quanto tempo? Agindo dessa forma, privando-se de sair e de comer, por quanto tempo sua saúde permaneceria firme? Mesmo sendo um lobo, deveria ter um limite.

Mas o que ele deveria fazer? Qual lado deveria tomar?

Era correto, em meios humanos, chamar a família que Stiles mencionou, dizer que pelo menos estava bem e segura, mas em termos sobrenaturais? Como deveria se portar? Era mesmo permitido fazer algo assim? Deus, parecia ir contra tudo o que ele pregava como certo!

Foi talvez na metade da manhã, depois de já ter tomado seu, talvez, terceiro copo de café quando as batidas na porta foram ouvidas. Por um instante pensou em não atender, em fingir que ninguém estava em casa, mas sabia que não funcionaria, principalmente se fosse alguém do bando com alguma atualização.

Forçando-se a levantar, arrastou-se até a entrada, abrindo a porta para deparar-se com Scott, Allison e Isaac na varanda, encarando-o muito menos cansados do que ele se sentia. O fez se questionar por um momento se eram os fatores de cura lobisomens que os faziam parecer tão bem ou se era apenas ele pensando e se preocupando demais com a situação.

- Xerife. – Scott cumprimentou, pequeno sorriso em seu rosto, ombros caídos. Provavelmente não deveria ser nenhuma notícia boa, ainda assim, o homem mais velho se afastou da entrada para dar espaço para os três lobos passarem, fechando a porta logo em seguida.

- Café? – questionou de cortesia assim que chegaram a cozinha, sentindo-se cansado demais para oferecer qualquer coisa a mais e lhe daria uma desculpa para mais um copo. Scott prontamente aceitou com um sorriso reluzente, Allison educadamente declinou a oferta enquanto Isaac apenas deu de ombros, seguindo a todos para a cozinha onde o Xerife se direcionava, ainda com sua caneca na mão.

Ele encheu seu corpo e então preparou mais dois e os entregou aos meninos, todo o lugar pairando em um estranho silêncio onde ninguém parecia saber o que exatamente dizer para amenizar a situação.

Os dias pareciam muito assim ultimamente. Desde que Stiles (ou melhor, Skye. Deus, ele nunca se acostumaria com isso) voltou, tudo o que eles vinham afazer era pisar sobre ovos sem saber exatamente como digerir ou guiar a situação. Não era o que eles esperavam e cada um tinha uma opinião sobre o assunto. A matilha se encontrava dividida, boa parte tendo tomado o lado de Scott em todo o desenrolar da situação, talvez por ele ser o alfa, mas ainda havia uma pequena parcela ao lado de Lydia, como Melissa e Jordan e, uma parcela ainda menor, estava por cima do muro, sem saber exatamente para onde cair nessa situação, como era o caso de John.

Pensando bem, talvez ele fosse o único ali.

Era difícil para ele, querendo o melhor para seu filho, mas sentindo que apenas estava piorando a situação acreditando nas palavras de Scott e não na dele/a.

Quem estava certo? Quem estava errado?

- Então... – começou, depois de mais um pequeno gole em seu café, procurando afastar os pensamentos incômodos que o assolavam. – Alguma novidade?

- Nada realmente. Deaton disse que pode levar um tempo para o vínculo realmente se quebrar e que vai ser normal Stiles reagir dessa maneira. Ele ainda não sabe como inverter a questão do gênero, diz que requeria muito sacrifício para realizar o feitiço. – Scott resmungou em resposta, seus ombros caídos desanimados. O Xerife não esperava qualquer outra resposta, na verdade. – Na verdade, viemos ver como ele está.

- Ainda no quarto, não saiu desde que entrou e os uivos continuam de tempos em tempos. Melissa a checou ontem quando estava no trabalho, mas não parece ter mudado muito a situação. – John suspirou, cansado, desanimado, questionando-se quando poderia, ao menos, abraçar seu filho corretamente. Quase três dias inteiros com ele de volta e ainda não conversaram corretamente, era frustrante, mas um sentimento tão familiar que sentiu-se enjoado.

- Eu me pergunto como os vizinhos ainda não deram queixa até agora. Com todos esses uivos tão altos, eu consigo ouvi-los desde o outro lado da cidade. – Isaac reclamou depois de colocar seu copo dentro da pia, cenho profundamente franzido. – Para alguém que se diz imergido no mundo dos lobisomens mais do que nós, ele não se preocupa muito com sigilo.

- Às vezes me impressiono com o quanto vocês são capazes de subestimar as capacidades de Stiles, principalmente agora. – todos saltaram, olhos correndo apressados para a porta a qual Peter agora passava, passos tranquilos e lentos, arrastando-se para tirar uma xícara dos armários e então por um pouco de café para si mesmo, quase como se possuísse o lugar, acomodando-se em um canto com um sorriso malicioso em seu rosto. – Ninguém vai notar o uivo, porque apenas sobrenaturais podem ouvi-lo. A magia embutida não é apenas para a amplificação, mas também para a camuflagem, qualquer um que não saiba ou esteja envolvido com o sobrenatural de alguma forma não será capaz de ouvi-lo de qualquer forma.

