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História Wolf's Bane - taekook - Vaidoso


Escrita por: taemutuals

Notas do Autor


Cheguei com mais um capítulo yeyy~~

Tivemos selca e live taekook! Dá pra acreditar? Parece surreal, ainda tô tentando assimilar...

Então bora comemorar essa semana abençoada com mais uma atualização? Esse capítulo tá uma delicia!

Confesso que estava super ansiosa para postar e espero que vocês o amem tanto quanto eu amei escrevê-lo!

Ele tá com quase 12k de palavras, então me mimem de volta favoritando, comentando bastante sim? Eu sempre leio todos os comentários antes de escrever o próximo, me motiva demais!

A tag no twitter é #WolfsBaneTK e se vocês quiserem usar ficarei muito agradecida, pois é mais fácil de encontrar os leitores e ajuda a divulgar >.<

Obrigada por comentar no capítulo anterior, isso significa muito pra mim, afinal ainda estamos no começo e eu espero que continuem apoiando essa história, pq é minha primeira abo <3

Essa história foi betada pela fofa da @HiShinySmiles então vamos agradecê-la pelo trabalho duro!

E o design da capa do capítulo foi um presente da @FooxyMin minha leitora, obrigada.

É isso... Boa leitura ~~

Capítulo 7 - Vaidoso


Fanfic / Fanfiction Wolf's Bane - taekook - Vaidoso


❝Se a rosa não fosse bela, ninguém iria parar para cheirá-la.❞

— Anne With an E


[1741 d.e]

Junho, segunda lua do mês, início de verão


Choraminguei cansado e dolorido enquanto me jogava no gramado debaixo da sombra de uma das árvores, rindo quando Yoongi fez o mesmo, resmungando sobre dizer a seu pai que não voltaria nunca mais.

— Por que não desistiu ainda? — questionei, curioso.

— Meu pai tá muito feliz ultimamente — murmurou, cobrindo os olhos da claridade com o braço, respirando fundo. — Ele acha que serei um guerreiro como meus irmãos...

— Mas você não quer. Sinto muito por tê-lo obrigado a fazer o teste, não pensei que fosse passar...

— Eu não ia, o vice-general me aprovou por sua causa. — Ralhou. — Mas tudo bem, eu vou ficar.

— Por causa do seu pai? Mas e suas histórias?

— Por sua causa — disse, virando-se para mim, sorrindo pequeno. — Você precisa de mim aqui, pelo menos por enquanto e eu continuo escrevendo, é bom ter algo para me distrair além do calor da oficina.

— Treinar é melhor que fazer armas, não é? — me sentei, acenando para Soobin que se aproximava com seus amigos.

— Ambos não são pra mim — respondeu, se sentando também. — Mas posso lidar com isso por enquanto, tenho tido bloqueio criativo ultimamente e os treinos acalmam minha mente.

— Entendo... Espero que encontre uma nova fonte de inspiração logo — falei, grunhindo dolorido ao me levantar.

— Os Espíritos vão me ajudar — o Min disse convicto, se levantando a contragosto. — clamei tanto a eles que provavelmente o farão só por pena. — Ri soprado, balançando a cabeça negativamente.

— Você não tem jeito Hyung...

— Diga isso ao seu alfa — provocou, me fazendo franzir o cenho. — Ele está vindo aqui — cantarolou, me dando um empurrãozinho em direção a Taehyung que se aproximava junto de Soobin e os demais, dando-lhes dicas sobre o treinamento que fizemos esta manhã.

Usar uma espada era mais difícil do que eu imaginava, afinal Taehyung o fez durante o ataque aos portões com tamanha facilidade que pensei que aprenderia em pouco tempo, mas estava errado.

Treinamos maior parte do tempo nossos reflexos, enquanto o Kim e seus companheiros nos auxiliavam com atenção redobrada.

Não me sai bem, mas também não fui um dos piores. Meu principal problema eram os calçados apertados que insistiam em machucar meus dedos me atrapalhando constantemente, como se me impedisse de mover adequadamente.

Precisava de sapatos novos e roupas, mas, por enquanto ali estava eu vestindo uma camiseta de mangas três quartos vermelha e calça de seda de cintura alta preta, enquanto o kimono cinza com detalhes em prata se encontrava jogado sobre a cerca.

Era uma das peças de roupa que Jieun mais gostava e eu precisava garantir que a mesma estivesse suja antes de Siwon aparecer.

E o problema não era esse, no fim das contas, e sim os cochichos e piadinhas que alguns betas faziam desde que cheguei esta manhã, espalhando rumores sobre eu estar tentando "atrair" alguém. E claro que Jackson e Taehyung estavam envolvidos nas conversas, visto que eram os únicos alfas presentes durante os treinos.

Yoongi não ajudava, rindo quando tropecei e quase cai em cima do Kim ao se aproximar.

— Vamos almoçar — Yeonjun ditou, puxando Soobin para se sentar próximo a Yoongi, seguido dos demais garotos e concordei, mas fui impedido pelo alfa.

— Jovem mestre, poderia vir comigo antes? — perguntou, sorrindo cordial para os recrutas que o observavam com atenção.

"Droga... Não dê mais motivos para as fofocas, idiota!"

— Onde? — o olhei desconfiado, cruzando os braços sobre o peito, criando uma barreira entre nossos corpos, seria mais seguro assim.

— Na minha tenda eu- e se calou, engolindo em seco quando ergui as sobrancelhas. — Tenho que conversar com você sobre o que aconteceu ontem.

Pisquei surpreso e concordei, fazendo questão de falar em voz alta para que os betas curiosos atrás de mim não entendessem errado.

— Está falando do plano de vigilância? Eu já contei ao meu abeoji, ele aprovou.

— Claro, eu imaginei que ele fosse aprovar, foi uma excelente ideia — elogiou. — Mas preciso que venha comigo agora, serei breve.

Franzi o cenho, dando de ombros, seguindo-o em direção a primeira tenda, estremecendo assim que entrei e senti o cheiro de cacau me atingir.

— Pode sentar se quiser — falou, caminhando em direção a um baú, vasculhando-o com atenção.

Olhei ao redor curioso, notando os simples detalhes que havia ali. Era a maior tenda do local, com a entrada coberta por uma cortina cinzenta e pesada. De fora não parecia ser tão espaçosa e não pude evitar ficar surpreso ao notar o velho sofá ao canto, coberto por um manto colorido de tricô. Em sua frente havia uma mesinha circular, com velas apagadas em cima, junto de um caderninho que supus ser do uso pessoal de Taehyung.

Me sentei, observando-o vasculhar o pequeno baú e arfei quando ele retirou a bela espada que pertencera ao inimigo que nos atacou a algumas luas. O mesmo estava ao lado de outra mesa semelhante a que meu abeoji tinha em seu escritório, porém gasta e bagunçada, repleta de mapas, anotações e um relógio de bolso.

Seu uniforme com a insígnia de Bane estava em cima da cadeira, bem dobrado.

— Encontrei — murmurou e torci minha camisa atordoado com seu timbre rouco, xingando meu lobo interior por reagir ao seu cheiro, que estava por toda parte, inebriando meus sentidos.

Taehyung se aproximou com uma sacola de pano em mãos, sorrindo constrangido e pisquei confuso quando o mesmo se sentou ao meu lado, perto demais.

— Notei ontem que havia algo de errado — explicou-se, enquanto retirava um par de botas dali. — Então lhe trouxe isto. Eu comprei ontem na sapataria da cidade, não é tão bonito quanto este que está usando, mas é confortável e-

— Por que está fazendo isso? — questionei, me afastando minimamente. Pelos Espíritos, ele tinha um cheiro muito bom.

O alfa arregalou os olhos, entreabrindo o lábios levemente, surpreso com minha pergunta direta.

— Hum... Eu percebi que suas botas não são adequadas e pelo pouco que sei sobre sua mãe, creio que não fosse conseguir melhores, então pegue. — falou, me estendendo as botas de couro almofadas por dentro. — Sou o vice-general, é meu dever cuidar dos recrutas. — explicou.

O encarei atordoado, incapaz de entender exatamente o que ele queria dizer com aquilo. Não fazia sentido.

— Eu não posso aceitar.

— É apenas uma bota — ele riu soprado, saindo do sofá e se colocando a minha frente. — Não conseguirá melhorar nos treinos se tiver algo tão pequeno nos pés, o incomodando. — indicou as minhas com uma careta. — Eu posso?

— O q-quê?! — me endireitei, sentindo meu rosto esquentar. — Olha eu não acho que-

— Relaxa gracinha — sorriu de canto. — Eu só quero ver se serve.

— Eu posso fazer isso — ralhei, retirando minhas botas de repente, temendo que meu lobo interior reagisse a algum toque seu. Tinha que aprender a mantê-lo sob controle. — Veja, serviu. — disse, após calça-las e suspirei aliviado ao sentir meus dedos esticarem livremente, constatando que eram de fato botas macias e confortáveis.

"Pelos Espíritos... Eu tenho botas novas?", pensei, respirando fundo, piscando rapidamente ao notar meus olhos marejar, enquanto sentia meus dedos machucados agradecerem.

Era estranho, não sabia como me sentir. Estava irritado com sua ousadia e grato mesmo assim.

Nunca tinha ganho algo antes, não dessa forma.

Taehyung sorriu satisfeito, se levantando por fim, mordendo o lábio inferior levemente.

— Fico satisfeito.

