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História Wolves - Eight


Escrita por: JohannahValley e KiwiSweet

Notas do Autor


Oiiiii meus amores!!! Olha só quem chegou :)

Quero começar pedindo desculpas pela longa demora. Estou sem computador há muito tempo, e como eu escrevia a fanfic por lá, demorei uma eternidade para poder voltar a escrever. Ainda estou sem PC, mas encontrei um aplicativo que está salvando a minha vida!

Enfim, eu estava morrendo de saudades de vocês. Espero que não tenham desistido da fanfic. ❤

Muitas coisas irão acontecer neste capítulo. Comentem tudo o que vocês acharam, a opinião de vocês...

Estamos na reta final. Só faltam mais dois capítulos e o epílogo. Já estou de coração partido :'(

Não corrigi o capítulo, então vocês encontrarão alguns errinhos. Peço perdão desde já.

BOA LEITURA ❤

Capítulo 9 - Eight


Fanfic / Fanfiction Wolves - Eight

Eight

“Apesar dos aplausos ensurdecedores que me cercavam, e pelas felicitações por um trabalho tido como vitorioso, eu não consiga agradecer, muito menos sentir-me feliz. Eu sabia que havia alguma coisa errada acontecendo. E que, de alguma maneira, me destruiria profundamente.”

[...]

Centro de North River

21h:34min PM

 

Minhas mãos seguravam de maneira firme o volante, mesmo que ambas estivessem trêmulas. Eu sabia o quão era perigoso dirigir sob aquelas circunstâncias. Todavia, eu precisava de um refúgio para todos os acontecimentos que me acometeram somente neste dia. Refúgio esse que não poderia ser os braços do meu ex namorado.

Ainda era possível sentir a maciez dos lábios do Kesley nos meus. Eu ainda conseguia sentir o toque das suas mãos em meus quadris, enquanto eu colava o meu peito ao seu. Era como se eu ainda estivesse em seus braços, sentindo as suas carícias. E naquele momento, eu tinha a total convicção que eu havia me perdido de vez.

Após mudar-me para North River, eu nunca cheguei a imaginar que eu poderia ter uma recaída. Aliás, eu sequer cogitei que o Kesley voltaria a minha vida, e que eu chegaria a ceder tão fácil. E agora, eu entregara-me quase que por completo a alguém que na verdade, eu nunca havia superado. Na verdade, meus sentimentos pelo Kesley sempre foram os mesmos. Contudo, a decepção e o constrangimento que ele me causara, apenas me fez guardar todos os sentimentos que por ele eu sentia, e fingir que nada acontecera entre nós no passado.

Mas bastara um beijo entre nós, para tudo dentro de mim reascender.

Eu sentia vontade de gritar, chorar e arrancar os meus cabelos. Eu estava fora de mim, e sequer sabia como eu iria me conter. No momento, eu somente conseguia pensar que eu precisava de alguém que pudesse me dizer o que era o melhor a se fazer, para que eu superasse os planos sujos do Nolan, e a declaração de Kesley Watson.

Eu necessitava de alguém que me fizesse esquecer o quão a minha vida estava uma bagunça.

E era por esses motivos, que eu dirigia seguindo rumo para o apartamento de Caleb Russel.

Caleb era a única pessoa que eu poderia recorrer naquele momento, em meio a tanto caos. Eu havia sido afastada de meu emprego, descobri que o Nolan era uma das pessoas mais terríveis que conheci, embriaguei-me em um bar qualquer, e ainda beijei o meu ex namorado. Eu sentia que havia enlouquecido e perdido todo o controle. E se existia uma pessoa que pudesse me dar uma luz, ou pudesse pelo menos me fazer esquecer tudo o que tinha acontecido, essa pessoa era o Caleb.

Torcendo para que ele estivesse em casa, já que eu sequer havia mandado uma mensagem ou algo do tipo, aumentei a velocidade de meu carro, querendo encontrar o Caleb o mais rápido possível. Pois eu sabia que, assim que eu encontrasse os seus olhos azulados, todo esse desespero dentro de mim sumiria.

Seria no Caleb, que eu encontraria o bálsamo para toda aquela dor.

Pelo menos, era o que eu imaginava.

Assim que enrolei a esquina, dando de cara com o carro do Caleb estacionado em frente ao seu prédio a poucos metros, soltei um longo suspiro de alívio. O que eu mais almejava era vê-lo, e poder refugiar-me em seus braços. Eu já não aguentava mais ficar sozinha com os meus pensamentos que apenas me torturavam e me sufocavam com tudo o que ocorrera naquele dia.