Scott grunhiu baixo, Isaac e Allison curvaram-se em preparação para atacar, cada um em sua forma beta, Xerife sendo prontamente puxado para trás da morena, a única perto o suficiente para apressar-se para ele.

Peter, no entanto, não parecia incomodado, mantendo-se tranquilamente no poleiro no qual se pôs, bebendo tranquilamente o café enquanto observava divertido toda a situação.

- O que faz aqui, Peter? – Scott perguntou, alerta, olhos brilhando em vermelho, mas ainda relativamente relaxado. Ele sabia que era mais forte do que Peter e, em qualquer circunstância, seria capaz de colocá-lo em seu lugar.

- Um passarinho me contou sobre a nova convidada de vocês e o quão especial ela era, então vim conferir com meus próprios olhos. Devo dizer, então, que é realmente impressionante. É tudo o que me foi dito e um pouco mais, é uma pena que esteja trancafiado aqui. Diga-me, Scott, você tem alguma noção do que você tem agora?

- É bom você ficar longe de Stiles ou então...

- Acredito que ela prefira Skye agora, não é Scott? Oh! Claro, eu me esqueci, você não se importa com o que ela tem a dizer, você apenas escuta quem você dá importância ou compartilha da mesma opinião. Se não me engano, isso nem ao menos é um desenvolvimento recente. – Peter zombou, seus olhos presos em Scott, ignorando todos os outros, ouro beta queimando desafiadores para o alfa que não era seu. Ele nunca aceitou Scott e nunca aceitaria, principalmente agora quando mantinha ao cheiro de um par alfa em sua pele, marcado nele, aceitando-o. – Então, novamente, você nunca teve se quer uma pequena noção do que você tinha em mãos. Continua a não ter.

- Você cheira a Stiles. Por que você tem o cheiro de Stiles? – ele não tinha deixado ninguém tocá-lo desde que havia chegado, seu cheiro permanecendo tão neutro quando como chegou. Não usou qualquer roupa diferente das suas antigas, não manteve-se perto o suficiente para qualquer tipo de conforto, não tocou em nada, tão distante que deixava o lobo em Scot ansioso, irritado. Um lobo estranho não marcado dentro de seu território. E agora Peter, o ômega em sua terra, aquele o qual não conseguia se livrar, tinha seu cheiro marcado pelo do novo lobo. Por Stiles. Scott não gostou nada. – O que você fez com ele?

- Nada que ela não queira, realmente. – não foi uma boa resposta. Todos na sala estremeceram com o duplo sentido que ali continha e Scott prontamente se viu furioso, seu lobo nem um pouco conformado em saber que havia sido recusado enquanto um ômega havia sido aceito.

Ele se lançou para frente, na direção de Peter, rugido em sua garganta. E sim, como Alfa, Scott tinha uma vantagem, mais forte e mais capaz, fortalecido por sua matilha enquanto Peter era apenas um lobo solitário, mas Peter, querendo ou não, foi e sempre seria um lobo, nasceu assim e cresceu assim, tinha mais experiência em suas costas e isso era um peso que Scott, mesmo com todas as loucuras ocorrendo na cidade, não poderia superar tão facilmente. Bastou um movimento para o lado, um pé deixado para trás, no momento certo, e o alfa tinha a força de seu impulso usada contra ele, guiando-o para enfrentar a parede.

Peter moveu seu corpo em sincronia, uma mão nas costas de Scott para apoio e a outra atrás de sua cabeça, acrescentando um pouco mais de força ao impacto do rosto do lobo mais jovem na madeira da parede, impedindo-o de defender de qualquer forma.

A dor e a confusão foram o suficiente para levar o alfa para o chão, Peter pondo seu peso sobre ele para mantê-lo no lugar, ainda de frente para os betas, não arriscando deixar suas costas expostas para eles onde poderia facilmente lhe atacar. Ele precisava que todos o ouvissem, precisava que todos realmente prestassem atenção e se não houvesse um pequeno incentivo ele sabia que não seria dado crédito.

- Acalme sua bunda alfa por um instante e me escute, já que você fez questão de trazer Skye para a conversa. – ele fez questão de enfatizar o nome, demarcando que era como ela se dirigia agora e chamá-la de qualquer outra coisa seria um insulto a sua decisão. Scott precisava aprender a respeitar o que outras pessoas estavam dizendo. – Eu não fiz nada além de confortá-la, tire sua mente da sarjeta. Você não tem ideia do que tem em mãos, não sabe o quanto a está prejudicando com tudo o que você está fazendo com ela ou como isso é visto por pessoas como nós. Você é apenas um lobo mordido que se recusa a ver o que realmente vem por trás da mordida, então agradeça que eu esteja aqui para clarear sua mente. Então, se realmente se preocupa com Skye, você vai me escutar.

