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História Wonderwall - Persuasão


Escrita por: Kirilov

Notas do Autor


Voltei pessoal 😊

Espero que gostem.
( Revisei por cima, depois eu volto para melhorar)

@Mira-a fecha os olhos

Capítulo 13 - Persuasão


Após a pizza com o pessoal da banda, finalmente estávamos no apartamento de Sasuke. Eu o abraçava pelas costas, beijando-lhe o pescoço enquanto ele fechava a porta.

Para minha total surpresa, um miado fez-se ouvir. Ao me virar, curiosa pelo som, vi um gatinho preto correndo em nossa direção. O bichano bonitinho esfregou-se nas pernas do Uchiha, que o colocou no colo e levou para a cozinha.

— É o Vader. Encontrei na rua, mexendo no lixo do prédio, e trouxe para casa. — explicou-me. Estava encantada demais para perguntar. Mas provavelmente minha expressão denunciava a curiosidade.

— Ele é muito fofinho. — Abaixei-me para acariciar-lhe o pelo negro e macio. Ele comia a ração que Sasuke acabara de derramar em seu pote. — E se veste de preto, como você — brinquei. — Por isso o chamou de Vader?

— Não. Coloquei esse nome por causa da vizinha.

— Vizinha? Não sabia que tinha uma vizinha.

— Está com ciúmes?

— Não, por que estaria? — Ergui-me, colocando-nos de frente inevitavelmente. Estava enciumada sim. Ok, tudo bem que atender um pedido para nome do animal de estimação ainda não se comparava a escrever uma música, como ele fez para mim, duas afinal; porém, que história era essa? — Por acaso você já dormiu com ela? Ou será que ela veio aqui pedir açúcar e sugeriu o nome?

Sasuke sorriu de canto, aparentemente animado por me afetar.

— Não para as duas perguntas… Se quer tanto saber, a vizinha da direita tem uma gatinha toda patricinha que se chama Padmé. Ela vive chamando a gata lá embaixo, quando descem para passear. Escuto daqui, aliás; nunca entrei na casa dela, que fique claro.

— Sei… Mas como a gatinha pode ser patricinha, Sasuke?

Ele deu de ombros, afastando-se de mim para voltar a sala. Sentou-se no sofá e tirou os sapatos. De pé, também tirei minhas sapatilhas, deixando-as jogadas por ali.

— Ela parece aquela do desenho — tornou, depois do silêncio demorado.

— Marie?

— Deve ser. O fato é que quando trouxe o gato para cá, e ele viu a gatinha do lado na varanda, ficou miando sem parar.

— E ela?

— Não deu a mínima.

— Está apaixonado, Vader?  perguntei animada com o romance, observando o gato passar correndo para a varanda. Talvez estivesse indo atrás de ver sua amada.

— Eu tinha decidido levá-lo para minha mãe, ela adora gatos. Depois pensei que seria um bom amigo para mim, já que gostamos de patricinhas mimadas que nos tratam como cachorros.

A animação sumiu de imediato. As palavras com certa carga de amargura me entristeceram. Para fingir não me importar, dediquei-me a mexer nos vários discos da estante ao lado do sofá, colada na parede. O móvel era bem interessante, tinha uma vitrola em cima e as subdivisões internas estavam preenchidas de discos e alguns livros. Tentei me distrair dando uma olhada nos títulos, porém, na realidade estava me sentindo mal.

Acho que Sasuke pretendia soar engraçado, sem entender como me deixava desconfortável ao dizer essas coisas, que eu o pisava ou que o tratava como um cachorro. Não pretendia estragar nossa noite, tão maravilhosa até então, por ficar afetada com brincadeiras, então não falei nada.

No entanto, o fato é que me machucava ser vista dessa perspectiva, porque nunca foi minha intenção magoá-lo. Se não fosse tão difícil lidar com meus próprios sentimentos e soubesse antes o quanto Sasuke gostava de mim, nunca o teria tratado com indiferença. Havia chegado a conclusões precipitadas, confundido nosso envolvimento com algo meramente sexual, ignorando seus sentimentos por mim, e agora me arrependia por ser tola a ponto de não ver que meu comportamento defensivo, mesmo sem querer, o fizera sofrer de alguma forma.