Entretanto, antes que eu pudesse me aproximar do prédio, e correr até o seu apartamento, eu presenciei algo que me deixara de orelha em pé.

Caleb caminhara para fora de seu prédio, junto com outra mulher, e ambos seguiram em direção para o seu carro. De imediato, julguei que fosse a babá de seu filho, e que o pequeno e leve ciúme que crescia dentro de mim era completamente a toa. Aliás, era incogitável eu ter ciúmes do Caleb, quando não tínhamos nenhuma relação concreta ou séria de mais.

Todavia, vê-lo com outra mulher, em uma intimidade tamanha, talvez até maior que a intimidade que tínhamos, me fazia suspeitar de que algo além do normal acontecia entre eles dois. E minhas suspeitas somente aumentaram, quando notei que o filho do Caleb não estava com ambos. Quer dizer, se aquela mulher era a babá do Henry, e ela e Caleb estavam a sair sozinhos do apartamento, então onde o menino poderia estar?

Totalmente levada pela curiosidade, e pela insanidade causada pelo pouco de álcool que ainda circulava em meu sangue, observei Caleb e a mulher misteriosa adentrarem ao carro, e os segui para o destino desconhecido.

Eu estava desesperada por um refúgio. Logo, esse desespero estava a me fazer tomar atos completamente insanos, e imaginar coisas absurdas. Como seguir o Caleb, e acreditar que aquela mulher era uma amante sua. O ciúme era realmente algo desnecessário, mas difícil de evitar. A ideia de o Caleb estar saindo com outra pessoa, me fazia acreditar que no fundo, o que tínhamos era algo passageiro, e que as promessas que ele me fizera foram em vão.

E naquele momento, principalmente naquele momento, eu não queria me sentir uma segunda opção sua, muito menos usada por si. Caleb era a única pessoa que me restava, e eu não queria perdê-lo.

Continuei os seguindo, enquanto imaginei mil hipóteses para o Caleb não está na companhia do Henry, seu filho. O que rapidamente, me fez ficar ainda mais confusa, e preocupada.

O que será que havia acontecido com o Henry?

Será que o garotinho estava doente, e o Caleb e a babá estavam indo ao hospital para visita-lo? Aquela hipótese me fizera sentir vergonha de mim mesma pelo ciúme desnecessário, e logo a preocupação me afligiu. Naquele momento, decidi que os problemas que aconteceram comigo naquele dia, não eram tão importantes quanto o fato do Henry estar em um hospital.

Agradecendo mentalmente por as ruas naquelas noites estarem praticamente desertas, e que não havia trânsito que pudesse atrapalhar a minha sutil perseguição, não perdi em nenhum momento o carro do Caleb de vista, desejando que chegássemos o quanto antes no hospital.

Mas assim que enrolamos a esquina, e entramos em uma viela escura, que dava acesso a uma rua esquisita em uma zona não tão popular da cidade, eu pude perceber que não era para o hospital que estávamos indo.

Continuei os seguindo por entre ruas nas quais eu nunca havia frequentado, a não ser quando ocorria algum crime naquela região, na qual eu necessitava solucionar. E permaneci ainda mais confusa com o destino de Caleb e da mulher em seu carro, quando ambos pararam em frente a prédio na qual deduzi ser um clube, já que uma música alta saía do mesmo.

O estabelecimento não possuía letreiro que pudesse o identificar. Apenas uma grande porta de ferro, e o barulho de uma música na qual não consegui compreender no momento. Era evidente o quão toda aquela situação era estranha. O que diabos o Caleb iria fazer ali?

Permitir-me dar voz ao meu lado detetive, e fiquei escondida dentro de meu carro, apenas observando o Caleb e a mulher misteriosa adentrar aquele ambiente. Logo deduzi que não havia relação alguma com o Henry, e que provavelmente aquela mulher não era a sua babá. O que logo fez o meu sangue esquentar.

Havia alguma coisa muito errada ali.

Logo os dois entraram no prédio, e esperei alguns minutos para poder fazer o mesmo. Aquele lugar me cheirava a encrenca ou algo do tipo. E totalmente levada pelo ciúme, pela curiosidade e meu lado profissional, saí do meu carro e segui em direção a grande porta de ferro, avaliando-a brevemente.

Achei completamente estranho não haver nenhum segurança ou qualquer outra pessoa que confiscasse a entrada de indivíduos naquele ambiente, e sem esperar mais um segundo, abri a grande porta de ferro, dando de cara com um lugar na qual eu nunca imaginei que algum dia frequentaria.