- Como vamos saber se você não está mentindo? – a antiga caçadora perguntou, desconfiada, garras ainda de fora, olhos brilhando, alerta como sempre foi desde que descobriu sobre todo esse mundo no qual sua família estava envolvida, sua atenção mais particularmente presa onde as presas de Peter se encontravam próximas ao pescoço de Scott.

- Existem livros que podem provar tudo o que estou falando, mas se isso não for suficiente, vou usar de conhecimentos básicos para vocês. Um filhote saberia instintivamente do que estou falando, mas parece que vou precisar ser mais... Didático com vocês. – zombou o lobo mais velho, seu sorriso de escárnio nunca saindo de seu rosto apesar de toda a situação. – Então, vamos começar com o simples. Você sabe como se forma um ômega, Scott?

- O que? A que vem isso?

- Apenas responda a pergunta, Scott.

- Quando perdem a matilha ou quando um alfa os faz sair.

- E você sabe como um alfa os faz sair?

- Eles o dizem, claro! Como mais?! – Peter suspira exasperado, às vezes se esquecendo como Scott era ignorante nos hábitos de lobisomens.

- Pense sobre isso Scott. Você sabe que lobos são táteis, certo? Você percebeu como ficou mais carinhoso, mais próximo das pessoas com as quais você se considera bando, certo? – Scott assentiu como pode, preso no chão, confuso e, pelo rosto de todos os outros ao redor, ele não era o único. – Muito bem, você sabe por que isso acontece? Por que você continua a abraçar e tocar o braço de sua mãe? Ou beijar a bochecha de Allison? Ou passar o braço ao redor de Isaac? Ou tocar o ombro de Lydia, Kira e Malia? Ou por que você insiste em bagunçar os cabelos de Liam toda vez? Ou por que você toca as costas do xerife? Já se perguntou por que você continua a fazer isso uma e outra vez mesmo que não perceba?

Ele poderia ver as engrenagens trabalhando no rosto de cada um, mas ninguém ainda parecia ter associado. Ele não sabia se deveria culpar Deaton por não explicar melhor todos esses aspectos importantes dentro dos hábitos de um lobo ou se simplesmente culpava as próprias crianças por acharem que tudo não se passava de nada mais do que uma simples brincadeira. Um clube onde você poderia entrar e sair quando quisesse.

Não era assim que funcionava. Alcateia não era isso.

- Veja Scott, na natureza, lobos não têm fala, mas ainda precisam se juntar para sobreviver, montar grupos grandes e, de alguma forma, indicar para outros o lugar e com quem eles pertencem. Se eles não podem falar, como eles fazem? Com o cheiro. Eles tocam, passam seu odor para outros e mostram ao mundo que é ali que eles encontram um lugar, onde se enraízam. Lobisomens podem não ser lobos propriamente ditos, mas ainda precisam disso. Somos muito mais conectados aos nossos outros sentidos do que os humanos, então instintivamente fazemos o mesmo que nossos homólogos animais. E isso serve para toda a alcatéia, não apenas os lobos. Um alfa indica quem são seus companheiros a partir do cheiro, do toque, os membros precisam disso, precisam saber que o alfa confia e considera-os parte do bando. Então o que você acha que acontece quando o alfa para de tocar? Para de passar seu cheiro?

- Eles se tornam ômega. – Isaac completou por seu alfa, olhos arregalados em reconhecimento.

- Exatamente. Agora, Scott, você se recorda a última vez em que você tocou em Stiles antes dele desaparecer? A última vez que vocês compartilharam tempo? Onde vocês sentaram e conversaram como amigos? – obviamente não. Peter, desde que voltou dos mortos, já não mais conseguia sentir o cheiro de Scott em Stiles, pelo menos não tão fortemente como no começo. Não era um distanciamento visível se não fosse um lobo, mas estava lá e Stiles deveria ter notado. Por qual outro motivo ele se sentiria impelido a sair? A se afastar? Ômegas faziam isso, serviam de alívio cômico e então se distanciavam de uma vez. – Você não pode me dizer, porque você não se lembra. Nenhum de vocês pode se lembrar. Você fez Stiles um ômega muito antes dele sair.

- Mas ele era humano! Isso não deveria afetá-lo! – Scott argumentou, inquieto, procurando sair desesperadamente do aperto de Peter, não querendo confirmar que o que dizia poderia fazer algum sentido.