— Não precisava fazer isso — respondi, me levantando, tomando o cuidado de manter certa distância. Ele não iria me atacar ou algo assim, o problema era seu cheiro impregnado em todos os lugares que infelizmente me agradava e eu não queria demonstrar isso, afinal, era só meu lobo reagindo, eu não estava interessado.

— Eu já disse que é meu dever cuidar dos recrutas — o Kim deu de ombros, dando um passo à frente e prendi a respiração instintivamente, sentindo um frio no baixo ventre. — Você se saiu muito bem no treinamento hoje, gracinha. — falou, o timbre rouco e aveludado de sua voz causando reações irritantes em meu corpo.

Ri soprado, empurrando seu ombro, afastando-o, não iria ceder, não era a primeira vez que um alfa tentava me intimidar ou seduzir.

Se é que ele estava de fato tentando fazer isso. Taehyung era estranho, seu comportamento não era como os dos demais alfas e isso me impedia de criar qualquer imagem concreta sobre ele.

— E você é um péssimo mentiroso, lobinho — refutei, pendendo a cabeça para o lado, fitando suas orbes castanhas com atenção, notando quando um um leve brilho avermelhado surgiu e se foi rapidamente.

Sorri satisfeito. Era nítido que esse apelido gerava alguma reação no Kim, ou em seu lobo interior.

— Sugiro que melhore então... — sussurrou, colocando as mãos no bolso da calça.

— Você vai me ajudar com isso? — provoquei, erguendo uma sobrancelha, mordendo o interior de minha bochecha.

— Se você quiser — ele respondeu baixinho, sorrindo ladino, deslizando os olhos pelo meu corpo, enquanto a língua traiçoeira serpenteava entre os dentes.

— Para sua infelicidade terei que recusar — sorri forçado, caminhando em direção a saída da tenda. — Você é o vice-general e irá me ensinar a lutar. Não quero e nem preciso de nada além disso, lobinho.

— Você é o único que está pensando além gracinha, eu não disse nada — riu, erguendo a cortina, fazendo a luz do sol e a brisa morna nos atingir suavemente. — Agora vá descansar, continuarei o treino mais tarde.

— Vou fazer isso porque eu quero, não porque está mandando.

— Não duvido — ele riu, balançando a cabeça, dando-me as costas, entrando na tenda.

Pigarreei, saindo da tenda rapidamente, apressando o passo em direção a Yoongi, que conversava com os demais. Me sentei ao seu lado, pegando a maçã que trouxe junto de meu almoço, perdendo a fome.

"Alfa sem noção!"

— E então? — Yoongi cantarolou, me observando curioso.

— Ele disse que meus calçados estavam me atrapalhando — dei de ombros. — Então me deu essas botas.

Meu amigo quase engasgou, me olhando surpreso, intercalando seu olhar para as botas e meu rosto, me fazendo encolher os ombros.

— Ele cortejou você?

— Não foi um cortejo, é só-

— Ele te deu botas novas — insistiu, tocando a mesma como se fosse de ouro. — Caramba... Ele tá mesmo interessado em você.

— Hyung! — grunhi, cruzando as pernas contrariado. — Não é nada disso.

— E por que aceitou?

Me calei, incapaz de responder aquela pergunta.

Eu sequer tinha pensado dessa forma! Porque não faz o menor sentido. Não sou como todos os ômegas, não há motivos para ele se interessar por mim quando há dezenas tentando agradá-lo pelo que escutei de seus companheiros.

— Preciso das botas — falei, terminando de comer a maçã. — Ele mesmo disse que é seu dever cuidar dos recrutas porque é o vice-general, não fique pensando em bobagens como essa Hyung.

— Você poderia comprar botas novas.

— Minha ómoni que cuida disso e você a conhece muito bem, pare com isso.

— E Jungwo? Ahri? Eles comprariam escondido e-

— Você quer que eu devolva, é isso? — bufei. Eram apenas botas, não significava nada pra mim, e nem para Taehyung.

— De jeito nenhum — Yoongi ergueu as mãos em rendição.

— Ótimo, vamos treinar — falei, notando Chanyeol e Baekhyun se aproximar, informando que seriam os responsáveis pelas aulas de hoje. O turno de patrulha Taehyung começaria em breve.

Não tinha tempo para me preocupar com as bobagens de Yoongi, já teria que lidar com o alfa de outra aldeia, Taehyung era só mais um deles.

×

— Você está tão lindo querido — Jieun beijou minha bochecha, avaliando minhas vestes com um brilho nos olhos. — Estou surpresa.

Assim que cheguei do treino pouco antes do sol se pôr tomei um banho demorado, usando o perfume de morango e mel, vestindo a roupa que Ahri escolheu para mim.

— Bem, a senhora disse no jantar ontem a noite que um dos alfas que escolheu virá nos visitar certo? Quero garantir que estarei apresentável quando ele aparecer — menti, sorrindo falso.

Em quatro luas todas as melhores peças que tenho estarão sujas e Jieun terá que se contentar com o traje simples e sem graça que escolhi especialmente para a ocasião.

— É tão bom saber que irá se esforçar dessa vez meu bem — a ômega sorriu doce, me levando até a sala para tomarmos um pouco de chá. — Filha, veja como seu irmão está lindo.

Somi que estava ocupada desenhando na mesa de centro ergueu o olhar, franzindo o cenho ao me fitar tão bem vestido.

— Nossa orabeoni, você está doente? — Sorriu travessa e neguei com a cabeça.

— Ómoni convidou um pretendente de outra aldeia e ele chegará em poucos dias, então estou me esforçando para agradá-lo. — falei, contendo a vontade de gargalhar naquele momento, tamanha a estranheza em dizer tais palavras.

— Se esforçando... — ela revirou os olhos. — Entendi.

— Não o desanime — Jieun ralhou, sentando-se ao lado da filha. — Jeongguk se sairá muito bem, certo querido?

— Com certeza! — disse, desviando o olhar de minha ómoni para a porta que se abriu, revelando Jungwo com uma expressão cansada.

O alfa parou, me analisando dos pés a cabeça confuso, desviando o olhar de mim para a esposa.

— O que aconteceu? — questionou, entrando na sala, me olhando desconfiado. — O que você fez com meu filho?

Revirei os olhos e repeti a mesma coisa que disse a Somi, percebendo que ele não estava acreditando em uma palavra minha.

— Bom, isso não é problema meu, tire essas roupas e vista outras mais confortáveis para cavalgar, vou te levar em um lugar.

Franzi o cenho, mas logo concordei, correndo escada acima, escutando minha ómoni questioná-lo sobre onde seria. Afinal, ele nunca me levava para sair.

— Depois eu te conto querida, vou tomar um banho.

Assim que entrei em meu quarto retirei a roupa rapidamente, resmungando por causa de alguns detalhes que incomodavam minha pele.

"Pelos Espíritos quem costurou isso? É melhor estar feio do que desconfortável!"

— Jovem mestre — Ahri entrou logo em seguida, recolhendo as roupas do chão. — Mestre Jeon disse que irá acompanhá-lo ao centro á cavalo.

— Hum, sim — concordei, vestindo uma camiseta de cetim de mangas longas azul turquesa. — Ele nunca me chamou pra acompanhar ele, deve ser importante ou será que Taehyung falou alguma coisa ruim sobre mim?

— Não sei, mas não creio que o vice-general diria algo, ele parece gostar de você.

— Até você Ahri? Não diga bobagens, olhe pra mim!

— Estou olhando — ela sorriu, me observando vestir uma calça mais confortável e um pouco justa. — Você é lindo jovem mestre e atraente.

— Eu não penso o contrário — sorri, calçando as botas que Taehyung me deu. Porque, de fato, não me considerava feio, só não possuía uma beleza que fosse do agrado dos alfas. — Mas não sou como os outros ômegas, logo, ele não tem esse tipo de interesse em mim.

— Talvez ele-

— Nós mal nos conhecemos — bufei, me olhando no espelho, notando que a roupa marcava meu corpo demais, então peguei um kimono preto com detalhes em dourado para cobrir. — E eu não estou interessado em conhecê-lo de qualquer forma.

Taehyung só era o responsável pelos meus treinos, nada além disso e eu não tenho intenção de me envolver com alfa algum no momento. Vou me tornar um grande guerreiro e líder e eu não preciso de um alfa pra isso.

— Certo, sabe que irei apoiar todas as suas decisões — Ahri se aproximou, afastando minha franja dos olhos. — Será um grande ômega um dia.

— Espero que sim — sorri.

— Jeongguk!! Desça logo, seu pai está esperando — Jieun gritou e revirei os olhos, rindo junto de minha ama.

— Tenho que ir.

— Juízo!

— Eu sempre tenho! — zombei, saindo de meu aposento.

×

Jungwo não explicou o que estava planejando, mas não foi difícil entender que ele queria — sutilmente — me mostrar o que um líder precisava fazer.

E eu estava me sentindo nas nuvens naquele momento.

Nós visitamos o senhor Min, pai de Yoongi e ferreiro de nossa aldeia, para que meu abeoji pudesse fazer novos pedidos a ele que seriam encaminhados a divisão de combate que estava em confronto com os soldados de uma aldeia inimiga.

Logo em seguida, nos encontramos com um velhote ranzinza que não gostou nem um pouco da minha ideia sobre os sinalizadores, mas acatou a ordem de Jungwo — após um sermão — em fabricá-los por um preço bastante considerável.

