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História Workaholic - Capítulo 37 Arrependimento.


Escrita por: OkayAutora

Notas do Autor


Beijos e boa leitura!

Capítulo 37 - Capítulo 37 Arrependimento.


 Capítulo 37 — Arrependimento.

Gregório sentia seu estômago embrulhar, ansioso pelo momento que Francisco abrisse o portão, seu coração batia acelerado, precisava vê-lo. Ao invés de ser recebido por um sorriso, o estagiário continuava a manter a expressão fechada, deixando-o entrar. Seguiram juntos para a sala de estar, onde ficaram mais confortáveis para conversar ao sofá.

— Eu vou começar indo direto ao ponto. — O gerente afirmou.

— Pode falar. — Ajeitou-se no sofá, encarando-o.

— Chico, eu quero saber, você está bem? Tem algo que está te incomodando? — Questionou. — Por favor, me fala.

O estagiário franziu o cenho para a pergunta que para si era desnecessária, mesmo assim, respondeu-a:

—  Eu estou ótimo. — Ergueu os ombros. — Você sabe disso. Por que a pergunta?

— É que não parece… Me diga, você está feliz comigo? Você tem estado estranho. Não me responde quando pergunto onde está, não tem mais ânimo. Vou ser sincero, nem parece mais a mesma pessoa de quando começamos a ficar juntos. — Gregório acusou.

Mesmo que ele houvesse falado docemente, isso engatilhou algo dentro de Francisco, algo doloroso e pesado, não conseguindo conter as palavras.

— E o Otávio, era assim quando se apaixonou por ele?

Gregório ficou pasmo. A pergunta claramente o pegou de surpresa e, mais que isso, fez um frio percorrer sua espinha e chegar ao seu rosto, deixando-o pálido.

— Você deveria ter convidado ele para te acompanhar na festa da sua mãe, não eu, já que estão tão próximos. — Continuou Francisco.

— Então esse é o problema? O fato de eu estar fechando negócio com o Otávio? — Inquiriu, com um caldeirão de indignação e incredulidade fervendo em seu estômago.

— O meu problema é o Otávio. Eu não sei o que você está fazendo com ele, porque, veja só, você não fala nada comigo. — O estagiário disparou, fazendo o caldeirão dentro de Gregório esfriar lentamente, não de uma maneira positiva. — Quase todos os dias, vejo vocês dois se trancarem naquela sala sorrindo e ele sai ainda mais sorridente. Eu definitivamente não sei o que você está fazendo com o Otávio, mas é bem claro que ele é um problema pra mim.

— Você está entendendo tudo errado, Francisco.

— Será que eu estou? Até a Olívia, que nem sabe de nós, comenta sobre você estar trabalhando com um homem que te prejudicou tanto. Aparentemente, todo mundo se preocupa com relação a você estar vendo o Otávio de novo, menos você.

O caldeirão dentro do gerente definitivamente se apagou. Em seu lugar, estava um frio fantasmagórico. Gregório não percebeu o quanto tinha negligenciado o estagiário com relação às suas conversas com Otávio, fossem elas quais fossem.

— Sinceramente? Tem muita coisa errada acontecendo na minha vida nesse momento. Só que eu não sei de onde tirar confiança pra compartilhar isso com você, porque você não compartilha nada comigo. — O rapaz desabafou.

— Eu até imaginei, mas eu não sabia que isso estava te incomodando, por que não me disse nada antes? — O gerente perguntou.

— Eu precisava mesmo falar? Você magicamente reinicia uma amizade com o ex e eu tenho que falar alguma coisa?

— Eu não comecei magicamente, tenho conversado com ele em questões de trabalho, e sim, ele menciona o arrependimento do que fez comigo. Ele está fazendo tratamento para os problemas que tem, mas isso não quer dizer nada.

— Olha que beleza, você sabe mais da vida dele do que da minha.