- Você está ao menos me escutando? Todos na alcateia podem dizer, mesmo que não sejam lobos. O vinculo é muito mais do que apenas uma simples forma de falar, ele é, em falta de palavra melhor, uma ligação entre todos os membros de matilha, um laço em suas almas e dói quando ele é quebrado, Scott, seja da forma que for. Essa forma de formar um ômega? Afastando-o aos poucos do bando até o vínculo finalmente desaparecer? É tortura. A privação do toque afeta a todos, é uma necessidade compartilhada dentro de uma alcateia, lobo ou não. Mesmo humanos são capazes de dizer quando estão sendo empurrados para fora. Na verdade, principalmente humanos. Eles são tão necessitados de toques e atenção como os lobos são. Por isso vivem em comunidade. – Peter rosnou, tentando mostrar perfeitamente seu descontentamento com as atitudes de Scott. – Agora imagine ser retirado de seu bando a força, mandado para um lugar estranho com um bando estranho que mostra animosidade com o seu, imagine todos os cheiros e o sentimento de não pertencer, imagine seu vínculo esticando e a privação do toque, como isso, junto com o estresse do momento, vai empurrando você a loucura aos poucos, empurrando você como um ômega, forçando o vínculo. É quase o mesmo de pegar uma faca de cozinha e desmembrar cada membro, tomando seu tempo, puxando e soltando, jogando sal na ferida. O que você está fazendo com Stiles agora é tortura!

O xerife parece alarmado até aquele momento, olhos bem abertos e preocupação clara em seus olhos, seu rosto verde em enjoo apenas ao pensar que estava fazendo esse tipo de coisa com seu próprio filho. A dúvida já deveria estar em sua mente, Peter apenas a atiçou um pouco mais com suas palavras. O homem poderia ser um pouco esquecido, lidando com as coisas da pior maneira, Peter poderia entender isso, mas ele nunca quis machucar Stiles.

- Você está mentindo! – Scott rugiu, ainda tentando sair de seu aperto. Diferente de todos os outros, ele parecia ser o único a não realmente lhe dar crédito.

- Não acredite em mim então, Scott. Apenas pergunte a Chris, já que parece que você dá muito mais crédito a caçadores do que pessoas de sua própria espécie. Esse tipo de método se tornou bastante popular em alguns círculos de caça. Afastar lobos de suas matilhas, deixando-os para apodrecer até suas mentes não aguentarem mais a quebra do vínculo e eles se tornarem ferais, então eles têm uma desculpa para abatê-los. – os olhos do lobo mais velho queimaram na antiga caçadora, que recuou, rosto queimando e cheiro de culpa e vergonha queimando no ar. Ela sabia sobre isso. – Antigamente, em tempos onde não existiam emissários para intermediar disputas entre alcateias, lobos costumavam fazer isso para conseguir uma rendição, pegando o membro mais valioso e afastando-o de sua matilha. O vinculo é uma linha de mão dupla, se ele não está sendo propositadamente afastado pela matilha, a distância e abstinência vai doer em ambos os lados porque ele está sendo forçado, se procurando e não conseguindo alcançar. A matilha de Skye provavelmente está sofrendo sem ela por perto, principalmente seu alfa. Eles são companheiros, muito mais do que apenas amantes. A sanidade dele está nela e a dela está nele, qualquer coisa que quebre essa harmonia vai fazer com que ambos se percam. Você condenaria toda uma alcatéia estável a ferais apenas pelo seu próprio egoísmo!

- Stiles está sendo forçada a isso! Seu alfa a forçou, igual você fez comigo! Estamos libertando ele!

- Você não pode realmente acreditar nisso... – conhecendo Deaton e a capacidade de Scott em acreditar em qualquer coisa, não era realmente uma surpresa que ele estivesse pensando assim. – Procure em qualquer livro, Scott, não é assim que laços são formados. Sim, um alfa tem a capacidade de forçar um beta a fazer determinadas coisas, como eu fiz você, mas não da maneira como Skye está. Betas controlados não podem falar e argumentar a favor de seu alfa, eles ficam em transe e agem como robôs. E se você foi capaz de resistir, então obviamente Stiles nunca se curvaria a nenhum alfa por mais forte que ele seja. Além do mais, Skye é a companheira de um alfa e o fato de isso ser considerado tão raro quanto um verdadeiro alfa é porque não pode ser forçado. Ele é baseado em confiança e você não força confiança, não pode ser controlado para isso, é por isso que existem tão poucos. O companheiro é a única pessoa para quem o alfa vai abaixar a cabeça ou mostrar o pescoço, o único que não preciso a se submeter ao alfa de qualquer forma. Um par alfa não pode ser forçado a nada. Está tão alto na hierarquia como é um alfa!

A sala caiu em silêncio logo em seguida, cada um sem saber exatamente o que deveria pensar ou falar. Scott parecia finalmente começar a duvidar do que acreditava, Isaac e Allison tão próximos da confusão e da dúvida que todos os traços de lobo haviam desaparecido, deixando-os apenas como os jovens adultos que apenas começavam a ser.

O xerife foi o primeiro a dar um passo a frente, saindo de detrás de Allison, rosto decidido e firme, parecendo finalmente ter entrado em um acordo com toda a situação, tomando uma decisão. Allison tentou puxá-lo para trás novamente, mas o homem mais velho esquivou, sem tirar seus olhos de Peter, o mesmo que devolvia o olhar, esperando, sabendo que seria importante o que viria.

