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História Wolves - Five


Escrita por: JohannahValley e KiwiSweet

Notas do Autor


Oi meus anjooooos, tudo bom vocês?
Então, primeiramente, quero agradecer as novas leitoras que estão a acompanhar Wolves. Muito obrigada por nos dar essa chance, e sejam muito bem vindas.
E quero agradecer também por todos os comentários e favoritos. Gente, sem vocês essa fanfic não seria nada!
Estamos exatamente na metade da fanfic. Faltam apenas mais cinco capítulos+epílogo. Então, daqui para a frente, as coisas começaram a esquentar.
O capítulo não foi revisado com a devida paciência, pelo fato de não termos muito tempo. Então desculpem-nos pelos erros ortográficos.
Sem mais delongas, boa leitura!

Capítulo 6 - Five


Fanfic / Fanfiction Wolves - Five

 

Five

“Desconfiar de alguém importante para si, é um caminho sem volta. Pois não importa o quão ela seja boa para você, sempre haverá algo que a fará olhar-lhe com outros olhos. E por mais que eu quisesse apagar de minha mente, a imagem que fora o início de toda a desconfiança, eu ainda o veria com os mesmos olhos acusatórios que agora me pertenciam.”

[...]

Departamento de Investigações de North River

Sala 05

19h:15min PM

Minhas mãos suavam frio. E não importavam as inúmeras vezes que eu as tentara enxugar em minha calça jeans escura. Elas sempre tendiam a suarem mais uma vez. Seria alguma anormalidade em minha pressão arterial? Seria um sinal de que a minha menstruação estava a chegar mais cedo do que eu esperava, já que meu organismo transformava-se em uma bagunça sempre que minha menstruação fazia-se presente?

Ou seria o fato de que o Nolan Hayes estava prestes a ser interrogado, bem em minha frente?

 As suspeitas de que meu melhor amigo pudesse ter um dedo no meio do assassinato de Josh, ou até mesmo ter sido o executante do crime bárbaro contra um colega seu de turma, fazia o meu estômago contrair-se e serpentear-se em meu interior.

 Ou esse incômodo seria apenas uma dor de barriga, após comer uma caixa inteira de donuts, no caminho para o departamento de investigações?

O fato de que o Nolan fazia parte dos suspeitos do assassinato de Josh, assim como a arma escondida entre as roupas em uma de suas gavetas, estava a me desvairar. O meu coração latejava de maneira bruta em meu peito, chegando a deixar-me com falta de ar. Era torturante suspeitar, e até mesmo chegar a ter medo de alguém que para mim, era mais importante do que tudo.

Senti-me aliviada ao constatar que a delegada Gal Cooper estava ocupada demais em seus papéis, para poder notar o quão ansiosa e desesperada eu estava. O que eu menos queria, era ser afastada de meu trabalho, e dessa vez com um motivo forte.

Antes que eu pudesse respirar fundo, e levantar-me para pegar a décima xícara de café que eu estava prestes a consumir, pude ouvir a porta da sala da delegada Gal Cooper ser aberta, enquanto a imagem do Ryan se fazia presente. Ele detivera-se a ficar apenas entre o vão da porta, enquanto falara de maneira exaustiva, mostrando o quão estava cansado devido o trabalho árduo daquela investigação:

 -O senhor Nolan Hayes já se encontra presente para o interrogatório. Posso mandá-lo entrar?

 Gal Cooper erguera os seus olhos amendoados em direção ao Ryan, e falara de maneira rígida e firme, não abandonando nunca a autoridade que fazia-se necessária em seu cargo naquele departamento:

 -Pode-o mandar entrar. E, por obséquio, traga-me uma xícara de café.

Mesmo que o Ryan não tenho feito tal ato, eu sabia o quanto ele queria revirar seus olhos, perante o pedido da delegada. O homem já estava saturado de ter que se submeter ao papel do policial que apenas servia para carregar xícaras de café a sua superior. E era nesses momentos, que eu compreendia a sua mania em querer roubar o meu cargo naquele departamento.

Por muitas vezes, na maior parte do tempo, para ser sincera, eu era considerada o braço direito da delegada Gal Cooper. Eu sempre estava à frente na maior parte das investigações, e acompanhava a minha superior nas resoluções dos casos. Como agora, onde eu acompanhava todos os interrogatórios necessários para solucionar o assassinato de Josh.