Gregório sentiu o frio criar estacas de gelo que atingiram seu coração e a partir daí as lágrimas ficaram mais difíceis de conter. Francisco também se segurava, mas seus olhos já se avermelhavam, foi aí que conseguiu reunir forças para dizer, mesmo que em sussurro:

— Acho melhor você voltar pra ele...

— O quê?

— Eu te amo, Gregório, você sabe disso. — Fez uma pausa, fungando. — Mas você não me ama, eu devia ter suspeitado disso quando você ignorou minha declaração, você nunca foi meu, você é dele.

— Chico, não confunda as coisas...

— Eu entendo, sabe? Você se divertiu muito comigo ou eu espero que tenha, pelo menos. Eu te ajudei a esquecer os momentos horríveis que você teve com ele, mas agora você acha que há momentos melhores que podem viver juntos, porque ele está se tratando e tudo mais, então eu sei que eu não sou mais útil. A gente tá prolongando isso à toa.

— Francisco… — Pediu, vendo-o se martirizar.

— É melhor você ir, Gregório.

— Francisco, por favor...

— Eu estou terminando. — Mordeu o próprio lábio. —  Isso não é o que eu quero pra mim, então eu estou te deixando livre.

— Não faz isso. — O gerente suspirou, sentindo seu queixo tremer levemente.

— Por favor, só vá embora.

Gregório não conseguia retrucar, só Deus conseguiria dizer precisamente o porquê desse silêncio em seu interior, essa incapacidade de lutar por aquele homem que lhe fazia tão bem, mas que no momento, estava mandando-o embora.

As lágrimas que desciam por seu rosto eram de raiva, de tristeza, de medo. Toda a impotência que temia que tivesse, estava se manifestando e não conseguia calar a voz sombria em seu interior que dizia que a razão de não conseguir responder, era porque Francisco estava certo.

Gregório partiu, carregando uma dor profunda no peito, o mais difícil era saber que Francisco tinha razão, apesar de não querer aceitar. Foi para casa com aquele sentimento de perda inexplicável, o mais difícil era tê-lo deixado em prantos para trás.

Aquela noite foi uma tormenta para ambos, pois enquanto a energia deles que lutava contra a madrugada, não esgotasse, não cairiam no sono, já quase amanhecendo quando finalmente dormiram.

•••

O gerente acordou com batidas na porta de seu quarto, Guilherme, que havia ligado inúmeras vezes para seu celular na noite passada, chamava incansavelmente por ele, querendo saber o que tinha acontecido por não ter voltado para a festa no dia anterior.

Gregório abriu a porta, esfregando os olhos, não demorando para que o caçula percebesse que os olhos dele estavam inchados e não pelo sono. Guilherme abraçou o irmão, mesmo que não soubesse o que tinha acontecido, era mais do que visível de que ele não estava bem.

— Então você já sabe que eu e o Francisco terminamos? — Sussurrou, ainda em meio ao abraço.

— Eu não sabia! — O irmão afastou-se, para poder encará-lo. — Então foi isso?

— Eu espero que a mamãe não fique chateada comigo por eu não ter participado ontem, eu realmente não estava com cabeça pra isso.

— Ela nem deve ter percebido, estava rodeada de gente e ainda estava esperando o pai chegar do aeroporto.

— E foi boa a festa?

— Foi sim, mas não muda de assunto. — O caçula esfregou os ombros dele. — Você tá bem?

— Vou ficar. — Gregório forçou um sorriso. — Era o certo.

— Você não gostava dele? Foi por isso que terminou?

— Não fui eu que terminei, foi ele. — O gerente respondeu. — Mas sim, eu gostava dele sim, só que ele sabia que não era a mesma coisa, ele estava se doando muito mais do que eu.

— Poxa… — Guilherme torceu o lábio. — Mas eu sei que tudo vai ficar bem.

— Vai sim. — Respirou fundo. — O problema é que eu não queria que as coisas acabassem assim, tivemos uma pequena discussão e fui embora sem dizer muita coisa, sinto que eu poderia ter dito muito mais, não queria ter magoado ele.

