Preso em um loop, uma rotina que parece mudar nunca.
Tudo parece sempre estar no mesmo ciclo diário; acordar com o despertador tocando “If we have each other” do Alec Benjamin, torcer para que a sexagenária ainda esteja dormindo para não tomar outro sermão enquanto a janta da noite anterior é esquentada.
Está cedo? Demais, mas o importante é sair rápido para não ser chamado de assassino mais uma vez.
Ao chegar no colégio a rotina sempre começa por um demorado alongamento na quadra vazia e gélida, que ecoa por todos os lados “Bite” do Troye Sivan, afinal uma quadra assustadoramente silenciosa faz até mesmo os passinhos de uma formiga virarem o som de uma marcha de soldados.
Quando bate o horário da biblioteca abrir, o celular recebe um fone de ouvidos para tocar o álbum inteiro de “Death of the Bachelor” do Panic! at the Disco, se acomodar nos puffs que ninguém lembra atrás da sessão de geografia e história para dormir mais um pouco e, vez ou outra, escutar as fofocas que rodam o colégio, e quando começar a encher, sempre sair e procurar o grupo para conversar.
Quando o sinal toca tudo passa em câmera lenta, mas ao mesmo tempo, rápido por já saber a sequência; aula, aula, aula, intervalo para reabastecer as energias, aula, aula, almoço para conversar e ajudar a classe, aula, aula, aula, enrolar na escola e nos arredores para não precisar voltar para casa.
Sempre tão preso nessa rotina, cansativa e desgastante, que sequer percebeu que quando subiu no terraço a única árvore que tinha naquele terreno havia florescido, estava tão acostumado com o preto e branco que sequer percebeu o rosa nascendo e se destacando.
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