E tudo isso fazia parte dos sonhos do Ryan. O homem fantasiava em ser o braço direito de Gal Cooper, além de assumir 90% das investigações daquele departamento.

Servir xícaras de café não encontrava-se sequer na última linha de sua lista de funções desejáveis naquele departamento.

Então, logo lhe olhei de maneira reconfortante, com a intenção de deixar o Ryan menos decepcionado. Entretanto, o meu colega de trabalho apenas fechara a porta em um baque que fizera um barulho forte preencher a sala da delegada. Mas o ato do Ryan não surpreendeu, muito menos assustara a minha superior. A mulher apenas voltara aos seus papéis, ignorando completamente a afobação do Ryan, e a surpresa que eu tivera com o seu comportamento.

 Passei as minhas mãos por meus longos cabelos negros, sentindo todo o nervosismo apossar-se de meu corpo, ao ter a certeza concreta de que eu teria que encarar o Nolan, em uma situação bastante assustadora. Eu não queria de forma alguma, que meu melhor amigo acreditasse que eu estava a acusá-lo. Mas eu também não poderia negar, que minhas suspeitas eram fortes demais para não encará-lo de maneira julgadora.

 Céus, eu encontrava-me tão perdida!

  Antes que eu pudesse me afobar por completo, e ter uma síncope bem em frente a minha superior, ou pudesse exigir para liberar-me daquele interrogatório, deparei-me com a porta da sala a ser aberta lentamente, e o Nolan atravessar a mesma a praticamente tremer.

  E, naquele momento, eu perdi completamente todo o ar de meus pulmões.

 Encarar o Nolan Hayes sob aquelas circunstâncias era uma tortura. Eu nunca imaginei que, um dia, eu teria que lidar em ver uma pessoa próxima a mim, a passar por uma situação como aquela. Quer dizer, algo parecido já havia acontecido antes, com o Kesley Watson. Mas eu não estava preparada para ver novamente, alguém tão importante para mim, a poucos passos do xilindró.

Assim que Nolan fizera-se presente na sala, eu desviei o meu olhar do homem de olhos azuis, enquanto ouvi a delegada a proferir as seguintes palavras:

-Por favor, sente-se. Temos muito que conversar.

Mesmo que eu não estivesse a olhar em sua direção, eu tinha a plena certeza de que Nolan engolira em seco, enquanto aprumava a sua camisa polo. Um ato costumeiro seu sempre que estava nervoso, ou encontrava-se em situações embaraçosas como esta.

Assim que se acomodara na cadeira que ficava bem em frente à delegada, ouvi o Nolan a falar de maneira suplicante, deixando evidente o seu desespero:

-Eu não matei ninguém! Juro por tudo que é sagrado.

 Olhei rapidamente para a delegada Gal Cooper, já prevendo o seu comportamento. Ela detestava ouvir esses tipos de clamores, antes de sequer proferir uma palavra. E ver que o Nolan estava a fazer exatamente o que ele não poderia fazer, me fez querer olhar-lhe severamente, enquanto sibilava um “não faça isso outra vez”.

 Entretanto, apenas detive-me a olhar para a minha superior, enquanto a mesma falava com a sua típica autoridade e frieza:

-Não tem ninguém aqui lhe acusando, Sr. Nolan. A não ser que você realmente tenha algo haver com a morte de Josh Smith. Não é mesmo, detetive Susan?

Naquele momento, senti-me aterrorizada. Eu não desejava encarar o Nolan naquele momento. Muito menos concordar com a delegada. Ambas as situações poderiam me comprometer. Então, apenas mantive-me a baixar a cabeça, enquanto massageava as têmporas com os meus dedos.

Eu somente queria sumir daquele espaço.

Logo todo o procedimento prosseguira com um clima extremamente tenso naquela sala. A delegada proferia perguntas desconfortáveis o suficiente para fazer o Nolan remexer-se em sua cadeira, enquanto eu não conseguia encarar ambos. Mesmo sabendo que os dois estavam furiosos comigo em demasia.

O Nolan, por não defender-lhe naquela situação terrivelmente comprometedora. E a Gal Cooper, por não prestar-lhe nenhuma ajuda com a investigação naquele momento.