O barulho da música naquele momento se tornara nítido, mas ainda assim não fui capaz de distinguir qual era a canção. Eram muitas informações para uma pessoa só, principalmente quando ambas me entregavam, que eu havia acabado de entrar em um prostíbulo.

Várias garotas seminuas transitavam pelo prostíbulo, enquanto homens jogavam dinheiro em sua direção, ou as solicitavam para negociarem algum serviço. Havia um pequeno palco junto com uma passarela, enquanto uma bela mulher sensualizava ao som de uma música extremamente sexy.

E antes que eu pudesse sequer tentar imaginar os motivos para que o Caleb estivesse ali, mesmo que tudo já estivesse óbvio demais, eu o encontrei conversando com um homem que mais parecia ser o dono do estabelecimento, ou melhor dizendo, o cafetão, enquanto a mulher que estava no carro com o Caleb, agora permanecia ao seu lado somente de lingerie.

Naquele momento, eu percebi o quão era tola demais, e sempre confiava nas pessoas erradas. Com uma vida praticamente perfeita, situação financeira desejada por qualquer pessoa, e contatos importantes, como eu nunca cheguei a cogitar que o Caleb poderia ter aquele tipo de vida? Quer dizer, com todo aquele dinheiro, e pertencendo ao sexo masculino, era óbvio que aquele homem frequentaria lugares como aquele, gastando o seu precioso dinheiro com prostitutas.

Senti-me completamente enganada e usada pelo Caleb, principalmente pelo mesmo ter me prometido que as coisas entre nós seriam mais sérias agora. Então, como a nossa relação poderia se tornar mais séria e consolidada, se o Caleb estava disposto a se divertir com prostitutas?

Pela primeira vez, eu não sabia o que fazer ou como agir perante aquela situação. Talvez, eu estivesse com o coração quebrado demais para conseguir pensar em como proceder perante aquela traição. E sim, era uma baita traição de sua parte me prometer um relacionamento, e ao mesmo tempo ter uma vida tão mundana.

Continuei estática, apenas observando o Caleb, a prostituta e seu cafetão conversarem de maneira intensa, até que as suas orbes azuis perceberam a minha presença na entrada daquele prostíbulo. Rapidamente Caleb pareceu assustado com a minha aparição, contorcendo o seu rosto com uma expressão amedrontada e confusa.

O homem parecia realmente amedrontado com a minha presença. Talvez, porque ele soubesse o quão eu ficaria irritada consigo, e que eu não o perdoaria por ter me enganado. E mais uma vez, a confiança que eu depositava nas pessoas, era jogada fora no lixo.

Como eu ainda insistia em ser tão trouxa?

Somente quando o Caleb fez menção em vir até mim, que eu pensei em tomar alguma ação. Logo dei meia volta, e saí praticamente correndo pela grande porta de ferro, enquanto ouvia o Caleb gritar o meu nome. Eu conseguia distinguir uma certa angústia por trás de sua voz tão doce. Entretanto, eu sabia o quão aquilo era puro fingimento.

Aliás, porque ele fazia tanta questão em ir atrás de mim, se eu não passara de uma mera diversão para ele?

Virando em sua direção, já com a vista embaçada devido a mais uma decepção em apenas um dia, eu falei com a voz embargada:

-Não precisa tentar se explicar, Caleb. Eu já deveria imaginar que você nunca levaria algo a sério entre nós.

Mesmo com a luz fraca daquela estreita rua, pude notar o rosto de Caleb se contorcer em desespero, enquanto nervosamente tentou se explicar:

-Olha, Susan, não é nada do que você está pensando!

Dei uma risada irônica, mas ao mesmo tempo decepcionada, e falei aproximando-me de si:

-Claro que é o que eu estou pensando. O que mais um homem como você poderia está fazendo em um prostíbulo? Provavelmente pagando uma prostituta para satisfazer os seus desejos. Ou então você resolveu se prostituir também?

Caleb arregalou os olhos, como se eu houvesse proferido uma barbaridade ou uma blasfêmia, e falou enquanto continuava petrificado a minha frente:

-Não, claro que não é nenhuma das duas opções. Eu vim resolver algo importante, acredite em mim!

Novamente soltei uma risada irônica, perante a tentativa estúpida do Caleb em tentar se explicar, quando não havia nada para ser explicado. Já estava óbvio demais os seus objetivos em frequentar aquele lugar. E sinceramente, eu não estava disposta a ouvir qualquer que fosse a desculpa que Caleb inventaria.