Estávamos nos despedindo do senhor Daewon, melhor alfaiate da região e pai de Dahyun, a ômega que me odiava e era apaixonada por Yoongi Hyung, que nos entregou uma caixa com um vestido novo para Somi, que meu abeoji comprara para fazer uma surpresa apenas porque amava mimá-la, quando decidiu retornar e lhe pedir outro favor.

— Roupas de combate? — o homem franziu o cenho, me analisando com atenção.

Jungwo concordou, sorrindo pequeno.

— Você ainda tem as medidas dele certo? Jeongguk começou a treinar com os recrutas do vice-general e não pode usar as roupas que Jieun escolheu. — Explicou. — E calçados novos, com um tamanho maior.

Daewon concordou, virando-se para pegar um caderno.

— Você tem uma cor favorita? — perguntou e dei de ombros. — Se sente mais confortável com roupas justas ou largas?

— Justas, mas minha ómoni não gosta que use elas porque marca minhas pernas.

— Neste caso, faremos algo que não seja tão largo quanto as que sua mãe compra e nem muito justo, o que acha?

— Hum... Pa-Parece bom... — murmurei constrangido, me encolhendo enquanto ele media meu corpo com atenção.

Não estava acostumado a decidir, ter escolhas... Então era estranho.

Eu sequer sabia se tinha um estilo específico, como Yoongi por exemplo, que abusava nos lenços ao redor do pescoço durante o inverno e tecidos florais porque achava romântico.

Eu usava as roupas que Jieun queria que usasse, me livrando delas sempre que podia, ficando apenas com calças escuras e camisas de manga longa, descalço. Talvez esse fosse meu estilo, casual e confortável, livre dos detalhes, bordados e acessórios que sempre fui obrigado a usar.

— Abeoji por que está fazendo isso? — questionei quando o senhor Daewon se afastou para buscar alguns tecidos. — Ómoni ficará brava.

— Se vai treinar tem que ser da forma certa, o campo não é uma baile, não precisa ir da forma que Jieun deseja. — falou, me lançando um olhar avaliador. — E poderá devolver estas botas ao vice-general Kim, não preciso que ele lhe compre calçados quando eu posso fazê-lo, era só me pedir.

Pisquei em compreensão, sorrindo levemente, cutucando sua cintura provocador.

— Está com ciúmes abeoji? — zombei, rindo quando ele revirou os olhos.

— Consigo sentir o cheiro dele em você e isso não é adequado — prosseguiu, bufando contrariado, desviando o olhar do meu. — Me surpreende que você tenha aceitado seu cortejo.

— Não é um cortejo — suspirei, cansado de repetir a mesma coisa. — São apenas botas, as minhas eram pequenas demais.

— Ainda assim, você deveria ter afugentado ele, ou meu garotinho está amolecendo? — disse, me lançando um olhar questionador.

— Eu não entendo você abeoji — confessei, unindo as sobrancelhas confuso. — Quer que eu me case e aceite que outros alfas me cortejem, mas não gosta quando eu aceito simples botas de um deles.

— Então é um cortejo?!

— Não! — bati os pés, emburrado. — São apenas botas, ele disse que é seu dever cuidar dos recrutas.

— Pois ele pode fazer isso com os outros, você é meu filho e eu posso cuidar de você.

— Abeoji, isso se chama ciúmes — ralhei impaciente, porque era algo tão bobo, visto que sequer fui cortejado de verdade. — Não há motivos para isso, não estou interessado no vice-general e não pretendo me casar com nenhum alfa.

— Mas, eu quero que se case — ele disse, suspirando vencido. — Porém, não precisa ser tão rápido... Você pode, hum, não sei, causar um pouco mais de confusão? Sinto que o perderei assim que encontrar um bom pretendente.

— Não vai me perder — garanti. — Somi já está noiva e não o vejo agindo dessa forma!

— É diferente, sua irmã tem treze anos e levará anos para que se case de verdade, até lá eu posso me livrar do alfa — bufou e eu gargalhei, cobrindo os lábios por chamar a atenção do alfaiate.

— Superprotetor — provoquei, mordendo o lábio a fim de conter outro riso quando ele me mostrou a língua. — Infantil também.

— Aish, vá lá fora olhar nossos cavalos, eu cuido das roupas.

— Claro, claro — desdenhei, saindo da loja.

Me aproximei de Guloso e Ceifador — um péssimo nome, na minha opinião, mas meu abeoji insistiu em lhe chamar da forma mais assombrosa quando lhe disse que deveria dar um nome ao seu cavalo.

— Jungwo é um bobão, não sei como você o suporta — disse ao belo cavalo negro á minha frente, que relinchou, se afastando de mim, sacudindo a crina dourada. Ele não gostava muito das pessoas, a não ser meu abeoji. — Ou talvez vocês se mereçam, dois chatos. — disse, cruzando os braços.

— Você sempre fala com os animais ou só está fazendo charme? — estremeci ao escutar a voz aveludada de Taehyung, me virando surpreso, vendo o Kim desmontar de um cavalo menor, de pelagem castanha.

— E você sempre fica bisbilhotando a conversa alheia?

— Não é conversa se ele não te responder — disse, amarrando as rédeas de seu cavalo, fitando meus pés com um sorrisinho de canto. — Vejo que gostou das botas, ainda está usando, afinal.

— Irei devolvê-las amanhã — respondi, notando quando seu sorriso se desfez. — Não entenda mal, estou grato pela sua preocupação, mas meu abeoji decidiu comprar novas para mim.

— É sempre bom ter mais de uma — o Kim deu de ombros, não parecendo afetado, virando-se para pegar algo na bolsa que havia presa na cela. — Tome, você esqueceu na tenda — entregou minhas botas pequenas e pisquei em compreensão.

Sequer dei por falta delas.

— Hum... Obrigado.

— Não há de que, gracinha — sorriu, mordendo o lábio inferior levemente e bufei, virando o rosto.

— Já lhe disse para não me chamar assim.

— Me faça parar então — retrucou, abrindo um sorriso canalha quando o encarei estupefato com sua ousadia.

— Quer que eu faça o que? Bata em você?

— Eu adoraria... — sussurrou, se aproximando sutilmente, com as mãos no bolso da calça, serpenteando a língua entre os dentes, cínico.

Arregalei os olhos e me afastei, sentindo meu coração pular uma batida, me xingando mentalmente por saber que ele estaria escutando com seus sentidos de alfa.

— Você é estranho — confessei, surpreso com a forma como ele agia. Não era como os outros alfas, que insistiam em ostentar virilidade por onde passavam.

"Que tipo de alfa diria que gostaria de apanhar de um ômega? Sem noção!"

— E você interessante — murmurou, tornando o timbre de sua voz ainda mais rouco, me fazendo engolir a saliva que se acumulava em minha boca, intercalando o olhar entre sua língua irritante e seus olhos selvagens.

— Se der mais um passo, eu te dou um soco. — ditei, contendo os instintos estúpidos do ômega dentro de mim que insistiam em reagir ao cheiro dele.

— Isso é muito tentador... — falou, molhando os lábios com a língua. — E esse cheiro... Eu gosto de morangos, sabia? Combina com você, é delicioso — continuou, me avaliando com atenção.

Estremeci, desviando o olhar rapidamente. Tudo culpa de Ahri e as servas!

— Vá usar esse truque barato com outro ômega, lobinho.

— Seu pai me contou que você gosta de perfumes, é verdade? — concordei, sem saber o que dizer diante de seus olhos curiosos. — Por que? Não gosta do seu cheiro natural?

— Eu apenas gosto de usar os óleos e perfumes — dei de ombros, tentando me lembrar do que meu abeoji teria lhe dito no jantar em que nos conhecemos.

— Por que?

— Não é problema seu.

— Calma gracinha só estou curioso... — riu, erguendo as mãos. — Gostei do perfume de rosas, framboesa, morango... Mas, imagino que o seu deva ser muito melhor.

"Tão bom que chega a ser fatal" pensei amargurado.

— Continue imaginando, é tudo que terá de mim, lobinho — respondi, tentando distraí-lo com uma provocação, era melhor que continuar me esquivando.

Taehyung riu, se afastando brevemente, desviando o olhar para a loja em que meu abeoji estava, um pouco distante de nós e no instante seguinte Jungwo saiu, franzindo o cenho ao ver o Kim ali.

— Vice-general, que surpresa inesperada — o cumprimentou, me lançando um olhar intrigado.

— Digo o mesmo, Mestre Jeon — Taehyung se curvou brevemente. — Estava de passagem, acabei meu turno agora e irei descansar.

— Você mora aqui perto?

— Não senhor, vim visitar um amigo do meu pai antes, ele é dono da padaria, Park Dongsun — disse, indicando o local e Jungwo concordou.

Rapidamente desviei o olhar para o lugar. "Então é ali que o Sábio-ssi trabalha..."

— Entendo... Sendo assim, não tomarei mais o seu tempo, Jeongguk e eu já estávamos de saída — meu abeoji deu leves batidinhas em seu ombro, começando a desamarrar as rédeas do Ceifador.

Taehyung se curvou novamente e revirei os olhos quando ele fez o mesmo para mim, falso.

Foi quando notei brevemente uma luz alaranjada em uma árvore distante no meio da floresta. Pisquei atento, observando as folhas balançarem de um lado para o outro.

— Vamos Jeongguk — Jungwo me chamou e me virei intrigado. — O que foi?

— Hum... É que, acho que vi uma luz naquela árvore — indiquei e ambos os alfas se viraram rapidamente. — Talvez tenha sido imaginação...