- Você diz a verdade? Stiles... Skye, escolheu essa vida? Escolheu com quem ela está, com quem ela vive? – o homem perguntou, olhar sério no rosto, procurando ver a mentira ou a meia verdade em Peter, procurando confirmar ou negar seus medos. Peter não poderia dizer quais eram, mas tinha uma certa noção deles, bem reconhecendo o olhar daquele que preferia ouvir que estava a fazer algo errado do que continuar vivendo na mentira e machucando aqueles que amava. Peter um dia foi assim também.

- Os lobos podem ouvir meu coração quando digo que estou dizendo a verdade e se isso não bastar essas informações estão em qualquer livro sobre lobisomens que você puder encontrar. Peça a qualquer outra matilha, mesmo Deaton, ainda que não confie nele. Todos dirão que não é dessa forma que os vínculos dentro de matilha funcionam. – o lobo afirmou com sinceridade.

- Xerife! Você não pode estar realmente pensando em... – Scott tentou se intrometer, lamuriando alto, tentando erguer a cabeça para encarar o xerife. Mas Scott tinha vivido dentro das leis humanas e, mesmo que o homem estivesse dentro de sua matilha, era visível que não existia qualquer poder de decisão sobre ele, diferente de como foi com a irmã de Peter, Talia. Ela tinha sido um forte alfa, ensinada a mostrar que sua palavra, independente de quem quer que fosse, era poder dentro das decisões que envolviam pessoas de sua alcatéia. Scott deu liberdade e poder aos mais velhos do que ele, porque ele cresceu dentro das leis humanas e para ele, pais tinham a autoridade máxima independente de seu atual status.

- Não, Scott! Diga-me se ele está mentido! Diga-me se seu coração saltou! – o xerife exigiu, seus olhos não deixando os de Peter e Peter nunca desviou também.

- Eu...

- Não minta para mim, Scott. Diferente de Peter, eu realmente te conheço e sei dizer quando tenta esconder algo de mim.

O rapaz ainda hesitou por um instante, Peter soltando-o levemente para que ele pudesse ter mais mobilidade de resposta, garantindo sua vitória com o apoio do xerife. Precisou apenas de alguns segundos depois para que Scott negasse, a contra gosto, e os ombros do xerife caíram em tristeza e resignação.

- Bem então...

- Espere! – prontamente Peter estava de pé, seus olhos desviando-se do xerife para ir direto para a porta da cozinha, a mesma que dava direto para a entrada da reserva na parte de trás da casa.

- O que... – a antiga caçadora começou, apenas para ser interrompida por um movimento de mão de Peter, ainda atento ao que quer que esteja ao lado de fora.

- Tem alguma coisa lá fora. É bom em se esconder, quase não consigo ouvir o bater de seu coração, está logo no limite da reserva fora da casa. Não sei o que são, mas tenho certeza que está ali. Escutem. – todos os lobos dentro da casa pararam, concentrando-se em sua audição para conseguir captar o que o lobo mais velho estava falando, alguns mais desconfiados do que outros.

Toda a casa voltou a recair no silêncio, dessa vez em espera, concentração, iminência. O som se estendia para fora dos arredores da casa, passando as respirações controladas e os batimentos acelerados, além do som do vento e do mover das folhas, o ranger da madeira da casa e o zumbido dos aparelhos eletrônicos ao redor. Era suave, tão suave que por um instante foi difícil captá-lo entre todas as outras coisas que chamavam mais atenção.

Tumb-tumb... Tumb-tumb...

Devagar, calmo e baixo, o batimento parecia no ritmo perfeito para se misturar a todos os outros sons que a reserva poderia produzir, suave, nada nele realmente chamava a atenção a não ser pelo fato de não ser de um animal pequeno, forte demais para ser um coelho ou um esquilo, tranquilo demais. O animal era grande, mas nenhum puma ou cervo chegava perto o suficiente das casas para serem considerados, não era um pássaro também. Não poderia ser qualquer outro animal que não fosse um ser humano, para não dizer a falta do acompanhar da respiração.

Peter duvidava que o que quer que fosse não estivesse respirando. Seja o que for, era um predador, um bom nisso, bom o suficiente para mascarar seu cheiro, sua presença, quase por completo, tranquilizando-se ao ponto de mesmo o bater distinto de seu coração mesclava-se ao ambiente. Não parecia ter magia envolvida, era apenas o simples controlar dos músculos, o treinamento e a experiência de alguém já acostumado em observar, espreitar, manter-se alerta até a presa estiver distraída o suficiente para poder atacar. Peter não poderia ter certeza por quanto tempo estava à espreita, ele apenas tinha notada a presença nos últimos minutos, o que já era uma façanha em si, principalmente não sabendo se significava algum mal.

Pelo menos os outros tinham notado também, isso significa que não haveria ataque surpresas, se caso houvessem ataques e...