Então, apenas lhe dei as costas, decidindo-o ignorar por completo. Porém, o meu ato de desprezo não pareceu ser o suficiente para Caleb se calar.

-Aquela mulher que você viu comigo, é a babá do Henry. Infelizmente, ela está presa a essa merda de prostíbulo, e estou tentando entrar em acordo com o dono desse lugar, para que finalmente ela possa se livrar dessa vida.

Revirei os meus olhos com a historinha estúpida que o Caleb inventou. Sério que ele achava que eu iria acreditar em toda essa baboseira que ele estava a proferir? Continuei andando em direção ao meu carro, enquanto Caleb continuava em sua insistência em explicar as coisas.

-A Megan era aluna da minha falecida esposa. A sua situação sempre foi muito complicada. Sua mãe era esquizofrênica e seu pai alcoólatra, então a Megan era responsável por conseguir dinheiro para pelo menos ter o que comer durante o dia. Sua família era uma das mais pobres da comunidade, e vendo a situação que ela se encontrava, minha esposa vendia os quadros pintados por sua aluna, dando-lhe o dinheiro para poder manter a sua família. Mas após a morte da minha mulher, e a escola de artes ser fechada, a Megan não encontrou outra solução a não ser se prostituir. Anos depois, acabei descobrindo que a Megan trabalhava neste lugar, e rapidamente tentei arranjar alguma forma de ajudar-lhe. Resolvi contratá-la para ser a babá do Henry, achando que seria fácil ela se livrar deste prostíbulo. Entretanto, o seu patrão não quer de maneira alguma deixar-lhe ir embora, alegando que a Megan havia assinado um contrato de dez anos, e o mesmo não poderia ser quebrado. Então há meses que eu venho lutando para ajudar a Megan. Eu não posso deixá-la continuar vendendo o seu corpo, para poder ter o que comer. É por esses motivos que eu frequento este lugar. Porque eu quero ajudar a uma garota que teve que escolher uma alternativa que não lhe agrade e nem lhe convém, para poder sobreviver.

Sua voz transmitia tamanha agonia, que eu senti o meu coração apertar com tamanho desespero da parte do Caleb. Eu nunca havia o visto de uma maneira tão desolada. Suas palavras soaram muito sinceras, era palpável a sua preocupação com a Megan. Eu não poderia negar o quão aquela história havia me tocado, o quão ela poderia ser real.

Entretanto, por mais que o Caleb pudesse estar dizendo a verdade, e que a Megan estivesse sim passando por toda aquela situação complicada, eu não poderia confiar em si. Os últimos acontecimentos me quebraram de uma forma, que qualquer palavra proferida por qualquer pessoa, não me seria mais convincente.

Que tipo de detetive eu era, que não conseguia reconhecer quando alguém estava mentindo ou não?

Virando-me em sua direção, pude notar a tensão e o nervosismo em sua face, enquanto seu corpo emanava uma esperança de que eu pudesse o compreender.

Mas, eu somente balancei a cabeça em movimento negativo, e falei antes de entrar em meu carro:

-Desculpe-me, mas não posso confiar em você.

 

***

 

1 semana depois

Após uma semana de seu sequestro, o agente policial Ryan Hope continua sob as mãos dos integrantes da gangue Wolves. O Departamento de Investigações de North River continua em seu árduo trabalho em localizar o possível cativeiro, enquanto negociam com a gangue a libertação do policial Ryan. Até o momento, os “lobos”, assim chamados pelo departamento, exigiram 500 mil euros para o resgate de Ryan Hope. Quaisquer outras informações...

 

Desliguei a TV rapidamente, não suportando a pressão que todo aquele caso causava tanto ao departamento, quanto a mim mesma. Eu sentia-me deveras desesperada com o fato do Ryan continuar nas mãos daquela gangue, enquanto os meus colegas não tinham tanta certeza do que fazer para resgatá-los. A delegada Gal nunca daria todo o dinheiro que a gangue Wolves exigia. Seria um grande fracasso para ela, e uma grande vitória para os nossos inimigos.

Contudo, se ela não o desse, talvez uma grande tragédia viria a ocorrer.

A vida do Ryan estava em nossas mãos.

Quer dizer, não nas minhas, já que eu fui totalmente excluída daquele caso, como se o meu trabalho não tivesse serventia alguma. Todavia, eu não deixaria nunca o Ryan na mão. Mesmo com todos os nossos atritos e desavenças, e os seus comentários despropositados que me tiravam do sério, ele era o meu colega de trabalho. Eu tinha que fazer algo para ajudá-lo.