— E vai deixar tudo por isso mesmo?

— Não tem outro jeito.

— É claro que tem! Ainda dá tempo de você se desculpar! — O caçula animou-o.

— Mas para quê?

— Olha, o Fran é um amor de pessoa e você provavelmente ainda vai se esbarrar muito com ele, não só no trabalho, como na vida também, porque ele é o melhor amigo do Guto e vocês, querendo ou não, vão continuar se vendo, então é melhor esclarecer qualquer mal-entendido que tiver restado.

— Eu concordo, Gui, mas é que… Sei lá, eu não sei onde enfiar a minha cara depois de ontem.

— Se eu fosse você, não esperaria muito, um pedido de desculpas nos fortalece.

— E se ele pensar que eu quero voltar?

— Mas você quer voltar com ele?

— Não exatamente.

— Defina “não exatamente”.

— Mesmo sabendo que é impossível, eu queria mesmo manter uma amizade com ele, ele é o cara mais amoroso, iluminado e engraçado que eu já conheci… 

— Se você deixar bem claro que tem boas intenções, tenho certeza que ele vai entender.

— Você acha então que eu deveria falar com ele?

— Na verdade, tenho certeza. — Guilherme aconselhou.

— Então eu vou, se der tudo errado é sua culpa.

— Tudo bem, eu assumo a minha responsabilidade. — O caçula soltou uma risada gostosa.

•••

O gerente estava na expectativa, repassando mentalmente inúmeras vezes o que diria ao rapaz quando o visse. Estava dentro do carro, com medo de sair e avisar Francisco de que estava em frente a casa dele novamente, mesmo assim o fez. Tomando coragem, não demorou muito para que o estagiário aparecesse ao portão, ainda com cara de sono.

— Me desculpa, eu precisava te ver. — Gregório falou, encostado no portão.

— Tudo bem, é bom te ver de novo. — Francisco sorriu. — Quer entrar?

— É coisa rápida.

— Vem, entra só um pouco. — Levou-o para dentro, puxando-o pelo braço.

— Só vim me desculpar. — O gerente avisou, antes que criasse mais mal-entendidos.

— Quer um café? — O estagiário desviou seus olhos dos dele.

— Não precisa, mas obrigado mesmo assim. — Gregório foi com ele ao sofá. — Queria mesmo te dizer uma coisa.

— Pode falar.

— Eu jamais quis te magoar, Chico…

— Eu também não, só queria te fazer feliz. — Sorriu fracamente, colocando-se ao lado dele.

— E realmente me fez. Você não tem noção do quanto… Eu só queria que você me perdoasse. — Gregório sussurrou, com ele apoiando a cabeça em seu ombro.

— Você não tem que me pedir perdão, eu não vou guardar mágoa alguma disso. — Falou, sem levantar a cabeça. — Eu sei que não é recíproco e eu não posso te forçar a ficar comigo por puro capricho meu.

— Eu sei que não vai resolver nada te dizer isso, mas eu estou me sentindo péssimo.

— Não fica assim, não. — O estagiário levantou a cabeça, abrindo outro sorriso. — Eu te entendo totalmente e eu assumo toda a minha culpa nisso.

— Como assim, culpa? Você não tem nenhuma parcela sequer de culpa. — O gerente encarou-o, sentindo os olhos lacrimejarem. — Eu sou o cretino da situação.

— Não, por favor. — Francisco interrompeu, pegando uma de suas mãos. — Eu deixei o ciúme me dominar, mas agora eu sei que o seu coração não pertence a mim, então não seria justo a gente continuar junto.

O coração de Gregório se apertava ainda mais ao olhar para aquela expressão tão ingênua a sua frente, tendo certeza de que aquele rapaz era a melhor pessoa que já tinha conhecido e não era à toa que seus dias eram muito melhores com ele ao seu lado.

— Me desculpa mesmo te fazer passar por isso, Chico. — Não resistiu, desviando seu olhar do dele.