Provavelmente percebendo meu desconforto, ele se aproximou. Abraçou-me afetuosamente e deslizou o rosto em meu pescoço, a fim de inalar meu cheiro, da exata forma que eu já estava me acostumando.

— Coloque esse — disse, quando peguei o disco do Led Zeppelin para olhar.

— Não sei como fazer.

Sasuke me beijou outra vez, antes de me soltar para colocar o disco na vitrola. Prestei bem atenção em como fazer. Lembrava de ter uma daquelas na casa dos meus pais quando era criança, mas fazia tempo que não mexia em uma.

— Você gosta de discos?

Ele meneou. Era meio óbvio.

A música começou a tocar. All my love. Devagar Sasuke segurou em meu punho, foi me puxando para o meio da sala. Depois sentou, olhando-me demoradamente diante de si.

— Dance para mim.

Sorri, sem saber se havia entendido direito o pedido.

— Tipo um strip?

— Se dançar para mim, e no fim ainda tirar a roupa, não vou reclamar. — Arrumou a postura. Um sorriso safado ganhara forma em seu rosto sério. — Gosto dessa música, e de ver você dançando

Pensei por alguns instantes. Estranhei aquela ideia. Sempre gostei muito de dançar, mas geralmente sozinha em casa ou em alguma festa, como no bar, por exemplo. Nunca dançara para alguém em especial. Quase recusei, movida principalmente pela insegurança de não ser sensual o suficiente. Mas o fato é que vê o Uchiha daquele jeito, principalmente a forma como me olhava, me deixou instigada a atender o pedido, e totalmente crente de que sim, ele me achava muito sexy.

Acabei cedendo ao pedido e o ritmo da música. Não pensei muito nos movimentos. Se ele já gostava de como eu dançava, não precisava pensar em passos mirabolantes que lhe despertasse o desejo, apenas fiz da forma que costumava fazer.

A cada movimento meu mais desinibido, ele passava a língua nos lábios, sem desviar seus olhos de mim. Quando tirei o vestido, jogando em seu rosto, escutei-o murmurando um gostosa, antes de se inclinar em minha direção a fim de me tocar. Envolvida no clima que havia criado, empurrei-o de volta para o lugar.

Tinha noção do poder que exercia sobre o homem diante de mim, e gostava disso, ficava excitada com a forma que seus olhos me devoraram, como ele sempre parecia disposto a me dar o melhor sexo da vida. Não sei se isso se dava pela carência provocada pelo antigo relacionamento, mas os momentos com Sasuke não precisavam de muito para me deixar extremamente quente.

— Tire a blusa — pedi em exigência. Ele tirou prontamente, mais obediente do que imaginei.

Apesar de um pouco alta pela bebida, consegui equilíbrio suficiente para erguer a perna e pressionar meu pé no peito masculino, sentindo a pele quente e testando a resistência dos músculos com meus dedos. Sasuke acariciou minhas panturrilhas, inclinando-se um pouco para me beijar ali.

Com a passagem da música, subi no sofá. Permanecia em pé, dançando, uma perna de cada lado do corpo sob mim. O Uchiha relaxou a cabeça no encosto, olhando para cima a fim de não perder meus movimentos. Suas mãos subiram e desceram levemente por minhas coxas, apertaram-me a bunda, até que decidi parar, abaixando-me para dobrar os joelhos e sentar no colo dele.

— Caralho, Sakura… — murmurou, sentindo-me mexer o quadril sobre o seu.

— Acho que você fica bastante excitado quando eu danço — falei em mesmo tom baixo, beijando-o no queixo, no exato ponto onde percebera que lhe arrancava arrepios.

— Você acha?

Meneei afirmando, entrando na brincadeira de sedução.

— Se pegasse no meu pau agora teria certeza.

Levei os beijos por seu maxilar, chegando a orelha. Puxei-lhe o lóbulo com os dentes, antes de sussurrar no ouvido que faria bem mais do que isso.

— O que você vai fazer?

Respondi com um sorrisinho, descendo os beijos cada vez mais. Gostava do peitoral dele, dos músculos não muito grandes, mas definidos na medida certa; da temperatura elevada de sua pele, da tatuagem de números circundando o osso do ombro. Era o número pi com muitas casas decimais.