Então, observando por uma última vez o arquivo em minhas mãos, eu caminhei em direção ao policial Shawn Mendes, que permanecia debruçado na bancada de minha cozinha, e falei cautelosamente, preocupada com a frustração de meu colega:

-Aqui está toda a investigação sobre o caso do Ryan. Não tenho 100% de certeza se o cativeiro está na localização no arquivo indicada, e se a abordagem que eu planejei é totalmente segura.

Shawn aprumou a sua postura, e me encarou por longos segundos, sem dizer palavra alguma. Era possível ver em suas expressões faciais o quanto o homem sentia-se frustrado e derrotado. Shawn me substituíra para tomar frente nas investigações do caso do Ryan. Entretanto, o homem não conseguira sucesso, o que o fazia se sentir um fraco.

Notando o quão o fracasso pesava em suas costas, principalmente por se tratar de um sequestro de uma pessoa extremamente próxima a nós, eu apertei carinhosamente o seu ombro, e falei tentando confortá-lo:

-Não se sinta culpado pela demora em encontrar o Ryan. Casos assim precisam ser solucionados com calma…

Shawn balançou a cabeça em um movimento negativo, e falou se afastando do meu toque:

-Se o problema fosse apenas a demora, eu estaria bem mais aliviado. O problema é que, desde quando me tornei responsável pelo caso, que eu me encontro em um labirinto. Nunca consigo encontrar uma pista boa o suficiente, nem consigo sequer sair do lugar. Sou uma frustração para o departamento.

Soltei um suspiro perante a frustração do Shawn Mendes, sem saber exatamente como ajudá-lo. Era horrível se sentir inútil em um caso na qual você mesmo era responsável.

Principalmente quando a vida de alguém muito importante estava em risco.

E como se não bastasse o fracasso do departamento, a mídia trabalhava em seus julgamentos e acusações contra todos os envolvidos na investigação, fazendo assim, o Shawn se sentir ainda mais incompetente.

Por um lado, eu entendia a maneira na qual o meu colega de trabalho havia se perdido. Além de ser novato no departamento -Shawn trabalhava conosco há um ano e meio- aquele era o primeiro caso na qual ele assumia. Não que eu estivesse a lhe desmerecer, mas Shawn com certeza não havia recebido nenhuma preparação para tamanha responsabilidade.

O homem era um policial de ronda, e de maneira abrupta, foi jogado em uma investigação que teria que dá conta a qualquer custo.

Sem contar que, com o meu afastamento do departamento, e com o melhor agente policial sendo sequestrado, toda a equipe parecia ter se desequilibrado.

Antes que eu pudesse tranquilizar e motivar o Shawn, o homem me olhou com um sorriso meio tímido, e falou enquanto mexia no arquivo que eu lhe entregara:

-Eu admiro muito o seu trabalho, Susan! Você é uma das profissionais mais competentes daquele departamento. Quiçá a melhor. Durante todos esses anos você nunca fracassou em todas as investigações que assumiu. Você de fato é a melhor detetive de North River.

Dei uma risada tímida com os seus elogios, e falei caminhando para a sala de estar, sendo seguida por si:

-Se eu fosse tão boa assim, eu não teria sido afastada do departamento.

Shawn negou com a cabeça, e falou com certa indignação, chegando a me surpreender:

-Acho aquela atitude um total exagero por parte da delegada. Afastar você somente causara um desfalque ainda maior no departamento. Tudo está um completo caos naquele lugar. Pois, com o sequestro do Ryan, os outros crimes acabaram sendo deixados de lado. Enfim, precisamos ter você de volta ao departamento para colocar as coisas em ordem.

Dei uma risada com a maneira na qual o Shawn parecia convicto de que eu era capaz de manter o departamento na linha, e seguimos juntos até ao elevador do prédio.

Eu estava extremamente feliz em ter feito parte da investigação, mesmo que de maneira secreta. Quando o Shawn viera me procurar totalmente desesperado, sem conseguir obter sucesso em suas buscas, eu soube imediatamente que aquela era a minha oportunidade de mostrar que eu poderia sim encontrar o Ryan.

Tanto que, em poucos dias, descobri o possível cativeiro, e o possível esconderijo onde a gangue Wolves fazia as suas reuniões. Bastava agora o Shawn fazer a sua parte, e capturar os bandidos que tanto aterrorizaram esta cidade.