— Eu só queria te fazer feliz, se eu consegui isso por algum tempo, mesmo que limitado, já cumpri minha missão. — Francisco riu.

— Saiba que com você eu experimentei coisas que eu jamais imaginei fazer. — Sorriu com ele. — Eu estou me sentindo hipócrita em estar te recompensando dessa forma.

— Relaxa, Greg. — O estagiário soltou a mão dele. — Foi tudo muito bom, você não tem que ficar mal com isso, tá?

Mesmo com a situação decorrendo bem e por ter ouvido aquelas palavras, Gregório não sabia o que era mais difícil, se era despedir-se dele de uma vez por todas ou se era por ele ter entendido tão bem a situação, nem insistindo para que ele pensasse melhor.

Por mais que o gerente soubesse que aquilo não era correto, gostaria de saber que Francisco sentiria sua falta, gostaria de ouvir da boca dele que o amava mais uma vez, queria que ele fosse contra a sua vontade e o ajudasse a decidir, seria mais fácil dessa maneira, pois uma parte sua não queria afastar-se do rapaz.

— Bom, eu preciso ir mesmo, acho que eu já falei tudo.

— Fica só mais um pouco. — Francisco pediu, com o olhar cheio de esperança. — Você já tomou o café da manhã? Eu posso preparar pra gente.

Gregório sorriu, aceitando, aquele foi o último dia onde as coisas ocorreram normalmente. Tomaram o café da manhã conversando como bons amigos. Falavam de tudo o que aprenderam um com o outro, rindo das situações constrangedoras, ao mesmo tempo que tentavam ao máximo não lembrar-se dos momentos prazerosos, não queriam se arrepender, sem nem mesmo perceberem que já haviam se arrependido.

•••

Gregório estava indo passar o restante daquele domingo com seus pais, era dia das mães e como havia pensado com antecedência no mimo que daria a Valquíria naquela data, o presente que tinha encomendado já havia chegado na casa dela.

Assim que botou os pés na casa dos pais, o gerente foi recebido por um abraço apertado da mãe. Aquilo era o que ele mais precisava, devolvendo o gesto, fungando o perfume dela, mal sabendo que ela já tinha notado que ele não estava bem.

Guilherme, que tinha chegado antes, também aproximou-se do irmão, cumprimentando-o ao longe, justificando-se do porquê havia vindo para a casa da mãe sem antes avisá-lo, dizendo que não sabia que horas ele voltaria e que também precisaria do carro em seguida, Gregório não se importou, dizendo que não tinha problema, com Valquíria observando-os, atiçando sua curiosidade para saber aonde o filho mais velho tinha estado antes de ir visitá-la.

Por Gregório estar distraído naquele momento em conversas com o pai, perguntando a ele como iam os negócios e como tinha sido a viagem, a mulher então aproveitou para chamar o caçula de lado, discretamente indagando-o:

— Gui, o que está acontecendo com o Gregório?

— Ah, mãe... Ele tá mal, péssimo, ouso dizer. — Falou, olhando discretamente o irmão, antes de encarar a mãe novamente. — Logo agora que ele estava namorando, estava feliz, tudo acabou, ele e o Francisco terminaram. Você o conheceu, não conheceu?

— Ah sim, eu me lembro do rapaz. — Ela respondeu, fechando a expressão. — Bem que eu tinha medo de ele não ser feliz com esse tal de Francisco.

— O Fran era bom pra ele, mãe.  

— Se era tão bom, então por que terminaram?

— Eles têm os motivos deles.

— Acho que isso foi o melhor a se fazer, como ele ia saber se esse estagiário é interesseiro ou não?

Guilherme não acreditou nas palavras da mãe, sabia que ele era uma mulher ambiciosa e não se contentava com pouco, mas nunca imaginou que ela seria capaz de julgar alguém daquela forma. Ainda desapontado com ela, apenas repreendeu-a:

— E o Greg estava muito feliz com o rico do Otávio, né mãe?

 

 



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