Sasuke se remexeu quando passei a lambê-lo tórax abaixo, como se quisesse logo que eu chegasse a meu destino. E quando cheguei, abrindo o zíper de sua calça, puxando os tecidos inconvenientes, para então colocá-lo em minha boca, ele suspirou pesadamente.

— Isso… Chupa… — pediu entre suspiros, trazendo a mão para entrelaçar os dedos em meu cabelo. — Sua boquinha é tão gostosa.

Não tive vergonha de olhá-lo nos olhos, podia usar para isso a desculpa de ter bebido um pouco, e portanto nenhuma moral ameaçava me tornar tímida. Contudo, sinceramente, desde a primeira vez havia gostado de observá-lo tão entregue as sensações que eu lhe dava. Era quase delirante ver quão intensamente Sasuke se entregava ao prazer, como seu rosto se contorcia com a umidade de minha boca e movimentos da língua, muito mais do que quando tocava Cello ou falava sobre o universo.

Ele parecia rendido, refém de meus movimentos. Seu semblante denunciava uma completa entrega, algo entre prazer e sofrimento, como se em meus lábios experimentasse as melhores sensações da vida, acompanhada pelo medo do fim. Isso me instigava a ir além, a dar-lhe sempre mais prazer, a querer arrancar o máximo e ser a única em seus pensamentos.

— Desgraçada… — esbravejou, apertando os olhos logo em seguida, as mãos segurando minha cabeça, mas sem ditar ritmo algum. Mais palavras vieram, súplicas desesperadas e xingamentos feitos no calor do momento. Eu poderia ficar ofendida, porém só me senti mais instigada a deixá-lo completamente fora de si.

Depois de contê-lo em um ritmo mais lento, quando Sasuke acreditou reconquistar o controle sobre sua evidente vontade de gozar em minha boca, repeti o movimento, engolindo seu membro o máximo que conseguia, até senti-lo em minha garganta. Engasguei, inevitavelmente, e Sasuke usou de meu instante de vacilo para escapar.

Ele levantou rápido, segurando-me pelo braço para me fazer segui-lo no movimento. Num único impulso colocou-me no colo. Entre beijos e mordidas compulsivas em minha pele, andou comigo pela casa, até deixar-me sentada sobre a estante, ao lado da vitrola. Apoiei uma perna na prateleira de baixo, enquanto ele segurava a outra ao lado de seu corpo, deixando-me completamente exposta. Eu brinquei com ele, e ele se viu no direito de brincar comigo, esfregando-se em mim, mas sem me penetrar de fato.

— Sasuke… Não seja mau.

Não deixava de ser bom o estímulo, sentia que gozaria apenas com aquilo; porém, desesperadamente o queria dentro. A sensação era extremamente extasiante, fazia-me gemer alto, principalmente quando ele ameaçava entrar e depois subia para esfregar a cabeça em meu clitóris, melando-me mais da mistura de seu pré gozo branco com a minha excitação líquida. Delirante, mas ainda não me fazia completa. Precisava dele dentro de mim, preenchendo-me inteira. Precisava daquele ardor gostoso de ser fodida por ele com força, dos seus beijos sensuais enquanto me invadia com vontade, da mão em meu pescoço que me arrancava o ar…

— O que você quer? — perguntou num sussurro, aproximando a boca da minha. Contornou meus lábios com sua língua, tão sensual que meu corpo todo tremulou. — Estou esperando você pedir.

— Por favor…

— Por favor…? — Sem piedade pelas minhas lamúrias, voltou a se esfregar em mim; segurava seu membro e o deslizava de cima a baixo em meu sexo, olhando como eu pulsava visivelmente por sua tortura, e não apenas em espasmos internos. — Que bocetinha gostosa do caralho. — Esbravejou, mordendo os lábios em seguida pela forma desesperada que eu o aguardava. Ajoelhou-se no chão, imediatamente me abocanhando.

Ele me chupou tão gostoso, brincando com o nariz em meu clitóris, enquanto enfiava a língua em mim, que eu me esqueci de tudo, perdi totalmente os pudores e gemi alto, intercalando entre pedidos desesperados para não parar. Gemidos e frases ensandecidas ditas tão alto que provavelmente seria possível escutar da rua, caso alguém passasse abaixo da janela dele, no 4 andar.