— Uma luz? — meu abeoji franziu o cenho e concordei. — Não estamos usando os sinalizadores ainda, deve ter sido outra coisa, como o sol.

— Ele já se pôs abeoji — comentei, montando no Guloso. — Vamos embora.

— Claro, hum, vice-general...

— Já sei o que fazer, mestre Jeon — Taehyung montou em seu cavalo rapidamente, jogando um arco que estava preso a cela em suas costas. — Vou verificar. — E saiu, galopando rapidamente em direção a floresta.

— Precisava mesmo disso abeoji? Não deve ser nada.

— É o trabalho dele, vamos embora — respondeu inquieto, apressando o próprio cavalo e concordei, desconfiado.

Alguma coisa estava acontecendo.

×

Assim que chegamos menti sobre estar cansado e recusei me juntar a eles para o jantar, correndo em direção aos meus aposentos logo em seguida, trancando a porta por precaução.

Algo estava acontecendo na floresta. Talvez outro ataque? Eu esperava que não, Taehyung já carregava a responsabilidade de uma morte essa semana, outra só tornaria seu humor ainda mais ácido durante os treinos.

Precisava conferir, algo, como uma vozinha malandra dentro da minha cabeça, me dizia para ir até a suposta luz alaranjada, enquanto outra, chata e barulhenta gritava para que eu ficasse no quarto em segurança.

Não é novidade alguma que decidi escutar a vozinha malandra.

Reuni uma muda de roupas em uma trouxa, planejava ir até o local em minha forma lupina, era mais rápido e meus instintos ficam aflorados, de forma que eu podia prever qualquer ameaça.

Passei um pano úmido por meu pescoço, pulsos e peitoral, tentando retirar ao máximo o cheiro do perfume, temendo que Jungwo o sentisse com seu olfato apurado. Eu tinha o medalhão com o inibidor, que ocultava quase completamente meu cheiro, bastasse conter os feromônios que meu ômega insistia em intensificar em certas situações que tudo ficaria bem.

Então, escutando os passos de Jieun do quarto de Somi, desejando-lhe uma boa noite e sabendo que ela não viria ao meu pulei da janela, sorrindo pequeno ao sentir a grama recém cortada sobre os dedos. Amava estar descalço.

Saltei o pequeno cercado que há no jardim e corri em direção ao pequeno lago onde costumo fofocar com as servas, olhando cauteloso para as roupas estendidas próximas as árvores não muito distante dali, temendo que uma delas estivesse por perto.

Não era uma boa ideia me transformar tão perto de casa, então apressei o passo e entrei na floresta, respirando fundo.

Quando me transformava em lobo, durante o processo doloroso, o colar com o medalhão saia de meu pescoço e se prendia a uma de minhas as patas, de forma que, mesmo em minha forma lupina, a corrente não se arrebentava e o meu cheiro permanecia camuflado.

No entanto, antes que eu pudesse fazer isso o sons de folhas se chocando me fez estremecer e me virei subitamente, avistando um par de asas levemente azuladas emergir, pairando sobre um dos galhos das árvores.

— Pelos Espíritos! — suspirei, colocando a mão sobre meu peito, sentindo meu coração disparar. — Teteco, não faça isso...

Espíritos! Espíritos!

— Sim — concordei, me virando. — Senti sua falta e fico feliz que os caçadores não tenham pegado você, mas tenho que ir.

Tenho que ir! — repetiu alto e grunhi, fechando os olhos, olhando ao redor.

— Shiuu! Fale baixo Teteco!

Fale baixo! Fale baixo! — o papagaio voou em minha direção, circulando ao meu redor.

— Fique quieto! Se meu abeoji o escutar estou encrencado — pedi, apressando o passo para o mais longe possível de minha hanok, evitando me transformar em lobo e assustá-lo.

Encrencado! — revirei os olhos, rindo soprado com sua atitude. Ele era escandaloso demais.

— Vai continuar me seguindo? — ele não respondeu, apenas aumentou vôo, pousando sobre outro galho, desviando o olhar para a direção de onde supus ter visto a luz alaranjada. — Suponho que deseje me acompanhar, certo?

Certo! — ele voltou para perto de mim.

— Tá legal, não diga mais nada — pedi, respirando fundo, sentindo a adrenalina me dominar.

Tá legal!

Caminhei lentamente entre as árvores, atento ao meu redor, temendo encontrar algum inimigo, embora me sentisse estranhamente protegido.

Foi quando eu a vi, a luz forte e dourada, dançando sobre a água rasa que vinha da cachoeira ao longe, tremeluzindo como se acendesse e apagasse a cada instante.

— O q-que... — sussurrei perplexo, me aproximando pelas pontas dos pés, observando a estranha figura brilhante mover-se na água graciosamente.

Seus olhos estavam fechados e notei que a luz vinha de uma imensa fogueira na borda da água, o que não fazia o menor sentido, visto que ela parecia estar no céu quando a vi do centro da aldeia. Entretanto, entendi que não precisava fazer sentido algum quando a figura que se movia sobre a água se virou.

O Sábio dos Montes dançava sobre a água rasa, descalço, segurando um tecido fino quase transparente, como suas vestes brancas, de olhos fechados.

Ele se movia graciosamente, como se estivesse unindo-se ao ar a nossa volta e a água debaixo de seus pés.

Me aproximei mais, me escondendo atrás de uma grande rocha, observando-o fascinado.

— Teteco não faça- me calei, notando que o pássaro desaparecera e franzi o cenho. Talvez o Sábio tenha o assustado.

O mesmo então parou, respirando fundo como se tivesse acabado de correr uma maratona e contive um grito quando ele caiu sobre os joelhos, estremecendo, baixando a cabeça de forma que seus fios castanhos tocassem a água.

"O que estava acontecendo?"

Não sabia se deveria ajudá-lo, então continuei observando-o de longe, franzindo o cenho quando seus fios escuros balançaram sobre a água, adquirindo uma coloração mais clara.

Eu só poderia estar ficando louco, mas o castanho escuro se tornou mel e o mesmo se levantou, ainda de olhos fechados, ajoelhando-se em frente a fogueira.

— Ancestrais... — Sábio-ssi murmurou, e me aproximei lentamente, usando uma pequena árvore como barreira. — Já se passaram dezoito luas... Por favor, nos ajude — clamou, a voz melodiosa soando falha e pesarosa.

O fogo se intensificou e semicerrei os olhos enquanto observava a fogueira com atenção, imaginando ter visto uma águia através dela, ou seria um leão? Ou um urso?

Provavelmente estava ficando louco.

Ou não.

Assim que o Sábio abriu os olhos a terra se espalhou com o sopro do vento, enquanto o fogo crepitava desgovernado, ele cobriu as orelhas com as mãos, rangendo os dentes, grunhindo como se estivesse em seu pior cio, o que não era possível, porque ele era humano.

Corri em sua direção preocupado e no mesmo instante o vento cessou e a fogueira se apagou.

E, a sua frente havia uma palavra, estranha e confusa para mim.

Redenção... — li em um sussurro, afastando o toque de seus ombros quando ele se virou atordoado, fitando o hangul cravado ali e então meu rosto.

— O que você... — sequer teve tempo de dizer alguma coisa, uma luz forte e semelhante a que eu vira da aldeia surgiu entre a lenha onde antes se encontrava a fogueira e o Sábio se levantou de repente, colocando-se a minha frente, erguendo os dedos sujos de um líquido verde estranho, deslizando-os pelo meu rosto rapidamente. — Durma! — ordenou.

"Mas que diabos?", amoleci, sendo tragado pela escuridão.

×

Senti minhas pálpebras pesarem enquanto meu corpo se balançava a cada solavanco repentino, me fazendo estremecer e abrir os olhos lentamente, vislumbrando as árvores passarem como um borrão a minha frente.

Me sentei de súbito, agarrando a pelagem do lobo que me carregava, desviando o olhar para o braço que estava ao meu redor, atrás de mim, me segurando.

— Sábio-ssi... — ele sorriu gentil.

— Já disse que pode me chamar de Jimin. — pediu. — Seu pai chegou em boa hora, você é pesado — disse, rindo quando o grande lobo rosnou aborrecido e me encolhi por instinto, sabendo que levaria uma bronca.

— Desculpem, é que eu estava curioso, aquela luz...

— Eu costumo contatar os Espíritos na caverna atrás da cachoeira para evitar atrair atenção como essas — falou, mordendo o lábio inferior. — Sinto muito.

Franzi o cenho, negando com a cabeça.

— Eu não deveria ter intervido, mas fiquei com medo que se machucasse — confessei, segurando a pelagem de Jungwo com firmeza quando o mesmo saltou com destreza. — Desculpe, abeoji. — O alfa apenas bufou novamente, irritado. — Eu atrapalhei, não foi?

— Eles me responderam, mas não o bastante — Jimin concordou, me olhando com pesar. Foi culpa minha afinal. — É preciso muita energia para se comunicar com Eles, aguentar sustentar o poder que possuem enquanto agem... — explicou, pensativo. — Só consegui uma palavra, sou um fracasso comparado ao meu avô — grunhiu, irritado consigo mesmo.

— Não diga isso Sá-Jimin-ssi — pedi, tentando olhá-lo sobre os ombros. — Eu vi o que você fez, foi incrível.

— E perigoso! — alertou. — Aquela "luz", não pode se aproximar nunca mais, você não sobreviveria, apenas o escolhido pelos Ancestrais pode. Apenas eu.

— Desculpe...