Permaneci o interrogatório todo cabisbaixa, apenas a ouvir as perguntas acusatórias da minha superior, e as respostas trêmulas de meu melhor amigo. E, por enquanto, tudo indicava que supostamente, ou provavelmente, o Nolan não fora responsável pelo assassinato. Não havia provas contra si.

Exceto pela arma escondida em seu guarda-roupa.

Após um pigarrear, a delegada falara quase a saltar para cima do Nolan:

 -E onde você estivera no momento do assassinato?

 E, naquele momento, não evitei em olhar diretamente para o Nolan, também desejando saber avidamente, onde ele estivera quando tudo acontecera. Eu queria a prova concreta de que o meu amigo não estava envolvido naquele crime, mesmo que todas as perguntas anteriores, tenham sido o bastante para saber que ele era inocente.

Contemplei o seu rosto assustado, e ao mesmo tempo furioso. Assustado por ser praticamente engolido pela delegada por seu olhar acusador, e furioso comigo por não prestar-lhe nem um resquício de ajuda.

Então, após engolir em seco pela milésima vez naquele curto espaço de tempo, Nolan falara a quase gaguejar:

-E-eu estava...

Antes que o meu melhor amigo pudesse finalmente proferir a resposta tão esperada por mim, a porta da sala fora aberta abruptamente, revelando novamente o Ryan. Entretanto, ele não estava a trazer a xícara de café exigida por nossa superior. E sim, uma expressão mista de contentamento e seriedade.

 -Delegada Gal Cooper, venho informar que já localizamos o assassino do Josh Smith. O criminoso realmente estava aos arredores da localidade onde a detetive Susan previra que ele estaria. A viatura que está a conduzi-lo chegará aqui em menos de vinte minutos. E bem, assim como a detetive Susan também previra, o assassino pertence à gangue Wolves.

 Assim que nos dera a noticia, Ryan saíra do local, enquanto a delegada soltara um suspiro de duplo sentindo. Tanto pelo alívio de finalmente terem encontrado o responsável pelo crime, quanto por desapontar-se ao ver que o Nolan realmente era inocente. Por motivos ocultos para mim, a delegada desconfiava demasiadamente de meu amigo.

Olhando de mim para o Nolan, ela falara enquanto levantava-se de sua poltrona:

-Então é isso. Você já está liberado, Sr. Nolan. E detetive Susan, irei providenciar tudo para a prisão do criminoso. Então não se ausente do departamento, talvez eu precisarei de sua ajuda para interrogar o assassino. Com licença.

 Dito isso, a delegada saíra sem cerimônia alguma de sua sala, deixando-me a sós com o Nolan.

E bastara apenas a Gal Cooper fechar a porta, para Nolan olhar-me com ainda mais cólera em seus olhos, e falar enquanto ficava de pé:

-Como você ousou desconfiar de mim? Achou mesmo que eu seria capaz de matar alguém?

O olhei surpresa, e ao mesmo tempo intrigada com a sua reação. Em nenhum momento eu o acusara, ou deixara claro que eu possuía certa desconfiança em si. Mas não bastara muito para eu perceber os motivos que faziam o Nolan crer que eu o estava jogando-o contra a parede.

Meu melhor amigo acreditava que estava ali, por minha causa.

Então, querendo esclarecer o mais rápido possível aquela situação, e evitar assim, um mal entendido, tratei-me de levantar também, enquanto balançava as minhas mãos em um gesto negativo.

-Eu não estou lhe acusando, Nolan. Nem cheguei a acreditar que você poderia ter sido o responsável por esse crime. Você apenas tivera que passar por um procedimento necessário, assim como todos os seus colegas de turma passaram. Você estudava na mesma sala que o Josh, então precisamos lhe interrogar para obtermos mais detalhes do que poderia ter acontecido. Todos os seus colegas passaram pela delegada. E ter sido chamado até aqui, não significava que você pudesse ter algo haver com o crime.

Tudo bem, eu poderia ter mentido quando falei que eu não acreditava que ele teria sido o provável assassino da cafeteria. Mas eu não queria de forma alguma, que aquela ocasião viesse a atrapalhar a nossa amizade. O Nolan era uma das pouquíssimas pessoas naquela cidade que eu poderia confiar. E perdê-lo seria para mim algo devastador.

Mas logo percebi que as coisas entre nós ainda não estavam bem, quando o Nolan balançara a cabeça negativamente, e falara com tamanho cinismo:

-Mas a sua queridinha delegada parecia me acusar somente com os olhos. Ela desconfiava de mim sim, e eu gostaria de saber os motivos. O que faria de mim um completo assassino?