Tão alto que foi possível ouvir o choro de um bebê no apartamento vizinho, provavelmente sendo acordado pelas loucuras que dizíamos em tom elevado. Mesmo assim, não paramos. Eu me desfiz na boca dele, em espasmos violentos; depois de novo em seu pau, quando finalmente decidiu afundá-lo com força em mim, apertando meu pescoço do jeito que me deixava louca e me pedindo para não parar de gemer para ele.

Quando passou a euforia e estávamos finalmente satisfeitos, foi que ouvimos o som da campainha. Sendo sincera, havíamos ouvido alguns instantes antes, mas estávamos tão perto de acabar, que Sasuke não parou os movimentos, tampouco o pedi que fizesse. No fim, depois de sussurrar quão safada eu era e me dar um último beijo, o Uchiha colocou a calça rápido e eu precisei pegar as roupas pelo chão e correr para o quarto, antes de ele abria porta para ver quem era.

Deixei nossas roupas amarrotadas na mesa do computador, que mais parecia uma máquina da Nasa, enfiei-me ainda nua embaixo dos cobertores, e aguardei.

Ouvi que Sasuke tirou a música, antes de vir para o quarto.

— Quem era?

— O vizinho — respondeu, entrando embaixo das cobertas e se colocando sobre mim. Um beijo breve, e ele sussurrou em minha boca:  Veio pedir pra você não gemer tão alto.

Empurrei-o com força, indignada. Ele caiu para o lado, rindo sonoramente da minha vergonha.

— O que posso fazer? Você gemeu para o prédio inteiro escutar.

— Seu cretino! — Estapeei-o.

— “Ahh, Sasuke, assim… Continua” — imitou-me, fazendo uma voz de gemidos que mais se assemelhava a uma atriz pornô. — “Com força… Sasuke, não para, não para… Eu vou gozar. Ahh”

— Cretino desgraçado. — Ergui-me na cama, dessa vez batendo forte em seu ombro. — E você? “Oh, Sakura. Isso, gostosa. Põe tudo na sua boca, põe. Me engole… Oh, desgraçada..” “Que bocetinha gostosa do caralho… Isso, geme pra mim, sua safada” “Ahh, Sakura, estou viciado em você”.

Ainda sorrindo altopouco afetado com minha imitação desdenhosa, puxou-me para cima do seu corpo.

— Ele pediu para não fazer barulho. A parede da sala é colado com o quarto do bebê. Deve ter sido a esposa quem o mandou vir.

— Tudo bem. Mas a culpa não foi só minha.

De novo ele riu, dessa vez apenas com o canto dos lábios, da forma que me deixava suscetível a entregar as fichas. Nossos lábios se encontram, um beijo terno. Não teve a agonia de quando nossos corpos precisavam deter a saudade. Ele me beijou devagar, tocando meu cabelo, escorregando por minhas costas Não mais irritada, deitei-me ao seu lado, virada para ele. Sasuke também Inclinou para o lado, de forma a nos deixar de frenteTocou-me no rosto, fazendo um carinho em minha bochecha.

Eram olhos tão negros a me observar de volta… Cheios de uma certeza esquisita sobre a vida, a mesma sobre a qual ele dizia não saber nada. Sasuke era intenso, tudo para ele era sentido em demasia, como se a vida fosse um grande drama. Ele estava lá, no centro do palco, deixando-se atingir pelas pedras e flechas da fortuna, uma história em aberto, mas com uma certeza clara, um fim definido. Eu não sei se ele realmente queria nadar contra a maré, ou apenas estava se deixando ir, enquanto os medrosos como eu permaneciam no raso, na areia quente confortante da praia.

— E o futuro? — perguntei-lhe em confidência.  

— O que tem o futuro?

— Você disse que o presente não existe. E o futuro, Sasuke? Está esperando por ele, ou apenas vivendo sem pensar no amanhã?

— Você tem medo, não é? Você fica esperando se tornar, correndo em busca de um ideal, deixando-se angustiar a cada expectativa frustrada, e acaba vivendo com medo. Está com medo agora, de ter abandonado seu futuro certo com uma família de comercial de margarina, e se perguntando o que pode esperar de mim.