Um novo som suave sobressaiu no silencio do lugar, diferente e abrupto o suficiente para tirar a atenção dos lobos dos batimentos que acompanhavam para prestar atenção a ele. Um assobio baixo do arrastar da madeira contra madeira, baixo e delicado, se não estivessem tão concentrados em escutar muito provavelmente o teriam perdido com facilidade. Segundos depois nada mais do que o baixo amassar da grama, quase imperceptível, como se apenas o vento tivesse decidido mudar seu curso, uma pequena corrente de ar. O batimento firme de um coração se acrescentou aos outros e a mudança em toda a movimentação do lado de fora foi o suficiente para os lobos dentro da casa se alarmassem um pouco. Ainda, silencioso o suficiente para o xerife ainda se encontrar perdido, olhando de uma expressão para a outra procurando compreender o que diabos estava acontecendo.

Pela sequência de eventos não foi tão difícil montar uma suposta cena dos acontecimentos do lado de fora, tão simples quanto dois mais dois. Era uma soma básica, principalmente levando em consideração que apenas existia um outro batimento cardíaco dentro da casa que poderia ter saltado uma janela e de repente aparecer do lado de fora.

- Droga, Stiles... – Scott praguejou, precipitando-se para fora da cozinha, abrindo abruptamente a porta para se deparar com o jardim traseiro, o exato lugar onde, não muitos metros a frente, o espião se mantinha escondido para observá-los.

Stiles estava na metade do caminho, atravessando o campo descuidado de grama com passadas longas e apressadas. Nada em sua expressão ou mesmo em sua postura indicava qualquer preocupação ou medo, apenas a pura e simples satisfação e alegria, uma alegria que até então não havia demonstrado. Contudo, Scott ainda correu a seu encontro, agarrando-lhe pelo pulso antes que pudesse se embrenhar para dentro da reserva, bem na direção onde o batimento outrora leve e calmo, agora apressado e excitado, se encontrava.

- O que você está fazendo?! – Scott exclamou, entre furioso e exasperado, pés plantados ao chão, ainda que tivesse se arrastado um pouco na tentativa de Skye de continuar seu caminho. Ela puxou o braço, mas Scott apertou um pouco mais e firmou-se com sua força extra alfa, impedindo que ela escapasse. – Não sabemos o que está lá fora! Pode ser perigoso!

- Não toque em mim, Scott! – Skye prontamente gritou, arrancando seu pulso com toda a força que conseguiu concentrar, ainda que Scott estivesse realmente empenhando-se em manter seu aperto, tudo em uma reação abrupta antes que Scott tivesse a capacidade de dizer ou perguntar qualquer outra coisa, exatamente como parecia tentar fazer. Exato momento em que os outros três lobos deixados dentro da casa saltaram para fora, curiosos e preocupados. O mesmo momento em que, seja o que for que estivesse escondido, saltou para fora dos arbustos apenas como um vulto rápido, atravessando o resto de jardim que se mantinha entre a reserva e o lugar onde Scott e Skye se encontravam a grunhir-se.

O vulto passou por Skye quase sem lhe prestar atenção, impulsionando-se na direção de Scott e empurrando o alfa para trás com força suficiente para fazê-lo cair a uma distância razoável de seu ponto de começo, aterrissando perto dos pés de Allison, a qual se preparava para o que quer que estivesse atacando. Não rápido o suficiente infelizmente. Antes de piscar Isaac já estava no chão também, marcas profundas de garras em suas pernas, acertando-lhe o osso, o suficiente para, mesmo com a cura rápida de um lobo, incapacitá-lo por alguns minutos, permitindo a rápida figura se precipitar para Allison, derrubá-la ao chão antes de lhe acertar com qualquer tipo de arma escondida, desferindo um golpe tão preciso e assustadoramente forte em sua cabeça que sem surpresas a antiga caçadora desabou inconsciente ao chão, deixando apenas Scott, ainda desnorteado.

O vulto se movia com fluidez e velocidade. Velocidade tal que era impossível, mesmo em olhos treinados de lobisomem, identificar mais do que alguns poucos movimentos. Ela tinha graça e toda sua luta foi conectada e interligada, nunca deixando de se mover, mas nunca desperdiçando energia, ações precisas que levavam a outra e a outro e a outra até finalmente finalizar todo o peso de seu corpo sobre o verdadeiro alfa, garras erguidas ao ar prontas para descer e dilacerar todo o rosto que tinha mobilizado.

- Blue, pare! – e, tão rápido quanto havia começado, havia terminado. Poucos centímetros do rosto de Scott as garras afiadas e preparadas se detiveram, prontamente ao grito que Skye havia proliferado, não hesitando ou recuando por um segundo se quer. Tudo se suspendeu e finalmente aqueles ainda conscientes poderiam ver o lobo sobre Scott.