— Está tudo bem, mas agora terei que esperar o momento certo para fazer isso novamente, contatá-los sem a ajuda da primeira lua cheia do mês é estupidez— resmungou, formando um bico emburrado com os lábios.

— Então... Você só poderá falar com eles no próximo mês? Em trinta luas? — Jimin concordou, dando de ombros.

— Não é falar, especificamente, não consigo, ainda. Não como meu avô, mas vou aprender!

— Então não poderá ajudar com o veneno...

— Vou continuar pesquisando sozinho, mas terá que ser paciente, jovem mestre. Pretendo lhe dar uma resposta no seu aniversário, temos noventa luas até lá — assegurou, descendo das costas de Jungwo, ajeitando o lenço sobre o ombro desnudo. — Por sorte não temos que nos apressar, seu cio só ocorrerá daqui dois meses e não foi desposado ainda, então um beijo ou outros contatos não são um problema, visto que não está interessado em ninguém.

Meneei a cabeça em concordância, observando Jungwo se afastar para trás de uma árvore, retornando vestido minutos mais tarde.

— Agradeço por tudo que tem feito, Grande Sábio — meu abeoji se curvou e Jimin sorriu pomposo, era evidente que amava quando o líder de Bane o fazia diante de si. — E peço desculpas por Jeongguk.

— Está tudo bem, por sorte ele encontrou a mim — respondeu, se curvando para nós dois. — E foi bom vê-lo, eu precisava lhe entregar uma coisa... — vasculhou o bolso da calça, retirando uma pedrinha dali, enrolada em um tecido prateado e brilhante. — Me dê seu medalhão, por favor — pediu, abrindo-o quando entreguei, retirando o inibidor que o velhote fizera quando nasci. — Tome — devolveu, e logo o coloquei em torno do pescoço.

— Por que trocou o inibidor? — Jungwo questionou desconfiado.

— Me disse que o cheiro de Jeongguk se intensificou durante o ataque nos portões e no último jantar com o Mestre Seokjin...

— Sim... — concordamos.

— Isso não voltará a acontecer — garantiu. — Este inibidor é potente e foi fortalecido com a benção dos Espíritos. Pode acontecer o que for, desde intensificar seu feromônio á exercícios pesados, as chances do veneno ser detectado são praticamente nulas agora.

Arregalei os olhos surpreso.

— E durante meu cio? Ainda preciso me exilar?

— Eu disse praticamente — Jimin falou. — Não garanto que ele seja tão eficaz durante o cio e não acho prudente testarmos.

— Certamente — Jungwo concordou. — Obrigado, Grande Sábio — agradeceu novamente.

— Não há de quê — sorriu. — Posso não conseguir me comunicar tão bem com os Espíritos ainda, mas sou bom com ervas e afins, garanto que é eficiente.

— Confio em você — meu abeoji falou. — Agora precisamos ir, Jeongguk já se arriscou o bastante por hoje.

— Até breve — se despediu, caminhando em direção a floresta novamente.

Acenei cabisbaixo, engolindo em seco quando Jungwo me olhou enfurecido, indicando a porta dos fundos da cozinha.

— Nunca mais faça uma coisa dessas Jeongguk! — rosnou, fechando a porta com força, me fazendo dar um pulo assustado.

— Ab-Abeoji, eu apenas-

— Qual o seu problema, hein? Ir á floresta sozinho essa hora da noite? Sabendo do ataque que aconteceu recentemente?

— Eu estava curioso...

— Pois guarde sua curiosidade para você! — esbravejou, socando a mesa de madeira ao lado. — Tem consciência do perigo que correu? E se algum invasor inimigo estivesse presente? E se levassem você?

— Não levaram...

— Mas e se fizesse isso? — insistiu, agarrando os fios de cabelo com força. — Você é o futuro herdeiro, sua segurança é mais importante que sua maldita curiosidade!

— Eu sinto muito...

— Deixei que treinasse com o vice-general e os demais recrutas para aprender a se defender, mas isso não significa que estarei permitindo que se coloque em perigo dessa forma — ralhou, os olhos negros adquirindo um brilho escarlate, de forma que foi inevitável não me encolher diante do olhar do alfa. — Faça isso novamente e o proíbo de treinar.

— Ma-Mas abeoji-

— Está decidido! Se sair sem minha permissão desprotegido novamente o trancarei em seu maldito aposento e só sairá dali quando Jieun encontrar um alfa para se casar.

— Não pode fazer isso!

— Eu posso e farei se me desobedecer dessa forma novamente — ditou, cruzando os braços.

— Abeoji...

— Não, Jeongguk — negou com a cabeça, irredutível. — Eu disse que não me importaria em vê-lo causar confusão, mas tudo tem limite e a floresta é um deles, não é seguro.

— A cachoeira onde o Sábio-

— É diferente, quando precisar, de verdade, pode ir até ele, mas, fora isso, está proibido. E se me desobedecer, sabe as consequências. — suspirou, cansado. — Estou fazendo isso pro seu bem, guarde sua curiosidade pra você. — disse, me deixando ali, sozinho na cozinha.

"Droga!"

×

[1741 d.e]

Junho, quinta lua do mês, início de verão


Desci as escadas correndo, sentindo meu coração disparar quando escutei os tambores próximos aos portões soarem novamente, indicando a chegada de algum convidado importante. E claro que eu sabia quem era.

"Maldito, chegou mais cedo do que eu imaginava", pensei, desviando das servas que iam de um lugar para o outro se preparar para a chegada do alfa. "Onde está Ahri?"

— Jeongguk, Jeongguk! — Minha ómoni gritou e revirei os olhos, me afastando, fingindo não escutá-la.

Pensei que Siwon chegaria ao entardecer, e dessa forma eu teria ido aos treinos e o encontraria suado e descabelado, causando um choque no alfa exigente. Mas, infelizmente, ele apareceu antes do sol nascer.

"Maldito, maldito!"

— Jovem mestre! — Ahri me barrou no corredor, me obrigando a parar em sua frente irritado. — O que está fazendo?

— Procurando um bom esconderijo — admiti, porque não queria ver o suposto alfa de jeito nenhum.

— Jeongguk! — Jieun se colocou ao meu lado, agarrando meu braço. — Não está me escutando? Venha, temos que arrumá-lo logo — falou e abri um sorriso largo, substituindo-o logo em seguida por um semblante triste.

— Ah, ómoni, aconteceu uma catástrofe! — falei com pesar, sentindo o olhar dela recair sobre mim, temerosos. — Minhas vestes, não há nenhuma, estão todas imundas!

— O que?!! — a ômega gritou, descrente. — Está louco? Você tem muitas!

— Mas eu usei todas recentemente e Ahri acabou de me dizer que nenhum delas estão limpas — argumentei, choramingando teatral.

"Poxa, que tristeza..."

— Isso é impossível — Jieun negou com a cabeça, me puxando em direção aos meus aposentos, arregalando os olhos ao entrar, avistando todas minhas vestes e objetos espalhados pelo cômodo.

Desviei o olhar para MiCha e SunHee que ergueram o polegar sutilmente, com um sorrisinho de canto.

— O que aconteceu aqui?!! — Jieun gritou, chutando um de meus kimonos, enfurecida.

— Desculpe ómoni, eu fiquei tão apavorado quando não encontrei nenhuma roupa adequada que entrei em pânico e comecei a procurar em todos os lugares — menti. — Não notei que fiz uma bagunça...

Jieun franziu o cenho, atordoada, olhando ao redor sem saber o que fazer.

— Pelos Espíritos, o que eu faço? — murmurou para si mesma e me aproximei, fingindo estar chateado.

— É uma pena que ele tenha chegado tão cedo ómoni, eu estava tão ansioso para agradá-lo... Mas, infelizmente, terei que usar as roupas que temos aqui, não são tão refinadas como as outras, mas servirão. — disse, pegando um conjunto que tinha escolhido com antecedência. Não era nada mais que uma camiseta de seda branca, lisa e de mangas curtas, e uma calça preta desbotada e sem graça.

Eu poderia ser confundido facilmente com um camponês, era perfeito.

— De jeito nenhum — negou, saindo do cômodo. — Vou pegar algo de Jungwo.

— Não servirá, meu abeoji é muito grande! — protestei, seguindo-a.

— Eu darei um jeito!

— Não temos tempo ómoni, o alfa já chegou e devemos recebê-lo, não seria cordial fazê-lo esperar ou vir sozinho.

— O vice-general e seu pai irão acompanhá-lo.

— Mas ómoni, eu queria recebê-lo, é uma forma de mostrar meu interesse também, entende? — insisti.

Jieun parou, me lançando um olhar avaliativo.

— Tudo bem, espere eu achar algo mais apropriado e poderá ir até lá, mas se você estiver aprontando alguma coisa Jeongguk...

— Não estou! — Tarde demais.

— Ficarei de olho em você, agora venha! — me puxou e grunhi contrariado.

×

Suspirei frustrado enquanto montava em meu cavalo, sendo seguido de Woozi, que me acompanharia até os portões da aldeia.

Jieun não iria nos acompanhar porque precisava organizar o almoço de boas vindas ao alfa então tratei de sair correndo o mais rápido possível.

Estava usando minha camiseta branca e simples, junto de uma calça preta que minha ómoni encontrou no fundo do baú e um kimono dourado de Jungwo. Um tecido da mesma cor circulava minha cintura, marcando-a, enquanto brincos de pérolas pendiam em minha orelha.