 Talvez a arma escondida no meio de suas roupas.

 Eu queria cuspir esse fato em seu rosto. Mas tocar no assunto, no local onde nos encontrávamos, poderia ser algo comprometedor. Se qualquer um daqueles policiais soubesse o que ele escondia, com certeza boas consequências não o esperavam.

 Então, limitei-me a falar o que já lhe era conhecido:

-As suas características batiam com a do criminoso. Por isso que a delegada lhe encarava com desconfiança. Mas agora sabemos que você é inocente, então dá para desmanchar essa expressão de merda em sua face?

Nolan rapidamente arregalara os olhos, surpreso com a minha irritação repentina. Contudo, não fui capaz de controlar o meu comportamento. A sua cisma e seu jeito mimado em encarar qualquer situação, sempre era capaz de me tirar do sério.

 Então, antes que eu pudesse sequer cogitar um pedido de desculpas, Nolan falara abruptamente:

 -Eu estive com o Jason. No momento em que o crime ocorreu.

  Pestanejei os olhos inúmeras vezes, tentando absorver a informação por si proferida. O que diabos o Nolan estava a fazer com o cretino do Jason? O que o meu melhor amigo poderia querer daquele homem?

 Dando-se conta de que eu encontrava-me em completa confusão com o fato de que ele procurara o Jason, meu amigo tratara-se de se explicar:

 -Lembra-se que eu havia falado que iria acertar contas? Então, fui exigir ao Jason que ele parasse de nos atacar com calúnias e histórias sem fundamento algum. Já cansei daquele homem nos expor com mentiras absurdas.

 Mesmo que eu odiasse o fato de que o Nolan, a todo custo, quisesse resolver as coisas com o Jason por mim, eu não evitara em ficar extasiada ao ver que eu não era a única a ficar irritadiça com os ataques despropositados do Jason. O homem, era um jornalista de quinta, que a todo custo tentava fazer fama com o seu site de fofocas fajuto.

E desde que eu pus os meus pés em North River, e tornei-me conhecida por meu trabalho, que o Jason atacava-me com notícias repletas de calúnias e falsas informações. E, a maioria delas, envolviam o Nolan. Jason afirmava em seu site, que eu era uma espécie de mamãe de açúcar do Nolan. Dando a entender assim, que tínhamos um caso envolto por interesses econômicos e sexuais.

  E isso deixava-me mais do que colérica. Ver a minha imagem ser difamada de tal maneira, e ainda o Nolan ser arrastado e submetido a isso, era algo impossível de se aturar.

  Já até o processei por todas as injúrias e calúnias a mim direcionadas. Mas não adiantara muito. O Jason continua a trabalhar em sua difamação sem cabimento.

  -E o que você fez para convencê-lo a parar com esse joguinho estúpido?

 Nolan soltara um suspiro, olhara em direção a porta, como se o que ele estivesse prestes a proferir, fosse algo comprometedor, e falara em um sussurro:

   -Lhe dei uma boa quantia de dinheiro, e um belo machucado no rosto de brinde.

   Logo o meu amigo mostrara a sua mão machucada, que até então eu não havia notado. Era impossível acreditar que o Nolan fora capaz de machucar alguém, apenas para proteger-me. Principalmente quando esse alguém era o Jason.

   Em um misto de felicidade, e ao mesmo tempo preocupação, eu abracei o Nolan, enquanto o repreendia por ter gastado dinheiro com o imprestável do jornalista:

-Não precisava ter feito tudo isso. Não quero que você se comprometa ainda mais.

Nolan soltara uma risada, como se minha súplica fosse mera estupidez, e falara a retribuir o meu abraço:

 -Por você eu faço tudo, Susan. Mas para recompensar a minha gratidão, o que acha de acamparmos esse fim de semana?

 

***

 

Após deixar o meu carro estacionado na pequena garagem daquela academia, em um dos bairros de elite de North River, caminhei em direção ao jardim de entrada convidativo, enquanto as vozes das crianças eram como uma música naquele ambiente.