— que posso esperar? Eu queria ser assim, como você, aparentemente confiante sobre tudo, deixando-me ir no acaso sem o peso das escolhas difíceis. Mas agora, enquanto me perco em seus olhos, pergunto-me se foi uma decisão prudente deixar o caminho que parecia certo. Eu me sinto como se tivesse me encantando com o mar, ao longo da estrada estreita, e pulado do penhasco. É bom, nunca me senti tão bem, tão entregue, apaixonada Mas não sei se, daqui a pouco, não irei perceber que não sei nadar. Eu me pergunto se não estou afundando, sendo carregada para o fundo, tão fundo que depois não conseguirei voltar.

— Eu quero um futuro com você.  disse simplesmente, ciente de toda minha grande questão.  Não é só uma obsessão de momento. Eu quero que me leve para cima com você, se for isso que vai nos manter seguros. Quero que me coloque de volta no caminho.  Entrelaçou os dedos nos meus, por baixo dos lençóis. — Estou segurando em sua mão e me deixando guiar. Não precisa temer. Na realidade dos fatos, se isso der errado, sou eu quem sairei mais ferido. E não quero isso. Não quero te deixar ir, não quero sangrar. Eu disse, não foi?

Confirmei, lembrando da letra de sua música. A música que escreveu pensando em mim.

— Está disposto, de verdade? — questionei. Ele meneou. — Você vai parar?

— Sakura…

— Você escreveu no bilhete que estava disposto. E mudaria, se eu lhe mostrasse como. Acabou de me dizer…

— Eu vou parar. — Cortou-me. — Estou sem fumar desde sexta, quando fomos ao observatório. E não usei nada esses dias.

— Fumou um baseado no ensaio.

— Até isso preciso parar? Você não se importa com o cheiro, então qual o problema de eu fumar um ou outro de vez em quando?

— Não tem só a ver com o cheiro, Sasuke. Naquele dia eu lhe disse isso sobre o cigarro. Mas a situação era outra. Agora não é esse o motivo pelo qual lhe peço para parar, eu me preocupo com você, de verdade, não quero que tenha um câncer de pulmão; tampouco quero que volte a perder o controle. Foi por isso, não é, que precisou da reabilitação? Você perdeu o controle.

— Não vou perder o controle por conta de um baseado.

— E por que precisa disso?

— Eu me sinto bem  confessou, suspirando alto e olhando o teto.

— Não se sente bem comigo?

Minha pergunta reconquistou sua atenção. Ele me beijou na ponta do nariz, antes de sussurrar:

— Muito bem.

— Me deixe continuar fazendo isso, fazendo você se sentir bem. Eu quero ser seu único vício.

— Não tem nada que eu queria mais do que você.

— Então prometa.

Sasuke meneou, esfregando o nariz em meu pescoço, aparentemente disposto a acabar a discussão. Afastei-o só para vê-lo dizer. 

— Estou esperando.

— Prometo.

A promessa foi feita em tom claro o suficiente. Não mais poderia ser negada, tampouco quebrada. Levantei-me em seguida, trazendo o lençol em meu corpo para esconder a nudez.

— Onde está indo?

— Vou jogar tudo.

Talvez Sasuke não soubesse sobre minhas pretensões realmente, e por isso se manteve deitado, sem dar muita importância a minha frase. No outro dia, eu havia visto onde ele guardava as drogas. Na caixinha de lata sobre a mesa da varanda. Eu fui até lá, preservei apenas um pouco de maconha e levei o resto para o banheiro. Quando o Uchiha se deu conta do que eu tinha em mãos, levantou-se rápido e correu em minha direção. Tentou me agarrar, para recuperar seu falso tesouro.

— Você prometeu. Se não me deixar jogar, irei embora. Escolha um de nós.

Ele se afastou. A decisão ficou clara, ainda assim, resmungou, observando-me jogar os comprimidos e o saquinho de pó na privada, dando descarga em seguida.

— Eu vou querer foder você toda vez agora que me der vontade de usar. Espero que esteja sempre disponível para mim — disse rude, dando-me as costas em seguida, visivelmente irritado. Entrou no box e ligou o chuveiro.

Após jogar o lençol para a cama, da porta do banheiro, entrei atrás dele no banho, beijando-lhe os ombros tatuados. A água fria quase congelou meu cérebro, precisei ficar agarrada a ele por um tempo, até voltar a raciocinar com clareza.