Meu cabelo tinha sido bem penteado para o lado, mas, enquanto me aproximava dos portões tratei de bagunça-los, poderia usar o vento como desculpa.

Avistei meu abeoji ao longe, conversando com um homem da mesma altura, vestindo roupas tão belas que poderia ser facilmente confundido com um príncipe.

Ele estava acompanhado de outros quatro homens, havendo mais um alfa entre eles, sendo os demais betas.

Taehyung e Jongdae estavam ao lado de meu abeoji, quietos e eretos, com os olhos selvagens fixos nos visitantes.

Desci de Guloso, parando próximo aos dois, sorrindo de canto para o alfa que franziu o cenho, avaliando-me com atenção. Ele tinha cheiro de cravo e flores silvestres. Era forte e másculo e não pude evitar avaliá-lo com atenção também.

— Perdoe o atraso abeoji, tivemos um incidente — disse, me colocando ao lado de Jungwo que concordou com a cabeça.

— Tudo bem, este é Siwon, terceiro filho dos Choi e-

— Futuro herdeiro — o alfa falou, me estendendo a mão educado e fiz o mesmo, franzindo o nariz quando ele beijou minha pele suavemente.

— Hum, não teria tanta certeza — disse, sincero. — Soube que seu irmão irá assumir.

— Ele está muito doente — explicou com falso pesar.

— Então você é o que sobrou como opção — ri, divertindo-me com o olhar surpreso de Jungwo sobre mim. Ao seu lado, pude notar com o canto dos olhos o sorrisinho que surgira nos lábios de Taehyung.

— Costuma falar assim com todos os alfas, jovem mestre? — Siwon questionou, claramente irritado com meu comentário.

— Não — neguei com um sorriso. — Eles não costumam chegar tão longe a ponto de conseguir ter um diálogo comigo.

Siwon piscou atento e Jungwo pigarreou, atraindo sua atenção.

— Não leve tudo que Jeongguk diz a sério, ele é um grande piadista — meu abeoji explicou. — Iremos acompanhá-lo, minha esposa certamente preparou um almoço esplêndido para recebê-lo.

— Assim espero — Siwon montou em seu cavalo e todos nós fizemos o mesmo, cercados pela alcatéia do alfa e do vice-general Kim, que nos acompanhou ao longe.

— O que acha de apostarmos uma corrida? — propus, sorrindo desafiador.

— Não acho adequado, suas vestes ficarão mais amassadas do que já estão — respondeu, segurando as rédeas do próprio cavalo tranquilamente.

— E quem se importa?

— Eu — falou, avaliando-me novamente, desgostoso. Ele não parecia aprovar meu comportamento e aparência até o momento e isso era perfeito, nem mesmo os esforços de Jieun dariam resultado. — Um ômega deveria prezar por sua aparência, não acha?

— Não quando devemos abrir mão da diversão — respondi sincero, contendo o revirar de olhos ao escutá-lo falar dessa forma.

Eram todos iguais, sempre.

— Pois deveria pensar mais nisso, jovem mestre, afinal, sua família deseja casá-lo certo? Se continuar agindo dessa forma irá afugentar seus pretendentes. — opinou e ri contido, desviando o olhar para meu abeoji, que nos escutava em silêncio, mantendo uma distância junto de Taehyung para nos dar certa privacidade.

— Casamento é uma tolice — falei, sabendo que aquilo o deixaria confuso, afinal Jieun tem feito de tudo para me conseguir um pretendente, então era de se esperar que eu estivesse tão desesperado quanto ela. — E não acredito que algo tão simplório como minha aparência faça diferença se um alfa desejar me desposar.

— Mas faz, um belo ômega é como um tesouro que todo alfa deseja ostentar. — Siwon respondeu, abrindo um sorriso largo.

Grunhi irritado, segurando as rédeas com força, surpreso com sua ousadia em dizer tais coisas.

— Ômegas são muito mais que um troféu — retruquei. — Se deseja um tesouro, compre um e pendure no pescoço como vocês alfas mesquinhos gostam de fazer!

Siwon arregalou os olhos, trincando os dentes no momento em que terminei de falar, irritando-o, e, antes que o mesmo ousasse dizer ou fazer algo, visto que incitou o próprio cavalo para chegar perto de mim, Taehyung colocou o próprio entre nós, barrando-o.

— Contenha seu animal, senhor — o Kim ditou, sério. — Ou irá se machucar.

Mordi o lábio inferior levemente, contendo uma risada debochada.

Jungwo e Woozi se aproximaram, assim como os soldados de Siwon, todos trocando olhares cautelosos.

— Toda essa conversa me deu sede — murmurei descontraído. — Irei na frente, abeoji. — o avisei, incitando Guloso a correr, sequer me dando ao trabalho de me despedir de Siwon.

— Woozi, siga Jeongguk — ouvi meu abeoji ordenar ao meu escudeiro e desviei o olhar para o mesmo, que acenou sem jeito.

Não demorei para chegar em casa, e desci rapidamente de Guloso, entregando-o a um dos guardas, o mesmo que dissera aquelas palavras nojentas no celeiro sobre mim e lhe dei as costas, cruzando os braços em frente ao portão de entrada. Se Jieun me visse chegar sozinho, sem o alfa, surtaria ainda mais.

Poucos minutos depois a cabeleira negra de meu abeoji surgiu, acompanhado de Taehyung ao seu lado, Siwon e os demais.

Corri e segurei Ceifador para que Jungwo pudesse desmontar e sorri para o animal, que bufou, me lembrando que não gostava de ninguém além de meu abeoji.

— Vocês demoraram — falei, lançando um olhar breve a Taehyung. — Não entendo por que usar cavalos se pretendem ser tão lentos.

— Você que correu demais — Jungwo respondeu, bagunçando meu cabelo com um sorriso pequeno. Aparentemente a tensão fora resolvida.

— Bom, tenho que ir ao treino agora, abeoji, até breve — disse depressa, me virando, mas o alfa me segurou.

— Não precisa ir ao treino hoje, Siwon veio de muito longe para conhecê-lo.

— Mas... Não posso perder o treino, tenho que melhorar meus ataques, Taehyung disse que sou muito lento — argumentei, indicando o alfa que piscou surpreso ao ser citado.

— Não se preocupe jovem mestre, você pode recuperar depois — o Kim respondeu, sorrindo falso.

— Você luta? — Siwon questionou, claramente horrorizado. — Por que?

— Por que não? — retruquei, contendo outro sorriso. Estava tudo indo conforme o planejado...

— E você — virou-se para Taehyung, que o observava com um semblante tranquilo, não parecendo incomodado com o tom de voz do mesmo. — Está treinando um ômega? Que humilhação...

— É melhor o jovem mestre treinar e se tornar um bom guerreiro para que possa derrotar seus inimigos, do que ficar parado esperando que uma simples doença faça o trabalho por ele — o Kim alfinetou, dando de ombros.

Levei as mãos aos lábios instintivamente, chocado com a ousadia do vice-general em provocar Siwon dessa forma, que, naquele momento, o fuzilava enfurecido.

— Estou dando apenas um exemplo, é claro — Taehyung prosseguiu, sorrindo ladino.

Intercalei o olhar entre ambos, sentindo seus feromônios se intensificarem, mesclando o cheiro de cacau de Taehyung ao de cravo de Siwon, me deixando desnorteado.

— Certamente... — Siwon murmurou, cerrando os punhos, desviando o olhar do alfa a sua frente. — Vamos entrando, estou faminto.

Jungwo concordou, me puxando consigo e lancei um último olhar ao vice-general, que ergueu as sobrancelhas me encarando de volta, entreabrindo os lábios lentamente, murmurando algo sem emitir som algum.

"Boa sorte, gracinha."

×

O jantar foi um grande fracasso — para os meus pais — que tiveram que se conter sempre que eu interrompia nosso convidado durante as conversas ou agia de forma "desleixada".

Precisei cobrir os lábios com um guardanapo de algodão tantas vezes para esconder o riso sempre que Siwon me olhava horrorizado, desaprovando meu comportamento.

E, o melhor de tudo, é que minha ómoni sequer notara que eu estava fazendo aquilo propositalmente, afinal, eu realmente parecia estar me esforçando para agradá-lo, só que aquilo acabou me tornando tagarela demais, e, às vezes, eu dizia o que não devia, sem querer...

Estava mergulhado na banheira com água quente e muito sabão enquanto escutava MiCha e SunHee comentar sobre o que Siwon dissera quando se retirou aos seus aposentos.

— Ele não dirigiu um único elogio ao jovem mestre — Ahri falou, entrando no banheiro, despejando um punhado de óleo de rosas na água.

— Nenhum? — sorri satisfeito, fechando os olhos quando MiCha despejou água em meus cabelos, enxaguando-o. — Isso é bom...

— Ele é uma pessoa bem exigente, não suportará viver com alguém barulhento como você — SunHee comentou.

— Eu fui tão ruim assim? — elas concordaram. — Ótimo, confesso que não estava me suportando falando tão alto, mas valeu a pena...

Elas riram e decidimos mudar de assunto quando MiCha começou a contar sobre a discussão que ocorreu na feira essa manhã.

×

[1741 d.e]

Junho, sexta lua do mês, início de verão


— Ele o quê? Por quê? — bufei, cruzando os braços.

— Siwon quer acompanhá-lo ao treino, se recusar então terá que faltar hoje também — Jieun falou séria.