Eu nunca cogitara visitar aquele local algum dia. Aliás, eu detestava frequentar os locais de elite, justamente pelo comportamento mesquinho das pessoas que ali residiam. Todavia, o meu lado detetive sempre falara mais alto, e com a minha secreta e particular investigação, eu não pude evitar em usar o meu horário de folga, para levar mais a sério algo que nas últimas horas, tem me perturbado em demasia.

Contemplei a fachada da academia de artes marciais para crianças, imaginando a fortuna que os pais gastavam naquele ambiente. E aquilo somente entregava-me o quão Caleb Russel tinha uma excelente condição de vida.

E que ele tinha um filho.

Em minha busca assídua em descobrir quem é Caleb Russel, acabei por saber que o mesmo era o sócio daquela academia, além de que era um pai muito prestigiado por aquelas redondezas. O homem possuía negócios em uma empresa farmacêutica, além de gerenciar as finanças da academia. O que me levava a crer que, de fato, seria inconcebível o Caleb ser um criminoso.

Contudo, eu precisava de mais. Eu necessitava de mais informações que me fossem claras e concisas. Eu precisava encarar o Caleb olho a olho, ter um diálogo elucidativo. Eu carecia da necessidade de conhecê-lo melhor. E eram por esses motivos, que eu encontrava-me na entrada daquela academia de artes marciais para crianças.

Respirando fundo, com a incerteza de como poderia ser o nosso reencontro, avancei em direção a grande porta de vidro da academia. Entretanto, eu não precisara sequer me aproximar por completo da entrada, pois logo para minha surpresa, Caleb estava acabando de sair da academia, junto com o seu filho.

E nos poucos segundos antes de perceber a minha presença, pude deslumbrar-me com o quão o filho de Caleb era belo. A criança na faixa dos seis anos, possuía um belo par de olhos azulados, iguais a do pai. Sua pele era bronzeada, e seus cabelos levemente cacheados, poderiam ter sido herdados de sua mãe. Mas o mais encantador naquele garotinho, era o seu sorriso iluminado, lembrando-me da primeira vez que eu vi o Caleb a sorrir.

Assim que Caleb notara a minha presença, ele petrificara-se, igual ao dia anterior, na cafeteria. Era como se o homem me enxergasse como um bicho de sete cabeças, ou algo do gênero. E somente em ver que mais uma vez, o Caleb parecia tão assustado com a minha presença, senti a raiva me consumir de maneira gradual.

Mas a sua atitude a seguir, fizera com a raiva em mim se esvaísse. O Caleb logo cochichara algo no ouvido de seu filho, fazendo a criança abraçá-lo brevemente, e correr em direção a garagem da academia, logo sendo recebido por um homem trajando paletó. Provavelmente era o motorista do Caleb.

Respirando fundo mais uma vez, notei o Caleb dar-me um sorriso mínimo, enquanto me pegara de surpresa ao ser o primeiro a pronunciar-se:

-Seria outra coincidência, ou o destino gosta mesmo de nos pôr no mesmo lugar?

 Não pude evitar em soltar uma risada com a sua descontração, mostrando-me um Caleb bem diferente do que eu encontrei na cafeteria. Aliás, este era o Caleb que eu conhecera no pub, e que entreguei-me por completo.

 Evitando ruborizar devido as lembranças de uma noite repleta de volúpia, eu falei aproximando-me de si, e fugindo de sua pergunta anterior:

  -Eu não sabia que você tinha um filho.

  Caleb assentiu com a cabeça, e ampliara o seu sorriso, provavelmente orgulhoso de sua paternidade. Esse era um fato que ainda me pegava de surpresa, então eu não sabia bem o que pensar ou como reagir. Mas o que mais me perturbara desde quando eu possuíra conhecimento sobre essa informação, era a seguinte pergunta: onde estava a mãe da criança?

 Logo fui tirada de meus devaneios, ao ouvir a voz melodiosa e sexy de Caleb:

 -Bem, e parece que você também...

Percebendo a linha de pensamento que estava a conduzir o Caleb, logo tratei de balançar as minhas mãos rapidamente, enquanto tentava esclarecer a situação:

-Não, eu não tenho filhos. Na verdade vim resolver algumas coisas.

Caleb assentira com a cabeça, enquanto direcionava-me um sorriso cortês. E perante tamanha beleza que aquele homem portava, era impossível não suspirar, ou sentir as bochechas esquentarem em rubor. Mais impossível ainda, era não ter pensamentos maliciosos, lembrando-me cada detalhe daquele corpo másculo e sexy.