Quando já estávamos do lado de fora do prédio, Shawn me sorriu entusiasmado, e falou antes de partir:

-Muito obrigado, Susan. O seu trabalho irá me ajudar muito. Não só a mim, mas ao departamento, e principalmente ao Ryan. Qualquer coisa eu entrarei em contato contigo.

Dando-me um abraço desajeitado, Shawn partiu em direção ao departamento, enquanto segui caminho para o festival do sol, um evento de North River que eu sempre marcava presença, e de certa forma me fazia sentir uma pessoa mais “normal”.

Aquela era a única época do ano em que tudo em minha vida parecia estar calmo. Como se não houvessem problemas, dilemas, muito menos algum tipo de caos em meu interior.

Mesmo que, na semana passada, eu tenha desmoronado com tantas decepções.

A traição do Nolan, o beijo com o meu ex namorado, e a minha discussão com o Caleb em frente a um prostíbulo, ainda me afetavam de certa forma. Apesar de que um desses casos houvesse sido resolvido.

No final das contas, a Megan realmente não passava de uma babá, que infelizmente estava presa ao prostíbulo devido um contrato. Sendo guiada pelo meu lado detetive, e pelo medo de acabar cometendo uma verdadeira injustiça, resolvi conversar com a Megan r investigar a fundo a sua vida, até que eu tivesse certeza de que ela e Caleb não eram amantes.

Após uma longa conversa amigável, mas extremamente carregada de fatos que me partiram o coração, Megan me levara para conhecer a casa em que seus pais residiam, me mostrara os seus últimos quadros que estavam a venda em um ateliê, e algumas fotografias da época em que a falecida esposa do Caleb era a sua professora.

Megan também me relatara como acabou indo parar naquele prostíbulo, e o quanto o Caleb lhe acolheu dando-lhe a profissão de babá do Henry, e o quanto ele se esforçava para libertá-la de seu cafetão.

Senti-me envergonhada e culpada por toda a minha paranóia, e os ciúmes desnecessários que me levará a discutir com o Caleb. Realmente não existiam motivos para desconfiar de si. E, como uma forma de me desculpar com a Megan, por julgá-la sem a sequer conhecer, ofereci ajuda para libertá-la do terrível local na qual ela estava acorrentada.

Também tive que criar coragem para falar com o Caleb, e lhe pedir desculpas por tamanha discussão. Porém, deixei bem claro que ele deveria ter me contado sobre tudo antes, para que assim, todo aquele mal entendido não houvesse ocorrido.

No final das contas, eu e Caleb estávamos bem.

Em relação ao Kesley, continuamos a manter contato por mensagens no WhatsApp. Entretanto, não tocamos mais no assunto do beijo. Decidimos fingir que nada houvesse acontecido, e agir amigavelmente. Mesmo que a lembrança daquela noite ainda mexesse muito comigo. E, para evitar que algo do tipo retornasse a acontecer, principalmente porque eu estava me esforçando para as coisas entre eu e o Caleb darem certo, decidi evitar ver o Kesley pessoalmente.

E em relação ao Nolan, eu nunca mais tive notícias sobre si. Ele definitivamente desapareça de minha vida, após a invasão a meu apartamento. Mesmo que eu nunca conseguisse perdoá-lo por tamanha crueldade para comigo, eu confesso que sinto falta dos bons momentos que partilhamos naquela amizade, mesmo que ele estivesse cheio de segundas intenções.

Decidida a não ficar me torturando com coisas que eu já deveria ter superado, apressei os meus passos em direção ao festival. Eu tinha uma incrível mania de me prender aos pensamentos ruins, e nas más lembranças de coisas que nem tinham mais tanta importância.

E talvez fosse por esta mania, que eu acabei trombando com alguém ao virar a esquina, fazendo com que o copo de café que ele carregava acabasse por sujar a sua camisa polo branca.

Entretanto, não me espantei exageradamente pelo estrago que eu fiz, mas sim, pela pessoa na qual havia trombado comigo.

Nolan ria enquanto tentava consertar a mancha que deixei em sua camisa, e falou sem me olhar, como se estivesse constrangido:

-Parece que a gente sempre tende a se trombar e eu sujar a minha camisa de café!

Automaticamente recordei-me do dia em que nos conhecemos, onde a mesma cena acontecera, e Nolan saiu com a sua camisa suja de café. E, devido a lembrança de alguns anos atrás, senti um emaranhado de emoções. Alegria com a maneira na qual aquilo havia se repetido, tristeza ao lembrar que aqueles eram bons tempos, e raiva, por saber que Nolan estragara a nossa amizade.