A verdade é que eu também queria levá-lo até lá, fazê-lo ver tudo e arruinar ainda mais minha imagem aos seus olhos exigentes. Mas não podia me mostrar tão a favor disso, ou minha ómoni desconfiaria. Precisava deixá-la acreditar que estava cumprindo uma ordem sem a menor vontade.

— Mas ele pode não gostar ómoni e desistir do noivado — falei, fingindo estar receoso. Tinha que manter a mentira de que estava tentando agradar o alfa, só dessa forma eu permaneceria na equipe de recrutas quando Siwon for embora.

— Eu concordo com você — a ômega grunhiu, contrariada. — Mas ele quer acompanhá-lo e não podemos dizer não — prosseguiu e contive minha língua, porque na verdade, eu podia dizer não quando desejasse, fosse ele um alfa ou não, mas ter alguém tão submissa como minha ómoni era uma vantagem nesse momento.

— Eu entendo... Não podemos recusar suas vontades — falei, cerrando os punhos. Nunca conseguiria me submeter dessa forma a alguém como ela fazia, não fazia sentido.

— É um alívio vê-lo concordar — Jieun sorriu, me abraçando brevemente. — Vista as roupas que eu lhe trouxe e vá, precisamos convencê-lo de que vale a pena desposá-lo.

Concordei com a cabeça, sorrindo falsamente e me afastei, entrando em meus aposentos, repetindo o mesmo processo durante o banho para esconder meu cheiro e substituí-lo pelo perfume de morango e leite.

Por sorte, o medalhão com o inibidor iria conter odor venenoso da flor de acônito.

Desci a contragosto e caminhei até os estábulos, avistando o alfa de braços cruzados, esperando um dos servos ajeitar seu cavalo.

— Bom dia, jovem mestre — Siwon murmurou, me acompanhando com o olhar.

— Oi — falei, abrindo a portinha de Guloso, lhe entregando uma maçã, pegando a cela ao lado para ajeitá-lo.

— Por que está fazendo isso? — questionou, confuso. — Saia daí, os estábulos estão repletos de sujeira, deixe os servos cuidarem disso.

— Posso fazer isso sozinho, os servos já tem muito trabalho a fazer — respondi, negando a ajuda de um dos guardas. — E nossos estábulos não são sujos.

— Não quero meu noivo enfiando-se em meio aos fenos e os animais quando poderia estar-

— Não sou seu noivo — o cortei, puxando as rédeas de Guloso, saindo do estábulo. — E se fosse, não pense que aceitaria suas ordens dessa forma.

— Um ômega deve-

— Um ômega não deve nada, senhor Lee — disse, erguendo o queixo ao me aproximar. — Casar-me com você não o torna meu dono, tenho uma vida e não vou submetê-la aos seus caprichos, saiba disso.

Siwon forçou o maxilar, irritado, contendo um rosnado no fundo da garganta.

— Sou um alfa e serei o futuro líder de-

— Não — neguei com a cabeça, montando em Guloso. — Eu serei o futuro líder de Bane, uma das maiores e mais fortes aldeias desse país e você só será líder se o verdadeiro herdeiro morrer. — o lembrei. — E não fará a menor diferença, se quer saber. Bane é mais poderosa que sua aldeia e quando eu me tornar o líder sempre terei a palavra final, sendo ômega ou não. Porque eu sou o jovem mestre, não você.

O alfa nada disse, apenas me acompanhou com o olhar, enquanto me afastava tranquilamente.

— Se vai mesmo me acompanhar, mova-se, o treinamento começará em breve — falei, me afastando do mesmo.

Siwon me alcançou sem muito esforço, visto que decidi não correr naquela manhã, embora já estivesse me sentindo estressado com sua simples presença. Alfas como ele me deixavam dessa forma, a sensação de estar sendo vigiado e julgado não me agradava.

Eu queria afastá-lo, fazê-lo desistir de sequer pensar em se casar comigo, mas não podia evitar me chatear ao pensar que o fato de eu ser eu mesmo que fazia todos os alfas me rejeitar.

O ignorei grande parte do caminho, respondendo brevemente suas perguntas tediosas sobre o clima, nossas vestes e o breve café da manhã.

Assim que chegamos, os recrutas nos encaravam com curiosidade, espalhados pelo campo de treinamento, com os olhos fixos no alfa bem vestido ao meu lado.

Yoongi acenou, os olhos curiosos avaliando Siwon, que se ocupava em amarrar bem seu cavalo e retribui, sorrindo forçado.

Faria questão de assustar o dito durante o treino.

— Jovem mestre, pensei que não viria — Taehyung se aproximou, as mãos no bolso da calça surrada, sustentando um sorriso divertido.

— Não posso me dar ao luxo de perder os treinamentos — respondi, o que era verdade, meu desempenho não era um dos melhores. O simples fato de ser um ômega me deixava em desvantagem, meu corpo não suportava os exercícios por tanto tempo como os demais e eu era nitidamente mais fraco, mesmo possuindo um físico diferente do habitual.

— Certamente — o Kim concordou, me avaliando com atenção, sorrindo mínimo ao fitar as botas que me dera.

Eu ainda não tinha ganho novas, não podia devolver.

— Espero que não demore muito — Siwon ralhou, atraindo a atenção de Taehyung para si. — Pretendo levá-lo um passeio após o treinamento — me olhou, sorrindo pequeno.

— Pretende é? — ri descrente. — E estou sendo informado agora? Onde estão seus modos, esqueceu como se fazer um convite?

O alfa ergueu as sobrancelhas surpreso e pigarreou, desviando o olhar de mim para o vice-general, que nos observava com curiosidade aparente.

— Vou começar o aquecimento jovem mestre, venha — Taehyung murmurou, indicando os demais. — Pode esperar em uma das tendas se quiser, creio que não suportará o sol daqui algumas horas.

— Horas?! — Siwon arregalou os olhos.

— Costuma treinar menos que isso? — Taehyung riu com desdém, balançando a cabeça e não pude evitar notar o olhar ofendido de Siwon — Eu preciso ir, fique a vontade.

Mordi o lábio inferior levemente e o segui, me juntando aos demais.

Yoongi não demorou para se aproximar de mim, olhando de relance o ambos os alfas.

— Que duelo de testosterona foi esse? — riu, começando o alongamento ordenado por Taehyung e fiz o mesmo.

— Não sei do que está falando.

— Taehyung não gostou do seu pretendente.

— Nem eu.

— Como pretende se livrar dele?

— Estou trabalhando nisso neste exato momento — respondi, lançando um olhar rápido ao alfa, que se encontrava de braços cruzados debaixo de uma das tendas, me observando com um semblante desagradável.

— Será que ele consegue nos ouvir dali? — o Min questionou e neguei, estávamos gritando as contagens alto demais.

Fizemos o mesmo aquecimento por quase uma hora e eu já estava suado e bagunçado, para a infelicidade do alfa vaidoso que provavelmente queria passear com um ômega bem vestido.

"Ostentar um belo ômega" ele dissera certo?

Os treinos passaram tão rápido que tive que conter minha expressão aborrecida quando Taehyung gritou anunciando que por hoje tínhamos feito o bastante.

Não estava satisfeito. Ele nos mostrará novos golpes defensivos e mesmo me saindo muito bem, queria aprender um pouco mais. Amava a sensação de saber algo novo que poderia me ajudar a me defender, me tornar mais independente.

Taehyung fazia questão de parar ao meu lado enquanto treinava com Yoongi, afastando-se apenas quando eu conseguia repetir os movimentos, garantindo que eu estava conseguindo me sair bem.

Portanto, assim que ele se afastou e nos mandou parar suspirei frustrado, secando o suor da testa, balançando a camiseta que se encontrava colada em meu peitoral devido ao suor ali acumulado.

Estava cansado, mas poderia continuar, no entanto o Kim já se preparava para sua patrulha e precisei me despedir de Yoongi Hyung, sequer poderíamos almoçar juntos com os demais, visto que Siwon pretendia me levar a um passeio.

Já estava na hora de ele ir embora.

Me aproximei do mesmo, notando que sua atenção estava totalmente concentrada em outro lugar e acompanhei seu olhar, acostumando um grupo de ômegas e betas no cercado, conversando com alguns recrutas.

Uma delas se afastou e correu em direção a Taehyung com um embrulho em mãos, colocando-se na frente do alfa que estava prestes a partir. Franzi o cenho atento, notando quando ele aceitou o embrulho e sorriu em agradecimento, educado.

Siwon bufou ao meu lado e não foi difícil compreender que era aquilo que ele esperava de mim.

O que era uma pena, porque não iria acontecer.

— Vamos? — perguntei, cruzando os braços irritado. Precisava acabar logo com isso.

— Hum, claro — ele deu de ombros e seu evidente desinteresse era uma boa notícia para mim.

Seguimos lentamente até minha casa e tagarelei maior parte do tempo sobre como apreciava os treinamentos, notando com o canto dos olhos sempre que ele fazia uma careta em desagrado.

— Preciso buscar algumas roupas no centro, pode me acompanhar? — menti, afinal sequer sabia se minhas vestes estavam prontas, mas era evidente que o mesmo estava começando a se frustrar com minha presença e precisava dissuadi-lo um pouco mais.

— Claro — ele sorriu forçado e contive uma risada.

Se eu não fosse o futuro líder certamente já teria sido rejeitado, mas ele estava se esforçando, era admirador o que um título como o meu podia fazer.

— São tão simples — Siwon comentou, enquanto me observava prender a caixa na cela de Guloso, tentando equilibrá-la. — Minha aldeia produz tecidos mais belos que estes, eu poderia lhe dar vestes mais belas que estas.