Céus, e se este homem for capaz de ler meus pensamentos?

Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, sabendo que o Caleb estava a notar o quão vermelha eu permanecia, o mesmo tratara de dizer algo:

-Bem, já que você tem coisas a resolver, não irei te atrapalhar. Foi um prazer lhe encontrar mais uma vez, Susan.

Caleb sorrira mais uma vez em minha direção, e tratara-se de deixar o local, seguindo para a garagem. Entretanto, antes que ele sequer pudesse distanciar-se de mim, eu tratei de contar a verdade, em relação a minha aparição naquela academia:

-Na verdade, eu queria saber mais sobre você. Quer dizer, provavelmente você deve me conhecer muito bem, já que todo dia as pessoas costumam conversar sobre mim nas esquinas dessa cidade. Entretanto, não seria justo você me conhecer tão bem, quando eu não sei nada sobre ti.

Proferi todas as palavras de uma única vez, logo me arrependendo em seguida. Eu não queria de forma alguma, que o Caleb interpretasse minhas palavras de forma indevida, e chegasse a conclusão de que eu estava a lhe dar mole.

Mesmo que no fundo, eu adoraria sentir suas mãos em mim novamente.

Ansiosa por uma resposta, e ao mesmo tempo não querendo ouvir o que ele poderia dizer, observei o seu semblante surpreso e ao mesmo tempo intrigado. Droga, talvez eu tenha falado algo que não deveria.

Entretanto, logo pude ver o Caleb a sorri de maneira singela, enquanto aproximava-se de mim novamente:

-Seria uma honra conversar um pouco mais com a senhorita. Porém, tenho uma reunião agora, então a nossa conversa terá que ficar para outro dia.

Soltei um suspiro frustrado, pouco importando-me sobre o que o Caleb poderia pensar ao perceber que eu ficara decepcionada. Em meus planos, naquele mesmo dia, eu tiraria a prova de que o homem a minha frente, não era um criminoso. Todavia, eu iria sair daquela academia, sem resposta alguma.

Talvez Caleb tenha notado toda a minha frustração em saber que ele não teria tempo para mim. Pois logo o homem sorrira-me de maneira sedutora, enquanto a sua voz fizera a minha pele arrepiar-se:

 -Eu posso contar tudo o que a senhorita deseja saber, caso aceitar jantar comigo amanhã a noite.

 

***

 

Assim que o último acorde soara por meus ouvidos, permiti abrir os meus olhos, deparando-me com o céu estrelado. A imagem do céu totalmente negro, com os seus pontinhos brilhantes espalhados por este grande manto, fizera-me sentir acolhida, e pela primeira vez após tanto tempo, em paz. Era como se não existissem problemas, nem crimes acontecendo por todo o mundo. Era como se não existissem casos a serem solucionados, ou uma rotina de trabalho exaustiva.

Era como se eu não fosse a detetive Susan Ruston.

Olhei para o Nolan, que encontrava-se sentado ao meu lado, enquanto segurava o seu violão como se o mesmo fosse o maior tesouro encontrado pelo ser humano na terra.

Eu sabia o quão ele amava a música. E com razão. Nolan tinha talentos extraordinários. Uma voz incrível, um dom para a música que eu nunca vira outra pessoa ter. Era como se meu melhor amigo tivesse nascido exatamente para aquilo. Para dedicar-se a música, e mostrar ao mundo o quão ele possuía talento.

E saber que estávamos acampando pela primeira vez juntos, como forma de escapar do mundo caótico que era a vida na cidade, não pude evitar em soltar uma risada.

Eu sentia-me tão bem!

Tendo a sua atenção chamada por minha risada contagiante, Nolan também permitira-se rir, enquanto colocava o seu violão de lado, e aquecia as suas mãos na fogueira feita por nós.

 -Qual o motivo da risada? Por acaso eu andei desafinando?

Neguei com a cabeça, ainda com o sorriso a curvar os meus lábios. A sensação de estar longe de tudo aquilo que mantinha a minha vida em um poço de regras, era algo inexplicável. Eu sentia-me liberta e distante do caos que minha vida se tornara. Aliá, no meio daquela floresta, eu não precisava preocupar-me com nada.