— Não irei reclamar se fizer isso. Quando sentir falta, me ligue, prometo vir rapidinho. Farei de tudo para ajudá-lo vencer a abstinência; e se for necessário, buscaremos ajuda de alguém de fora. Se estiver disposto a sair mesmo disso, ficarei ao seu lado, Sasuke, eu prometo. Agora, se tentar me enganar e conseguir mais escondido, talvez pensando que nunca descobrirei, juro que está tudo acabado.


*


No outro dia acordei com o despertador. Estava destruída, os olhos ardiam de sono, não tinha força alguma para levantar. Mesmo assim, tentei.

— Não… Hoje é meu dia de folga. — Sasuke murmurou atrás de mim, a voz embargada de sono. Acreditando conseguir vencê-lo, tentei me desvencilhar; ele me apertou mais contra seu corpo quente.

— Não tenho uma folga, preciso trabalhar. E ainda devo passar em casa, pegar uma roupa

— Só mais cinco minutos — pediu manhoso, passando a perna por cima das minhas. Nem se eu quisesse conseguiria sair. Eu não queria realmente. — Não mereço mais cinco minutos?

Acabei cedendo. Ele merecia sim. E a verdade é que estava tão bom, seria horrível para mim ter que abandonar o conforto de seus braços. Entre o dia de trabalho e permanecer de conchinha com Sasuke, certamente escolhi meu favorito.

No entanto, não foram só 5 minutos. Quando acordei novamente e peguei o celular para ver o horário, já era quase meio dia. Por sorte, para aliviar minha culpa pela falta, uma das mensagens de Ino dizia:

Falei que está doente, por isso não veio hoje”.

Primeiro pensei se você foi sequestrada, liguei no seu prédio e disseram que não estava. Mas Sasuke também não apareceu, suponho que passaram a noite transando. Fiquei preocupada atoa.”

Depois, com um intervalo de duas horas:

Ele não é um assassino, é?”

Estou ficando desesperada, me atende”.

Sorrindo da paranoia pela qual não poderia julgá-la, visto que se baseava em minhas primeiras impressões, respondi:

A primeira opção: passei a noite transando. Não se preocupe”

A resposta veio rápido:

Glória a Deus, ela está viva”

Amiga, que noite então ein? Nem para vir trabalhar no outro dia. Mas fica aí numa boa, aproveite o descanso. Afinal já livrei sua cara, seria constrangedor as pessoas te perguntando porque está numa cadeira de rodas. Sasuke Latrell”

"Hahaha" Enviei. Era uma risadinha esnobe, mas na realidade eu ri de verdade, lembrando da cena das Branquelas.

— Do que está rindo? — Sasuke perguntou, finalmente levantando. Espreguiçou-se demoradamente, expondo-se nu diante de mim, com sua maravilhosa ereção matinal. E quando viu meu olhar sobre si, sorriu do seu jeito safado. — Já acordou querendo mais?

— Não. Na verdade estou pensando em tirar uma foto sua assim.

— Uma foto?

— Para Ino.

— Quer mandar uma foto do meu pau para a sua amiga?

— Ela acha que não fui trabalhar porque estou impossibilitada após uma noite de sexo. Está te chamando de Latrell. Sabe? Das Branquelas.

Sasuke riu, subindo em cima de mim. Os beijos no pescoço foram suficientes para me fazer mudar a resposta sobre acordar querendo mais.

*


Dispus-me a preparar um almoço. No entanto, o armário do apartamento tinha apenas miojo de tomate e algumas bolachas. A geladeira se resumia apenas a garrafas de água e refrigerante. A fruteira, para não dizer que estava vazia, tinha duas batatas. Sasuke disse gostar de miojo de tomate com batatas cortadas em cubo. E se defendeu das minhas críticas a sua alimentação com a justificativa de sempre almoçar no trabalho, e jantar na padaria da esquina.

Inevitavelmente tivemos de sair para comer. Mas fui insistente, talvez chata, o suficiente para convencê-lo a fazer algumas compras. Depois do almoço fomos ao mercado, consegui fazê-lo comprar tudo que uma pessoa normal tem em casa. Também comprei uns sachês para o gato e alguns ingredientes especiais para o jantar, cozinharia para nós. Não que fosse minha intenção de fato, mas Sasuke ousou dizer que após eu tê-lo dado um chá de boceta – achei ofensivo diga-se de passagem, inclusive porque umas senhorinhas no mercado escutaram –, ainda pretendia prendê-lo pelo estômago.