— Não me importo com isso — respondi, descendo do cavalo, ajeitando as caixas na cela, prendendo com uma corda. — Teremos que ir andando, não consigo levar.

— Deveria ter ordenado a algum servo que viesse com uma carruagem — ele reclamou, também descendo do próprio cavalo para me acompanhar.

— Eu gosto de caminhar, estar ao ar livre.

— Isso é bobagem — ele deu de ombros, desinteressado. — Você pode viver em casa, tendo tudo que deseja: jóias, comida, roupas... Por que se ocupar em treinar com um bando de camponeses e usar roupas como essas?

— Porque sim — dei de ombros, contendo um revirar de olhos.

Era sempre difícil ter um diálogo interessante.

— E não está disposto a mudar?

— Não — disse convicto, notando que ele estava pensativo, provavelmente cogitando se valia a pena me desposar.

Caminhamos em silêncio por alguns instantes, cada um puxando o próprio cavalo lentamente e quando Siwon fez menção de dizer alguma coisa, Guloso relinchou e se balançou, assustado com os gritos de algumas crianças, que correram em sua frente de repente, nos obrigando a parar.

Uma das caixas cairão e o soltei, me abaixando para recolhê-la, quando ouvi o alfa praguejar irritado e ergui o olhar, vendo-o puxar o lenço que antes estava em seu pescoço da boca do cavalo.

— Guloso! Ei! — me levantei, afastando-o de Siwon que praticamente rosnava enfurecido, segurando o lençol babado e mastigado.

Não pude evitar e comecei a rir, cobrindo os lábios rapidamente.

— Perdoe-me por isso... Ele tem o hábito de comer tudo vê pela frente...

— Esse animal estúpido! — ralhou, jogando o lenço no chão. — Não o treinou devidamente.

Ergui as sobrancelhas surpreso e me coloquei entre Guloso e o alfa.

— Se acalme, é só um lenço bobo e-

— Que vale muito mais que esse cavalo! — esbravejou.

— Siwon — falei sério, afastando-o de Guloso. — Contenha-se ou contarei ao meu abeoji sobre seu comportamento e seus planos de nos casar irá por água abaixo — o lembrei, tentando assustá-lo e olhei ao redor, notando que algumas pessoas no observavam com curiosidade.

Ótimo, mais uma vez seria alvo de fofocas.

No entanto, o alfa riu, irritado, bagunçando os fios antes bem penteados e deu de ombros.

— Eu não me importo, sinceramente — respondeu, dando um passo atrás e franzi o cenho. — Olhe só para você, não tenho nada a perder recusando esse maldito casamento — ralhou, estalando a língua no céu da boca.

Engoli em seco, sentindo os olhares dos demais pesarem sobre mim.

Com ele falando dessa forma, fazia parecer que estava desesperado para me casar e no entanto, seria rejeitado mais uma vez.

— Siwon, vamos embora.

— Não, eu vim até aqui e não vou voltar de mãos abanando — bufou, olhando ao redor. — Preciso de uma bebida...

— A taberna fica a três ruas daqui — alguém murmurou e me virei junto do alfa. — Vire à direita e entre no estabelecimento com uma placa vermelha e porta de madeira — Taehyung o instruiu, indicando a direção.

Siwon franziu o cenho e o acompanhei, igualmente confuso.

O alfa bufou e puxou as rédeas do próprio cavalo, me deixando sozinho.

— Desculpe por me envolver, mas as coisas não pareciam muito boas — o Kim disse, se aproximando receoso.

— Tanto faz, eu iria deixá-lo pra trás se continuasse com isso — dei de ombros e me virei, prendendo a caixa que havia caído na cela se Guloso.

— Seu passeio não foi muito bom... — comentou curioso.

— Felizmente, não — sorri satisfeito. — E você não deveria estar fazendo a vigilância agora, lobinho? — questionei, erguendo as sobrancelhas em puro divertimento.

Taehyung abriu um sorriso largo e concordou.

— Eu estava, acabei de retornar da floresta — indicou a região. — Irei verificar os outros locais.

— Entendo.

— Que por coincidência ficam próximos ao casarão de sua família — continuou, dando um passo em minha direção. — Posso acompanhá-lo, gracinha?

Ri descrente, revirando os olhos.

— Não seria adequado.

— E quem se importa? — retrucou, lançando um olhar ao meu redor e notei que ninguém nos observava com curiosidade mais.

Ele tinha um ponto e eu estava satisfeito o bastante com a reação de Siwon para arrumar briga com outro alfa.

— Carregue essas caixas pra mim então — falei, indicando-as, rindo quando ele correu e as pegou rapidamente.

Puxei as rédeas de Guloso e seguimos a passos lentos.

— O que tem aqui dentro? — o Kim questionou, curioso.

— Tente adivinhar, lobinho — provoquei, erguendo as sobrancelhas.

— Pelo pouco que te conheço, diria que a algo muito peculiar — falou e neguei com a cabeça, rindo soprado.

— São roupas.

— Poxa, pensei que fosse alguém mais interessante, gracinha — fingiu estar decepcionado, formando um bico com os lábios.

— E o que você esperava que fosse? — perguntei, o olhando com atenção.

Ele deu de ombros, pensativo.

— Um chicote?

— Um chicote? — gargalhei, fitando-o incrédulo. — Por quê? Eu jamais machucaria o Guloso.

— Você pode fazer muitas coisas com um — ele prosseguiu, não parecendo incomodado com minha reação escandalosa. Normalmente, um alfa me repreenderia com o olhar, mas Taehyung apenas continuou andando, indiferente. — É uma boa arma.

— Prefiro espadas — falei.

— Mas não sabe usá-las gracinha — alfinetou e lhe mostrei a língua. — Oh, não faça isso, é encantador — murmurou, suspirando teatral enquanto levava uma das mãos ao peito.

Ri soprado e revirei os olhos. Idiota.

— Chegamos — indiquei os portões de minha hanok, notando que os guardas nos observavam com atenção. — Eu posso seguir sozinho daqui.

Jieun faria um escândalo se me visse com ele, fora os servos que iriam me atormentar.

— Tudo bem — ele colocou as caixas em cima de Guloso, amarrando-as com a corda. — Boa sorte com o alfa. — falou e dei de ombros.

— Logo ele irá embora — comemorei e Taehyung riu.

— Bem, também vou indo, mas por favor tenha a decência de não comemorar, isso arruinaria meu ego — falou, se afastando com um aceno breve.

— Uhu! — falei alto o bastante para que ele pudesse ouvir, rindo quando o Kim se virou com as sobrancelhas erguidas e um sorriso cínico nos lábios.

— Você é uma graça — foi sua resposta, murmurando sem emitir som algum e inflei as bochechas aborrecido, lhe dando as costas.

Alfa sem noção!

×

Estava escondido atrás das escadas enquanto escutava Siwon conversar com meu abeoji após retornar embriagado.

O alfa não poupou esforços em reclamar da minha personalidade e aparência, dizendo que retornaria a sua aldeia na manhã seguinte com sua alcatéia e que não desejava, em hipótese alguma casar-se com um ômega como eu.

Foram palavras duras, mas estava tão eufórico que não pude evitar sorrir largo enquanto voltava aos meus aposentos saltitante.

— Parece que algo importante aconteceu... — Ahri disse, me olhando curiosa e concordei com a cabeça, rindo quando não só ela, mas MiCha e SunHee se aproximaram de repente, atentas.

— Siwon irá embora amanhã — falei, erguendo as mãos para quem elas batessem e comemoramos.

— Ele não vai desposá-lo mesmo?

— Nem se meu abeoji lhe oferecesse nossa fortuna — falei com desdém, me jogando na cama. — Um a menos...

Rolei, fitando o teto pensativo. Provavelmente, Jieun traria o próximo o quanto antes e precisaria pensar em planos melhores que este. Siwon fora um alvo fácil.

— O que faremos agora, jovem mestre? — MiCha questionou.

— Agora? — ri, me virando para elas. — Quero o melhor banho de todos e depois... Bem, vamos nos concentrar no que realmente importa — me levantei e as segui em direção ao banheiro. — Meu treinamento! Mostrarei a Taehyung e aos demais que posso ser um grande guerreiro e quem sabe, entrarei em seu esquadrão de vigilância...

E aquela espada seria minha! Afinal, quem precisa de chicotes?



Notas Finais


Socorro, me digam o que acharam >.<

Muita coisa aconteceu nesse capítulo! 

Eu tinha postado um spoiler no twitter, vocês acertaram?

Tivemos a aparição dos EspÍritos... Teorias?

E o Jeongguk agora tem botas novas :(

E os taekook... Estão começando a se dar bem? Ou foi só dessa vez? O Jeongguk ainda é um ômega difícil de ceder... 

Espero que tenham gostado! O próximo capítulo será postado no dia 20/05 

(é um prazo longo eu sei, mas ainda não escrevi e tenho outras histórias para atualizar, fora que minha beta precisa de tempo pra revisar ele)

Mas não se preocupem que eu dou um jeito de postar spoilers no twitter, só me seguirem lá @taemutuals

Ah, vocês disseram que gostam de fotos né? Eu postei diversas mostrando como cada aldeia é no twitter, olhem a tag #WolfsBaneTK , não vai ser dificil de achar!
É isso... Não esqueçam o purple heart.

~ Até breve e façam stream em eight, o yoon merece


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