Fixei meu olhar na fogueira, sentindo o calor da mesma emanar para o meu corpo, e falei a dar de ombros:

-Eu somente me sinto liberta. Como se eu estivesse sendo mantida em um cativeiro, e do nada, a liberdade me foi concebida. Eu realmente necessitava desse refúgio. Mesmo sabendo que amanhã pela manhã estarei de volta a rotina.

Ouvi o Nolan suspirar ao meu lado, provavelmente sentindo-se familiarizado com os meus sentimentos, e falara aproximando-se mais de mim:

 -Eu não sabia que você sentia tanto peso em seus ombros.

  Dei uma risada sarcástica, enquanto recordava-me de tudo o que acontecera somente essa semana. Então, levada pela necessidade de abrir-me para alguém, desabafei sobre tudo o que me acontecera nos últimos dias. Desde os crimes hediondos que eu tentava solucionar de maneira árdua, sobre a noite no pub, sobre a volta de Kesley Watson, e todo o inferno que ele estava a me submeter, e a minha busca incessante em descobrir quem era Caleb Russel.

No final de todo o desabafo, senti como se realmente um peso houvesse sido tirado de minhas costas. Eu realmente necessitava partilhar tudo o que vinha acontecendo em minha vida. Guardar meus problemas, minhas angustias e meus sentimentos, somente estavam a esmagar-me ainda mais.

Olhei esperançosa para o Nolan, apenas esperando por alguma resposta sua. Aliás, eu esperava que ele concordasse com o fato de que eu deveria manter o máximo de distância do Kesley, e mergulhar em uma nova experiência com o Caleb.

Entretanto, as suas palavras a seguir, me deixara completamente confusa e frustrada:

-Na verdade, acho que você deveria fazer as pazes com o Kesley, e dar-lhe uma segunda chance. Digo, não um relacionamento. Mas apenas tentarem ser amigos. Olha, essa coisa de guardar rancor não vai lhe levar a lugar algum. E segundo, você não acha esse Caleb muito suspeito? Quer dizer, e se o Kesley tiver razão, e o Caleb realmente for um criminoso? Quer dizer, você não sabe nada sobre ele.

Não sei se era pela maneira indevida na qual o Nolan estava a julgar alguém que ele sequer vira, ou se era pelo fato de que o meu melhor amigo estava a defender o parvo do Kesley, que logo a ira me preenchera.

Como o Nolan tinha a audácia de ficar ao lado de um cara que me decepcionara deveras?

 -Eu sei coisas sim sobre o Caleb. E nenhuma delas entregam-me que ele seja um criminoso. Caleb faz parte do grupo de homens ricos e influentes de North River. Não existe algo marginal nele.

 Ao ouvir as minhas palavras, Nolan soltara uma risada, como se estivesse a debochar de mim, e falara como se eu fosse uma criancinha:

    -Homens ricos e influentes podem ser criminosos sim, Susan.

  Naquele momento, algo ficara muito claro. O Nolan preferia ver-me com alguém na qual ele já estava habituado –pois eu sempre relatara os meus momentos com o Kesley –do que com alguém para ele desconhecido. Mas as razões por trás dessa decisão, era algo que eu não poderia cogitar ou desvendar.

  O Nolan possuía total conhecimento do quão o Kesley me machucara, e fora um tremendo babaca comigo. Mas mesmo assim, ele preferia ver-me com o homem que me decepcionara, do que com alguém totalmente novo.

 Sem conseguir aturar os inúmeros pensamentos desconexos que invadiam a minha mente, levantei-me do banco improvisado de madeira, e falei caminhando para a barraca:

  -Não sei por que você defende o idiota do Kesley.

 Nolan soltara uma risada novamente, deixando-me ainda mais enervada com o seu comportamento, e falara de forma provocativa:

-Eu o defendo porque eu sei que você ainda sente algo por ele. E não diga-me que eu estou errado. Você estaria mentindo descaradamente.

Sem conseguir acreditar que o meu amigo dissera aquelas palavras, eu apenas encolhera-me dentro da barraca, enquanto analisava em meu intrínseco, se realmente ainda existiam sentimentos afetuosos em relação ao Kesley.

E ao checar o resultado, não pude evitar em soltar um grunhido.

Nolan Hayes conseguira estragar a minha noite.

 

 


Notas Finais


E ai meus amores, o que acharam do capítulo?
Opiniões sempre serão bem vindas!
Obrigada pela leitura.
XoXo


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