Uma criança. Não existia outra forma de descrevê-la, sua aparência e seu tamanho impossibilitava pensar em sua idade como algo acima dos treze, no máximo. Olhos azuis elétricos beta, presas salientes e garras ainda a mostra, mas qualquer outra característica de lobo havia se perdido, ainda que seu aspecto permanecesse selvagem. Cabelos negros escuros curtos, mal cortados e cheios, pontas apontado para todos os lados em uma selvageria rebelde que combinava com a expressão voraz e furiosa, ainda de uma concentração assustadora. Sua pele era pálida de traços delicados, parecia macia e reluzia com a pouca luz, quase como um fantasma. Não vestia nada, seu corpo completamente nu era esguio, fino, mas visivelmente forte e capaz, flexível e condicionado. Não parecia ser muito alta, apesar de sua posição não favorecer uma boa análise, talvez não mais do que um e vinte, um metro e trinta talvez. Seu nariz era pequeno e leves sardas pintavam sua pele desde a ponta de seu nariz até os quadris ainda pequenos e estreitos, provavelmente devido a idade.

O surpreendente também foi ver que não apenas o pequeno monstro estava presente no jardim traseiro da casa Stilinski, mas também havia outro lobo. Um enorme lobo de pelagem castanha avermelhada reluzente e felpuda com manchas escuras, olhos azuis beta e presas assustadoramente brancas e enormes, suas garras e patas quase poderiam ser comparadas a mãos humanas grandes abertas, formando sucos no chão com tanta facilidade que apenas se imaginaria o que seriam capazes de fazer com a carne. Estava enroscado ao redor de Skye, protetoramente pressionado a ela, quase fazendo-a desaparecer da visão, meio jogado sobre ela, olhos fixos em todos os outros agora subjugados pela pequena fera.

A garotinha em questão rosnou para Scott, garras ainda próximas a seu rosto, apenas esperando a próxima instrução para liberá-la para voltar ao ataque.

- Blue, tudo bem, Scott é um idiota, mas não precisa desfigurá-lo. Venha aqui. – um pedido tão simples, era impressionante a forma como a garota escutou sem hesitar ou questionar, esperando nem mesmo um segundo depois de ser pronunciada para dar um último grunhido de alerta no rosto de Scott para, apenas então, retrair as garras e saltar para fora, correndo na direção onde Skye permanecia sentada enroscada protetoramente no enorme lobo.

Ela abriu os braços e a criança logo se encontrava nela, nariz pressionado contra a bochecha, braços apertados ao redor da cintura, subindo pelas costas, emaranhando nos cabelos bagunçados, respirando tão profundamente quando poderia, dividindo o cheiro tão desesperadamente que parecia não se verem há séculos. O mais surpreendente, ou talvez não tanto, foi a animação e ânsia a qual Skye retornou o carinho, braços e pernas envolvendo a criança como poderia, beijando sua testa, esfregando seu cabelo, cavando o nariz entre as madeixas escuras e respirando profundamente, como se fosse o próprio oxigênio, ombros finalmente relaxando, corpo solto e feliz, finalmente feliz.

- Tudo bem, estou bem, você me encontrou, vocês me encontraram, me encontraram. Vocês fizeram muito bem, um trabalho incrível, vocês são incríveis. Nada me aconteceu, porque vocês estão aqui, vocês me acharam, fizeram o trabalho de vocês tão, tão bem. – Skye elogiavam, pressionando-se um pouco mais perto do enorme lobo a suas costas enquanto permanecia a acariciar alegremente a criança em seus braços, enorme sorriso em seu rosto, tão satisfeita em tranquilizar e elogiá-los que se refletia em toda sua expressão.

Os outros ainda se recuperavam, seja do ataque da garota beta ou da visão que agora detinham a sua frente, não importava. O enorme lobo ainda os encarava, enroscado nas duas figuras quase sob ele. Parecia mais calmo, mas não menos atento, protetor e definitivamente forte, Peter poderia dizer, seu instinto gritava para ter cuidado, mas ainda assim dizendo-lhe que ele corria menos perigo que os outros lobos ao redor. Dentro da confusão ele foi o único poupado, se era porque ele ficou para trás ou por qualquer outro motivo ele não poderia saber ainda, mas o importante era, assim como tudo que agora envolvia Skye, ele não conseguiu evitar as diversas memórias de sua antiga alcateia assolando-o enquanto observava todo o desenvolvimento bem a frente.

A forma como os dois betas, batedores muito provavelmente, se envolviam ao redor de Skye como se ela fosse o mais precioso para eles, a forma como se pressionavam nela e procuravam de todas as formas, sem baixar a guarda, marcar seu perfume nela, desesperados para marcá-la como deles novamente, restaurar um pouco do vínculo danificado. Era tão malditamente parecido com o que fizeram com James aquela fez que por um instante acreditou realmente que vomitaria, seu estomago embrulhando com tanta força que se sentiu mal.

Decidiu por desviar o olhar, encarar a recuperação da matilha McCall, sem poder evitar como ficou impressionado percebendo como o que parecia ser uma garotinha tão jovem e frágil poderia facilmente derrubar três lobos tão facilmente, sabendo pontos certos onde atacar, descobrindo o mais perigoso e nocauteando-o para não servir como um problema.