Ignorei as acusações, obviamente.

Voltamos para o apartamento cheios de compras. Qualquer um que nos visse certamente pensaria que éramos casados ou algo assim. Qualquer um com o mínimo de decência não ficaria me secando no elevador. Um homem de uns 30 anos fez isso, ficou me olhando demoradamente enquanto dividíamos o pequeno espaço. Não fui a única a perceber. Sasuke também notou o descaramento do sujeito, e embora com as mãos cheias de sacolas, abraçou-me por trás. Se não estivesse constrangida, até poderia criticá-lo pela necessidade de marcar território, mas me senti melhor por sua demonstraçãoporque pelo menos foi suficiente para o outro cara se tocar.

O tal era o vizinho da esquerda, logo pude constatar, quando ele desceu no mesmo andar que nós e abriu a porta ao lado.

— Foi esse que veio aqui ontem? — perguntei, tão logo entramos no apartamento.

Sasuke confirmou, aparentemente tão incomodado quanto eu.

— O filho da puta vai bater uma pensando em você agora.

— Ei! — repreendi. — Ele pode ser um cínico, mas é casado, a esposa teve um bebê a pouco tempo…

— Mais um motivo — Interrompeu-me Quanto tempo deve fazer que ele não vê uma boceta?

— Meu Deus! Será que vou ter de lavar sua boca com sabão?  foi a última coisa que eu disse, antes de ir para a cozinha deixar as compras. Não queria ouvir aquelas barbaridades em plena luz do dia.

Não satisfeito, ele veio atrás. Deixou as coisas sobre a pia, e depois de apertar as mãos nas bordas, tornou a xingar.

— O desgraçado ficou de pau duro ontem só por ouvir você gemendo. Agora que viu, e tem a imagem, vai cansar a mão de tanto bater.

— Ah, então você ficou olhando para o negócio dele ontem?

— Não fiquei olhando, engraçadinha. Mas não tinha como não ver. — Houve silêncio por um tempo, depois ele esbravejou de novo. — Que filho da puta desgraçado!

— Não há nada que você possa fazer, então esqueça.

— Não há nada que eu possa fazer? Deixa ele aparecer quando eu estiver sozinho, vou quebrar a cara desse otário.

— Isso — falei, separando os ingredientes para fazer o nosso jantar mais tarde. — Vai lá, quebra a cara dele. E quando a polícia aparecer, vamos ver o que acham da sua justificativa.

Não estava falando sério, obviamente. E Sasuke pareceu entender que não adiantaria ficar resmungando, ou, pelo menos, dispôs-se a esquecer o acontecido. Sem me deixar terminar a organização das compras, tampouco me ajudar para acabar com a pequena bagunça, puxou-me para o quarto, com a justificativa de que o vizinho idiota poderia pensar em mim, desde que apenas ele estivesse com a mulher de verdade.

Nós transamos, assistimos a um filme, transamos, escutamos Beethoven no banho com a luz apagada, transamos de novo… Sasuke não cansava, era uma máquina praticamente. Eu não sabia se ele tomara alguma coisa escondido ou toda disposição era genética mesmo, foi difícil desligá-lo. Caso não notasse que o homem apenas cansava quando estava sem o preservativo, e usasse disso a meu favor, provavelmente acabaria numa cadeira de rodas, como Ino dissera.

Não deveria fazer comparações, mas confesso que não deixava de pensar quão melhor estava minha vida sexual com Sasuke. A emocional também. Com ele eu me sentia realmente amada e desejada.

*


Era umas 6 da noite quando o interfone tocou. Estava preparando o jantar, como havia prometido. Sasuke me ajudava cortando os legumes, e teve de parar para atender. O som ligado tocava The Turtles, eu cantarolava Happy Together enquanto dançava animada, jurando ser muito talentosa.

— Vocês deveriam aprender tocar essa — disse-lhe, antes de ele sair para abrir a porta.

Sasuke não me falou quem estava subindo, na verdade não perguntei. Foi uma surpresa quando vi uma mulher entrar. Aparentemente também foi uma surpresa para a mãe dele me ver ali. Pela fisionomia e a forma como o tratou só podia ser ela. Não existia uma parede, apenas a bancada dividia a cozinha da sala, não tive como me esconder, também não pude ignorar a pequena interação dos dois.