O loiro a minha frente continuou tentando inutilmente limpar a sua camisa, enquanto um silêncio constrangedor se instalara entre nós. Era evidente que ele não sabia o que falar após toda a sua invasão e revelação em meu apartamento. Então, enquanto eu não falasse algo, ele também ficaria mudo.

E eu até poderia fingir que nada havia acontecido, e ir embora sem pronunciar nenhuma palavra, nem sequer um pedido de desculpas por sujar a sua camisa. Mas quando notei que ele carregava uma mala, e que segundo os meus cálculos, ele estava a ir para o aeroporto, não pude evitar em ficar calada.

-Para onde você está indo?

Dando um sorriso melancólico, Nolan falou abandonando a tarefa de se limpar, e me encarando pela primeira vez:

-Estou indo embora para a Irlanda. Não há mais nada aqui para mim. Aliás, desde quando pus os pés nesta cidade, que eu tenho atraído problemas. Melhor voltar para a minha terra. Pelo menos lá eu não ferrava com a vida das pessoas que eu gostava.

Senti meu coração apertar com a lembrança de toda a traição do Nolan, e do quanto as suas atitudes me feriram. Eu sabia que não poderia ser capaz de perdoá-lo, mas também, não sabia se a ideia dele ir embora seria tão boa.

-E a faculdade? Achei que fosse importante para você!

-E é importante. Mas eu destruí coisas muito importantes para mim esses últimos anos. E a nossa amizade foi uma delas. Enfim, resolvi abandonar a faculdade antes que eu me envolvesse em mais um problema. Enfim, posso lutar por minha carreira musical e estudar música em outro lugar.

Pegando a sua mala, e se aproximando de mim, Nolan falou em um tom baixo, e com os olhos marejados:

-Não precisa me perdoar, pois as coisas que eu fiz foram terríveis. Mas eu apenas peço que não se esqueça dos momentos bons que tivemos. Apesar da minha traição, a nossa amizade foi sincera em alguns momentos.

Dito isso, Nolan seguiu o caminho contrário do meu, sumindo do meu campo de visão. Assim como o ar sumira de meus pulmões também.

 

***

 

Ativei a tela do meu celular mais uma vez, verificando as horas que se passavam de maneira arrastada.

Caleb estava uma hora atrasado.

Minha paciência já havia se esgotado, enquanto o festival para mim já havia perdido toda a graça. O Caleb simplesmente havia me dado um bolo. E não era o tipo de bolo na qual a gente espera ganhar.

Levantei-me do banco na qual eu estava sentada há uma hora, e sai caminhando entre as inúmeras pessoas que transitavam pelo bosque, enquanto a banda no palco tocava Bohemian Rhapsody do Queen. As tendas com artigos de artesanato, comidas e acessórios feitos por universitários, já estavam lotadas e gerando lucro para os seus vendedores.

E mesmo que o clima naquele local estivesse alegre e harmonioso, eu me sentia extremamente irritada, e no fundo, triste. Aquele dia serviria para as coisas entre eu e Caleb finalmente voltarem ao normal, após a nossa discussão. Aquele dia era para aproveitarmos a companhia um do outro, enquanto planejávamos como seria a nossa relação dali para a frente.

Entretanto, Caleb havia sumido, deixando-me na mão.

Irritada com a sua demora, e com o fato dele sequer ter me avisado que atrasaria, ou sequer iria ao festival, decidi ligar-lhe para tirar satisfações. Eu me sentia frustrada com a ideia de que o nosso encontro, para ele, não importasse. Eu necessitava de alguém naquele momento. Principalmente pelo sumiço do Kesley nos últimos dias, e a ida do Nolan para a sua terra natal.

Eu precisava não me sentir a abandonada. Eu não queria que o Caleb fosse o próximo a se afastar.

Comecei a buscar o seu contato em minha agenda do celular, mas antes que pudesse encontrar, ouvi a voz da Megan a chamar o meu nome.

A babá, junto com o Henry que andava de mãos dadas consigo, se aproximava rapidamente em minha direção, e logo me permiti sentir um certo alívio. Talvez o Caleb resolvera de última hora trazer a babá e o seu filho, e acabara por se atrasar. E logo me senti uma tola por achar que ele havia me deixado na mão.

Entretanto, quando notei que o Caleb não estava presente com a Megan e o Henry, não pude evitar em perguntar:

-Onde está o Caleb?

Megan rapidamente franziu o cenho, e falou enquanto pegava o Henry em seu colo, que reclamava por não aguentar mais ficar em pé:

-Ué, achei que ele estivesse contigo.