Scott poderia ser o alfa, mas tinha pouca experiência em lutas enquanto Allison tinha sido realmente treinada, tanto para caça como para ser um lobo, como atualmente se vê. Ela se adaptou facilmente a essa nova vida, com algumas poucas lutas entre agir como um animal e agir como um humano, fazendo a mesma divisão que Scott fazia quando na verdade deveria aceitar tudo como uma coisa única, uma mesma entidade e uma mesma pessoa, como ela mesma, mas ainda assim, não sendo totalmente interferido em seus hábitos, mas, na verdade, incrementando-os. A garota não foi apenas capaz de dizer isso, como também definir que primeiro teria que derrubar os dois machos, obviamente relacionados a ela, para poder chegar até ela, adivinhando que eles se interporiam a frente se tentasse uma investida mais direta.

Tudo isso em lapsos de segundos? Quanto de experiência essa garota tinha em lutas? Um batedor de verdade, um verdadeiro lobo caçador, frontal e habilidoso. Com quantos anos? Não parecia existir nada de humano em qualquer parte de seus movimentos, nenhuma técnica ou luta marcial específica, apenas pura selvageria, atacando as pernas e o pescoço, utilizando de sua velocidade e peso por sobre sua força, bem sabendo que não poderia vencer três lobos maiores e mais fortes do que ela em uma disputa frontal bruta.

Era incrível.

Ela também estava em sincronia com seu companheiro. Ela nem sequer poupou um olhar para Skye durante toda a luta, confiando totalmente em seu parceiro para manter seu par alfa seguro enquanto atacava e seu companheiro nem se moveu também, acreditando perfeitamente que seu conjugue seria perfeitamente capaz de lidar com a situação sem precisar diretamente de sua ajuda. A criança também confiou virar suas costas para um bando rival, emergindo completamente no momento com o companheiro do alfa, novamente confiando em seu companheiro para manter a guarda, sem hesitação, sem medo.

Um vínculo como esse... Era normalmente forjado com família. Tão forte que dificilmente poderia ser quebrado. Eles eram uma força conjunta e o fato de Peter não ter reparado um segundo batimento cardíaco, ter acreditado que apenas havia um espião, mostrava como eram próximos, controlando seus movimentos, respirações, batimentos, para tão próximo do igual que era quase impossível dizer quem era quem, que existia mais de um, sincronizados como uma única entidade.

- Que merda, Stiles! – Scott resmungou, finalmente recuperando-se de sua surpresa para encontrar novamente sua voz para falar. Seus olhos queimando os lobos enroscados em seu antigo melhor amigo, provavelmente com o orgulho ferido ao perceber que uma reles criança foi capaz de derrubá-lo. – Quem são esses?

- Esses, Scott, são meus betas, os batedores de minha matilha. – Skye respondeu com óbvio orgulho, fazendo ambos os betas inflarem o peito em confiança, lisonja e prepotência. As mãos de Skye novamente emaranharam-se nos cabelos revoltos da garota, a mesma qual derreteu-se com o contato. – Essa incrível garota é Blue e esse grandalhão atrás de mim. – ela apontou para o lobo ainda enroscado atrás dela, enorme sorriso no rosto observando o lobo erguer a cabeça em um olhar de desafio. – É Kai. Você pode voltar atrás agora, cara grande. Tudo está bem.

Novamente, impressionando a todos com a velocidade com que atendeu ao pedido, o enorme lobo se transformou, seus ossos e juntas estalando enquanto seu corpo se reajustava para a outra forma, ainda grande o suficiente para impressionar, um homem jovem adulto, forte de músculos proeminentes, corpo ligeiramente moreno queimado de sol, cabelos curtos também rebeldes, de um castanho acobreado, olhos reluzentes de um azul, não beta dessa vez, azul próprio, escuro e profundo, feições ligeiramente delicadas apesar de endurecidas, parecia ainda muito jovem, mas ainda muito velho, traços asiáticos bem demarcados aqui e ali, mas deveria existir uma miscigenação em algum ponto de sua linhagem. Apesar de ter voltado a sua forma humana, assim como a garota, ele mantinha traços selvagens, dentes ainda extremamente pontudos em um maxilar grande e firme, cicatrizes feias sobre os lábios e perto dos olhos, algumas também eram visíveis em seus braços e ombros, algumas poucas no peito.

Se fosse mordido, talvez viessem de antes, se fosse nascido... Sua vida provavelmente não havia sido boa.

- Então... – o xerife resmungou desajeitado, Skye ainda com a garota em seus braços enquanto o, agora, homem, a abraçava por detrás, ainda protetor e atento. – Seria melhor entrarmos?


Notas Finais


Espero que tenham gostado. Não esquentem o Derek tá quase aparecendo junto com a treta toda.
Novamente não sei quanto poderei escrever com meu computador do jeito que tá (não curto muito fazer pelo celular, mas posso tentar) então talvez possa acontecer uma pausa nas postagens pq não consigo escrever.
Até!


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