O engraçado é que se foi uma surpresa constrangedora do meu ponto de vista; para a Sra. Uchiha foi animador. Sasuke nos apresentou brevemente; ela ficou muito animada em me conhecer, como se fosse uma matrona, de um livro de época, desesperada para casar seu filho com uma boa moça. Apesar de menos constrangida e quase convencida pelos tantos elogios feitos a mim, preferi ir para o quarto e deixar os dois a sós.

Escutei a conversa atrás da porta, obviamente; não fui capaz de ser educada e conter a curiosidade.

Em resumo, Mikoto fora convidá-lo para tocar na orquestra no próximo mês, num concerto importante do teatro. Todos os ingressos já estavam vendidos, o violoncelista principal ainda não poderia participar, estava se recuperando de alguma doença que não escutei direito. Sasuke recusou, para meu descontentamento, que já estava bem animada com a ideia de vê-lo no palco outra vez. A mãe insistiu sem sucesso; recomendou-o pensar melhor, esperaria uma resposta até o domingo, antes de se aventurar a procurar outra pessoa.

Afastei-me da porta rápido, ao ouvi-la pedir para se despedir de mim. Quando ela entrou no quarto, fiz minha melhor expressão de paisagem.

— Foi um prazer conhecê-la, querida. — Sem dar tempo para recusas, aproximou-se para me abraçar. Ela era um doce. Eu gostaria que minha mãe fosse tão amigável quanto ela, ou no mínimo me desse abraços tão sinceros e fraternais.

— O prazer foi meu — respondi, abraçando-a com igual afeto. Num ímpeto, mexida pelo sentimentalismo momentâneo, acrescentei: — Tentarei convencê-lo.

— Você faria isso?

Fiz que sim com a cabeça, toda envergonhada ao perceber que havia admitido ter escutado tudo. Contudo, ela não ligou para os detalhes, sorriu, aparentemente feliz por minha resposta, depois me abraçou de novo. Com um afastamento mínimo, olhando-me nos olhos, perguntou-me se eu gostava de seu filho, novamente respondi com um meneio envergonhado. Afastamo-nos então. Estranhamente existiu um olhar cúmplice; mas entendi o que ela estava sentindo, gostara de mim e me viu como uma aliada naquela causa praticamente perdida há poucos metros de nósPor fim, acompanhei-a de volta para a sala, e esperei que se fosse.

— O que foi isso? — Sasuke perguntou, tão logo a porta foi fechada.

— O quê?

— Esse sorrisinho entre você duas.

— Sua mãe é legal, você deveria ficar feliz por tê-la.

— Se uniu a ela para conspirar contra mim?

— Sinceramente, desde quando querer que você toque é conspirar contra você?

Ele suspirou irritado, jogando-se no sofá e cobrindo o rosto com as mãos, como se dissesse “Estou perdido”. De fato estava, porque eu não perdi tempo para agir. Sem esconder minhas pretensões de persuasão, sentei-me no colo dele, beijando-lhe perto da orelha.

— Gosto tanto de te ver tocando Cello. — sussurrei, uma voz manhosa a fim de alcançar meus objetivos.

— Posso tocar o dia inteiro para você, se quiser. Mas aqui, em casa.

— Mesmo se eu disser que gostei de te ver no palco?

— Não. Você falou que não estava lá por minha causa.

— Eu menti.  Chupei-o no lóbulo devagarzinho, para ajudá-lo a pensar mais com a outra cabeça. Ele me abraçou forte, tentando resistir ao arrepio.  Fui para te ver E você estava tão irresistível de terno, tão sexy tocando e sentindo a canção intensamente Naquela noite, virei-me de um lado para o outro na cama, excitada com a sua lembrança e doida para dizer no outro dia "Uchiha, me deixa ser o seu Cello e me toca".

Sasuke riu alto. E riu alto por muito tempo, aniquilando sem dó todo meu clima para continuar o plano de convencê-lo a tocar no concerto. Ok, talvez minha habilidade para seduzir com frases quentes não fosse lá essas coisas. 



Notas Finais


Espero que tenham gostado.


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