Naquele momento, senti meus batimentos cardíacos acelerarem, enquanto comecei a sentir que tinha algo muito errado acontecendo. Se o Caleb não estava comigo, e nem com a Megan, onde ele então poderia está?

-O Caleb marcou de encontrar-se comigo há uma hora. Mas até agora não apareceu.

Megan franziu ainda mais o cenho, enquanto se aproximava de mim, como se fosse confidenciar algo:

-Sai para passear com o Henry pela manhã e, quando retornei ao apartamento, o Caleb já não estava lá. Então deduzi que ele estava contigo.

Rapidamente uma sensação esquisita me acometeu, enquanto eu parecia ter uma taquicardia com a ideia de que algo poderia ter acontecido a ele.

Onde diabos o Caleb se meteu?

-Acho melhor ligar para ele.

Falei enquanto novamente recorri a agenda do meu celular. Entretanto, mas uma vez fui interrompida. Mas agora, era o agente Shawn Mendes que me ligava.

Atendendo a sua chamada, pude ouvir um burburinho antes de sua voz empolgada dizer:

-Encontramos o Ryan e o resgatamos. Ele está sã e salvo graças a você. Além disso, prendemos todos os criminosos da gangue Wolves. Mas, infelizmente, o chefe do bando está foragido. Enfim, venha ao departamento, estão todos esperando por você!

Sem sequer esperar por uma resposta minha, Shawn desligara o celular, e não pude fazer nada a não ser correr para o departamento.

Finalmente o Ryan estava salvo!

Despedindo-me da Megan e do Henry, peguei o primeiro táxi que encontrei e em poucos minutos eu já estava no departamento. Fui recepcionada com aplausos e abraços apertados, o que me deixara totalmente aturdida.

Mas, assim que vi o Ryan se aproximar de mim de maneira sorridente, enquanto os seus olhos estavam marejados entregavam o quanto ele estava emocionado, eu esqueci completamente a ida do Nolan, o sumiço do Caleb e o pressentimento ruim de que algo de errado estava acontecendo.

Sem pensar duas vezes, corri para os braços do Ryan e o abracei fortemente, sentindo uma grande felicidade me acometer. Finalmente o desespero havia acabado. Finalmente eu poderia respirar tranquilamente, sabendo que o Ryan estava a salvo e conosco.

Não havia mais o que lamentar.

O homem chorava em meu ombro, enquanto eu acariciava as suas costas, igualmente emocionada. Por momentos, cheguei a acreditar que não o recuperariamos a tempo. Mas a sorte e a competência sempre esteve ao nosso lado.

Desfazendo o abraço, Ryan falou com um sorriso encantador:

-Obrigado por ter salvado a minha vida!

Fiquei totalmente sem entender, já que fora o Shawn Mendes que o capturou do cativeiro, e o trouxe de volta para o departamento.

Mas logo o agente Shawn apareceu eufórico ao nosso lado, e falou um tanto nervoso:

-Eu contei a todos que a detetive Susan Ruston foi a responsável por localizar o cativeiro, assim como a toca dos lobos. Eu não poderia ficar com todos os créditos. Não importa o que a delegada Gal diga.

Não pude evitar a alegria em ver o quão o Shawn fez questão de me dar o reconhecimento por meu trabalho. Aquele sim era realmente um ótimo colega de trabalho, que não de aproveitava da situação para ganhar todos os créditos.

Porém, antes que eu pudesse agradecer pelo seu ato, Shawn endureceu a sua expressão facial, e falou ainda mais nervoso, indicando que teríamos algo mais sério a tratar:

-Acabamos de receber uma ligação anônima e, ao que tudo indica, encontraram o esconderijo do chefe da gangue Wolves. Estamos preparando várias viaturas para ir até ao local, e queremos que você comande a missão.

Naquele momento, todas as sensações e pressentimentos ruins me acometeram de uma vez só, fazendo-me prender a respiração.

Por mais que eu devesse ficar feliz com o fato de que finalmente estávamos a chegar ao fim daquela longa caminhada, eu sentia uma terrível sensação. Como se eu fosse descobrir algo que me pertubaria por muito tempo.

Mal sabia eu, que estava completamente certa. Que o meu mais horrível pesadelo começaria a seguir.

 

 





 


Notas Finais


E aí peoples? Quem vocês acham que é o chefe da gangue Wolves? Deixem as suas sugestões!
Muito obrigada por terem lido o capítulo! Sei que demorei, mas tudo o que eu escrevo é com muito amor.
Até o próximo capítulo ❤


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